EDUCAÇÃO NA ANTIGÜIDADE

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EDUCAÇÃO NA ANTIGÜIDADE1
“A história da educação na Antigüidade não pode deixar indiferente nossa cultura moderna: ela retraça as
origens diretas de nossa própria tradição pedagógica. Somos greco-latinos: o essencial da nossa
civilização veio da deles: isto é verdadeiro, num
grau eminente, para nosso sistema de
educação.”2
ROMA
A educação na Roma arcaica teve, sobretudo, caráter prático, familiar e civil, destinada a formar em
particular o civis romanus, superioraos outros povos pela consciência do direito como fundamento da
própria "romanidade" e consciente do vínculo que esta vinha constituir entre os povos, até com os
escravos, realizando aquela Respublica que “garantia a cada um e a todos, por meio das instituições e
do direito, a segurança das pessoas e da propriedade e o acúmulo de riquezas e vantagens” (Giardina),
e solicitava a todos officia (deveres) militares, fiscais, políticos, religiosos e também educativos.

Após a “helenização” de Roma - período de difusão das idéias e práticas culturais (sobretudo
filosófica, mas também retórica, científica, literária, lingüística – o grego se torna a língua dos
letrados) e religiosas por meio de gregos que foram para Roma após a conquista romana da
Grécia – altera-se o status quo tradicional dos tempos da Roma arcaica.

Humanitas = “transcrição” romana da noção grega de paidéia;

Marco Túlio Cícero (106-43 a. C.) = nascimento de uma pedagogia no sentido próprio, como
saber que buscava refletir sobre a educação; mais universal, menos contingente e local,
elaborado por meio de um discurso racional;

Pedagogias ligadas ao estoicismo (escola filosófica da Antigüidade que, baseando-se numa
doutrina panteística, ensinava uma ética rigorosa, conforme às leis da natureza), à paidéia
retórica, à concepção enciclopédica do saber (erudição, formação mais ampla, menos
“especializada” teoricamente, porém mais prática, cuja atenção especial à filosofia
contemplava a formação humana redundando num processo de auto-educação ética);

A partir do séc. II a. C. as escolas romanas extraíram dos modelos gregos seus exemplares,
inclusive com a utilização da língua grega; no século seguinte é que uma estrutura
propriamente latina passou a contemplar os escritos e os estudos em latim.

Segmentação da instrução por conta das diferentes áreas, que buscavam abranger algumas
especialidades ou oferecer apenas um saber elementar:
- elementares - destinadas a dar a alfabetização primária;
1 Resumo do texto: CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Editora UNESP, 1999, pp. 103-119.
2 MARROU, Henri-Irénée. História da Educação na Antigüidade. São Paulo: Herder/USP, 1966, p. 04.
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- secundárias ou de gramática - aprendia-se a cultura: desde a música até a geometria, a
astronomia, literatura e oratória;
- escolas de retórica – estudos de textos literários e treinamento para a declamação. Estudavamse os vários tipos de retórica – política, forense, filosófica etc. – elaboravam-se os discursos sobre
exemplos morais e os debates sobre problemas reais ou fictícios;

A escola romana era mais “limitada” em ralação à grega (algumas “matérias” não eram
desenvolvidas ou eram menos aprofundadas teoricamente como a música, ciência e mesmo a
filosofia) e mais utilitária - destinava-se para a prática, para a aplicação imediata;

Ofício de ensinar recebeu maior atenção e reconhecimento pelas autoridades imperiais;

Ao contrário da Grécia, em Roma “os artesãos foram e permaneceram predominantemente
homens livres ou libertos e entre eles se desenvolveu com muita força a ideologia do
trabalho”.

Técnicas diferenciadas ligadas ao exército, à agricultura; ao artesanato e ao artesanato de
luxo. A primeira escola profissional surge pela especialização propriamente dita, de uma
função juntamente com um método próprio: a medicina.

À época Imperial, a difusão da educação ocorreu em meio ao declínio da educação antiga:
- ao mesmo tempo criou-se “uma unidade espiritual no Império, ligada à língua e às traduções
literárias, romanizando regiões que eram diferentes e discordantes entre si – pela etnia, pela
crença religiosa, pelos costumes, pela língua”. Nisso a imposição cultural pelo Estado e pelo
Direito romanos fez com que o caminho para as mudanças ocorridas com o advento do
cristianismo se espalhassem com mais vigor.
- “Com a difusão do cristianismo e, depois, com sua legitimação político-religiosa sob Constantino
virá certamente criar-se um significativa ruptura também no terreno educativo: os cristãos
depreciam a retórica e a cultura dos pagãos em geral, atacam as escolas que transmitem um
literatura contrária ao espírito cristão e orientada para valores diferentes dos evangélicos”.
- Por outro lado, “os cristãos escrevem, discutem e criticam a cultura pagã. Formam-se
culturalmente, portanto, por meio do ensino das escolas onde se extraem as técnicas – oratórias,
filosóficas – com as quais irão opor-se ao mundo helenístico: até reconhecer a utilidade da cultura
antiga e da própria paidéia grega e romana, que precisa apenas ser atualizada no sentido cristão.

No séc. IV, chocam-se os dois modelos culturais, caindo a cultura pagã;

No contexto das invasões bárbaras, houve, segundo o autor, “um ulterior empobrecimento
para as escolas e para a cultura: a ignorância dos invasores criava empecilhos e abandono no
empenho formativo das jovens gerações segundo o iter (caminho) cultural fixado pelo mundo
clássico. No séc. VI, é Gregório de Tours, o historiador dos francos, quem denuncia a morte
do culto “pelos estudos clássicos” na Gália: ninguém conhece mais a gramática e a dialética.
O atraso, porém, é comum a todo o Império, com exceção apenas do Oriente e, no Ocidente,
da Itália, onde permaneceram vivas as cidades e, nestas, algumas escolas e um pouco de
vida cultural.
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