PERFIL FARMACOCINÉTICO-FARMACODINÂMICO DE UM NOVO CANDIDATO A FÁRMACO PARA O TRATAMENTO DA DOENÇA FALCIFORME Cenário • A anemia falciforme é um distúrbio monogênico, cujas complicações resultam em um quadro debilitante, doloroso e fatal para os portadores. •A hidroxiureia é o único fármaco aprovado pelo FDA como um agente modificador da doença, estando disponível no Brasil pelo SUS. • Estima-se que cerca de 25% dos pacientes não respondem ao tratamento com hidroxiureia e, em muitos casos, o efeito benéfico do tratamento em longo prazo é reduzido. • Portanto, é útil que sejam propostos novas alternativas terapêuticas capazes de atender aqueles que não respondem ao tratamento atualmente disponível ou com menos efeitos tóxicos naqueles que respondem apenas com altas doses de hidroxiureia. •Estudos mostraram que o aumento de óxido nítrico com redução da resposta inflamatória, caracterizada por níveis elevados de TNF-α, é uma estratégia viável para novos tratamentos da doença falciforme. • • • • • • Figura 1. LAPDESF-SCD3 Mutagenicidade reduzida. Genotoxicidade reduzida. Capaz de atuar como doador de óxido nítrico Atividade anti-inflamatória Atividade antinociceptiva Inibição de TNF-α • O LAPDESF-SCD03 é uma nova molécula candidata a fármaco que foi planejada para o tratamento dessa doença e demonstrou resultados promissores. • Essa nova molécula se mostrou capaz de remediar os níveis elevados de TNF-α e reduzir os níveis de NO, ambos em estudos in vitro. Objetivo Avaliar a farmacocinética e a farmacodinâmica do LAPDESF-SCD3 em modelo animal junto a administração de lipopolissacarídeo (LPS) para observar a capacidade da nova molécula de inibir a produção de TNF-α. Métodos Modelo animal: ratos Wistar pesando entre 200 e 250 g. Amostras biológicas: plasma. Quantificação: UHPLC para o fármaco e ELISA para o TNF-α. Cálculos farmacocinéticos e farmacodinâmicos: Phoenix WinNonlin 6.3 Farmacocinética: Dois grupos, IV e oral. Concentrações plasmáticas foram usadas para construção da curva de concentração plasmática pelo tempo e para obtenção dos parâmetros farmacocinéticos Farmacodinâmica: Três grupos (Figura 2). Concentrações de TNF-α estimuladas pela administração de LPS na presença do novo candidato a fármaco (grupo tratado) ou de veículo (grupo controle) foram plotadas em função do tempo. Controle Controle Tratado Tratado Teste t unilateral α=0,05 LPS Veículo LAPDESF-SCD03 Inibição total Figura 3. Três partes da análise farmacodinâmica Análise farmacocinética-farmacodinâmica: realizada usando os parâmetros farmacocinéticos e as curvas de inibição. Figura 2. Protocolo experimental para o estudo de relação farmacocinética-farmacodinâmica Resultados kel (min-¹) 0.148 0.039 t1/2 (min) 4.71 31.49 105.35 Razão ASC 0.76 F0-∞ (%) 5.65 Vdz (mL/kg) 40 1000 20 50 100 150 1500 60 1000 40 500 20 0 50 135932.19 6.79 Tabela 1 - Parâmetros farmacocinéticos (média, n=5 por grupo). tratado Inibição 6000 60 4000 40 2000 20 0 Grupos. IV: dose de 5,2 mg/kg. Oral: dose de 300 mg/kg Parâmetros. kel: constante de eliminação, t1/2: meia-vida de eliminação, ka: constante de absorção, t1/2 a: meia-vida de absorção, MRT: tempo de residência médio. Cmax: concentração plasmática máxima, tmax: tempo de ocorrência da Cmax, Vd: volume de distribuição, Cl: clearance ASC: área sob a curva. F: biodisponibildiade 80 0 50 100 150 0 200 Observado Pevisto • A: Sem diferença estatística entre as exposições (teste t p>0,05). Inibição de 39 %. 100 8000 0 200 150 a C: PK/PD oral LPS controle Pós 1163.4 100 • B: Exposição a TNF-α estatisticamente menor no grupo tratado (teste t p<0,05). Inibição de 70 %. • C: Exposição a TNF-α estatisticamente menor no grupo tratado (teste t p<0,05). Inibição de 62 %. time (min) Figura 4. Perfil das concentrações de TNF-α dos grupos controle (vermelho) e tratado (azul), e Tempo (min) da inibição percentual (verde) dos três grupos (figura 2). Conclusão • A meia-vida de eliminação no grupo oral foi mais que seis vezes àquela observada no grupo IV. • Foi observada redução dos níveis de TNF-α tanto pela via intravenosa, quanto pela via oral. • O novo candidato mostrou atividade, além de ter sua farmacocinética determinada pela primeira vez. • Apesar da baixa biodisponibilidade, há efeito farmacológico relacionado as concentrações da substância. Correlação de 0,309 EC50 = 62,9 ng/mL Tempo (min) time (min) time (min) 10000 80 Inibição (%) tratado inibição 2000 0 0 200 Redução de TNF- (%) MRT (min) 60 0 4360.82 Vdz/F (mL/kg) 2000 0 172.51 Cl/F (mL/min.kg) 80 Inibição (%) 32.30 tratado Inibição controle Pré B: PK/PD IV LPS Inibição (%) 31.61 controlePós A: PK/PD IV LPS 100 Observado Pevisto b Inibição (%) t1/2 a (min) 2500 Concentração de tnf- (pg/mL) 0.081 100 Inibição de TNF- (%) ka (min-¹) 3000 Inibição de TNF- (%) 45.31 Cl (mL/min.kg) b 4747.53 1091.50 tmax (min) ASC 0-∞ (µg/mL.min) Observado Pevisto Oral Concentração de tnf- (pg/mL) Cmax (ng/mL) IV Concentração de tnf- (pg/mL) Parâmetros a Correlação de 0,995 EC50 = 14,7 ng/mL Tempo (min) Figura 5. Relação farmacocinéticafarmacodinâmica nos grupos (a)PK/PD Oral LPS Pós e (b) PK/PD IV LPS Pré. Agradecimentos