Recredenciamento Portaria MEC 347, de 05.04.2012 - D.O.U. 10.04.2012. Álgebra 1 – Quest (ii) Álgebra das proposições Lógica proposicional (ou formal) A lógica formal é o estudo matemático de linguagens definidas de forma precisa, levando em consideração a sintaxe, isto é, sua estrutura gramatical e sua semântica ou significado. O principal objetivo da lógica formal é analisar o papel representado pelos conectivos lógicos em demonstrações matemáticas. Na linguagem natural há vários tipos de proposições ou sentenças: Declarativas: O céu está nublado. Interrogativas: Será que vou aprovar na disciplina de Álgebra I? Exclamativa: Boa noite queridos alunos! Imperativas: Feche a porta. Proposições Proposições são sentenças declarativas, compostas por um conjunto de palavras que exprimem um pensamento de sentido completo. Por exemplo: “Porto Alegre é a capital do Rio Grande do Sul”. “O Lucas é professor de matemática”. “2 + 5 = 7”. “53 = 125”. Para toda a proposição valem os seguintes princípios de lógica: (I) (II) Princípio do terceiro excluído: toda a proposição tem um dos dois valores: falso ou verdadeiro. Uma proposição não pode ter um terceiro valor lógico, pois ele só pode ser Falso ou Verdadeiro. Princípio de não contradição: uma proposição não pode ser, ao mesmo tempo, falsa e verdadeira. Devido a este princípio diz-se que a lógica é bivalente. Valor de uma proposição Se uma proposição p é verdadeira, dizemos que ela tem um valor verdade; se p é falsa, a proposição tem valor falsidade. Representamos os valores lógicos de uma proposição por V, se verdadeira, e F, se falsa. Por exemplo, indique o valor das proposições abaixo: a) 2 : 2 = 0 ( ) b) 5 é um número irracional. ( ) c) O quadrado é um polígono regular. ( ) d) O número 51 é primo. ( ) Proposições simples ou compostas As proposições simples são aquelas que não contêm nenhuma outra proposição como parte integrante de si mesma. As letras minúsculas são usadas par representar as proposições simples: p, q, r, ..., p1, q1, r1, ..., p2, q2, r2, ..., chamadas de letras proposicionais ou átomos. São exemplos de proposições simples: p: Lucas é professor. q: Leôncio é jovem. Conectivos Os conectivos são palavras que usamos para formar novas conexões. Conectivo Negação Conjunção Disjunção Condicional Bicondicional Leitura Não E Ou Se...então Se e somente se Símbolo ~ , ¬, ’ ˄ ˅ → ↔ Podemos usar os conectivos e as preposições simples p e q definidas acima para criarmos proposições compostas, como, por exemplo: P1: se Lucas é professor então Leôncio é Jovem. (neste caso p→q) P2: Lucas é professor se e somente se Leôncio é Jovem. (neste caso p↔q) Seja, por exemplo, p a proposição “Lucas está fora” e q a proposição “Márcio está aqui”, enuncie, na linguagem corrente, as seguintes proposições: a) ~ p b) p ˄ q c) ~ p ˅ q d) p→q e) ~ p→q f) p↔q g) ~ q→p Tabela-verdade O valor verdade de uma proposição composta depende do valor verdade das proposições componentes e pode ser determinado por um dispositivo denominado tabela-verdade, na qual figuram todos os possíveis valores verdade. Por exemplo, no caso de uma proposição R, cujas proposições componentes são p e q, as únicas combinações possíveis são: p: V e q: V p: V e q: F p: F e q: V p: F e q: F O número de linhas de uma tabela-verdade de uma proposição composta depende do número de proposições simples que a compõem. A tabela verdade de uma proposição composta com n proposições simples possui 2n linhas. Por exemplo: para uma proposição p, depois para duas proposições p e q e depois par três proposições p, q e r. 21 p V F 22 p V V F F 23 q V F V F As proposições compostas são aquelas formadas pela combinação de duas ou mais proposições simples. Letras maiúsculas são usadas para representar proposições compostas: P, Q, R,... São exemplos de proposições compostas: P: Lucas é professor e Leôncio é Jovem. Q: Lucas é professor ou Leôncio é Jovem. C o m p l e x o d e E n s i n o S u p e r i o r d e C a c h o e i r i n h a Rua Silvério Manoel da Silva, 160 - CEP 94930000 - Cachoeirinha – RS - Tel/Fax. (51) 34418650 – www.cesuca.com.br – [email protected] p V V V V F F F F q V V F F V V F F r V F V F V F V F Recredenciamento Portaria MEC 347, de 05.04.2012 - D.O.U. 10.04.2012. Operações lógicas Conjunção: “e” ( ), uma coisa e outra, p e q. seu valor lógico é verdade quando p e q forem ambas verdadeiras, e falso nos outros três casos. Uma maneira de assimilar bem essa informação seria pensarmos nas sentenças simples como promessas de um pai a um filho: “eu te darei uma bola e te darei uma bicicleta”. Ora, pergunte a qualquer criança! Ela vai entender que a promessa é para os dois presentes. Caso o pai não dê nenhum presente, ou dê apenas um deles, a promessa não terá sido cumprida. Terá sido falsa! No entanto, a promessa será verdadeira se as duas partes forem também verdadeiras! p ˄ q também se lê: p e então q p todavia q p assim como q p embora q p no entanto q p contudo q p mas q p enquanto q Não só p, mas ainda q p e também q p além disso q p apesar de que também q p V V F F Q V F V F pq V F F F Por exemplo: O Brasil Situa-se na América do Sul, mas a Argentina é uma nação européia. p: O Brasil Situa-se na América do Sul (V) q: a Argentina é uma nação européia (F) p ˄ q: F Disjunção: “ou” ( ), uma coisa ou outra, p ou q. O valor lógico é verdade quando ao menos uma das proposições, p e q, for verdadeira e falso se ambas as proposições p e q forem falsas. Basta nos lembrarmos da tal promessa do pai para seu filho! Vejamos: “eu te darei uma bola ou te darei uma bicicleta”. Neste caso, a criança já sabe, de antemão, que a promessa é por apenas um dos presentes! Bola ou bicicleta! Ganhando de presente apenas um deles, a promessa do pai já valeu! Já foi verdadeira! E se o pai for abastado e resolver dar os dois presentes? A promessa foi mais do que cumprida. Só haverá um caso, todavia, em que a bendita promessa não se cumprirá: se o pai esquecer o presente, e não der nem a bola e nem a bicicleta. Terá sido falsa toda a disjunção. p V V F F Q V F V F pq V V V F Condicional (→): se p, então q. O valor lógico de uma proposição condicional é falso somente quando p (antecedente) é verdadeiro e q (consequente) é falso, nos outros três casos a proposição é verdadeira. Pense: é evidente que a condicional “Se Aristóteles era grego, era africano” é falsa. É falsa porque a antecedente é verdadeira e a consequente falsa. Mas que dizer do valor de verdade da condicional “Se Aristóteles era português, era africano”? Quase qualquer pessoa diria que esta condicional é falsa. Contudo, na lógica proposicional considerase, desde o tempo dos estóicos, que é verdadeira. Este é um problema em aberto, que tem provocado muitas discussões ao longo da história da filosofia. Mas temos de ter consciência que a lógica clássica entende as condicionais de uma maneira especial. Intuitivamente, achamos que uma condicional como “Se Aristóteles era português, era africano” é falsa porque sabemos que se Aristóteles fosse mesmo português, não seria africano: seria europeu. A nossa intuição baseia-se no fato de ser falso que os portugueses sejam africanos; olhamos para a condicional e vemos outra condicional: “Se alguém é português, é africano”. E como esta condicional é realmente falsa, pensamos que a outra condicional também é falsa. Mas na lógica clássica olha-se unicamente para o valor de verdade da antecedente e consequente da condicional literal e considerase que uma condicional só é literalmente falsa quando parte de uma verdade e chega a uma falsidade; em todos os outros casos, a condicional é verdadeira. p V V F F p→q V F V V Bicondicional (↔): p se, e somente se, q (sse). Seu valor lógico é verdade quando p e q são ambas falsas ou ambas verdadeiras. Do contrário, o valor lógico é falso. p V V F F q V F V F p↔q V F F V Negação (~): “não p”. A negação de uma proposição é definida pela seguinte tabela-verdade: p V F ~p F V Negação conjunta de duas proposições (↓): “nem p nem q”. O valor lógico será verdade quando p e q forem ambas falsas. Nos outros três casos a proposição é falsa. p V V F F Por exemplo: O Brasil Situa-se na América do Sul, ou a Argentina é uma nação européia. p: O Brasil Situa-se na América do Sul (V) q: a Argentina é uma nação européia (F) p ˅ q: V OBS: na disjunção exclusiva de duas preposições “ou p ou q” (p ˅ q), o valor lógico é falso quando ambas forem verdadeiras. Pense nisso! q V F V F q V F V F p↓q F F F V Construção C o m p l e x o d e E n s i n o S u p e r i o r d e C a c h o e i r i n h a Rua Silvério Manoel da Silva, 160 - CEP 94930000 - Cachoeirinha – RS - Tel/Fax. (51) 34418650 – www.cesuca.com.br – [email protected] de Tabelas-verdade Recredenciamento Portaria MEC 347, de 05.04.2012 - D.O.U. 10.04.2012. O valor verdade de proposições pode ser obtido via combinação de conectivos. Assim como na linguagem, que é regida por algumas regras de sintaxe, em lógica também devemos levar em conta determinadas regras. Essas regras determinam cadeias válidas, também chamadas fórmulas bem formadas (fbfs) ou wffs (well-formed formulas). As expressões p˄q, ~~~p, ~p˅q→r são fórmulas. Mas, expressões do tipo p˄, ↔z, não são fórmulas bem formadas. Afim de reduzir o número de parênteses necessários em uma wffs, estipulamos uma ordem na qual os conectivos são aplicados. Esta ordem de precedência é: 1) Quais as fórmulas que se obtêm, suprimindo-se todos os parênteses desnecessários, utilizando a ordem de precedência dos conectivos? 1. conectivos dentro dos parênteses, dos mais internos aos mais externos 2. ~ 3. ˄, ˅ 4. → 5. ↔ 2) Construa a tabela-verdade de cada uma das proposições: Isso quer dizer que a fórmula ~p˅q é o mesmo que (~p)˅q, o síbolo de negação (~) seguido de uma letra proposicional sem parênteses referese somente à letra. Uma expressão do tipo q˅p→r˄s dá margem às seguintes fórmulas proposicionais, utilizando-se os parênteses: (q˅p)→(r˄s), q˅(p→(r˄s)), (q˅(p→r))˄s, q˅(p→r)˄s. c) (p ˄ ~q) ˅ (~p ˄ q) OBS: um alfabeto proposicional é composto por símbolos lógicos, que são os conectivos (~,˅, ˄, →, ↔), por pontuação (,) e por símbolos nãológicos, que servem para representar as proposições. Chama-se tautologia a proposição composta que sempre é verdadeira. Na tabela-verdade de uma proposição tautológica, a coluna resultante contém somente V (verdade). As tautologias também são denominadas proposições logicamente verdadeiras. Vamos verificar se a proposição “p ˅ ~p” é tautológica: As tabelas-verdade vistas na aula anterior (uma para cada conectivo) permitem construir a tabela-verdade de qualquer proposição P(p, q, r, ...) obtida a partir das proposições p, q, r, ... combinadas pelos conectivos já conhecidos (~,˅, ˄, →, ↔),. a) (~a) ˄ (b→c) b) (~p) → (q ˅ r) c) (p ↔ (~q)) ˅ r d) (~q) ˅ (p ↔ r) a) ~(~p ↔ q) b) (p ˅ q) ˄ ~ (p ˄ q) d) (p →q) ˅ ~ (p ↔~q) Tautologia ou Válida p V F Exemplo para acompanhar em aula. ~p p ˅~p Complete a tabela verdade de cada uma das proposições: Contradição ou Contra-válida a) ~p˄q Chama-se contradição a proposição composta que é sempre falsa. Ou seja, a coluna resultante só tem F (falso). As contradições também são denominadas proposições logicamente falsas. Vamos verificar se a proposição “p ˄ ~p” é contraditória: p V V F F q V F V F ~p˄q ~p F p V F b) ~(p˄~q) p ˄ ~p Contingência ou Indeterminada p V V F F q V F V F ~q p˄~q F ~(p˄~q) Determina-se contingência a proposição composta que pode ser verdadeira e pode se falsa. Na tabela-verdade de uma proposição contingencial, a coluna resultante contém a verdade (V) e a falsidade (F). Vamos verificar se a proposição “~(p ˄ q) ˅ ~(q↔p)” é uma contingência: p Exercícios I ~p q p˄q ~(p ˄ q) Implicação lógica ( ) C o m p l e x o d e E n s i n o S u p e r i o r d e C a c h o e i r i n h a Rua Silvério Manoel da Silva, 160 - CEP 94930000 - Cachoeirinha – RS - Tel/Fax. (51) 34418650 – www.cesuca.com.br – [email protected] Recredenciamento Portaria MEC 347, de 05.04.2012 - D.O.U. 10.04.2012. Primeiramente, para que não haja confusão, o símbolo “→” representa uma operação entre proposições resultando em uma nova proposição, como já vimos. Por exemplo, operando a proposição P com a proposição Q através do conectivo “→”, resultará na proposição P → Q. O símbolo “ ” indica apenas uma relação entre duas proposições dadas. A relação de implicação lógica entre as proposições p˄q e p˅q, por exemplo, é dada por p˄q p˅q. Então, definindo uma implicação lógica, diz-se que uma proposição P implica logicamente outra proposição Q quando, em suas tabelasverdade não ocorre VF nessa ordem em uma mesma linha. Em outras palavras, P Q se Q é verdadeira (V) todas as vezes que P é verdadeira (V). Por exemplo: vamos verificar se p q→p. p V V F F q V F V F q→p V V F V Observe que para concluir se p q→p, temos de analisar as colunas em destaque, e logo notamos que “q→p” é verdadeira todas as vezes em que “p” é verdadeira. Portanto, “p” implica logicamente “q”. Notamos também que, comparando a primeira com a terceira coluna, não ocorreu VF. Propriedades das implicações lógicas 1. Reflexiva: P P 2. Transitiva: se P Q e Q R, então P R 3. P Q se, e somente se, a condicional P→Q é tautológica. Agora verifique se p ˅ q p ↔ q e justifique a sua resposta. Exercícios II 1) Verifique se a proposição P: 24 = 16 e 42 = 16 implica logicamente a proposição Q: 34 = 81 e 43 = 81. 2) Mostre que “p ↔~q” não implica logicamente a proposição “p→q”. Justifique sua resposta. C o m p l e x o d e E n s i n o S u p e r i o r d e C a c h o e i r i n h a Rua Silvério Manoel da Silva, 160 - CEP 94930000 - Cachoeirinha – RS - Tel/Fax. (51) 34418650 – www.cesuca.com.br – [email protected]