Pesquisa aponta atividade biológica de plantas medicinais

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Pesquisa aponta atividade biológica de plantas medicinais
24 de Setembro de 2008
VANESSA SENA
Para discutir os principais avanços no conhecimento da área de plantas medicinais, foi
realizado o XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil juntamente com o X Congresso
Internacional de Etnofarmacologia, entre os dias 16 e 19 de setembro de 2008, em São Paulo.
O Piatam esteve presente com o trabalho “Avaliação de extratos de plantas utilizadas pelas
populações do Médio Amazonas quanto à citotoxicidade in vitro”, apresentado pelo
pesquisador da área de Bioprospecção de Plantas Úteis, Roosevelt Hada.
A pesquisa, realizada com moradores da região do Médio Amazonas, indicou diversas plantas
com uso na medicina popular. Tendo como base o preceito de que espécies utilizadas pela
população devem apresentar alguma atividade biológica, não necessariamente ligada a sua
aplicação, foram analisadas seis espécies quanto a citotoxicidade in vitro: Euterpe oleracea,
Nectandra amazonum, Calycophyllum spruceanum-Rubiaceae, Himatanthus sucuuba,
Scoparia dulcis e Senna reticulata.
De acordo com Roosevelt, o trabalho se insere e se relaciona com o evento principalmente
devido a utilização de um screening químico baseado em ferramentas e técnicas da ciência
para a descoberta de produtos naturais com atividade antitumoral.
Durante a coleta das espécies, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas aplicadas aos
comunitários e também bioprospecção baseada em quimiossistemática (seleção de plantas
pertencentes a famílias botânicas de conhecida atividade biológica).
Os extratos das plantas estudadas foram obtidos por maceração com etanol a frio durante sete
dias. Neste método as plantas selecionadas no campo são lavadas, secas em temperatura
ambiente e trituradas. As substâncias presentes nas plantas são extraídas por meio de
solventes como hidrocarbonetos, álcoois, éteres. Na última etapa, o solvente é removido
restando apenas as substâncias extraídas das plantas na forma de uma pasta ou pó.
Em seguida foi realizada a citotoxicidade in vitro (determinação do potencial antitumoral, ou
seja no potencial de inibição do desenvolvimento de células cancerosas) . Aplicou-se também a
metodologia de Mossman, que é utilizada pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados
Unidos da América, onde a cada ano são testados mais de 10.000 extratos. Este ensaio
consistiu em testar os extratos obtidos das plantas quanto ao seu potencial inibitório frente a
três linhagens de células tumorais: câncer de mama, colón e sistema nervoso.
Euterpe oleracea e Himatanthus sucuuba apresentaram atividade inibitória, sendo que nesta
última foram encontrados os maiores percentuais de inibição. A pesquisa identificou nesta
espécie iridóides do tipo fulvoplumierina, isoplumericina e plumericina como constituintes ativos
que possuem ação antineoplásica (inibidora da formação de tumores malignos), antiflogística
(mesma função de antiinflamatório) e antimicrobiana (combate microorganismos patogênicos
como bactérias, fungos e vírus). Estudos posteriores com o fracionamento dos extratos de E.
oleracea levará a um percentual maior de inibição das substancias isoladas.
– Exceto para Senna reticulata, todas as plantas em questão apresentaram atividade inibitória
para o crescimento de células cancerosas de pelo menos uma linhagem. Observou-se
diferentes níveis de inibição do crescimento celular, por exemplo’, o extrato das raízes do
Euterpe oleracea em relação ao câncer de sistema nervoso houve uma inibição de 41,3%, para
o câncer de cólon a inibição foi de 33,28%, e para o câncer de mama 24,03%, explicou o
pesquisador.
Segundo Hada, a pesquisa, que teve início em julho de 2007, ainda está em andamento, tendo
obtido os resultados atuais em fevereiro deste ano.
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