Fundamentos de Materiais Poliméricos II AULA 6 MOLDAGEM A SOPRO Introdução ao Processo de Moldagem a Sopro A moldagem a sopro é utilizada principalmente para a produção de artigos ocos como garrafas, embalagens e brinquedos. O processo envolve a formação de um parison ou tubo fundido, o parison é posicionado entre as duas metades do molde e é soprado ar dentro dele, fazendo com que o parison tome a forma do molde, o polímero se solidifica rapidamente após contactar o molde frio, e o artigo acabado é expelido. Os dois processos básicos para a produção do parison são via extrusão e via injeção e embora existam variações e, diferenças entre eles quanto à maneira de produzir o parison, as etapas do processo permanecem as mesmas: 1 – Fusão do material; 2 – Conformação do parison; 3 – Fechamento do parison nas extremidades, exceto na entrada de ar; 4 – Expansão do parison dentro do molde; 5 – Resfriamento da parte moldada; 6 – Retirada do artigo. Moldagem a sopro via extrusão: Neste tipo de processo o parison é formado sem suporte e temos duas subdivisões, ou seja, contínuo e intermitente. O primeiro é empregado para peças com menos de 5 litros, enquanto que o segundo propicia um melhor controle de espessura e é utilizado para peças maiores. Os processos de moldagem a sopro via extrusão contínuo e intermitente são ilustrados nas Figuras 1 e 2. 1 Fundamentos de Materiais Poliméricos II Figura 1 – Processo de moldagem a sopro via extrusão contínuo. Figura 2 – Processos de moldagem a sopro via extrusão intermitente. Moldagem a sopro via injeção: O processo de injeção utiliza parison suportado em um núcleo metálico. O processo de injeção produz uma pré-forma que é então transferida para o molde de sopro. Seguem-se então as etapas de sopro, resfriamento e extração do artigo. O processo é ilustrado na Figura 3. 2 Fundamentos de Materiais Poliméricos II Figura 3 – Sistema de moldagem a sopro via injeção. Principais vantagens do processo por injeção - Não são necessárias operações secundárias; - O controle dimensional do gargalo e da espessura da parede é melhor do que nos parisons produzidos via extrusão; - Não existem marcas a serem cortadas ou aparadas no fundo da garrafa (perdas no esmagamento). Principais desvantagens do processo por injeção - Produção limitada a peças pequenas e médias; - Custo do molde de injeção. As propriedades viscoelásticas do fundido são de grande importância na moldagem a sopro, principalmente no processo de moldagem a sopro via extrusão. Os perfis de pressão e padrões de fluxo em uma extrusora e na matriz são governados pelas propriedades viscosas e pela forma dos canais de fluxo. No 3 Fundamentos de Materiais Poliméricos II intervalo de tempo entre quando o fundido deixa a matriz e quando ele toca as paredes frias do molde, ele muda sua forma em resposta viscoelástica a diferentes estímulos tais como: - Orientação molecular gerada pelo fluxo do fundido na matriz; - Força gravitacional; - Pressão de sopro. A resina ideal para moldagem a sopro deve ser estável ao calor e possuir boa resistência do fundido. A estabilidade ao calor é necessária para minimizar a degradação do polímero durante o processamento. A resistência do fundido é necessária para evitar que o parison se estire e afine, gerando uma espessura desuniforme no artigo produzido. Fluxo na matriz Métodos aproximados foram propostos para modelar os importantes aspectos de fluxo em uma matriz de moldagem a sopro. Foi encontrado que o cálculo das forças principais e do perfil de velocidades requer apenas um conhecimento das propriedades viscosas do fundido, ou seja, a dependência da viscosidade com a taxa de cisalhamento e a temperatura. O inchamento do extrudado é uma das manifestações do fluxo que pode ocorrer na matriz. Outros efeitos que podem ser observados incluem linhas de soldagem, modificações por cisalhamento e distorção do extrudado. Se o molde apresenta “spider legs” para manter o mandril no lugar, linhas de solda irão se formar à medida que o fundido escoa em torno dos suportes. O movimento das moléculas para unir as linhas de solda e voltar a ser um fundido homogêneo ocorre de maneira bastante lenta. Dessa forma, o processo deve ser muito bem controlado para evitar a formação de linhas de solda e fragilização da peça produzida. Os efeitos da modificação por cisalhamento é mais pronunciado em poliolefinas de alto peso molecular e com alta ramificação e em blendas. De uma maneira geral, o cisalhamento a altas taxas alteram a estrutura do fundido, 4 Fundamentos de Materiais Poliméricos II diminuindo a resistência das interações entre as moléculas (desmaranhamento). Este efeito é reversível, mas depende das condições para que o parison recupere o seu estado inicial não cisalhado. O fundido deixando a matriz de sopro pode apresentar os efeitos de “pele de cação” e “fratura do fundido”, que podem afetar o acabamento superficial do artigo moldado. Diversas medidas podem ser tomadas para eliminar estes fenômenos tais como aumento de temperatura e redução da taxa de extrusão. A secção transversal de um extrudado, suas dimensões e aparência são governados por vários fatores além das dimensões da abertura da matriz. Uma complicação adicional é que assim que o fundido deixa a matriz para formar o parison, este fica sujeito às forças gravitacionais, o que pode levar a deformação ou escoamento. Isso tende a fazer com que o parison fique menos espesso na parte superior em comparação com a parte inferior. Inchamento do parison A deformação do fundido que ocorre na matriz gera orientação molecular, que se manifesta na saída da matriz como inchamento do extrudado. O fluxo na entrada da matriz, onde as linhas de fluxo são convergentes, envolve um alto estiramento na direção de fluxo. Isso causa um alto grau de orientação molecular que, dependendo das condições de projeto da matriz e do processo, pode causar um alto grau de inchamento. Uma das maneiras de reduzir o inchamento é permitir que o fundido relaxe as tensões nele geradas dentro da própria matriz. O uso de uma matriz longa para permitir que os efeitos de entrada sejam minimizados pode, entretanto, impor cisalhamento no fundido e gerar alguma orientação axial que contribuirá para o inchamento. A Figura 4 mostra a formação de um parison e o fenômeno de inchamento do extrudado. 5 Fundamentos de Materiais Poliméricos II Figura 4 – Representação de um parison com o fenômeno de inchamento. O inchamento é uma manifestação de viscoelasticidade do material e, portanto é um fenômeno dependente do tempo. Uma parte do inchamento ocorre imediatamente após a saída da matriz enquanto que o restante leva algum tempo para ocorrer. A qualidade e o custo de um artigo produzido por moldagem a sopro dependem bastante das razões de inchamento do parison. Com a diminuição da temperatura o inchamento aumenta e o fenômeno ocorre de maneira mais lenta. O inchamento aumenta com o aumento da taxa de fluxo devido ao aumento da orientação molecular na matriz. O inchamento varia de um polímero para outro e é fortemente afetado pela distribuição do peso molecular do polímero e pelo grau de ramificação. A forma do canal da matriz tem bastante influência no inchamento do parison, uma vez que o inchamento é um processo de recuperação elástica resultante da orientação molecular na matriz. Escoamento do parison O escoamento do parison pode causar uma grande variação em espessura e diâmetro ao longo do parison e, em um caso extremo pode causar a ruptura do parison. Para um fluido newtoniano o escoamento do parison poderia ser controlado apenas pelo uso de um material com viscosidade suficientemente alta. No entanto, polímeros fundidos são materiais viscoelásticos e a resistência ao escoamento não pode sempre ser correlacionada com a viscosidade. Várias propostas foram feitas sobre qual propriedade viscoelástica governa o 6 Fundamentos de Materiais Poliméricos II escoamento do parison. Entre estas propriedades foram sugeridas a compliância em escoamento linear que é calculada a partir do módulo de relaxação de tensão, e também a função de aumento da tensão extencional. No entanto, ainda não dispomos de métodos confiáveis para predizer o escoamento de parison baseados em propriedades reológicas bem definidas. Neste caso, técnicas empíricas para avaliar a tendência de escoamento do parison são utilizadas. Quando combinamos os efeitos de inchamento e escoamento do parison, a situação fica muito complexa do ponto de vista reológico. A Figura 5 mostra o comportamento do comprimento do parison em função do tempo para vários casos. Figura 5 – Comprimento do parison em função do tempo para várias situações. Sopro do parison O comportamento do parison durante o processo de sopro é uma manifestação de suas propriedades reológicas de fluxo extensional. Foi observado que o parison não infla de maneira uniforme e tende a alargar no centro, especialmente no caso do PET. Ruptura do parison pode ocorrer se a razão entre o diâmetro do molde e o diâmetro do parison for muito elevada (razão de sopro). Existem evidencias de que o comportamento de uma resina no processo de sopro do parison, pode ser relacionado com seu comportamento em testes de extensão 7 Fundamentos de Materiais Poliméricos II uniaxial. Materiais que apresentam endurecimento por deformação apresentam facilidade em inflar com baixa possibilidade de ocorrer ruptura do parison, mesmo quando a razão de sopro e a pressão são elevadas. Materiais que apresentam amolecimento por deformação, por outro lado, implica em processo de sopro instável e possibilidade de ruptura do parison. 8 Fundamentos de Materiais Poliméricos II Garrafas para leite Garrafas com alta aparência 9 Fundamentos de Materiais Poliméricos II 10 Fundamentos de Materiais Poliméricos II MOLDAGEM POR INJEÇÃO - SOPRO 11 Fundamentos de Materiais Poliméricos II 12 Fundamentos de Materiais Poliméricos II 13 Fundamentos de Materiais Poliméricos II 14 Fundamentos de Materiais Poliméricos II 15