http://www.piatam.locaweb.com.br/noticias.php?idN=695 Pesquisa aponta atividade biológica de plantas medicinais 24 de Setembro de 2008 VANESSA SENA Para discutir os principais avanços no conhecimento da área de plantas medicinais, foi realizado o XX Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil juntamente com o X Congresso Internacional de Etnofarmacologia, entre os dias 16 e 19 de setembro de 2008, em São Paulo. O Piatam esteve presente com o trabalho “Avaliação de extratos de plantas utilizadas pelas populações do Médio Amazonas quanto à citotoxicidade in vitro”, apresentado pelo pesquisador da área de Bioprospecção de Plantas Úteis, Roosevelt Hada. A pesquisa, realizada com moradores da região do Médio Amazonas, indicou diversas plantas com uso na medicina popular. Tendo como base o preceito de que espécies utilizadas pela população devem apresentar alguma atividade biológica, não necessariamente ligada a sua aplicação, foram analisadas seis espécies quanto a citotoxicidade in vitro: Euterpe oleracea, Nectandra amazonum, Calycophyllum spruceanum-Rubiaceae, Himatanthus sucuuba, Scoparia dulcis e Senna reticulata. De acordo com Roosevelt, o trabalho se insere e se relaciona com o evento principalmente devido a utilização de um screening químico baseado em ferramentas e técnicas da ciência para a descoberta de produtos naturais com atividade antitumoral. Durante a coleta das espécies, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas aplicadas aos comunitários e também bioprospecção baseada em quimiossistemática (seleção de plantas pertencentes a famílias botânicas de conhecida atividade biológica). Os extratos das plantas estudadas foram obtidos por maceração com etanol a frio durante sete dias. Neste método as plantas selecionadas no campo são lavadas, secas em temperatura ambiente e trituradas. As substâncias presentes nas plantas são extraídas por meio de solventes como hidrocarbonetos, álcoois, éteres. Na última etapa, o solvente é removido restando apenas as substâncias extraídas das plantas na forma de uma pasta ou pó. Em seguida foi realizada a citotoxicidade in vitro (determinação do potencial antitumoral, ou seja no potencial de inibição do desenvolvimento de células cancerosas) . Aplicou-se também a metodologia de Mossman, que é utilizada pelo Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos da América, onde a cada ano são testados mais de 10.000 extratos. Este ensaio consistiu em testar os extratos obtidos das plantas quanto ao seu potencial inibitório frente a três linhagens de células tumorais: câncer de mama, colón e sistema nervoso. Euterpe oleracea e Himatanthus sucuuba apresentaram atividade inibitória, sendo que nesta última foram encontrados os maiores percentuais de inibição. A pesquisa identificou nesta espécie iridóides do tipo fulvoplumierina, isoplumericina e plumericina como constituintes ativos que possuem ação antineoplásica (inibidora da formação de tumores malignos), antiflogística (mesma função de antiinflamatório) e antimicrobiana (combate microorganismos patogênicos como bactérias, fungos e vírus). Estudos posteriores com o fracionamento dos extratos de E. oleracea levará a um percentual maior de inibição das substancias isoladas. – Exceto para Senna reticulata, todas as plantas em questão apresentaram atividade inibitória para o crescimento de células cancerosas de pelo menos uma linhagem. Observou-se diferentes níveis de inibição do crescimento celular, por exemplo’, o extrato das raízes do Euterpe oleracea em relação ao câncer de sistema nervoso houve uma inibição de 41,3%, para o câncer de cólon a inibição foi de 33,28%, e para o câncer de mama 24,03%, explicou o pesquisador. Segundo Hada, a pesquisa, que teve início em julho de 2007, ainda está em andamento, tendo obtido os resultados atuais em fevereiro deste ano.