Exercícios resolvidos P3 Questão 1 Calcule a área da superfície obtida pela revolução da curva α(t) = (R cos t, 0, R sin t + a), t ∈ [0, 2π], 0 < R < a, em torno do eixo x. Esta superfície é chamada de Toro. Resposta: desenho!) Uma parametrização para esta superfície é dada por (Faça um r(t, θ) = (R cos t, (R sin t+a) sin θ, (R sin t+a) cos θ), (t, θ) ∈ [0, 2π)×[0, 2π). Vimos em sala que a área de uma superfície parametrizada é dada por ZZ ZZ |rt × rθ |dA. 1 dS = A= [0,2π)×[0,2π) S Fazendo o cálculo do produto vetorial, obtemos |rt ×rθ | = (−R cos t(R sin t + a), −R sin t(R sin t + a) sin θ, R sin t(R sin t + a) cos θ) . Logo, |rt × rθ | = R p (R sin t + a)2 = R(R sin t + a). Veja que, não colocamos o módulo na expressão acima pois 0 < R < a implica que R sin t + a > 0 para todo t. Finalmente, Z 2π Z 2π A= 0 R2 sin t + aR dtdθ 0 2 = 2π[−R cos t + aRθ]2π 0 = 2π (2aRπ) = 4aRπ 2 . Esta superfície pode ser pensada como o produto cartesiano de dois círculos, um de raio a e outro de raio R. Assim, poderíamos pensar que, da mesma forma que calculamos a área da superfície de um cilíndro, a área é o produto dos perímetros, ou seja, (2πa)(2πR) = 4aRπ 2 . Nota: Questão 2 Mostre que a equação x + sin(y + z) = 0 dene implicitamente y como função 2 de x e z (y = ϕ(x, z)) numa vizinhança de (0, 0, 0). Calcule ∂∂xϕ2 (0, 0). Em 2 seguida, explicite a função ϕ e calcule novamente ∂∂xϕ2 (0, 0). Resposta: Dena a função F : R3 → R por F (x, y, z) = x + sin(y + z). Observe que ∂F (x, y, z) = cos(y + z), ∂y logo ∂F (0, 0, 0) = cos(0 + 0) = 1 6= 0. Assim, como F é uma função C ∞ , em ∂y particular C 1 , e ∂F (0, 0, 0) 6= 0 temos que existe uma vizinhança V ⊂ R2 do ∂y ponto (0, 0) e uma função C ∞ ϕ : V → R tal que F (x, ϕ(x, z), z) = F (0, 0, 0) = 0. Em outras palavras, a equação x + sin(y + z) = 0 dene, localmente, y como função de x e z. O teorema ainda diz que ∂F (x, ϕ(x, z), z) 1 ∂ϕ ∂x (x, z) = − ∂F =− . ∂x cos(ϕ(x, z) + z) (x, ϕ(x, z), z) ∂y Tomando, mais uma vez a derivada parcial com respeito a x : ∂ 2ϕ 1 ∂ϕ (x, z) = (− sin(ϕ(x, z) + x))( (x, z) + 1). ∂x2 (cos(ϕ(x, z) + x)2 ) ∂x Aplicando no ponto (0, 0), obtemos ∂ 2ϕ 1 ∂ϕ (0, 0) = (− sin(0))( (0, 0) + 1) = 0. 2 ∂x cos(0) ∂x Para a segunda parte do exercício, escrevendo sin(y + z) = −x, vemos que próximo ao ponto (0, 0, 0), podemos escrever y + z = arcsin(−x). Logo ϕ(x, z) = y = −z + arcsin(−x). Com isso podemos calcular as derivadas parciais diretamente: ∂ϕ −1 (x, z) = √ ∂x 1 − x2 e assim, O que implica que ∂ 2ϕ 1 −2x . (x, z) = 2 ∂x 2 (1 − x2 ) 23 ∂2ϕ (0, 0) ∂x2 = 0. Questão 3 Seja S a superfície cilíndrica com tampa mostrada na gura 1. S é a união das superfícies S1 e S2 , sendo que S1 é o conjunto dos pontos (x, y, z) que satisfaz x2 + y 2 = 1, 0 ≤ z ≤ 1, e S2 é o conjunto dos pontos (x, y, z) que satisfaz x2 + y 2 + (z − 1)2 = 1, z ≥ 1. Seja F (x, y, z) = (zx + z 2 y + x, z 3 yx + y, z 4 x2 ). Suponha que S está orientada com vetores normais apontando fora. Calcule ZZ ∇ × F · dS S usando o teo. de Stokes de duas formas: calculando a integral de linha sobre a fronteira diretamente e escolhendo uma superfície adequada. Figura 1: Em primeiro lugar, observe que o campo em questão é C ∞ , em particular C 1 , e a superfície S é suave (regular) por partes. Sendo assim, podemos aplicar o teo. de Stokes. Resposta: A fronteira de S é a curva C dada pelo conjunto dos pontos (x, y, 0) que satisfazem x2 + y 2 = 1. A orientação da superfície S induz a orientação anti-horária na curva C e assim, α(t) = (cos t, sin t, 0), t ∈ [0, 2π], é uma parametrização de C. Pelo teo. de Stokes, ZZ Z ∇ × F · dS = S F · dr ZC2π = F (α(t)) · α0 (t)dt Z0 2π (cos t, sin t, 0) · (− sin t, cos t, 0)dt = 0 = 0. O teo. de Stokes também pode ser usado para argumentar que a integral do rotacional não depende da superfície escolhida, contanto que o bordo permaneça o mesmo e a orientação do bordo concorde com a orientação da nova superfície. Assim, observe que o disco unitário D = {(x, y, 0)|x2 + y 2 ≤ 1} também possui como bordo a curva C e a parametrização do disco r : D → R3 r(x, y) = (x, y, 0) tem como vetor normal rx × ry = (0, 0, 1) que concorda com a orientação de C. Logo, pelo teo. de Stokes ZZ ZZ ∇ × F · dS = S ∇ × F · dS Z ZD F (x, y, 0) · (0, 0, 1) dA = x2 +y 2 ≤1 ZZ = 0 dA = 0. x2 +y 2 ≤1 Questão 4 Calcule a integral de superfície ZZ F · dS S sendo que S é a superfície dada por S = {(x, y, z)|x2 +y 2 = 1, 0 ≤ z ≤ 1}, orientada com vetores normais apontando para fora, e F (x, y, z) = (1, 1, z(x2 + y 2 )). Efetue os cálculos diretamente e depois use o teo. da divergência. Resposta: Primeiro, vamos calcular a integral de superfície diretamente. Seja r : [0, 2π] × [0, 1] → R3 uma parametrização do cilindro dada por r(t, z) = (cos t, sin t, z). Sendo assim, rt × rz = (cos t, sin t, 0). A integral de superfície é ZZ Z 2π 1 Z F · dS = S F (r(t, z)) · (rt × rz ) dzdt 0 Z 0 2π 1 Z (1, 1, z) · (cos t, sin t, 0) dzdt = 0 Z 0 2π 1 Z = cos t + sin t dzdt 0 0 = 0. Agora, usando o teorema da divergência. Seja E = {(x, y, z)|x2 + y 2 ≤ 1, 0 ≤ z ≤ 1} e ∂E a fronteira da região E orientada com vetores normais apontando para fora. Observe que ∂E = S ∪ T1 ∪ T0 , sendo que T1 = {(x, y, 1)|x2 + y 2 ≤ 1} é a tampa de cima do cilindro e T0 = {(x, y, 0)|x2 + y 2 ≤ 1} é a tampa de baixo do cilindro. Assim, como E é do tipo I, II e III, simultaneamente, e F é de classe C 1 , temos que, pelo teorema da divergência, ZZZ ZZ ZZ ∇ · F dV = E ZZ F · dS = ∂E ZZ F · dS + S F · dS. (1) F · dS + T1 T2 Do lado esquerdo, temos que ZZZ ZZZ x2 + y 2 dV Z 1 ZE 2π Z 1 R3 dRdθdz = ∇ · F dV = E 0 0 π = . 2 0 Agora o lado direito. O vetor normal a T0 é n0 = (0, 0, −1), logo ZZ ZZ z(x2 + y 2 ) dS F · dS = T0 T0 = 0, pois z = 0 em T0 . Já o vetor normal a T1 é n1 = (0, 0, 1), logo, usando a parametrização r(x, y) = (x, y, 1), ZZ ZZ F · dS = F (x, y, 1) · (0, 0, 1) dA x2 +y 2 ≤1 T0 ZZ x2 + y 2 dA = x2 +y 2 ≤1 π = . 2 Assim, pela equação (1), temos que ZZ F · dS = 0. S