FACULDADE DE ODONTOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ODONTOLOGIA CAIO MARCELO PANITZ SELAIMEN PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM PACIENTES COM ZUMBIDO E QUALQUER GRAU DE PERDA AUDITIVA E AUDIOMETRIA NORMAL Porto Alegre 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. CAIO MARCELO PANITZ SELAIMEN PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM PACIENTES COM ZUMBIDO E QUALQUER GRAU DE PERDA AUDITIVA E AUDIOMETRIA NORMAL Tese apresentada como requisito parcial para obtenção de grau de Doutor em Odontologia do Programa de Pós-Graduação em Odontologia na área de Prótese Dentária da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Orientador: Prof. Dr. Márcio de Lima Grossi Co-Orientador: Prof. Dr. Celso Dall’Igna Porto Alegre 2008 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S464a Selaimen, Caio Marcelo Panitz Prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e audiometria normal. Caio Marcelo Panitz Selaimen. - Porto Alegre, 2008. 197 f. Tese (Doutorado em Prótese Dentária) - Faculdade de Odontologia, PUCRS. Orientação: Prof. Dr. Márcio de Lima Grossi. Co-Orientação: Prof. Dr. Celso Dall’Igna 1. Odontologia. 2. Articulação Temporomandibular - Disfunções. 3. Zumbido. 4. Sintomas Otológicos. I. Grossi, Márcio de Lima. II. Dall’Igna, Celso Título. III. Título. CDD 617.643 Ficha elaborada pela bibliotecária Cíntia Borges Greff CRB 10/1437 2 CAIO MARCELO PANITZ SELAIMEN PREVALÊNCIA DE SINAIS E SINTOMAS DE DISFUNÇÃO TEMPOROMANDIBULAR EM PACIENTES COM ZUMBIDO E QUALQUER GRAU DE PERDA AUDITIVA E AUDIOMETRIA NORMAL Tese apresentada como requisito parcial para obtenção de grau de Doutor em Odontologia do Programa de Pós-Graduação em Odontologia na área de Prótese Dentária da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Aprovado em 19 de dezembro de 2008. MEMBROS DA COMISSÃO DE JULGADORA: Orientador: Prof. Dr. Márcio de Lima Grossi Prof. Dr. Luis Carlos da Fontoura Frasca Prof. Dr. Eleutério Araújo Martins Prof. Dr. Alexandre Bahlis Profa. Dra. Helena Glüer Carracho 3 Dedico este trabalho aos meus pais, Osmar Selaimen e Mari Panitz Selaimen, pelo exemplo de coragem, humildade, dedicação e amor. Vocês são meu constante incentivo, a razão para a minha persistência, o objetivo e a inspiração para a minha vida.. 4 AGRADECIMENTOS A Deus que me dá forças, saúde física e mental que me permitem levantar todos os dias; viver com dignidade junto àqueles que amo, dando-me consciência e humildade para estes agradecimentos. Gostaria de registrar aqui o nome de todos os que me ajudaram e torceram por mim, entretanto desculpem-me pelas eventuais omissões. À minha família, pelo apoio e retaguarda. À Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, na pessoa do Diretor Prof. Marcos Túlio Carvalho, pela oportunidade de cursar o doutorado. Ao Prof. Dr. Márcio Lima Grossi, orientador deste trabalho, pela amizade, orientação e colaboração; pelas sugestões, críticas construtivas e auxílio; pela conduta tranqüila e segura; pela sua paciência ao compreender minhas limitações. Ao setor de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, na pessoa do Chefe do Serviço Prof. Dr. Celso Dall’Igna, por possibilitar a realização da pesquisa no ambulatório de zumbido, pelas constantes orientações, pela paciência e incentivo. Ao Prof. Dr. Sady Selaimen da Costa, do Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia, da Faculdade de Medicina da UFRGS, por seu exemplo, colaboração e incentivo. À Profa. Dra. Letícia Petersen Schimidt Rosito, pela dedicação e paciência. Ao Prof. Fabrício Finamor pela ajuda na coleta de dados, pelo incentivo e amizade, minha dívida será eterna contigo meu amigo, espero um dia poder retribuir a altura. Ao prof. Dr. Eleutério Araújo Martins, por estar comigo em momentos importantes e decisivos da minha vida profissional, por seu companheirismo, disponibilidade, estímulo, dedicação, amizade e, acima de tudo, competência. Sou grato a Deus por esse convívio. Aos Profs. Dr. Eduardo Teixeira e Prof.ª Dr.ª Nilza Pereira da Costa, Prof.ª Dr.ª Rosse Mary Shinkai, pela paciência, dedicação e ensinamentos transimitidos a essa turma de Doutorado. Aos professores do Departamento de Prótese da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, mestres na arte e na ciência da odontologia, por acreditar na minha capacidade, pela minha formação crítica odontológica, pelas orientações acadêmicas e pessoais, pelos exemplos profissionais e por oferecerem oportunidades de conhecimento 5 e de crescimento profissional. Prof. Dr. Luís Carlos Frasca, pelas orientações e ensinamentos durante a minha formação. À Prof.ª Dra. Karen Chaves, pelo exemplo e amizade. Aos colegas de profissão Maruí da Rosa Jr. Leonardo Barcelos e Luis Britto, com vocês aprendi que para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pelas dificuldades. No sucesso, verificamos a quantidade e, nas dificuldades, a qualidade. Tenham certeza que vocês foram muitas vezes a resposta para minhas dúvidas, entretanto nunca me procuraram para matar o tempo e sim nas horas vivas, pois preencheram minhas necessidades, mas não o meu vazio. Àos meus alunos por acreditar na minha capacidade como professor, que se reconhecem por mim incentivados na busca por uma formação crítica odontológica, que se dispoem a escutar minhas orientações acadêmicas e pessoais e que foram capaz de enxergar em mim um exemplo a ser seguido. À Fernanda Montini agradeço pelo estímulo e pela força. Sinto-me honrado em ter sido teu professor. Tua extrema capacidade, simplicidade, dedicação na busca pela excelência na profissão contribuíram de forma marcante na minha formação com professor e odontólogo. Podes ter certeza que tu és uma pessoa incomparável. À Avani, só posso dizer que existem pessoas que possuem o dom de nos presentear simplesmente com a sua presença e eu posso dizer que tu tens esse dom. Grande amiga de todas as horas possíveis. Sei bem das muitas vezes que, em silêncio, me deste tudo sem nada pedir ou esperar em troca. Serão poucas as inúmeras palavras que terei de procurar para te desejar o quero de bom para ti. O meu maior orgulho é chamar-te de Mãe. Agradeço-te por todos estes anos... A Manoel Luis Motta Dias, que com uma mistura de sentimentos como os de um professor, educador, pai e amigo que, mesmo no silêncio e na distância, demonstrou por diversas vezes, como trilhar meus próprios caminhos, tendo felicidade o bastante para fazê-lo doce, dificuldades para fazê-lo forte, tristeza para frazê-lo humano e esperança suficiente para fazê-lo feliz, demonstrando-me a sabedoria para aproveitar e valorizar as oportunidades que apareceram em meu caminho sem nunca deixar de sonhar. Ao amigo Carlos Augusto Maranghello, pelo incentivo e amizade. A todos os Meus Amigos que vibram com as minhas vitórias como se fossem suas e souberam entender os meus momentos de ausência. 6 Talvez ... “Talvez eu venha a envelhecer rápido demais. Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena. Talvez eu sofra inúmeras desilusões no decorrer da minha vida. Mas farei com que elas percam a importância diante dos gestos de amor que encontrei. Talvez eu não tenha forças para realizar todos os meus ideais. Mas jamais irei me considerar um derrotado. Talvez em algum instante eu sofra uma terrível queda. Mas não ficarei por muito tempo olhando para o chão. Talvez um dia eu sofra alguma injustiça. Mas jamais irei assumir o papel de vítima. Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos. Mas terei humildade para aceitar as mãos que se estenderem em minha direção. Talvez, numa dessas noites frias, eu derrame muitas lágrimas. Mas não terei vergonha por este gesto. Talvez eu seja enganado inúmeras vezes. Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém mereça a minha confiança. Talvez no decorrer dos anos eu perca grandes amizades. Mas irei aprender que aqueles que realmente são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos. Talvez algumas pessoas queiram o meu mal. Mas irei continuar plantando a semente da fraternidade por onde passar. Talvez eu fique triste ao concluir que não consigo seguir o ritmo da música. Mas então farei com que a música siga o compasso dos meus passos. Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-íris. Mas aprenderei a desenhar um, nem que seja dentro do meu coração. Talvez hoje eu me sinta fraco. Mas amanhã irei recomeçar, nem que seja de uma maneira diferente. Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias. Mas terei a consciência de que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma. Talvez eu me deprima por não ser capaz de saber a letra daquela música. 7 Mas ficarei feliz com as outras capacidades que possuo. Talvez eu não tenha motivos para grandes comemorações. Mas não deixarei de me alegrar com as pequenas conquistas. Talvez a vontade de abandonar tudo se torne minha companheira. Mas, ao invés de fugir, irei correr atrás do que almejo. Talvez eu não seja exatamente o que eu gostaria de ser. Mas passarei a admirar quem sou. Porque no final saberei que mesmo com incontáveis dúvidas eu sou capaz de construir uma vida melhor. E se ainda assim não me convencer disso, é porque, como diz aquele ditado, "AINDA NÃO CHEGOU O FIM" Porque no final não haverá nenhum "TALVEZ" e sim a certeza de que minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia”. (Aristóteles Onassis). 8 RESUMO Objetivos: (1) Verificar a prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e em pacientes com zumbido e audiometria normal em comparação com um grupo controle; 2) Estabelecer uma possível concomitância e/ou correlação dos sinais e sintomas de DTM com as causas estabelecidas ou presumíveis do zumbido presente; 3) Verificar a existência de relação entre o local e o lado onde o sintoma zumbido é mais intenso (lado predominante) e os sinais e sintomas de DTM, conforme os diagnósticos de Eixo - I de DTM. Materiais e métodos: A avaliação audiológica básica, avaliação objetiva e psicoacústica do zumbido, bem como sua etiologia foram estabelecidas clinicamente e através de testes auditivos básicos executados por médicos otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Os referidos métodos de avaliação seguiram os Critérios de Diagnóstico de Pesquisa para o Zumbido, estabelecidos pelo Ambulatório de Zumbido do Serviço de Otorrinolaringologia do HCPA. O instrumento para avaliação da DTM foi a versão oficial do questionário e formulário de exame dos Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Disfunções Temporomandibulares (RDC/TMD). Foram formados três grupos de estudo: a) pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva; b) pacientes com zumbido e audiometria normal; c) pacientes do grupo controle sem queixas otorrinolaringológicas. As condições nos três casos, foram comprovadas por um médico otorrinolaringologista. Resultados e conclusões: Os pacientes do grupo de zumbido com qualquer grau de perda auditiva apresentaram uma associação direta com o diagnóstico de dor miofacial, com o diagnóstico de deslocamento de disco com redução, artralgia, osteoartrose, osteoartrite da ATM e também com o diagnóstico de redução da dimensão vertical. Entretanto, não apresentaram associação entre o diagnóstico do Eixo I e o lado do zumbido, entre a presença de dor músculo-articular e o lado no qual o sintoma zumbido era mais intenso, nem entre a gravidade do zumbido e o nível de dor músculo-articular. Os pacientes do grupo de zumbido sem perda auditiva apresentaram uma associação direta com o diagnóstico de deslocamento de disco com redução e artralgia. Apresentaram também uma associação direta entre a gravidade do zumbido e o nível de dor nos músculos temporais posteriores esquerdo e direito. Entretanto, tais 9 indivíduos não apresentaram uma associação entre o diagnóstico do Eixo I e o lado do zumbido, nem entre a presença de dor músculo-articular e o lado no qual o zumbido era mais intenso. Além disso, os grupos de pacientes de zumbido não diferiram entre si em relação aos escores do grau de dor crônica, depressão e somatização, incluindo e excluindo dor, apesar de apresentarem escores superiores aos do grupo controle. Entretanto, embora não tenham apresentado escores significativamente mais elevados no Eixo II do RDC, os pacientes do grupo de zumbido com perda auditiva apresentaram valores superiores para a gravidade do zumbido em relação ao grupo de pacientes com zumbido sem perda auditiva. Palavras-chave: Disfunção temporomandibular. Zumbido. Sintomas otológicos. Articulação temporomandibular. 10 SUMMARY Objectives: (1) To verify the prevalence of signs and symptoms of temporomandibular disorders (TMD) in patients with tinnitus and any degree of audiometric loss versus patients with tinnitus and normal audiometry versus a control group with no tinnitus; 2) To establish a possible correlation between signs and symptoms of TMD with established or presumed causes of tinnitus; 3) To verify the correlation between the worse side of tinnitus (predominant side) with the signs and symptoms of TMD according to the RDC/TMD Axis I. Methods and materials: The basic audiological evaluation, including the objective and psychoacoustic evaluation of tinnitus as well as its etiology, were clinically established by means of basic audiologic tests performed by physicians (ENT) and speech pathologists of the Clinical Hospital of Porto Alegre (HCPA). Such methods of assessment follow the Research Diagnostic Criteria for Tinnitus created by the Tinnitus Clinic in the Ear Nose Throat Service of the HCPA. The instrument for evaluation of TMD was the official version of the Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD). Three groups were studied: a) patients with tinnitus and any degree of hearing loss confirmed by an ENT doctor; b) patients with tinnitus and normal audiometry confirmed by an ENT doctor; c) patients free of signs and symptoms of tinnitus (control group) without otolaryngological complaints confirmed by a ENT doctor. Results and conclusions: Patients from the group of tinnitus with any hearing loss had a direct association with the diagnosis of myofascial pain, with the diagnosis of disk displacement with reduction, arthralgia, osteoarthrosis and osteoarthritis of the TMJ, and also with the diagnosis of reduced vertical dimension. However, no association was detected between the diagnosis of Axis I and part of tinnitus, neither between the presence of the musculo-articular pain and the side where the tinnitus symptom was more intense, nor between the severity of tinnitus and the level of the musculo-articular pain. Patients from the tinnitus without hearing loss had a direct association with the diagnosis of disk displacement with reduction and arthralgia. A direct association between the tinnitus intensity and the pain level in the left and right posterior temporalis muscles. However, an association neither between the diagnosis and the side of tinnitus or the presence of musculo-articular pain the worst side of 11 tinnitus. Besides that, the patient groups with tinnitus did not different between each other in relation to chronic pain grade, depression and somatization, with and without pain, despite both having superior scores than the control group. Despite not having significantly higher scores in the Axis II of the RDC, patients with tinnitus with hearing loss had worse scores than those with tinnitus with no hearing loss. Key words: Temporomandibular disorders. Temporomandibular joint. Tinnitus. Aural symptoms. 12 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Publicações que apresentaram associação entre pacientes com disfunção temporomandibular e zumbido............................................... 53 Quadro 2 - Publicações que apresentaram associação entre pacientes com zumbido e disfunção temporomandibular ................................................ 62 Quadro 3 - Eficácia do tratamento da disfunção temporomandibular e zumbido ...... 73 Quadro 4 - Diagnóstico de Deslocamento de disco X lado zumbido (unilateral) em pacientes sem perda auditiva .......................................................... 101 Quadro 5 - Diagnóstico X lado zumbido (bilateral) em pacientes sem perda auditiva .................................................................................................. 101 Quadro 6 - Diagnóstico X lado zumbido (cabeça) em pacientes sem perda auditiva .................................................................................................. 101 Quadro 7 - Diagnóstico de deslocamento de disco X lado zumbido (unilateral) em pacientes com perda auditiva .......................................................... 102 Quadro 8 - Diagnóstico X lado zumbido (bilateral) em pacientes com perda auditiva .................................................................................................. 103 Quadro 9 - Diagnóstico X lado zumbido (cabeça) em pacientes com perda auditiva .................................................................................................. 103 13 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição de freqüências do gênero por grupo e no geral.................... 81 Tabela 2 - Distribuição de freqüências do nível educacional por grupo e no geral......... 81 Tabela 3 - Estatísticas descritivas da idade entre os grupos e no geral.................... 82 Tabela 4 - Estatísticas descritivas da renda entre os grupos e no geral ................... 82 Tabela 5 - Percentuais de presença das características por grupo........................... 83 Tabela 6 - Diagnóstico .............................................................................................. 84 Tabela 7 - RDC/TMD: Eixo II..................................................................................... 86 Tabela 8 - Características oclusais ........................................................................... 89 Tabela 9 - Características do zumbido ......................................................................92 Tabela 10 - Comparação do lado do zumbido com o diagnóstico Eixo I - Grupo zumbido sem perda auditiva................................................................... 93 Tabela 11 - Correlação entre a gravidade do zumbido e o nível de dor muscular/articular - Grupo zumbido sem perda auditiva......................... 94 Tabela 12 - Relação do lado pior do zumbido com a presença de dor muscular/articular - Grupo zumbido sem perda auditiva ........................ 95 Tabela 13 - Comparação do lado do zumbido com o diagnóstico Eixo I - Grupo zumbido com qualquer grau de perda auditiva...................................... 97 Tabela 14 - Correlação entre a gravidade do zumbido e o nível de dor muscular/ articular - Grupo zumbido com qualquer grau de perda auditiva ......... 98 Tabela 15 - Relação do lado pior do zumbido com a presença de dor muscular/ articular - Grupo zumbido com qualquer grau de perda auditiva ............ 99 14 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17 2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 19 2.1 CONSIDERAÇÕES BÁSICAS DA ORELHA E ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR................................................................................... 19 2.2 TEORIAS DOS SINTOMAS OTOLÓGICOS RELACIONADOS ÁS DTMS .........20 2.2.1 Efeitos excitatórios centrais e mecanismos neuromusculares ................. 20 2.2.2 Ligamento disco maleolar e fissura petrotimpânica e Forame de Huschke .......................................................................................................... 26 2.2.3 Alterações funcionais da tuba auditiva ........................................................ 29 2.2.4 Tuba auditiva e disfunção temporomandibular ........................................... 30 2.2.5 Relações vasculares e inflamatórias ............................................................ 33 2.3 ESTUDOS CIENTIFICOS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE PACIENTES COM DTM E ZUMBIDO................................................................................................ 35 2.3.1 Estudos longitudinais .................................................................................... 35 2.3.2 Estudos transversais ..................................................................................... 37 2.4 ESTUDOS CIENTIFICOS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE PACIENTES COM ZUMBIDO E DTM............................................................................................... 54 2.4.1 Estudos longitudinais .................................................................................... 54 2.4.2 Estudos transversais ..................................................................................... 55 2.5 EFICÁCIA DO TRATAMENTO ESTOMATOGNÁTICO SOBRE O ZUMBIDO.... 63 3 PROPOSIÇÃO ....................................................................................................... 74 4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 75 4.1 AMOSTRA........................................................................................................... 75 4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NOS GRUPOS TESTE.......................................... 76 4.2.1 Zumbidos gerados por estruturas para-auditivas ....................................... 76 15 4.2.2 Zumbidos gerados pelo sistema auditivo neurossensorial ....................... 76 4.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO NOS GRUPOS TESTE......................................... 76 4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO GRUPO-CONTROLE ...................................... 77 4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO DO GRUPO CONTROLE ..................................... 77 4.6 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA PESQUISA DAS DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES .............................................................................. 77 4.7 EXAME CLÍNICO ................................................................................................ 78 4.8 MÉTODO PARA A PALPAÇÃO MUSCULAR E ARTICULAR DA ATM .............. 78 4.9 INFORMAÇÃO, CONSENTIMENTO E CONFIDENCIALIDADE......................... 79 4.10 PROCEDIMENTOS........................................................................................... 79 5 RESULTADOS...................................................................................................... 81 5.1 DADOS DEMOGRÁFICOS ................................................................................. 81 5.2 CARACTERÍSTICAS SINTOMATOLÓGICAS AUTO-RELATADAS PELOS PACIENTES ........................................................................................................ 83 5.3 DIAGNÓSTICO DAS DTMs CONFORME OS CRITÉRIOS DO EIXO I .............. 84 5.4 DIAGNÓSTICO DAS DTMS REALIZADO CONFORME OS CRITÉRIOS DO EIXO II...............................................................................................................................86 5.5 CARACTERÍSTICAS OCLUSAIS........................................................................ 89 5.6 CARACTERÍSTICAS DO ZUMBIDO ................................................................... 92 6 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 104 6.1 DADOS DEMOGRÁFICOS ............................................................................... 111 6.2 CARACTERÍSTICAS SINTOMATOLÓGICAS RELATADAS PELOS PACIENTES ..................................................................................................... 112 6.3 DIAGNÓSTICO DAS DTMs REALIZADO CONFORME OS CRITÉRIOS DO RDC/TMD: EIXO I ........................................................................................... 114 6.4 DIAGNÓSTICO DAS DTMs REALIZADO CONFORME OS CRITÉRIOS DO RDC/TMD: EIXO II ........................................................................................... 128 6.5 CARACTERÍSTICAS OCLUSAIS...................................................................... 132 6.6 EFICÁCIA DO TRATAMENTO DA DTM SOBRE OS SINTOMAS ZUMBIDO .. 135 16 7 CONCLUSÕES .................................................................................................... 138 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 140 APÊNDICES ........................................................................................................... 146 APÊNDICE A - Pedido de autorização ao Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS .147 APÊNDICE B - Termo de Esclarecimento e Informação ao Paciente ..................... 149 APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................ 151 APÊNDICE D - Pedido de apreciação do projeto de pesquisa ............................... 152 APÊNDICE E - Termo de Compromisso ................................................................. 153 APÊNDICE F - Resumo dos dados obtidos do paciente......................................... 154 APÊNDICE G - Pedido de autorização para utilização do Laboratório de Zumbido do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas de Porto Alegre ............................................................................................. 159 ANEXOS ................................................................................................................. 160 ANEXO A - Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Desordens Temporomandibulares.......................................................................... 161 ANEXO B - Questionário ......................................................................................... 176 ANEXO C - Protocolo de Algorítimos ...................................................................... 191 17 1 INTRODUÇÃO Os sinais e sintomas que se originam das estruturas músculo-esqueléticas do sistema mastigatório estão incluídas na categoria de queixas de dor conhecidas como disfunções temporomandibulares (DTMs). As DTMs e outras condições de dor orofacial são, coletivamente, um significativo problema de saúde pública que os profissionais enfrentam, embora a base patofisiológica para o seu diagnóstico e tratamento somente agora esteja sendo realizada. Atualmente são consideradas, uma subclassificação das disfunções músculo-esqueléticas cujos diagnóstico e tratamento são baseados nos mesmos princípios utilizados para diagnosticar e tratar outras articulações e músculos no corpo (LAM et al., 2001). Apesar dos muitos anos de pesquisas básicas e clínicas nesta área, a literatura médico-odontológica está repleta de pontos de vistas diversos e diretamente opostos com relação à correta avaliação, diagnóstico e tratamento dessas condições (FELÍCIO et al., 1999). Historicamente, o dilema do diagnóstico começou há mais de sessenta anos, quando James Costen, um otorrinolaringologista americano, descreveu uma série de sinais e sintomas relacionados com ATM e suas estruturas associadas, que acabaram recebendo o nome de Síndrome de Costen. Embora não tenha sido o primeiro a descrever sintomas referentes ao aparelho estato - acústico, como dor de ouvido, sensação de plenitude auricular, sensação de diminuição da acuidade auditiva, zumbido, tontura e vertigem em pacientes com DTM, relatou uma aproximação integrada e sistemática da associação de queixas otológicas à máoclusão. Embora com o passar dos anos, o uso do epônimo tenha caído em desuso a partir do momento que a maior parte das conclusões propostas por Costen terem sido questionadas e desaprovadas por diversos artigos, sem sombra de dúvidas passa a ser o verdadeiro marco desta vontade de conseguir uma melhor perspectiva sobre o problema das DTMs, visto que, alguns destes problemas refletem para os profissionais da área da saúde, uma falta real de informação científica devido ao fato de o conhecimento atual ser um pouco limitado no que se refere à etiologia e à história natural da DTM (LAM et al., 2001). 18 Os possíveis conflitos ocorridos no passado entre odontólogos e profissionais da área médica da otorrinolaringologia disputando o campo de atividade das disfunções da ATM têm, numa visão mais atual, um aspecto, que se caracteriza por uma profunda integração entre aqueles que exercem estas especialidades promotoras de saúde. Isto tem permitido, nos últimos anos, uma conjunção de esforços, voltados para um melhor entendimento das doenças que acometem esta região anatômica (VERNON et al., 1992). Sem dúvida, a proximidade anatômica de componentes do sistema auditivo com aqueles da região da articulação temporomandibular leva quase que invariavelmente pacientes portadores de DTMs, cujas queixas principais são da ordem de sintomas otológicos, a procurarem médicos da área da otorrinolaringologia, visto que para a sociedade, de uma maneira geral, a atividade odontológica se restringe ao tratamento dos dentes propriamente dito (REN & ISBERG,1995). Visto que a região de interesse nesta dissertação é extremamente complexa, do ponto de vista da embriogênese, da anatomia e da fisiologia, a ciência, tanto na área médica como na odontológica, a despeito de muitos esforços, até hoje não conseguiu demonstrar de maneira conclusiva os mecanismos fisiopatológicos que justifiquem a presença de sintomas otológicos nas DTMs (WRIGHT et al., 2000). Apesar do grande número de trabalhos científicos relacionados ao tema das DTMs, relacionadas com sintomas otológicos há a necessidade de que mais pesquisas sejam feitas, para que aconteçam a confirmação ou a contestação de algumas teorias que tentam justificar o inter-relacionamento das disciplinas médicas e odontológicas diante das DTM (FELÍCIO et al.,1999). Este trabalho teve como objetivo: (1) Verificar a prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e em pacientes com zumbido e audiometria normal em comparação com um grupo controle; 2) Estabelecer uma possível concomitância e/ou correlação dos sinais e sintomas de DTM com as causas estabelecidas ou presumíveis do zumbido presente; 3) Verificar a existência de relação entre o local e o lado onde o sintoma zumbido é mais intenso (lado predominante) e os sinais e sintomas de DTM, conforme os diagnósticos de Eixo - I de DTM. 19 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 CONSIDERAÇÕES BÁSICAS DA ORELHA E ARTICULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR Há uma grande correlação evolutiva entre as estruturas das orelhas média e interna e as estruturas formadoras das ATM, além da proximidade anatômica. Muitas alterações evolutivas ocorreram, principalmente, as transformações dos ossos articular e quadrado, encontrados nos répteis e aves nos ossículos da orelha média, martelo e bigorna. Esses ossos se apresentam na parte dorsal da mandíbula e da maxila e se articulam para a abertura da boca. Nos mamíferos essa abertura se faz diretamente entre o temporal e a mandíbula. Os ossos articulatório e quadrado diminuem de tamanho e acabam por se transformar nos corpos do martelo e da bigorna (COSTA et al., 2006). Na embriologia craniofacial do homem, do primeiro arco branquial, surge a cartilagem mandibular (de Meckel), bilateralmente. Esta, no seu limite anterior, aproxima-se da região da linha mediana, mas não se funde com a cartilagem oposta. No seu limite posterior, ela termina em um incremento de forma e volume, o martelo, o qual está em íntima relação com uma pequena condensação cartilagínea conhecida como bigorna. Mais longe e posteriormente a eles, tem-se um terceiro pequeno corpo cartilagíneo, o estribo, que se origina do segundo arco branquial (cartilagem de Reichert). Esses três corpos transformam - se nos ossos da orelha média. Isto é, portanto, uma boa evidência de que o contato entre o martelo e a bigorna faz as vezes da articulação primitiva da mandíbula nas primeiras semanas de vida lU (intrauterina), até que a segunda articulação temporomandibular, a articulação do côndilo com a fossa temporal, esteja pronta e torne-se funcional (COSTA et al., 2006). A maioria das estruturas formadoras do complexo orofacial e, conseqüentemente, da articulação temporomandibular origina-se do primeiro arco branquial. A porção dorsal da cartilagem de Meckel transforma-se na parte medial da cápsula articular. Os músculos originados no arco mandibular terão a sua inervação feita pelo trigêmeo, que é o nervo correspondente ao primeiro arco branquial. Desta 20 maneira, os músculos da mastigação, tais como masseter, temporal, pterigóideo lateral, pterigóideo medial, milo-hióideo e ventre anterior do digástrico, obtém sua motricidade através de estímulos do nervo trigêmeo. Além destes músculos, o nervo trigêmeo também inervará o músculo tensor do tímpano e tensor do véu palatino, sendo que estes possuem sua inervação motora feita através de um ramo do nervo que supre o músculo pterigóideo medial. Os componentes ósseos e cartilagíneos derivados do segundo arco são o hióide (porção superior), processo estilóide e estribo. Os músculos originados neste arco terão a sua inervação feita pelo facial, o que equivale dizer digástrico (ventre posterior), estilo-hióideo, músculo do estribo, occiptofrontal, auriculares e cutâneo do pescoço (COSTA et al., 2006). 2.2 TEORIAS DOS SINTOMAS OTOLÓGICOS RELACIONADOS ÁS DTMS 2.2.1 Efeitos excitatórios centrais e mecanismos neuromusculares Em seu trabalho de 1934, James B. Costen apresentou 11 casos de pacientes de ambos os sexos, mulheres (n=9) e homens (n=2) e descreveu uma série de sintomas, os quais ficaram conhecidos como Síndrome de Costen. Esses sintomas foram: audição diminuída, plenitude auricular, zumbido (27%), otalgia e tontura severa, dor de cabeça, sensação de queimação na garganta, na língua e no nariz. Foram realizados anamnese, exames otológicos e audiológicos em alguns casos para excluir patologias da orelha. O diagnóstico foi estabelecido de acordo com as seguintes condições: 1) perda do suporte posterior, pela falta dos dentes molares ou próteses mal adaptadas, permitindo extensa sobremordida, além do deslocamento posterior do côndilo na fossa articular; 2) surdez catarrosa suave; 3) tontura intermitente, aliviada quando se inflava a tuba auditiva; 4) sensibilidade à palpação da ATM; 5) relato de conforto do paciente ao interpor algum objeto plano entre os maxilares; 6) presença de cefaléia típica após ter sido descartada a hipótese de envolvimento de algum problema sinusal ou ocular. Como terapêutica, foram recomendados procedimentos para restabelecer a dimensão vertical de 21 oclusão (DVO), melhorando desta maneira a relação do côndilo dentro da fossa glenóidea. As explicações anatômicas para os sintomas foram: 1) erosão do osso da fossa mandibular permitindo um contato direto da cabeça de mandíbula com uma fina camada óssea que separa da dura-máter; 2) pinçamento do nervo auriculotemporal que passa medial à cápsula articular, em casos de deslocamento mandibular; 3) compressão do nervo corda do tímpano nos casos de deslocamento posterior da mandíbula; 4) compressão da tuba auditiva. Afirmou que a obliteração da tuba de Eustáquio modifica a pressão intratimpânica poderia ocasionar vertigem. Em relação a possível compressão das estruturas retrodiscais, por movimento posterior dos côndilos é preciso afirmar que este movimento posterior é limitado pelo ligamento temporomandibular em articulações temporomandibulares (ATMs) sadias. Entretanto afirma que, em situações de edentulismo total ou parcial ou desgaste dentário avançado, nas quais ocorreria uma oclusão anormal mandibular o movimento condilar poderia gerar compressão mecânica do nervo auriculotemporal em estados articulares anormais por alongamento destes ligamentos em pacientes com Dimensão Vertical (DV) diminuída. Shapiro & Truex (1943) sugeriram que um possível espasmo muscular por contração reflexa do tensor do tímpano e do músculo estapédio, ao serem injuriados os V e VII pares craniais poderia originar respectivamente uma perda ou uma diminuição da habilidade auditiva em tons baixos. Além disso, uma disfunção da tuba de Eustáquio, disfunção dos músculos mastigatórios ou reflexo simpático de vasoespasmo de vasos do labirinto poderiam ocorrer secundariamente a uma estimulação anormal de nervos autonômicos da ATM. Sicher em 1948, baseado em estudos anatômicos discordou das afirmações de Costen, pois suas investigações demonstraram que não poderia ocorrer obstrução da tuba auditiva e que o nervo auriculotemporal não poderia ser comprimido, mesmo nos casos mais avançados de perda de dimensão vertical, pois este nervo cruza o colo do côndilo abaixo da inserção posterior da cápsula articular. O autor postula que a sintomatologia ocorreria devido a espasmo dos músculos mastigatórios. Myrhaug (1964) relatou que filogeneticamente, os ossículos da orelha média foram interpretados como ossos articulares que se transformaram para servir ao mecanismo da audição. Dessa forma, os músculos tensores do tímpano e do véu 22 palatino também seriam interpretados como músculos da mastigação. Além disso, recebem o mesmo suprimento nervoso, fornecido pelo nervo trigêmeo, de modo que poderiam ser influenciados em casos de hiperatividade da musculatura mastigatória. Sugeriu, ainda, que os músculos tensor do tímpano, e tensor do véu palatino entram em espasmo, conjuntamente com os músculos elevadores da mandíbula e assim ocorre um desequilíbrio de tensão na cadeia ossicular, resultando em aumento da impedância ou resistência das estruturas condutoras do som, o que diminui a transmissão sonora. Nesse mesmo artigo, avaliou 1391 pacientes com DTM que se queixaram de dor na face, cefaléia e artrose nas ATMs resultante de maloclusão. As prevalências de sintomas otológicos foram: otalgia (283 ou 21%), zumbido (436 ou 32%), vertigem (378 ou 28%) e hipoacusia (436 ou 32%). Também afirmou que no zumbido subjetivo há a contração reflexa do músculo tensor do tímpano; já no zumbido objetivo há uma abertura e um fechamento rítmico da área faríngea da trompa de Eustáquio (mioclonia palatina), e que a contração muscular reflexa está presente no tensor do tímpano e no tensor do véu palatino. O autor relatou que um em quatro pacientes com disfunção subjetiva que estejam relacionada com maloclusão também apresentaram sintomas de equilíbrio e de audição. A solução dos sintomas foi relacionada apenas com o restabelecimento do padrão oclusal normal. Arlen em 1977 descreveu a síndrome otomandibular em pacientes com DTM. Descreveu que o músculo tensor do véu palatino e o tensor do tímpano dividem com os músculos mastigatórios, envolvidos na DTM, proximidade anatômica e funcional, além de inervação do V par craniano. Desta maneira os espasmos dos músculos mastigatórios podem ser acompanhados de espasmo no músculo tensor do véu palatino, prejudicando sua atuação na tuba auditiva. Como conseqüências, ocorrem disfunção da tuba auditiva, pressão nos ouvidos, desequilíbrio e perda da audição. Espasmos do músculo tensor do tímpano podem provocar os mesmos sintomas, além de otalgia, zumbido e cefaléia. O autor considera que nesses casos não há processo otorrinolaringológico patológico e sim disfunção da ATM, sendo o tratamento odontológico capaz de promover a diminuição ou desaparecimento dos sintomas. A possível lesão do nervo auriculotemporal por DTM, como a princípio havia sido sugerido por Costen (1934), voltou a ser considerada por Johansson, Isberg e Iracsson (1990). Esses autores, diferentemente de Sicher (1948) que considerou apenas a relação do nervo auriculotemporal com a parede posterior da ATM, 23 consideraram a relação deste nervo com a parede medial da ATM, local de freqüentes variações anatômicas e potencial sítio de compressão do nervo, como também o deslocamento do nervo entre as estruturas ósseas da ATM, pelo disco articular, durante os movimentos da mandíbula. Isso explicaria a dor aguda na área cutânea sobre o côndilo mandibular, que se irradia para o topo da cabeça ou ao longo do arco zigomático, causando muitas vezes sensação de queimação na metade anterior da orelha externa e dor associada aos movimentos mandibulares. Além disso, realizaram cortes histológicos e avaliaram imagens que confirmam não somente a compressão do nervo auriculotemporal em articulações com o disco luxado, mas também a viável compressão do nervo masseterino, os ramos do nervo temporal profundo e a possível compressão do nervo lingual e dentário inferior em algumas ATMs luxadas. Em articulações com deslocamento de disco haveria a possível compressão da zona retrodiscal onde se encontra o nervo auriculotemporal e que inerva a ATM e a membrana timpânica, a zona ântero-superior do conduto auditivo externo, o tragus e a parte anterior do pavilhão auricular. Sessle (2000) descreve, na “teoria da convergência”, que a dor referida ao ouvido, secundária a uma patologia orofacial e a estímulos dolorosos crônicos altera o processamento fisiológico normal no cérebro e sensibiliza o sistema nervoso central a partir da sensibilização do sistema nervoso periférico. A inervação motora dos músculos da mastigação, assim como a inervação sensitiva das estruturas orais e da face e da parte anterior do pavilhão auditivo, do meato acústico externo e da membrana timpânica são feitas pelo trigêmeo. Fibras sensitivas fazem sinapses no núcleo espinhal do trigêmeo, sendo que esta estrutura estende-se caudalmente em direção à região na qual ocorrerá a entrada dos nervos cervicais C1, C2 e C3 no SNC. Neurônios do trigêmeo (V), facial (VII), hipoglosso (IX) e vago (X) fazem sinapses com interneurônios, na mesma altura onde os nervos cervicais C1, C2 e C3 as fazem. A inervação sensitiva do ouvido é feita através de uma combinação dos nervos cranianos V, VII, IX, X e pelos nervos cervicais C2 e C3. Estes nervos também fazem uma ampla inervação sensitiva na cabeça e no pescoço, incluindo face, cavidade oral, faringe e laringe e que reconhecem os estímulos nocioceptivos periféricos aos neurônios de segunda ordem através do subnúcleo caudal do trigêmeo (V). A convergência de estímulos sensitivos aferentes da inervação acima citada para uma região sináptica comum na medula caudal e cervical superior 24 fornece uma explicação anatômica lógica para a ocorrência de algum tipo de efeito excitante central na região do ouvido. Dependendo do trajeto nervoso que vier a ser estimulado haverá efeitos secundários da dor profunda, que podem ser do tipo sensorial, motor ou autonômico. A queixa de sintomas otológicos em um paciente portador de DTM pode desta maneira, ser, na verdade, um problema referido, cuja origem pode estar em algum músculo mastigatório em hiperatividade, que apresente dor, ou da própria ATM. A otalgia é geralmente referida ao ouvido através do nervo auriculotemporal, pela relação comum entre as estruturas auriculares já citadas, a cápsula articular e os dentes da mandíbula, visto que é possível detectar a presença de prolongamentos deste nervo dentro do canal mandibular. Podemos ter como resposta à dor gerada pela DTM o efeito secundário do tipo motor, na forma de mioespasmo do músculo tensor da membrana timpânica. Esta situação levaria ao tracionamento do martelo e da membrana timpânica, alterando a condução do som através do ouvido médio, o que justificaria a queixa de hipoacusia subjetiva e também de otalgia. Caso esta alteração tenha um período maior de duração, o acúmulo de catabólitos e a falta de nutrientes que irá ocorrer pelo comprometimento da vascularização deste músculo poderão levar ao efeito cíclico deste espasmo, mantendo, conseqüentemente, a sintomatologia otológica. Alguns autores julgam que a hiperatividade do músculo tensor da membrana timpânica, que ocorre juntamente com o aumento de atividade de outros músculos mastigadores em DTM, poderia também justificar o zumbido que alguns pacientes relatam como uma das suas queixas. Salvinelli et al. (2003) descreveram a hipótese que relaciona o zumbido subjetivo, DTM, modulação de serotonina e plasticidade neural. Os autores postularam que a DTM poderia causar zumbido subjetivo provocando mudanças plásticas de modulação nas vias auditivas do sistema nervoso central, especialmente se ocorressem concomitantemente com filtragem serotonérgica reduzida de sinais de entrada, produzindo cronificação do zumbido em pacientes com predisposição. O zumbido subjetivo independente de sua origem pode exigir dois componentes: 1) A geração de um sinal neural em algum lugar ao longo das vias auditivas ou somatossensoriais, resultando nos centros superiores críticos para a percepção auditiva exibindo padrões de atividade similares àqueles produzidos por sons externos; 2) Modulação serotonérgica alterada ou diminuída de atividade 25 neural no núcleo coclear dorsal e centros auditivos superiores de retransmissão, favorecendo a formação de “circuitos de memória de zumbido”, diretamente ou através da redução da filtragem da energia auditiva e/ou somatossensorial. Os referidos autores sustentam que o zumbido subjetivo, não otológico poderia derivar da convergência de estímulos somatossensoriais na via auditiva no nível do núcleo coclear dorsal. Em particular, os estímulos somatossensoriais, originando-se da face (através do nervo trigêmeo e trato trigeminal espinhal), e ouvidos externo e médio (através do trato espinhal comum dos nervos facial, glossofaríngeo e vago) e o pescoço (através da raiz dorsal C2 e o fascículo cuneiforme), atingem os núcleos somatossensoriais medulares, que então projetam fibras excitatórias ao núcleo coclear dorsal, causando sua desinibição. A atividade aumentada do núcleo coclear dorsal deveria então estar relacionada aos centros auditivos superiores, resultado em zumbido, visto que o nervo auriculotemporal tem relacionamentos anatômicos íntimos com o côndilo e a cápsula da ATM. Movimentos contralaterais forçados da ATM poderiam traumatizar o nervo auriculotemporal e disparar atividade neural então transmitida ao núcleo coclear dorsal. Sinais somatossensoriais gerados através deste mecanismo e transmitidos através do nervo auriculotemporal podem então ser responsáveis por induzir padrões de atividade neural anormal nas vias auditivas centrais. A serotonina exerce efeitos moduladores principais em sistemas sensoriais, incluindo audição, e sua disfunção implica condições clinicamente relevantes, incluindo depressão e insônia, interessantemente muitas vezes acompanhada por zumbido. A disfunção serotonérgica em um ou mais níveis ao longo das vias auditivos centrais poderia assim contribuir para a geração e cronificação do zumbido. Sinais somatossensoriais anormais transmitidos pelo nervo auriculotemporal poderiam sofrer filtragem fisiologicamente e/ou estar habituados através de modulação serotonérgica. A diminuição do som poderia assim resultar em atividade neural aumentada levando à consolidação de mudanças plásticas nos centros auditivos superiores. Travell e Simons (2005) explicam o zumbido unilateral na presença de pontos-gatilhos ou triggerpoints nos musculos masseteres profundo e pterigoidéo externo ipsilateral com DTM. Isto devido a um fenômeno sensitivo referido ou um espasmo muscular reflexo dos músculos tensor do tímpano e estapédio no ouvido médio. Os triggerpoints são provenientes de áreas hipersensitivas nos tecidos 26 musculares, que têm a tendência de refletir dor e espasmo a distância através de efeitos excitantes centrais. De interesse para as manifestações otológicas podemos destacar pontos algógenos nos músculos esternocleidomastóideo, masseter e pterigóideo medial. O músculo esternocleidomastóideo pode formar pontos algógenos na porção média da sua divisão clavicular, que vão referir dor homolateralmente dentro do ouvido e na região auricular posterior, além de problemas relacionados a desorientação espacial. Em casos de disfunção cervical, associados com limitação de movimentação do pescoço, sensibilidade e espasmo muscular, podem ocorrer fenômenos de excitação central na área do núcleo vestibular, o que levaria a alterações na percepção do equilíbrio. A partir de pontos algógenos formados nos feixes profundos do músculo masseter, localizados próximos de sua inserção zigomática posterior, teremos dor referida na região do ouvido. Pode ocorrer também zumbido, que altera a sua intensidade com movimentos de abertura e fechamento da boca. Pontos algógenos no músculo pterigóideo medial referem dor em regiões profundas do ouvido e podem causar sintoma de pressão nos ouvidos, por interferirem com a função do músculo tensor do véu palatino. 2.2.2 Ligamento disco maleolar e fissura petrotimpânica e Forame de Huschke Pinto em 1962, publicou trabalho sobre uma nova estrutura relacionando a ATM e a orelha média. Foram realizadas dissecações em 20 articulações a partir de uma abordagem superior através da fossa craniana média. Removia-se o assoalho da fossa craniana média e o teto da cavidade timpânica, para visualizar diretamente: o disco articular, o nervo corda do tímpano, a cadeia ossicular do ouvido médio, o músculo pterigóideo lateral, a membrana timpânica, a tuba auditiva e outras estruturas da região a fim de expor parte da orelha média e da ATM, assim como estruturas relacionadas. Foi observada a presença de uma estrutura fibroelástica com características ligamentosas que se insere no colo do martelo acima do processo anterior e segue lateralmente ao nervo corda do tímpano em direção à parte posterior, medial e superior da cápsula e disco articulares. Ficou conhecido como “ligamento de Pinto”, sendo citado na literatura também como Ligamento discomaleolar (LDM). Quando tracionava o disco articular, era possível observar 27 que, através do deslocamento do ligamento discomaleolar, ocorria a movimentação dos ossículos e da membrana timpânica. Ioannides & Hoogland (1983) em estudo do tipo relato de casos teorizam que, em situações de distúrbios internos da ATM com deslocamento anterior do disco onde o ligamento discomaleolar não esteja firmemente unido às paredes da fissura petrotimpânica, pode ocorrer um tracionamento do osso martelo, causando uma alteração na relação funcional da cadeia ossicular e tendo como conseqüência a hipoacusia subjetiva. Komori et al. (1986) dissecando doze cadáveres conforme a técnica uutilizada por Pinto (1962), observaram a presença de ligamento, que descreveram ser variável quanto à forma e tamanho. Entretanto, não conseguiram reproduzir movimentação da cadeia ossicular, promovendo tração do ligamento e afirmaram não haver embasamento científico para sustentar a teoria de Ioannides & Hoogland (1983). Afirmam, porém que tal ligamento poderia ter algum significado etiológico na sintomatologia otológica, em disfunções da ATM. Eckerdal (1991) realizou um estudo histológico onde foram efetuados cortes sagitais seriados em 67 peças, compostas pela porção petrosa do osso temporal e parte proximal da mandíbula, para a minuciosa avaliação da região da fissura petrotimpânica. O autor pode observar a presença de tecido fibroelástico como uma extensão da parte posterior do disco articular, conectando-se com o ligamento anterior do martelo através da fissura. Este tecido fibroelástico, por sua vez, estava firmemente aderido a um tecido de natureza perióstica, que recobria a fissura, principalmente no seu aspecto superior. Eckerdal afirmou que o tracionamento feito no ligamento discomaleolar dificilmente seria transmitido ao martelo, em vivo, como proposto por Loannides & Hoogland (1983), e que provavelmente a movimentação da cadeia ossicular que Pinto (1962) pôde observar deveu-se ao fato de que sua técnica de dissecação previa a remoção do assoalho da fossa craniana média, a qual se constitui ao mesmo tempo no teto da fissura petrotimpânica, região onde acontece de maneira predominante a adesão firme do ligamento, através do tecido do tipo perióstico presente. Uma vez removido o teto da fissura, o ligamento ficaria praticamente sem ligações firmes aos tecidos circunvizinhos e, sendo tracionado, poderia causar mobilidade dos ossículos do ouvido médio e da membrana timpânica. 28 Ogutcen-Toller (1995) analisou o LDM e o ligamento esfenomandibular (LEM) através de estudos histológicos. Foram examinados 18 embriões e fetos, sendo mostrado que o LDM é embriologicamente, uma continuação da bainha do músculo pterigóideo lateral. Apesar disso, a relação direta do músculo com o martelo persistiu somente até a décima semana de vida intrauterina. A parte timpânica desse ligamento apresentou fixações no martelo e também nas paredes da fissura timpanoescamosa. No ponto de fixação na superfície ventral do martelo, a forma de “V” foi observada pela junção do ligamento anterior do martelo (LAM) com o LDM. O ligamento anterior do martelo (LAM) e o LEM foram considerados contínuos e apresentaram a mesma origem embrionária, a cartilagem de Meckel. Apesar da presença do LDM, seria improvável que ele movimentasse a cadeia ossicular devido às suas fixações ósseas. Assim como o músculo pterigóideo lateral não atuaria sobre o martelo, por ser essa uma relação marcante apenas no início do estágio de desenvolvimento, com o próprio disco articular desenvolvendo-se na parte posterior do músculo. Melgaço et al. (2003) descreveram em artigo de revisão que, durante a formação e desenvolvimento da porção timpânica do osso temporal, podemos verificar a presença de um forame na região central da parede posterior da fossa articular (parede anterior do meato acústico externo). Este forame (forame de Huschke) está presente em todos os indivíduos, e sua luz oblitera-se por um processo natural de calcificação ao redor dos cinco anos de vida, podendo persistir, em uma porcentagem da população, na idade adulta. Na população brasileira este forame permanece em aproximadamente 10% da população adulta. Quando isso ocorre, a região retrodiscal da articulação temporomandibular e a porção medial do canal auditivo externo permanecem separadas apenas por tecido mole. Desta forma, o forame de Huschke representa a não ossificação da porção ântero-inferior da placa timpânica, que é de origem intramembranosa. Este forame permite uma comunicação, separada apenas por tecidos moles, entre a fossa articular e meato acústico externo. A persistência do forame de Huschke foi identificada por diversos autores como possível etiologia de diversas alterações e patologias relacionadas com as ATMs, ouvidos e estruturas adjacentes. Inúmeras implicações clínicas relativas ao não fechamento deste forame têm sido relatadas na literatura como otites externas e médias, artrites infecciosas, hérnias e fístulas no conduto auditivo externo, lesões de orelha média e interna com comprometimento auditivo, fraturas 29 ósseas pelo enfraquecimento da parede anterior do meato acústico externo, além de danos neuromotores faciais. Tendo em vista suas implicações e importância clínica, torna-se fundamental que profissionais da saúde que atuam nestas regiões reconheçam as conseqüências da presença e persistência do forame de Huschke. 2.2.3 Alterações funcionais da tuba auditiva A tuba auditiva (TA) é parte de um sistema contíguo de órgãos que inclui nariz, nasofaringe, ouvido médio e mastóide. Com isso, permite a ventilação dos espaços pneumatizados do osso temporal, protegendo-os contra possíveis agressões bacterianas, e também estabelece o equilíbrio da pressão do ar nas duas faces da membrana do tímpano. A contribuição da cartilagem no bom funcionamento da TA depende de sua estrutura, composição, fixação á base do crânio e musculatura paratubárea. Tradicionalmente, quatro músculos são associados a TA: tensor do véu palatino, elevador do véu palatino, salpingofaríngeo e tensor do tímpano. Evidências anatômicas e fisiológicas mostram que a abertura da TA ativa é realizada pelo tensor do véu palatino. O fechamento da TA é a reaproximação passiva das paredes tubáreas. O tensor do tímpano parece não ter ligação com a função tubárea. O elevador do véu palatino não é um dilatador primário da TA, mas contribui na abertura da porção medial da cartilagem no final da TA na rinofaringe. O músculo salpingofaríngeo parece ter pouca influência na fisiologia da TA. O orifício da tuba auditiva na nasofaringe permanece a maior parte do tempo fechado, para evitar o refluxo do conteúdo nasofaríngeo para o ouvido médio. A abertura da tuba é mediada pela atividade do músculo tensor do véu palatino, para que aconteça a saída de exsudato formado no ouvido médio e, ao mesmo tempo, para que o ar possa penetrar na cavidade timpânica, igualando a pressão parcial de oxigênio contida no seu interior com a pressão ambiental (COSTA et al., 2006). Esta diferença de pressão acontece, pois após um breve período em que permanece aberta ocorre o fechamento da comunicação da tuba auditiva com a nasofaringe e, a partir deste evento, o oxigênio vai sendo paulatinamente absorvido diretamente do ar que está aprisionado no ouvido médio pelas células epiteliais que revestem a cavidade timpânica. Com este gradiente estabelecido, o ar na pressão ambiente 30 passa a exercer força sobre o tímpano, deslocando-o em direção ao ouvido médio. Este deslocamento da membrana timpânica também acontece quando o músculo tensor da membrana timpânica está em atividade, visto que sua função é mantê-Ia esticada, através do tracionamento. Sendo assim, nesta situação em que a pressão atmosférica desloca a membrana timpânica, o músculo tensor da membrana timpânica estará cada vez mais relaxado. Há uma seqüência de eventos, os quais iniciam e terminam com a abertura da tuba de Eustáquio. Essa seqüência de eventos é cíclica e repete-se e podemos descrever da seguinte maneira: 1) dilatação da tuba de Eustáquio e ventilação da orelha média; 2) absorção do oxigênio pela mucosa da membrana da orelha média; 3) Diminuição da pressão intratimpânica; 4) deslocamento passivo interno do músculo tensor do tímpano; 5) diminuição da tensão do músculo tensor do tímpano; 6) estimulação dos neurônios aferentes do tensor do tímpano; 7) estimulação do núcleo motor do nervo trigêmeo. 8) estímulo reflexo dos músculos tensor do tímpano e tensor do véu palatino; 9) aumento do tônus do tensor do tímpano e tensor do véu palatino; 10) devido ao aumento do tônus do tensor do véu palatino, a próxima deglutição produz uma dilatação da tuba de Eustáquio. O papel do tensor do tímpano nesta seqüência fisiológica é harmonizar a tensão do músculo tensor do véu palatino, desta maneira a contração do palato mole durante a deglutição produz a abertura da tuba de Eustáquio (MALKIN, 1987; COSTA et al., 2006). 2.2.4 Tuba auditiva e disfunção temporomandibular Araújo (1973) avaliou a influência das DTMs sobre o funcionamento da tuba auditiva. Foram examinados 40 pacientes, os quais passaram a constituir dois grupos. O grupo-controle, com pacientes sem afecções da ATM, e o grupodisfunção, constituídos por pacientes portadores de DTM. Todos os pacientes passaram pelos seguintes exames: exame otorrinolaringológico, exame clínico da ATM, exame audiométrico, exame funcional da tuba auditiva. Os pacientes foram submetidos ao teste com pneumofone de Van Dishoeck, através do qual verificou-se o estado funcional da tuba auditiva. Nenhuns dos pacientes de ambos os grupos apresentaram afecção otológicas que pudessem causar influência sobre a tuba 31 auditiva. No grupo-controle dezenove pacientes (95%), apresentaram resultado audiométricos normais; apenas um (5%) apresentou surdez discreta. No grupo- disfunção, dezessete pacientes (85%) apresentaram audiométria normais; dois (10%), neurossensorial leve; um (5%), surdez de condução. Ao exame pneumofônico, dezessete pacientes (85%) apresentaram índice maior de obstrução tubária, no lado correspondente à disfunção de ATM; dois (10%) não apresentaram obstrução tubária nenhuma, com resultado zero em ambos os ouvidos; um (5%) apresentou 4 cm H20 nos dois ouvidos. Os autores concluíram que os pacientes portadores de DTM têm em sua maioria (85%), uma leve obstrução da tuba auditiva. Em casos de disfunção unilateral da ATM ao lado da disfunção corresponde sempre o· lado da obstrução da tuba auditiva. Essa obstrução não é perceptível pelo paciente, mas somente é detectada clinicamente por meio de aparelhos destinados a medir a permeabilidade da tuba auditiva. Malkin (1987) afirma que o relaxamento do músculo tensor da membrana timpânica pode alcançar determinado nível, a ponto de disparar o componente aferente de um arco reflexo, estimulando o núcleo motor do nervo trigêmeo. A partir deste estímulo excitatório, o músculo tensor do véu palatino e tensor do tímpano aumentam a sua tonicidade e no próximo ato de deglutição ocorrerá a abertura da tuba auditiva, igualando a pressão no interior do ouvido médio com a pressão atmosférica. A abertura da tuba também ocorre durante bocejos e espirros. Assim como os músculos da mastigação, estes músculos tensores também têm a inervação motora feita pelo ramo mandibular do trigêmeo, particularmente por um ramo direto do nervo que supre o músculo pterigóideo medial. Além disso, afirma que em caso de um distúrbio temporomandibular onde espasmo do músculo pterigóideo medial pode ser induzido, o arco reflexo envolvendo o músculo tensor do véu palatino e o tensor do tímpano pode não ocorrer. Estando em hipertonicidade,a o músculo pterigóideo medial induz reflexamente o músculo tensor do tímpano a um estado de tonicidade também aumentada. Desta maneira, mesmo quando a pressão atmosférica força a membrana timpânica deslocando-a em direção ao ouvido médio não ocorrerá o relaxamento do músculo tensor da membrana timpânica, pois este está em hiperatividade. Sendo assim, não atingirá o ponto de iniciar o arco reflexo que induziria ao estado de hipertonicidade do músculo tensor do véu palatino e, portanto, levaria à abertura da tuba auditiva. Nessa situação, para que o impulso 32 aferente de relaxamento do músculo tensor da membrana timpânica ocorra, faz-se necessário que a membrana timpânica seja deslocada de maneira acentuada. Este fato acontecerá sempre que a tuba auditiva permanecer fechada por um período de tempo mais longo, o que equivale a afirmar que o ouvido médio ficará com intervalos de ventilação aumentados, caracterizando uma disfunção tubária. Provavelmente esta situação seria responsável pela presença de sintomas otológicos. Apoiados em estudos epidemiológicos de DTM em crianças e préadolescentes, os quais mostram a prevalência de sinais e sintomas na faixa de 21 a 67%, Marasa & Ham (1988) correlacionaram alterações no sistema estomatognático com a otite média com efusão, muito comum em crianças. Esta se caracteriza pelo acúmulo de secreção no ouvido médio, podendo ser estéril ou eventualmente infectada e ocorre principalmente por razões anatômicas, visto que a tuba auditiva nesta idade caracteriza-se por ser curta, posicionada horizontalmente e ter lume amplo. Nestas condições, a partir de infecção alta do trato respiratório (nariz e garganta), pode ocorrer a contaminação do ouvido médio através da tuba auditiva, visto que esta estrutura tem o seu orifício de comunicação com a nasofaringe. No exame das condições dentárias de cinco crianças observaram alterações oclusais que, uma vez tratadas, levaram a uma diminuição na ocorrência de otite em quatro dos pacientes. Entre as suas conclusões, os autores alegam que as discrepâncias oclusais levam a um possível estado de hiperatividade muscular, que por sua vez altera o funcionamento normal da tuba auditiva. Esta disfunção tubária é a responsável pelo acúmulo de fluidos no ouvido médio. Além disso, afirmaram que é possível haver passagem de infiltrado inflamatório através da fissura petrotimpânica, atingindo a orelha média. Essa alteração inflamatória se formaria pelo deslocamento posterior do côndilo mandibular, traumatizando a região retrodiscal, ricamente vascularizada. Os autores apóiam esta teoria de permeabilidade através da fissura petrotimpânica pelo fato de que antes do advento das drogas antibióticas, crianças com otite média crônica com efusão podiam desenvolver anquilose da ATM. Penkner et al. (2000) testaram a hipótese neuromuscular de Myrhaug (1964). A atividade do músculo tensor do véu palatino em repouso e durante a deglutição foi investigada através de registros eletromiográficos (EMG) e o funcionamento da abertura da tuba auditiva foi avaliada através de endoscopia. Foram avaliados 16 indivíduos (12 mulheres, 4 homens) com média de idade de 36.6 anos (20 a 57 33 anos) que apresentavam queixas de DTM, além de sintomas como zumbido e perda auditiva. O diagnóstico de DTM foi baseado no guia da Academia Americana de Dor Orofacial. Foram realizados questionário de sintomas subjetivos, anamnese, RX dental, e exame clínico padronizado pesquisando sons articulares, amplitude de movimento mandibular, sensibilidade dos músculos por palpação e testes dinâmicos da articulação. De acordo com a severidade da DTM, os pacientes foram classificados em quatro grupos da seguinte maneira: Grupo 0 - sem disfunção, Grupo I - disfunção leve, Grupo II - disfunção moderada, Grupo III - disfunção severa. Foram realizados exames otológicos para descartar desordens auditivas orgânicas e, a seguir, audiometria tonal e timpanometria. Embora o zumbido tenha sido relatado por cinco pacientes e 11 manifestaram outros sintomas, como pressão e plenitude auricular, os exames audiológicos foram normais, exceto em um dos casos, no qual foi registrada perda auditiva neurossensorial. Nesse estudo, 93,75% dos pacientes apresentaram DTM moderadas e severas. Destes 100% apresentaram dor muscular à palpação, 75% click e 50% sensibilidade nas ATMs e 68.8% bruxismo. Nos registros de EMG 11 dos 16 participantes apresentaram padrões eletromiográficos normais. Em dois casos padrões eletromiográficos anormais foram obtidos, mas devido a incorreta posição das agulhas do aparelho de EMG. Os resultados indicaram que o espasmo dos músculos mastigatórios nos pacientes com DTM não parece causar espasmo reflexo no músculo tensor do tímpano nem apresentar alterações significativas no funcionamento da tuba auditiva. 2.2.5 Relações vasculares e inflamatórias Myers et al. (1988) sugere que, em articulações com discos luxados, poderia ocorrer inflamação crônica por dano vascular, que produz edema, extravasamento vascular e fibrose que se estende por áreas vizinhas, seguindo, desta maneira, o infiltrado inflamatório, através de padrões de menor resistência tecidual. Descrevem que a reação inflamatória poderá seguir por três trajetos. O primeiro é o espaço entre a superfície lateral do músculo pterigóideo medial e a superfície medial do músculo pterigóideo lateral podendo afetar por compressão inflamatória o nervo alveolar, lingual, corda do tímpano e a artéria meníngea média. O segundo trajeto 34 localiza-se nas proximidades do músculo esternocleidomastóideo e dos músculos e ligamentos relacionados com o processo estilóide, passando pela fáscia cervical e bainha carotídea, estruturas que agregam a artéria carótida interna, a veia jugular e os nervos hipoglosso e glossofaríngeo. Em casos de dissecções de peças anatômicas, cujas articulações temporomandibulares tenham deslocamento anterior ou ântero-medial do disco articular, a região da bainha carotídea vai se apresentar altamente fibrosada, impossibilitando a separação das estruturas vasculares e nervosas e ocasionando, com qualquer movimento do pescoço e da mandíbula tensão no saco endolinfático, estrutura que tem por função manter a pressão constante de líquido endolinfático no labirinto membranoso do ouvido interno, compensando as variações causadas momentaneamente pela transmissão do som. Aumento da pressão da endolinfa na cóclea poderia causar zumbido e, em avaliação audiométrica, poderia acusar perda neurossensorial. O terceiro trajeto que o infiltrado inflamatório passaria entre a origem do músculo elevador do véu palatino e o tensor do véu palatino, formando um espaço com o ápice do istmo da tuba auditiva e permitindo que o edema e a fibrose se dirijam até esta região mais vulnerável (istmo) por ser a mais estreita, podendo ser comprimida obstruindo a luz do istmo de modo a alterar a fisiologia normal da tuba auditiva, acarretando sintomas otológicos de plenitude auricular e otite média. O autor demonstra a fragilidade das extensões extra-ósseas do ouvido médio na tuba auditiva e do ouvido interno no saco endolinfático. Sugere que a síndrome de Meniére (aumento da pressão endolinfática), que envolve a perda auditiva transitória ou permanente, zumbido e vertigem, tenha uma explicação etiológica nesta teoria. Mérida-Velasco et al. (1999) demonstraram em fetos neonatais vasos venosos pequenos da porção anterior do ouvido médio, os quais atravessando a fissura petrotimpânica alcançam o plexo venoso retrodiscal. Demonstram igualmente que em adultos os ramos mais mediais do grupo posterior da artéria timpânica anterior irrigam a cavidade timpânica e o meato auditivo externo. Mostram como os ramos mais mediais se encontram em íntimo contato com os ligamentos discomaleolar e esfenomandibular penetrando no ouvido médio através da fissura petrotimpânica e no ouvido externo através dos ramos mais externos da fissura escamo-timpânica. Demonstram a intima relação entre a ATM e o ouvido médio e que na presença de uma contração vascular reflexa secundária por disfunção 35 funcional ou inflamatória articular poderia explicar a sintomatologia otológica. 2.3 ESTUDOS CIENTIFICOS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE PACIENTES COM DTM E ZUMBIDO 2.3.1 Estudos longitudinais Curtis (1980) através de um estudo longitudinal de sete meses avaliou em 91 pacientes (59 mulheres; 31 homens) com síndrome e disfunção miofascial a importância de músculos da cabeça e pescoço, além dos músculos da mastigação na origem dos sintomas otológicos. Trinta e seis por cento dos pacientes apresentavam sintoma unilateral, 47% bilateral com um lado predominante e 17% bilateral por igual. Sessenta por cento dos pacientes tinham queixa de zumbido, com a lateralidade do zumbido correspondendo bem à lateralidade da otalgia. De 17 pacientes com zumbido e dor unilateral, 14 apresentaram zumbido no mesmo lado da dor e três tinham zumbido bilateral. De 28 com zumbido e dor bilateral assimétrica, 13 tinham sensibilidade no lado da dor mais intensa, e os 15 restantes tinham zumbido bilateral, mas o lado da dor predominante não foi relatado. Os 10 restantes, que tinham otalgia bilateral simétrica, apresentaram zumbidos bilaterais. Cooper & Cooper (1993) avaliaram prospectivamente 2760 (clínica hospitalar n: 996; clínica privada n: 1764) pacientes com sinais e sintomas de DTMs. Os pacientes foram avaliados por um médico otorrinolaringologista para excluir qualquer possibilidade etiológica de origem aural para os sintomas. Foi realizada uma a investigação do histórico médico de todos os pacientes incluindo uma lista se sintomas relacionados a cabeça e pescoço, bem como, questões sobre o tempo de instalação do sintoma, o curso da progressão, a descrição, a localização, a causa percebida, a extensão do incomodo gerado para o paciente. O exame clínico incluiu palpação dos músculos da mastigação e ATM, pesquisa de sons articulares, amplitude de movimentos e exame dentário. A média de idade dos pacientes foi de 40.7 anos e aproximadamente 80% da amostra eram mulheres. A porcentagem de pacientes com sintomas otológicos foi de 79%. Os sintomas auriculares mais 36 comuns foram otalgia sem evidências documentadas de otites (53%) e zumbido (53%) seguidos por vertigem e tontura (39%), orelhas abafadas ou obstruídas (36%) e hiperacusia (25%). Sintomas relacionados a garganta também foram relatados pelos pacientes (50%). Dor e sensibilidade sem sinais sem evidências documentadas de infecção foram freqüentes (26%), além de terem a sensação de possuírem objetos na garganta (21%) e dificuldade de falar muito (19%) ou deglutição (18%). Setenta e oito por cento relataram dor de cabeça. A maioria frontal (40%), temporoparietal (47%) ou occipital (43%), sinusal (31%), enxaqueca (24%). Sintomas relacionados a dor cervical foram relatadas por (49%) dos pacientes. Problemas mandibulares foram relatados por quase 70% dos pacientes, com 52% com dores articulares, click (40%) e crepitação (21%), bem como limitação na abertura bucal (25%). O exame clínico através da palpação muscular revelou sensibilidade nos músculos pterigóideos laterais (84%), pterigóideos mediais (71%), Temporais (54%) e masseter (53%). Dores referidas para a orelha durante a palpação do pólo lateral (56%) e no ligamento posterior através de palpação intra auricular (58%). Limitação da abertura (29%) e desvios na abertura e fechamento (42%) bem como desgaste nas bordas incisais (39%) também foram detectados. Dos 996 pacientes encaminhados para tratamento dos sintomas de DTM 63% queixavam-se de otalgia, 63% de zumbido, 41% vertigem, 25% hipoacusia subjetiva e 30% sensação de ouvidos tapados. Kuttila et al. (1999) pesquisaram sintomas otológicos associados a sinais clínicos de DTM e necessidade de tratamento a partir de uma população geral. Foi realizado um estudo longitudinal durante três anos com 411 indivíduos (208 mulheres; 203 homens) da população de um município finlandês com idades variando entre 25-67 anos, os quais, nunca haviam recebido tratamento estomatognático. Os pacientes foram separados em três grupos: 1) pacientes com necessidades de tratamento ativa, para os quais apresentassem sinais e sintomas moderados a graves de DTM; 2) pacientes com necessidades de tratamento passiva, para os quais apresentassem sinais e sintomas leves de DTM; 3) sem necessidade, para aqueles que fossem assintomáticos. Um mesmo examinador realizou todos os exames clínicos de DTM e aplicou os questionários. Foi realizado exame radiográfico da ATM. Durante os 2 anos de acompanhamento a prevalência de otalgia sem causa otológica variou de 12% a 16% e a do zumbido de 12% a 17%, 37 enquanto que a da plenitude auricular variou de 5% a 9%. As mulheres tiveram mais sintomas otológicos. Os pacientes com necessidade ativa de tratamento apresentaram mais sintomas otológicos em relação aos outros grupos. Além disso, aqueles que apresentaram sintomas otológicos demonstraram níveis dolorosos mais elevados dos músculos mastigatórios e das ATMs. O zumbido, por exemplo, apareceu em 48,6% dos pacientes com necessidade ativa de tratamento enquanto que no grupo que não era necessário o tratamento, o sintoma aparecia em 12,4% deles. Upton & Wijeyesakere (2004) realizaram um estudo longitudinal populacional, para determinar se a incidência do zumbido em pacientes com DTM seria similar à ocorrência na população geral. Foram analisados 989 pacientes (n= 846 mulheres; 143 homens) com DTM onde foi encontrada uma incidência de 7,28% (72 pacientes) sendo que destes 59 (81,94%) foram mulheres e 13 (18,06%) homens. As incidências de queixas relacionadas a DTM demonstram que 668 (67,54%) pacientes queixaram-se de dor articular, 677 (68,45%) de click, 448 (45,30%) captura do disco articular, 352 (35,59%) travamento articular, 357 (36,10%) limitação da abertura bucal, 318 (32,15%) dor no ouvido e 65 (6,57%) obstrução auricular. Um total de 39 (54,17%) pacientes com zumbido relataram dor no ouvido, 14 (19,44%) relataram obstrução auricular e, 48 (66,67%) relataram dor nas ATMs. Entretanto nenhum paciente com zumbido queixou-se de perda de audição. Os autores concluíram que a incidência do zumbido na população com DTM não foi maior do que na população geral. 2.3.2 Estudos transversais Kelly & Goodfriend (1964) avaliaram, em um estudo retrospectivo de oito anos, 105 pacientes (68 mulheres; 37 homens; idade média de 55 anos) com sintomas otológicos em pacientes com DTM e alterações oclusais. Cinqüenta por cento dos pacientes apresentaram sintomas aurais incluindo vertigem (n=105), zumbido (n=46), perda subjetiva da audição (n=47), otalgia reflexa hiperacusia (n=22), sensação de ouvido tapado (n=32). Cinqüenta e cinco por cento apresentaram história prévia ou atual de sons articulares, e dor nas ATMs. Dez por cento, dor ao movimento mandibular e 7% limitações dos movimentos mandibulares. 38 Os pacientes foram submetidos a anamnese, exame clínico, geral que envolveu exame neurológico, exame dental e palpação dos músculos da mastigação e ATM. O objetivo do trabalho foi demonstrar o resultado do tratamento estomatognático no alívio dos sintomas otológicos. As modalidades de tratamento incluíram prótese fixas unitária nos dentes posteriores para restabelecimento do plano oclusal e prótese parcial removível para reposição dos dentes posteriores. Todos os pacientes com DTM apresentaram alívio e 79% relataram estarem livres dos sintomas. Oitenta e nove por cento apresentaram melhoras em relação a vertigem e tonturas e 83% melhoraram dos sintomas otológicos. Dos 46 pacientes que relataram zumbido 20 apresentaram alívio completo, 17 parcial, e 9 não apresentaram melhora alguma. Após 2 anos 44 pacientes responderam ao questionário a eles enviado onde confirmaram a eficácia do tratamento e relataram que a através da remoção dos trabalhos protéticos foi observada a recidiva dos sintomas. Myrhaug (1964) avaliou 1391 pacientes com DTM que queixaram-se de dor na face, cefaléia, e artrose nas ATMs resultante de maloclusão. As prevalências de sintomas otológicos foram: 21% otalgia (283), 32% zumbido (436), 28% vertigem (378) e 32% hipoacusia (436). O autor relatou que 1 em 4 pacientes com desordem subjetiva que estejam relacionada com maloclusão também apresentaram sintomas de equilíbrio e de audição. A solução dos sintomas foi relacionada apenas com o restabelecimento do padrão oclusal normal. Gelb et al. (1967) através de um estudo retrospectivo de dois anos e meio, avaliaram um grupo de 742 pacientes (551 mulheres; 191 homens) que foram diagnosticados pela presença de dor à palpação nos músculos e ATM, desvio da mandíbula, presença de anormalidades nas funções mandibulares e assimetria facial e sintomas otológicos. A maioria dos sintomas foi unilateral. Dor associada a espasmos musculares foi a queixa principal para 80% dos pacientes e o músculo pterigóideo internos foi o mais afetado. Trezentos e vinte dos pacientes se queixaram de dor articular, 132 click, 86 crepitação e 29 limitação do movimento mandibular. Cento e quarenta e sete pacientes de queixaram de bruxismo. Quarenta por cento dos pacientes tiveram alguma forma de dor de cabeça. Em relação aos sintomas aurais 311 (42%) pacientes apresentaram zumbido, 107 perda subjetiva da audição, 188 dor ao redor da orelha e 263 dor referida para orelha, foram descartadas doenças aurais ou nasofaringeanas, adenopatias, desordens de origem neural, doenças de colágeno, 39 discrasias ósseas, desordens traumáticas, neoplasias e fatores psicogênicos. Desses pacientes, 60 foram tratados com placa oclusal nos casos de má oclusão e quando necessário uso de spray anestésico e infiltrações de procaína. Os 26 pacientes que relataram zumbido tiveram a seguinte resposta ao tratamento: 1) sem sintomas (n=17); 2) melhora moderada (n=8); 3) nenhuma melhora (n=1). Bernstein et al (1969) relacionaram a importância do conhecimento da DTM no diagnóstico diferencial das doenças da orelha. Durante um período de 2 anos, foram avaliados 86 pacientes com a disfunção e sintomas otológicos associados. O sintoma mais comum foi dor na orelha ou ao redor dela (n=80), seguido de plenitude auricular, pressão ou bloqueio auricular (n=53). Desses pacientes, 36 (42%) relataram zumbido, tendo a maioria menos que 50 anos de idade. Nos pacientes idosos com perda auditiva neurossensorial este sintoma foi atribuído há algum processo degenerativo na cóclea. No entanto 28 pacientes relataram perda subjetiva da audição sem comprovação de testes audiométricos. Em relação as condições oclusais destes pacientes 36 eram desdentados totais, 17 apresentavam perda de suporte posterior, 10 com contactos defletivos mandibulares, 15 oclusão normal e 17 deslocamento de disco em abertura. Além disso, a maioria apresentou sensibilidade nas ATMs. Foram realizados: anamnese, exame otológico, audiológico, dental e na ATM. A hiperatividade dos músculos da mastigação somada a mesma inervação desses e dos músculos tensores do tímpano e do véu palatino foram descritas no trabalho como a relação etiológica mais provável entre sintomas otológicos e DTM. Dos 28 pacientes tratados com placas oclusais e ajuste oclusal, 21 obtiveram alívio do zumbido. Por essa razão, os autores consideraram o zumbido um sintoma característico de DTM. Zarb & Thompson (1970) através de um estudo retrospectivo analisaram o resultado do tratamento com um segmento de 30 a 36 meses, de 56 pacientes com DTM (7 homens; 49 mulheres). Todos os pacientes se apresentaram com queixas como dor nas ATMs, alterações na função articular, sons articulares. Cinqüenta e dois pacientes apresentaram-se com queixas de sensibilidade músculo - articular, 43 com dor na abertura, 40 com crepitação, 37 dor na mastigação, 19 com mudanças dentárias quando ocluíam, seis com dor referida no ouvido, quatro com zumbido e três com perda da audição subjetiva. Vinte pacientes (36%) apresentavam bruxismo cêntrico e excêntrico, relatados por parentes. Em relação ao exame clínico, 45 40 pacientes apresentavam dor na ATM através da palpação, 38 com dores nos músculos da mastigação, 16 nos esternoscleidomastoidéos e nos músculos cervicais, e 12 na região suprahioidéa. Vinte e três pacientes (41%) eram edêntulos em pelo menos um maxilar, 14 com dentição inadequada, 13 com dentaduras completas, nove com dentadura monomaxilar contra PPR inferior e três com PPR superior e inferior. A análise oclusal revelou que em 34 pacientes a posição de relação cêntrica não coincidia com a máxima intercuspidação habitual e 25 pacientes apresentavam contato de interferência no lado de balanceio. Além disto, 14 pacientes apresentavam perda de suporte posterior. Os tratamentos empregados foram eliminação das interferências oclusais, controle da dor através de analgésicos e sedativos, placas oclusais, exercícios, tratamento psiquiátrico e cirurgia. Trinta e nove pacientes foram tratados com placas oclusais e ajuste oclusal. A maioria dos pacientes (n=37) apresentou uma melhora nas primeiras duas semanas de tratamento, 12 num prazo de oito semanas, três em um período de dois meses e quatro não apresentaram melhoras. Na reavaliação após um período de dois anos e meio a três anos, 44 pacientes estavam livres dos sintomas, nove apresentaram recidiva e três não obtiveram alívio. Todos os pacientes com zumbido (7%) foram encaminhados por otorrinolaringologistas após terem sido realizadas avaliações otológicas. Apesar dos resultados das avaliações terem sido negativos, nenhuma outra explicação foi sugerida para a presença dos sintomas otológicos, a não ser estarem relacionados com DTM. Brookes et al. (1980) examinaram 45 pacientes (mulheres = 38; homens = 7) com DTM, otalgia (37), surdez (36), zumbido (34), pressão e/ou obstrução (n= 28) e vertigem (n=15), durante um período de quatro anos. Foram realizados exames audiológicos e radiográficos, que revelaram anormalidades otorrinolaringológicas consideradas causas dos sintomas. Os autores acreditavam que os sintomas otológicos não eram secundários a espasmo dos músculos intratimpânicos, pois o grau de espasmo dos músculos da mastigação não era compatível com a severidade dos sintomas. Em 37 pacientes, os sintomas otológicos foram patologias otorrinolaringológicas coincidentes. Desta maneira, pelo menos 9% dos pacientes foram considerados como tendo outros sintomas aurais coincidentes com os da DTM. Isto é compatível com a ocorrência relativamente comum tanto de DTM como sintomas otológicos na população geral. Além disso, mudanças objetivas nos reflexos acústicos após o tratamento para DTM não foram constatadas. Concluindo-se que não existem 41 bases etiológicas diretas para a associação. Fricton et al. (1985) examinaram as características clínicas de 164 pacientes que apresentaram dores crônicas na cabeça e nuca, além de diagnóstico primário de dor miofacial. Todos foram examinados quanto ao estado dentário, sistema estomatognático e vasos cranianos. Avaliações fisioterapêutica, psicológica, comportamentais e de estilo de vida também foram realizadas. Quando necessário, foram feitas consultas médicas e estudos diagnósticos. Também foi realizada a palpação dos pontos-gatilhos desses pacientes. Os resultados deste estudo demonstraram que 29 dos pacientes (12,7%) eram homens e 135 (82,3%) eram mulheres. As idades variavam de 17 até 89 anos, com uma média de 41.2. Em relação ao estado civil, 98 (59,7%) pessoas eram casadas, 35 (21,1%) solteiras, 10 (6,2%) viúvas, 21 (13,0%) divorciadas. A duração média da dor era 5,8 anos para os homens e 6,9 anos para as mulheres, com uma média de 4,5 médicos consultados anteriormente. Entre os fatores que agravavam os sintomas mencionaram tensão (n=86, 52,4%), fadiga (n=76, 46,3%), estresse emocional (n=73, 44,5%), mastigação (n=66, 40,2%), exercícios pesados (n=48, 29,3%). Além da dor, os pacientes relataram sinais e sintomas neurológicos (formigamento n=45, 27,4%; entorpecimento n=43, 26,2%; visão borrada n=23, 14,0%; crispação n=20, 12,2%; tremor n=13, 7,9%; lacrimejamento excessivo n=12, 7,3%), músculo-esqueléticos (fadiga n=65, 39,6%; tensão n=60, 36,6%; rigidez nas articulações n=32, 19,5%; inchaço n=20, 12,2%) e otológicos (zumbido n=42.1%; dor de ouvido n=68, 41,5%; diminuição da audição n= 29, 17,7%; tontura n= 23,1%). Em relação aos distúrbios sociais, de comportamento e psicológicos, muitos pacientes informaram que estes precederam ou desenvolveram-se a partir da presença da dor persistente. Os pacientes relataram o surgimento de sintomas psicológicos como raiva (n=22, 13,4%), depressão (n=35, 21,3%) e ansiedade (n=30, 18,3%) quando os casos agudos tornaram-se crônicos. Registraram-se hábitos comportamentais como distúrbios do sono (n=69, 42,1%) e hábitos maus alimentares (n=54, 32,9%). Os resultados também demonstraram que exercícios pesados foi um fator agravante para 48 (29,3%) dos pacientes, enquanto que os exercícios de níveis médios serviram como um fator de alívio para 29 (17,7%) dos pacientes. Os autores concluíram que a DMF é uma desordem muscular comum, mas mal interpretada, envolvendo dor referida de pontosgatilhos dentro das estruturas miofaciais, ou em áreas distantes da área da dor. O 42 diagnóstico impróprio e o tratamento inadequado dessa desordem após o seu início pode desenvolver uma síndrome complexa de dores crônicas. Bush (1987) realizou um trabalho que avaliou a prevalência de zumbido em pacientes com DTM. Participaram do estudo 105 pacientes (m=90, h=15), com média de idades de 39 anos, variando entre 16 e 68 anos. O questionário inicial forneceu dados sobre a presença de zumbido, localização anatômica, características, presença de otalgia, época de aparecimento dos sintomas e possível etiologia. O segundo questionário realizado após uma média de dois anos e oito meses, continha questões sobre a atual situação do sintoma, a modalidade de tratamento utilizada, e sua eficácia. Foi utilizado somente nos pacientes que se queixaram de zumbido. De todos os pacientes, 33 % (n=35) relataram zumbidos, sendo 12% (n=13) de forma severa e 21% (n=22) de forma flutuante. Zumbido unilateral foi constatado em 68% dos casos (39% no lado direito e 29% do lado esquerdo), 19% bilateral e 13% não tinham certeza sobre a localização. Além disso, otalgia foi relatada por 82% dos pacientes, dos quais 38% apresentavam zumbido. Não foi possível determinar estatisticamente uma correlação entre otalgia e zumbido. A maioria dos pacientes (n=28; 80%) desconhecia a etiologia do problema; seis (17%) relacionavam-na com acidente ou cirurgia e um (3%) com tumor mandibular. Em relação à época do aparecimento do zumbido, 25 apontaram concomitância com o início, dois antes e dolis depois, e dois definiram a época do aparecimento dos sintomas separadamente. O tratamento mais utilizado foi com placas orais (n=14; 40%), seguido de fisioterapia (n= 9; 26%), cirurgia (n=4; 11%), restaurações (n=2; 6%), farmacológicos (n=2; 6%). Nenhum tratamento foi feito em 11%. Os resultados do tratamento demonstraram que somente 19 dos 33 pacientes originariamente apresentavam ambos sintomas tinham otalgia; 86% dos pacientes relataram melhora parcial ou total de ambos os sintomas; Houve alívio ou eliminação do zumbido flutuante em 50% dos pacientes, mas nenhuma mudança foi observada nos pacientes que apresentaram a forma severa. Hodges (1990) em um estudo retrospectivo, sem grupo-controle, avaliou o tratamento de 448 pacientes com DTM (mulheres: 87%, homens: 13%). Foram realizados também exames clínicos, dental e muscular. Cerca de 94% dos pacientes se queixaram de dor no ouvido, na cabeça e na nuca. Os sintomas físicos mais comuns foram dores músculo-articulares. Além disso, sintomas otológicos como 43 plenitude articular (39,3%), tontura (39,3%), zumbido (36%), perda subjetiva da audição (22%) também foram relatados. Quarenta e dois por cento admitiram ter problemas de estresse manifestand bruxismo cêntrico e excêntrico. Em 75% dos casos, houve sucesso com tratamento conservador que incluiu instruções aos pacientes, massagem, calor úmido, analgésicos não narcóticos e placa oclusal. Alívio parcial foi obtido em 17% dos pacientes indicados para tratamento dental e ortodôntico. Dos pacientes que não responderam ao tratamento conservador (6%), foi indicada cirurgia da ATM quando detectadas anormalidades da articulação ou disco por radiografia (Rx), IRM e artroscopia diagnóstica, com um índice de melhora de 67%. O seguimento foi de um a cinco anos nos casos cirúrgicos. Chole & Parker (1992) avaliaram 1032 pessoas para determinar a prevalência do zumbido e vertigem em pacientes com DTM (n= 338) e dois grupos-controle. Um formado por pessoas que procuraram tratamento médico (n= 326) e outro de pacientes que procuraram atendimento odontológico (n=368). Os dados foram obtidos através de questionários de autopreenchimento. Zumbido foi o sintoma mais prevalente no grupo de DTM (59,0%) quando comparado com os controles (13,8% no grupo-controle e 32,5% no grupo-controle 2). Zumbido unilateral foi relatado por 22,5% no grupo de DTM, 3,2% no grupo controle 1 e 13,3% no grupo controle 2. Zumbido bilateral foi relatado por 36,5% no grupo de DTM; 10,6 % no grupo-controle 1 e 19,2 % no grupo-controle 2. Quando questionados em relação a vertigem, responderam afirmativamente 28,0% do grupo com DTM, 6,0% do grupo-controle 1 e 8 % no grupo-controle 2. Avaliação audiológica dos sintomas otológicos em pacientes com DTM foi realizada por Toller & Juniper (1993). 57 pacientes (m=48, h=9) com DTM e 57 voluntários sem história prévia de patologia da ATM ou das orelhas que constituíram o grupo-controle, participaram desse estudo. Os pacientes com história passada ou presente de doenças das orelhas foram excluídos, assim como os portadores de doenças sistêmicas. A idade e o sexo dos voluntários do grupo-controle foram controladas para que ocorresse o pareamento entre os grupos. Foi realizada anamnese completa, com perguntas relacionadas à saúde em geral, a doenças psiquiátricas e à utilização de fármacos. Exames clínicos da ATM incluindo exame intra e extraoral foram realizados em ambos os grupos pelo mesmo examinador. Artrografia da articulação foi realizada quando necessária. O diagnóstico da DTM 44 incluindo artralgia, mialgia e artromialgia foi feito de acordo com os critérios citados por Bell (1982) e Solberg (1986). Os exames audiológicos realizados foram: 1) audiometria tonal; 2) impedânciometria, incluindo a estimativa os níveis de complacência; 3) timpanometria com teste de pressão de deglutição (picos de pressão 1, 2, 3). As diferenças entre os picos foram utilizadas como critério para analisar a função da tuba auditiva. Em casos de DTM unilateral as medidas audiológicas do lado normal não foram incluídas. Além disso, pacientes com história de patologias e/ou sintomas otológicos foram excluídos do estudo. Os resultados deste estudo demonstraram que a maioria dos pacientes com DTM foram mulheres com idades entre 20 e 39 anos. O diagnóstico para DTM mais freqüente foi de artromialgia em ambos os sexos, seguidos de mialgia para as mulheres e artralgia para os homens. Dos 52 artrogramas realizados em 26 pacientes, 31 ATMs apresentaram deslocamento de disco anterior com redução, incluindo uma perfuração de disco e 16 ATMs com deslocamento de disco sem redução. Cinco pacientes apresentaram deslocamento de disco anterior com redução unilateral. O sintoma mais comum foi otalgia (40,3%), seguida por perda subjetiva da audição (26,3%), zumbido (17,5%), vertigem (8,7%), sensação de ouvido tapado (5,2%) e sensação de pressão na orelha (1,7%). Não foram encontradas evidências de perda auditiva na audiometria dos pacientes com DTM. Na audiometria, timpanometria e no exame de função tubária, não houve diferenças significantivass entre os dois grupos. Foi constatado que o possível espasmo reflexo do músculo tensor do véu palatino não pareceu causar mudanças significativas na função da tuba de Eustáquio e da orelha média. Ciancaglini et al. (1994) avaliaram a associação de sintomas otológicos, do nariz e garganta de acordo com a severidade da artropatia em pacientes com DTM. Foram incluídos no estudo 797 pacientes (m=534, h=263; com idades entre 16 a 60 anos; média 37,4), com sinais e sintomas de DTM de origem artrogênica. Pacientes com história de patologias otorrinolaringológicas e DTM miogênica foram excluídos. Foram realizados anamnese, questionário referente aos sintomas otológicos, palpação e auscultação da ATM, testes físicos para avaliar movimentos mandibulares e cervicais, tomografia computadorizada na posição de intercupidação e máxima abertura pra confirmar a artropatia. A severidade da artropatia foi classificada numa escala de zero (sem artropatia) a oito (severa artropatia), de 45 acordo com a presença de barulho articular, dor espontânea na ATM e sensibilidade à palpação digital. Um total de 124 pacientes (15,6%) apresentou alguns sintomas otológicos, sendo que o zumbido apareceu em 51 pacientes (6,4%). O valor máximo atingido na escala de severidade foi 4 sendo que após esse nível o sintoma não pareceu ser influenciado pelo aumento da severidade da artropatia. O zumbido foi considerado pelos autores como não estatisticamente associado, sendo surdez o sintoma mais influenciado com a severidade. Ren & Isberg (1995) estudaram a associação entre o zumbido e pacientes com diagnóstico de deslocamento de disco articular. A hipótese testada foi que o zumbido ocorre no mesmo lado da articulação com deslocamento de disco, mas não ocorre na articulação com posicionamento do disco normal. Aplicou-se questionário sobre sintomas otológicos, sem graduar a severidade do zumbido. Foi realizada artrografia para confirmar o deslocamento de disco, entretanto não foi realizado nenhum tipo de exame audiométrico. Pacientes com história de doenças da orelha foram excluídos do estudo. Dos 285 pacientes da população inicial, 135 (m=86, h=49), foram diagnosticados com deslocamento de disco segundo critérios publicados anteriormente por Isberg et al. em 1991 onde não houve achados falsopositivos tanto para deslocamento com redução como para sem redução. O grupo de estudo incluiu 53 pacientes (16 homens; 37 mulheres) que relataram zumbido unilateral. Pacientes com deslocamento de disco unilateral sem queixa de zumbido serviram como grupo-controle. Pacientes com zumbido bilateral foram excluídos do estudo devido a possibilidade de problemas articulares bilaterais excluindo-se dessa maneira, o lado contralateral como referência. Todos os pacientes com zumbido unilateral apresentaram deslocamento do disco na articulação ipsilateral. As ATMs no lado contralateral não apresentaram sintomas e sinais de distúrbio interno em 50 dos pacientes (94,3%). Vinte e sete por cento das articulações no lado ipsilaterais demonstraram deslocamento de disco com redução e 26% sem redução. Além disso, 49 (92,5%) também se queixaram de sensação de ouvido tapado na mesma orelha. Somente quatro pacientes (7,5%) relataram apenas zumbido. Pacientes com deslocamento de disco unilateral sem queixa de zumbido serviram de referência (n=82). Destes, 42 indivíduos foram diagnosticados com deslocamento de disco com redução e 40 com deslocamento de disco sem redução. A maioria da amostra queixou-se de dor na ATM e na região da orelha. Os pacientes com zumbido 46 (79,4%) apresentaram dor articular mais intensa do que os pacientes do grupo sem zumbido (48,7%). Segundo os autores, esses dados indicaram uma forte associação entre zumbido e disfunção articular. Parker & Cole (1995) estudaram a prevalência de zumbido e vertigem em um grupo de pacientes com DTM, comparando-o com dois grupos-controles que não apresentavam DTM, selecionados a partir de pessoas submetidas a exames médicos (n=302) e odontológicos de rotina (n=347), que apresentavam deslocamento de disco e dor na região pré-auricular (n=200). Foi realizado um pareamento com a variável idade para que essa não influenciasse nos resultados referentes a zumbido e vertigem, visto que esses sintomas aumentam com a idade. Foi utilizado um questionário para coleta dos dados sobre estado geral de saúde, severidade do zumbido e da vertigem, e sons articulares. Em relação ao gênero, o grupo com DTM (87%) apresentou uma porcentagem maior de mulheres do que nos grupos-controle (grupo-controle 1 = 62,5% e grupo-controle 2 = 59,5%). Os resultados referentes ao zumbido demonstraram que este sintoma é comum nos grupos controle (grupo controle 1 = 13,8% e grupo controle 2 = 32,5%); no entanto, esta porcentagem foi maior no grupo de estudo (59%). Quando questionado quanto a severidade do zumbido, 28% do grupo de estudo respondeu positivamente, contra 6% do grupo-controle e 8,3% do grupo-controle 2. Cerca de 50% dos pacientes nos três grupos apresentaram zumbido unilateral e a outra metade, bilateral. Sobre o fato de o zumbido interromper o sono, os resultados foram: 17,1% no grupo de estudo, 3,2% no grupo-controle 1 e 5% no grupo-controle 2. Os resultados referentes a vertigem, demonstraram que este sintoma é comum nos grupos-controle (grupocontrole 1 = 30,1% e grupo-controle 2 = 44%); no entanto, esta porcentagem foi maior no grupo de estudo (70%). Quando questionado quanto à severidade da vertigem giratória, 20% do grupo de estudo respondeu positivamente contra 3,5% do grupo-controle e 7,3% do grupo-controle 2. Os resultados em relação à otalgia demonstraram que 100% dos pacientes do grupo com DTM possui esse sintoma, pois era um fator de inclusão no estudo; entretanto, somente 10% dos pacientes de ambos os grupos-controles demonstraram esse sintoma. Os resultados demonstraram que os sintomas de zumbido e vertigem foram mais prevalentes no grupo de pacientes com DTM do que nos grupos-controle, com uma associação estatisticamente significativa (p<0,001). 47 Felício et al. (1999), compararam as características do zumbido apresentado por 30 pacientes com DTM (m=27, h=3) e 30 pacientes com afecções otoneurológicas, sem suspeita de DTM (m=19, h=11). Não houve restrição quanto ao sexo ou à idade dos pacientes. Todos os pacientes foram submetidos a anamnese, avaliação otorrinolaringológica e audiológica (audiometria tonal, timpanometria, teste de discriminação de fala e pesquisa de reflexo estapediano). Do grupo com DTM, 20 pacientes apresentaram zumbidos (66%). No outro grupo, este sintoma estava presente em todos os sujeitos, pois foi um critério para a seleção. No grupo com DTM, as características do zumbido foram: 1) alta freqüência (agudo) e esporádico; 2) intensidade moderada e curta duração; 3) não interferência nas atividades diárias. Não foram detectadas alterações nos teste audiológicos. No outro grupo, o zumbido era de intenso a muito intenso, contínuo ou pulsátil, e frequentemente prejudicava as atividades diárias e o sono dos pacientes. Os testes audiológicos apresentavam-se alterados. Os autores concluíram que a etiologia do zumbido não é a mesma nos dois grupos. O estudo de Bush et al. (1999) avaliou se algumas queixas somáticas como zumbido e vertigem são patognomônicas em pacientes com DTMs crônicas. Os pacientes (n=99) foram divididos em dois grupos: um de fatores comuns e outro de fatores únicos. O diagnóstico foi realizado a partir de história completa e avaliação clínica, incluindo análise radiográfica, mensuração da limitação de movimento mandibular, palpação digital da ATM e dos músculos da mastigação e registro de ruídos articulares. Além disso, foram aplicadas escalas visuais análogas para dor e fatores emocionais, McGill Pain Questionaire (MPQ), The Pilowsky IIlnes Behavior Questionnaire (IBQ) e o Minnesota Multiphasic Personality Inventory (MMPI). Cerca de 59% dos pacientes apresentavam dor miogênica ao redor da ATM, 17% disfunções primárias de disco, 4% osteoartrite e 20%, dor facial idiopática. Apesar da heterogeneidade dos achados, houve associações positivas entre dor na ATM e dor muscular à palpação (triggerpoints), zumbido e vertigem com otalgia em casos de DTM. Os autores concluíram que o zumbido, a vertigem e a otalgia foram significativamente mais prevalentes em pacientes com DTM que em pacientes do grupo controle. Brito et al. (2001) realizaram um estudo com o objetivo de comparar os sintomas otológicos com diferentes modalidades de DTMs, avaliando as queixas 48 mais encontradas e as possíveis alterações audiométricas associadas. A amostra selecionada foi constituída de 40 pacientes, de ambos os sexos. Foram excluídos todos aqueles que apresentavam história de otite crônica, exposição a ruídos, zumbidos (já presentes antes do início da disfunção da ATM), surdez ocupacional ou cirurgias otológicas. Todos os selecionados foram avaliados, quando em crises de dor, em conjunto com a odontologia, para que um diagnóstico fosse estabelecido, utilizando-se para isto os critérios de Bell, para interpretação da queixa, anamnese e exame fisico. Posteriormente, foi realizada otoscopia e exame audiométrico. Foi realizada a análise descritiva dos dados clínicos, avaliando-se: freqüência em relação ao sexo; freqüência da DTM; freqüência por faixa etária com exame audiométrico; relação dos sintomas com diagnóstico odontológico e relação dos sintomas com exame audiométrico. Pacientes do sexo feminino foram mais freqüentes (92,5%) em relação aos do sexo masculino (7,5%). A idade média dos 40 pacientes foi de 41,1 anos, variando de 16 a 73 anos. A DTM mais encontrada foi dor no ponto de inserção do ligamento temporomandibular direito. A análise audiométrica possibilitou avaliar dois grupos distintos: o primeiro grupo formado por pacientes com audiometria normal (62,5%) e idade média de 35,2 anos; e segundo, com audiometria alterada (37,5%) e idade média de 51,7 anos. Em questionário, foram relatados os sintomas otorrinolaringológicos mais freqüentes: otalgia direita (72,5%), otalgia esquerda (77,5%), otalgia bilateral (52,5%), hipoacusia (15%), plenitude auricular (17,5%), zumbidos (17,5%) e autofonia (15%). A correlação das DTM com alterações na curva audiométrica foi de pouca importância, devido à baixa incidência de algumas desordens, não sendo possível a realização de análise estatística. Pascoal et al. (2001) avaliaram a prevalência dos sintomas otológicos em pacientes portadores de DTMs, relacionando sua presença: (1) com dor muscular; (2) com ausência de dentes posteriores. A amostra foi constituída de 126 pacientes: 22 eram homens (17,5%); e 104, mulheres (82,5%), com média de idade de 37 (13 a 77 anos). Os pacientes foram avaliados através de questionário subjetivo dos sintomas, palpação dos músculos de mastigação, temporal, masseter, pterigóideo lateral, pterigóideo medial, digástrico, tendão do músculo temporal e dos músculos esternocleidomastóideo e trapézio. Foram feitas radiografias panorâmicas e transcraniana e modelos de gesso das arcadas superiores e inferiores dos pacientes. Houve presença de sintomas otológicos em 80% dos pacientes, sendo 49 que 63 pacientes (50%) referiram dor referida no ouvido; 65 (52%) plenitude auricular; 63 (50%), zumbido; 42 (34%) tontura; 11 (9%), sensação de vertigem; e 12 (10%) relataram hipoacusia. Os músculos apresentaram palpação dolorosa em 95% dos pacientes, sendo o músculo pterigóideo lateral o mais sensível, em 118 pacientes (94%), seguido do músculo temporal em 86 (69%), masseter em 78 (62%), digástrico em 73 (60%), pterigóideo medial em 63 (50%), tendão do músculo temporal e esternocleidomastóideo em 57 (49%) e trapézio em 52 (42%). No zumbido, encontrou-se significância estatística nos músculos temporal (p<0,04), masseter (p<0,016), digástrico (p<0,01), esternocleidomastóideo (p<0,06), e tendão do músculo temporal (p<0,0007). Para a correlação de sintomas entre si, encontrouse significância entre dor referida e plenitude auricular (p<0,002), dor referida e zumbido (p<0,001) e plenitude auricular e zumbido p<0,0002. Na correlação entre dor à palpação muscular entre esternocleidomastóideo e masseter encontrou-se alta significância (p<0,00013). Quanto à presença de dentes posteriores, os resultados encontrados revelaram sua existência em 41,25%; presença parcial, em 22,25%; e ausência de dentes posteriores em 36,5% dos pacientes. A correlação entre sintomas otológicos e ausência de dentição posterior não demonstrou correlação significativa para qualquer um dos sintomas estudados: (p<0,64) para dor referida; (p<0,082) para zumbido; (p<0,95) para tontura; e (p<0,64) para plenitude auricular. Os autores concluíram que: 1) Dor referida em ouvido, zumbido, plenitude auricular e tontura foram prevalentes; 2) os sintomas otológicos presentes na DTM podem estar relacionados com a dor muscular em masseter e esternocleidomastóideo; 3) não houve correlação entre os sintomas otológicos e a ausência de dentes posteriores. Tuz et al. (2003) avaliaram a prevalência e o grau de ordem de quatro queixas otológicas em 200 pacientes DTM. Também a relação entre as queixas e subgrupos de DTM, os quais foram diagnosticados de acordo com os Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Desordens temporomandibulares RDC/TMD, foi investigada e comparada com um grupo-controle assintomático. Todos os participantes foram submetidos a exame de ressonância magnética nuclear de corte sagital e coronal. Nenhuma queixa otológica subjetiva foi informada por 45 (22,5%) pacientes com DTM; os 155 pacientes restantes (77,5%) apresentaram pelo menos uma queixa otológica. Verificou-se que otalgia (63,6%), zumbido (59,1%), vertigem (50%) e perda auditiva (36,4%) foram relatados por indivíduos com dor miofacial e disfunção. Além 50 disso, dos pacientes com distúrbio interno verificou-se que 46,1% apresentaram otalgia, 44,2% zumbido, 32,5% vertigem e 22% perda auditiva subjetiva. Nos pacientes com, dor miofacial e distúrbio interno estas por centagens ficaram em por 62.5% para otalgia, 45.8% zumbido, 41.6% vertigem, e 20.8% perda auditiva. Porém, a incidência de otalgia (8%), zumbido (26%), vertigem (14%), e perda auditiva (14%) foi menor no grupo-controle. Estatisticamente, o grupo-controle apresentou menos queixas otológicas. Pacientes nos grupos com DTM tiveram incidências altas de queixas otológicas comparadas com os indivíduos controle sem sinais ou sintomas de DTM. Sintomas auriculares em pacientes com distúrbio interno ou dor miofacial e disfunção, ou a combinação destes sintomas, não foram específicos. Kuttila et al. (2005) realizaram estudo com o objetivo analisar na população geral a prevalência as associações e o modelo estatístico do zumbido recorrente, através de questionário, o qual continha questões relacionadas a dados demográficos; presença de sintomas auriculares; sinais e sintomas relacionados a DTM; cefaléia recorrente; dor no pescoço e nos ombros. Os critérios de inclusão para dor na orelha foi dor no e/ou ao redor da orelha e ausência de historia de infecção, tumor ou trauma na orelha. DTM foi definida como dor e/ou desconforto músculo-articular. Dor de cabeça, no pescoço e nos ombros foram consideradas recorrentes caso ocorressem pelo menos duas vezes ao mês. A amostra de 1720 foi constituída de adultos selecionados aleatoriamente, os quais foram classificados em três subgrupos: recorrente (uma vez por mês ou mais freqüente), ocasional (menos de uma vez pôr mês e sem zumbido). De acordo com a idade e o gênero, a prevalência do zumbido recorrente foi relatada em 15% da amostra. Além disso, ocorreu uma associação estatisticamente significante a dor de ouvido, plenitude auricular, dor nos ombros, com o grupo de 25 anos de idade e com consulta médicas. O fator de prognóstico de maior destaque foi à plenitude auricular, seguida de dor de ouvido, dor nos ombros e dor por transtornos DTMs. Dos pacientes que apresentaram zumbido recorrente, 54% relataram dor no ouvido e 41% plenitude auricular. Além disso, aqueles que relataram DTM e zumbido recorrente, 45% apresentaram dor no ouvido, 54% dor no pescoço e 54% dor nos ombros. Tipo de estudo, amostra de pacientes com DTM , gênero, uso de grupo controle, idade, o valor em porcentagem referente a prevalência de zumbido e a metodologia empregada Tipo de estudo Amostra de pacientes com DTM (n) Gênero (n) Grupo controle Idade (anos) Presença de zumbido(%) Costen (1934) Relato de caso 11 H: 2 M: 9 não 33-73 Media=58 27 Kelly & Goodfriend (1964) Transversal (8 anos) 105 H: 37 M: 68 não 8 - 89 Média= 55 44 Myrhaug (1964) Transversal (9 anos) 1391 - não - 32 Gelb et al (1967) Transversal (2½ anos) Autor(es) Bernstein et al (1969) Zarb, Thompson (1970) Brookes et al (1980) Curtis (1980) Fricton et al (1985) Bush (1987) Transversal (2 anos) H: 191 742 86 Transversal 56 Transversal (4 anos) 45 Longitudinal (7 meses) 91 Transeversal (2 anos) Transversal (Média= 2 anos e 8 meses) 42 não 164 M: 551 H: 7 M: 49 M:H = 5.4:1 H: 31 M: 59 H: 29 M: 135 10 - 80 não - não Média H: 36 M:41 não 10-74 Média=37 não Média=31 1032 H: 134 M: 898 60 Anamnese Exame audiológico Questionário Exame clinico muscular 42,1 Questionário 76 Questionário Exame clinico dental e muscular Rx, IRM, artrografia 59 Questionário 11 - 90 Transversal Anamnese Exame otorrinolaringológico 36 sim Chole & Parker (1992) Anamnese Exame dental e na ATM Exames otológicos e audiológicos 16-68 Média=39 não 448 Anamnese Exame clinico dental e muscular Exame otológico e geral de saúde não 5%<10 13%, 10-20 62%, 20-50 20%>50 H: 58 M: 390 7 Anamnese não H: 15 M: 90 Transversal - 3meses (seguimento de 1 a 5 anos nos casos cirúrgicos) 42 Anamnese Exame clinico dental Exames otológicos e audiológicos Anamnese Exame clínico dental e músculo-articular e geral de saúde 17-89 Média=41,2 105 Hodges (1990) N: 311 Metodologia 33 Questionário 52 Autor(es) Tipo de estudo Amostra de pacientes com DTM (n) Cooper (1993) Longitudinal 2760 Ogutchen-Toller e Juniper (1993) Transversal (2 anos e 6 meses) 57 Ciancaglini et al (1994) Gênero (n) Grupo controle H:533 M:1983 não 0 <80 Média 40.7 sim 16-59 Presença de zumbido(%) 53 H:9 M:48 H:263 Transversal Idade (anos) 797 M:534 Ren, Isberg (1995) Transversal 53 H:49 M:86 Parker &, Chole (1995) Transversal 200 H: 281 M: 568 Kuttila et al (1999) Longitudinal Seguimento de 2 anos 411 H:203 M:208 não Sem zumbido (N:82) Sem DTM I (n:302) II(n:347) 15-60 Média=37,4 15- >=65 11-90 (n=200) 17,54 6,4 18,6 (zumbido unilateral) 59 I(13,8) II(32,5) Metodologia Anamnese Exame clinico da ATM Exames otológicos Questionário Exame clinico da ATM e audiológico Anamnese Questionário Exame dental Teste físico Tomografia computadorizada Questionário Artrografia Questionário Não 25 - 67 12-17 Questionário Exame clinico de atm Rx de ATM sim 16-57 Média=30,8 Grupo controle Média=42,8 66 Controle: 100 Anmnese Avaliação otológica e audiológica Critérios de Meicke & Griest.,1991 Felício et al (1999) Transversal 30 H:3 M:27 Britto et al (2000) Transversal 40 H: 3 M: 37 Não 16-73 media=41,1 17,5 Lam et al (2001) Transversal (12 anos) 344 H: 468 M: 308 Sem DTM (n: 432) Media=39 - Pascoal et al. (2001) Transversal 126 H: 22 M: 104 Não 13 - 77 Média =37 50 Questionário Otoscopia Audiometria Anamnese Questionário RDC/TMD Questionário Palpação músculo-articular Rxs 53 Autor(es) Tipo de estudo Amostra de pacientes com DTM (n) Tuz et al. (2003 Transversal Upton & Wijeyesakere (2004) Longitudinal populacional 1981 - 1990 Idade (anos) Presença de zumbido(%) Grupo controle 200 H: 35 M: 165 Sem DTM (n: 50) Média: 30.4 controle Média: 37.2 59,1 989 H:143 M:846 Não - 7,28 Pacientes Bruxômanos sem zumbido (n:46) 13 - 66 Média: 36.09 54 Anamnese Questionário RDC/TMD não 25 - 65 15 questionário Camparis et al. (2005) Transversal 100 H: 20 M: 80 Kutilla et al. (2005) Transversal 1720 H: 785 M: 935 Quadro 1 - Publicações que apresentaram associação entre pacientes com disfunção temporomandibular e zumbido Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Metodologia Gênero (n) Anamnese Questionário RDC/TMD Rxs Anamnese Questionário Exame clinico 54 2.4 ESTUDOS CIENTIFICOS DA ASSOCIAÇÃO ENTRE PACIENTES COM ZUMBIDO E DTM 2.4.1 Estudos longitudinais Tullberg & Ernberg (2006) em um estudo longitudinal investigaram a presença de sinais e sintomas de DTM em 73 pacientes com zumbido e compararam com um grupo controle de 50 pacientes que estavam na fila de espera para realizar o tratamento. Todos os participantes preencheram dois questionários. O primeiro referente a sintomas de DTM aurais e hábitos parafuncionais. O segundo foi referente ao zumbido com questões sobre, duração, padrão temporal, severidade, tratamentos executados e o impacto sobre a qualidade de vida. Além disso, foi realizado um exame clínico completo, o qual inclui palpação músculo - articular, sons articulares, amplitude e movimentos mandibulares e padrões oclusais. Setenta e nove por cento dos pacientes apresentaram zumbido na orelha direita e 85% na esquerda. Zumbido bilateral foi relatado por 63%. A maioria dos pacientes (89%) classificou o zumbido como moderado a muito severo e 36% associou o sintoma com períodos de estresse. Setenta e oito por cento descreveu o padrão temporal do zumbido como flutuante enquanto 28% descreveram como contínuo. No grupo controle, 74% descreveram o padrão temporal do zumbido como flutuante e 26% contínuo. Quarenta e três por cento dos pacientes relataram dor na face, por menos 1 a 2 dias por semana, 52% dor de cabeça e 59% fadiga nos maxilares. Além disso, 44% relataram sons ou travamentos articulares, 59% plenitude auricular, 80% hiperacusia e 27% vertigem. Perda de audição ocorreu em 80% dos pacientes e foi associada com o mesmo do zumbido. Setenta e seis por cento dos pacientes relataram bruxismo cêntrico e 51% bruxismo excêntrico. Quase todos os pacientes (98%) associaram seus hábitos parafuncionais com períodos de intenso estresse. Quarenta e cinco por cento apresentou sensibilidade à palpação articular, 44 % sons articulares e 80% apresentaram pelo menos 3 sítios musculares sensíveis a palpação. 55 2.4.2 Estudos transversais Rubinstein et al. (1990) examinaram 102 pacientes, 40 mulheres e 62 homens com média de idade de 56 anos (15 a 84 anos) com zumbido para determinar a prevalência de sinais e sintomas de DTM. O exame consistiu de pesquisa de índices clínicos incluindo palpação músculo - articular, amplitude dos movimentos mandibulares e índices anamnéticos de disfunção de Helkimo, avaliação da dentição, fatores oclusais sinais de parafunção e testes de tensão muscular. Foi aplicado questionário sobre a presença e freqüência de cefaléia, fadiga e sensibilidade dos músculos mastigatórios, dificuldade de executar movimentos mandibulares, sons articulares e bruxismo, assim como a influência de movimentos mandibulares, pressão sobre a ATM e terapia dental sobre o zumbido. Os testes de tensão muscular foram aplicados nos movimentos de abertura e protusão ambos contra resistência. Ao paciente foi solicitado que relatasse qualquer mudança na intensidade e característica do zumbido durante esta manipulação. De acordo com o índice anamnéticos de disfunção de Helkimo 55 pacientes foram graduados como 0 (sem disfunção), 34 como I (disfunção leve), e II (disfunção severa) em 13 pacientes. O índice clínico de disfunção de Helkimo demonstrou que 16 pacientes foram graduados como 0 (sem disfunção), 41 como I (disfunção leve), e 41, II (disfunção moderada) e 5, III em (disfunção severa). Os índices de anamnese e clínico foram significativamente correlacionados. Os relatos da Influência de pressão articular sobre o zumbido foram estatisticamente correlacionados aos relatos de sensação de cansaço e sensibilidade nos músculos da mastigação (p<0.001) e dor e/ou dificuldades nos movimentos mandibulares (p<0.001). Pacientes que relataram que o zumbido foi influenciado por alterações oclusais também apresentaram um escore maior nos índices de anamnese, além de relatarem mais dor em relação à palpação músculo - articular e a movimentos mandibulares e cefaléia. Os sinais clínicos de DTM apareceram em 84% dos pacientes e sintomas relatados em 46% destes. Dores de cabeça, sensibilidade nos músculos mastigatórios e sinais de parafunção foram mais prevalentes nos pacientes com zumbido quando comparados a amostras epidemiológicas. Em relação há condição oclusal 65 pacientes possuíam suporte molar bilateral e 17 unilaterais, 19 não possuíam suporte molar e um não possuía suporte algum. Destes 6 pacientes possuíam dentaduras completas duplas, 7 56 utilizavam dentaduras maxilares e próteses parciais removíveis nos arcos antagonistas e apenas e próteses parciais removíveis em um arco. Os autores relataram que com os resultados presentes não houve uma correlação estatisticamente significante entre as características oclusais e o zumbido. Além disso, a condição oclusal mesmo com a perda de suporte molar por 1/3 a maioria possuía uma estabilidade oclusal relativamente boa. Além disso, a prevalência das interferências oclusais nos pacientes com zumbido foram similares quando comparadas a estudos epidemiológicos e a pacientes com DTMs.Cerca de 1/3 dos pacientes relataram influência de movimentos mandibulares e/ou pressão aplicada na ATM no zumbido. Vernon et al. (1992) estudaram retrospectivamente um grupo de 1002 pacientes com zumbido severo para determinar algumas características do zumbido que poderiam predizer a possibilidade da DTM como causa do sintoma. Os dados foram obtidos de uma base de dados computadorizada, Tinnitus Data Registry, que contém todas as informações referentes à saúde geral do paciente, exames realizados (otorrinolaringológicos, audiométrico) e testes específicos sobre as características do zumbido. Os pacientes foram divididos em dois grupos: 1) grupo com DTM (n=69), onde a causa do zumbido era desconhecida e um ou mais preditivos de DTM foram constatados (dor na ATM, click, diagnóstico de DTM, injuria ou cirurgia na região dos maxilares e reabilitação oral coincidentes com o início do sintoma); 2) grupo-controle (n=860), com etiologias diversas para zumbido sem indicação ou suspeita de problemas de DTMs. Desses pacientes, 73 foram excluídos devido a complicações na determinação do agente etiológico. A maioria dos pacientes não relatou alteração do sintoma diante de movimentos articulares, apesar de 36% do grupo com DTM responderem positivamente contra apenas 11% do grupo-controle. Quanto à presença de dor na orelha no lado ispsilateral ao zumbido, a maioria dos pacientes dos dois grupos respondeu negativamente. A plenitude auricular do mesmo lado do zumbido foi relatada por 75% dos pacientes do primeiro grupo contra 47% do segundo. Do primeiro grupo 74% dos pacientes relataram mais de um som de zumbido contra 44% do segundo grupo. Os pacientes com DTM apresentaram mais resistência ao tratamento que mascara o zumbido com outros sons do que o outro grupo. Considerando os diferentes tipos de inibição residual a inibição parcial ocorreu com mais prevalência no grupo com DTM (49%) quando 57 comparado com o grupo controle (30%). A maioria dos pacientes dos dois grupos eram homens (grupo com DTM, 51%; grupo-controle, 74%). Os pacientes com DTM relataram menor perda auditiva do mesmo lado do zumbido quando comparados com o grupo-controle. Alguns testes falharam em demonstrar diferenças estatisticamente significantes: presença de vertigem, localização espacial do zumbido, timbre do zumbido, nível de intensidade, freqüência de cefaléia, tipo de equipamento para mascaramento, desconforto a sons altos, zumbido intermitente X constante, duração do zumbido e idade. Nenhum indicador padrão foi descoberto que exclusivamente indicaria a DTM como etiologia do zumbido. Entretanto, oito diferentes itens apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre os pacientes com DTM do grupo controle. Os autores atribuíram a estes oito itens como indicadores de DTM. Os autores concluem que os pacientes com zumbido sem etiologia otológica comprovada que demonstrarem três ou mais indicadores de DTM deveriam ser encaminhados para um odontólogo especialista. Morgan (1992) examinou 20 pacientes (m=4, h=16) cuja queixa principal era zumbido. Esses pacientes não tinham consciência de apresentarem DTM. Não havia relato de dor ou disfunção. Exames otológicos descartaram causa otológica para os sintomas. O exame clínico incluiu palpação dos músculos da mastigação e ATM, pesquisa de sons articulares com uso de estetoscópio. Foram realizados exames eletromiográficos, além de utilizarem um aparelho scan mandibular computadorizada para detectar hiperatividade muscular e determinar os traçados correspondentes ao movimento mandibular, respectivamente. Foi realizado também Rx transcraniano para pesquisa de alterações ósseas. Foi determinado que 19 pacientes apresentaram um ou mais indicadores clínicos, eletromiográficos e radiográficos de DTM. O autor afirma que as DTMs podem ser umas das causas primárias do zumbido, também encontrou que 75% dos músculos palpados com pontos gatilhos em pacientes com sintomatologia auriculares, além disso, o autor citou que pacientes com zumbido sem causa otológica devem ser cuidadosamente avaliados para incluir ou excluir causa estomatognática para o sintoma. Lam et al. (2001) estudaram 776 pacientes (n=39,7%) com dor facial para determinar a prevalência de sintomas auditivos e uma associação potencial entre DTM e disfunções auditivas. O estudo foi retrospectivo, durante um período de aproximadamente 12 anos. Os pacientes responderam a questionários sobre estado 58 geral de saúde, sintomas principais e associados, tratamentos prévios, hábitos parafuncionais. O exame clínico do sistema estomatognático foi realizado e o diagnóstico de DTM foi definido segundo o RDC/DTM. Os pacientes em um grupo com DTM (n=344) e outro sem DTM (n=432). No primeiro grupo, 59,9% relataram sintomas otológicos contra 29,2% no segundo dos pacientes com zumbido (n=192), 64,1% foram diagnosticados com DTM. A prevalência de sintomas auriculares em pacientes com DTM foi aproximadamente de 60%, comparados a 29% de pacientes que não apresentavam DTM. Ocorreu uma grande associação entre DTM e sintomas auriculares (razão de chance = 3,6). Especificamente, dos sujeitos com otalgia 67%, zumbidos 64,1%, vertigem 65,2% ou perda da audição 62,2% respectivamente, possuíam DTM. Comparações de características sócio- demográficas entre pacientes com ou sem sintomas auriculares indicaram que as mulheres são mais propícias a desenvolver tais características, além de trabalharem em atividades não remuneradas. Além disso, dos poucos pacientes com diabetes (n=11), todos estavam presentes no grupo de sintomas auriculares. Os pacientes que apresentaram dor na região orofacial e em outras partes do corpo, também demonstraram grandes possibilidades de se queixarem quanto a sintomas no ouvido. Levando-se em consideração a razão de chance as pessoas que apresentaram sintomas auriculares estavam extremamente sujeitas a dores no pescoço (5,8), dores na região orofacial (4,2); DTM (3,6); dores de cabeça frontais e occipitais (3,2); dor nos ombros, nas costas, braços e pernas (2,8); dores de cabeça na região temporal (2,0); e movimento limitado da mandíbula quando o paciente estava sobre stress (1,9). Pacientes relatando sintomas auriculares também corriam grande risco de perda de memória (11,4 - 25,2), perda do apetite (6,9), saúde precária visível (6,3) visão alterada (5,3), distúrbios do sono (4,6) e mudanças freqüentes de humor (4). O risco de pacientes possuírem sintomas auriculares era maior naqueles que tiveram uma precária percepção geral de sua saúde, estavam sob cuidados médicos e eram fumantes. Em relação ao exame clínico os resultados demonstraram que o risco de sintomas auriculares foi maior em pacientes com sensibilidade a palpação na região pré-auricular das ATMs, e nos músculos esternocleidomastóideos, temporais e músculos pterigóideos mediais e masseteres. Além de sintomatologia dolorosa ao executar movimentos laterais mandibulares e na abertura máxima mandibular, sensibilidade dental a percussão e dor orofacial 59 exacerbada após exame. Segundo os autores, os achados clínicos indicaram que os sinais patognomônicos de DTM estavam associados com um risco de aparecimento de sintomas otológicos nessa população de pacientes, embora nenhuma relação de causa e efeito já tenha sido demonstrada. Bernhardt et al. (2004) realizaram um estudo o qual foi dividido em duas partes: um estudo de caso-controle e um estudo transversal. O objetivo do primeiro foi avaliar um grupo de pacientes com zumbido crônico ou agudo em relação a DTM em comparação com um grupo controle sem zumbido. Foram selecionados 30 pacientes (13 mulheres e 17 homens) com idades entre 18 e 71 anos, com média de idade de 41 anos. Todos os pacientes deste grupo foram avaliados por um único avaliador. O grupo controle foi examinado por 6 examinadores calibrados e consistiu de 1.907 pessoas com idades variando entre 20 e 79 anos, com média de 49 anos. O estudo consistiu de 4 partes, um exame médico e dentário incluindo análise funcional, entrevista e questionário. Os distúrbios funcionais foram documentados em relação a seguinte avaliação: dor articular à palpação, dor articular a compressão dorso-cranial, palpação muscular intra e extraoral, análise dos movimentos mandibulares, sons articulares, trajetória da abertura mandibular e mobilidade lateral. Em relação ao estudo transversal foram selecionadas 4.228 pessoas. O exame clínico foi realizado por 8 examinadores calibrados e a entrevista por 2 examinadores calibrados. Como co-fatores para o zumbido as seguintes variáveis foram testadas em relação ao modelo de regressão logística: gênero, sensibilidade ou dor a palpação músculo articular, dor a movimentação mandibular, desvio na abertura mandibular maior que 2 mm, facetas de desgaste tanto em dente quanto em restauração. Também foram analisados: idade, cefaléia, apertamento dentário, bruxismo, queixas físicas sem etiologia aparente, ansiedade, fatores psicológicos e em relação a ruídos no trabalho. Os resultados demonstraram que no estudo de caso-controle 60% dos pacientes com zumbido e 36,5% do grupo controle apresentaram mais de dois sintomas de distúrbios funcionais. No grupo com zumbido, 50% relataram sensibilidade e/ou dor a palpação dos músculos mastigatórios, entretanto somente 15,7% dos pacientes do grupo controle relataram o mesmo. Os pacientes com zumbido relataram maiores índices de sensibilidade e/ou dor a palpação dos músculos mastigatórios, dores articulares e dor em abertura, em relação ao grupo controle. Não foram encontradas diferenças 60 estatísticamente significantes em relação a sons articulares, limitação dos movimentos mandibulares, ou hipermobilidade articular. No que diz respeito aos cofatores para o zumbido em relação ao modelo de regressão logística: o aumento para razões de probabilidade foram: sensibilidade aos músculos mastigatórios (OR = 1.6 para 1 a 3 sítios musculares doloridos e OR = 2,53 para 4 ou mais sítios musculares doloridos), dor articular (OR = 2,99), diminuição da audição (OR = 2,0) e cefaléia (OR = 1,84). Além disso, os pacientes com zumbido e DTM apresentaram uma maior percepção a estímulos dolorosos do que pacientes com DTM sem zumbido, entretando as influências psicosomáticas não foram documentadas neste grupo de pacientes. Em particular a dor sobre pressão como resultado de um aumento na atividade músculo mastigatória pode ser uma resposta ao zumbido como um fator perpetuante crônico. Pacientes com 60 anos ou mais, demonstraram um aumento do risco de apresentarem zumbido. Dos 4.228 pacientes que foram examinados no estudo transversal, 1.039 (3,3%) apresentaram zumbido, com a predominância maior de homens. A prevalência da dor a apalpação músculoarticular neste grupo, foi maior do que o total restante da amostra. Os maiores índices de sensibilidade a palpação muscular no grupo de zumbido pode ser um sinal de alteração na coordenação neuromuscular no sistema crânio-mandibular, o qual foi postulado como causa de sintomas otológicos. Os sintomas encontrados nos pacientes e no grupo controle indicam que DTM pode causar sintomas otológicos. Quando for executado um exame para distúrbios funcionais do sistema estomatognático em pacientes com zumbido a palpação músculo-articular devem ser de alta prioridade, devendo ser incluído na avaliação para um correto diagnóstico destes pacientes. Com o objetivo de verificar a prevalência de zumbido e avaliar as características da amostra de pacientes bruxômanos bem como sua relação entre disfunção temporomandibular e zumbido, Camparis et al. (2005) avaliaram 100 pacientes (80 mulheres e 20 homens) com idades variando entre 13 e 66 anos (média de 36.09 anos). Todos os pacientes foram diagnosticados com bruxismo do sono, o qual deveria ser confirmado pelo companheiro de quarto ou familiares. Sendo este, o critério de inclusão da amostra. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o relato da presença ou ausência de zumbido: grupo A, 54 bruxômanos (45 mulheres e 9 homens), com queixa de zumbido com média de 61 idade de 37,8 anos (13 - 66); grupo B, 46 bruxômanos (11 homens e 35 mulheres), sem queixa de zumbido com média de idade de 34,0 anos (20 - 59 anos). Um protocolo padronizado de diagnóstico foi aplicado por um único examinador e consistia de uma avaliação das estruturas cervicais, do crânio, faciais, dentárias e outras estruturas de acordo com os seguintes instrumentos: 1) a versão em português dos critérios de diagnóstico e pesquisa para desordens temporomandibulares (RDC/DTM), 2) questionário sobre a queixa principal, características gerais da dor, presença de cefaléia e dor em outras regiões do corpo, história medica e condições dentária e oclusais, 3) ortopantografia dos maxilares. O presente estudo demonstrou uma prevalência de 54% de queixas de zumbido em pacientes com confirmação de bruxismo do sono. Além disso, a dor facial foi a principal queixa de 70 pacientes, 46 (85,1%) do grupo A e 24 (52,1%) do grupo B. Os pacientes com zumbido apresentaram significativamente uma freqüência maior de dor facial, bem como duração e intensidade. Em relação ao auto-relato das características do RDC/TMD, os pacientes com zumbido, apresentaram significativamente uma freqüência maior de queixas em relação mordida desconfortável, desconforto matinal, entretanto não houve diferença entre os grupos em relação ao auto-relato de bruxismo diurno. O exame físico executado de acordo com o Axis I do RDC/TMD demonstrou um maior número de áreas sensíveis a palpação tanto nos músculos mastigatórios como cervicais para o grupo com queixas de zumbido. Ocorreu uma diferença estatisticamente significante para presença de dor miofascial dos músculos mastigatórios e artralgia, em pacientes com zumbido, entretanto o mesmo não ocorreu em relação ao deslocamento de disco. Os pacientes com zumbido também apresentaram índices mais elevados de depressão, comparados com os pacientes sem zumbido. Considerando-se as características oclusais como perda de dente e utilização de próteses, o grupo A apresentou uma freqüência menor de pacientes dentados total, e uma freqüência maior de dentes perdidos sem a reposição protética; alem disso, os pacientes apresentaram uma freqüência maior de perda de dimensão vertical, mas isso não foi estatisticamente significante. Tipo de estudo, amostra de pacientes com zumbido, gênero,uso de grupo-controle, idade, o valor em porcentagem referente a prevalência de DTM e a metodologia empregada Autor(es) Rubinstein et al. (1990) Tipo de estudo Amostra de pacientes com zumbido (n) Gênero (n) Grupo-controle Idade (anos) Presença de DTM (%) Transversal 102 H: 62 M: 40 não 15 - 84 Média: 56 84 (sinais clínicos) não 22 - 74 Média: 55,3 75 (dor palpação) 70 (movimentos anormais) 95 (mudanças ósseas Rx) Morgan (1992) Transversal 20 H: 4 M: 16 Vernon et al. (1992) Transversal (10 anos) 1002 H: 668 M: 261 Pacientes com zumbido idiopático (860) - 6,8 Lam et al. (2001) Transversal (12 anos) 192 H: 468 M: 308 Sem DTM (n: 432) Media=39 64,1 Caso-controle 30 H: 13 M: 17 Assintomático (n: 1907) H: 35 M: 165 18 - 71 Média: 41 G-Controle 20 - 79 Média: 49 Transversal 50 Pacientes Bruxômanos H: 9 M: 45 46 Pacientes Bruxômanos sem zumbido 13 - 66 Média: 36,09 H:34 M:39 50 H: 23 M:27 Bernhardt et al. (2004) Camparis et al. (2005) Tulberg & Ernberg. (2006) longitudinal 73 Média:48 60 17.74 % sens. palpação 85 % dor miofascial 20.37 % desl. disco 70.37 % artralgia 43 % dor na face 52 % cefaléia 59 % fadiga nos maxilares 44 % sons articulares 80 % dor musculares Quadro 2 - Publicações que apresentaram associação entre pacientes com zumbido e disfunção temporomandibular Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Metodologia Anamnese questionário Exame clinico Índice de Helkimo Anamnese Exame clínico Palpação muscular Scan mandibular eletromiografia Rx transcraniana Exame otológico Anamnese Exame clínico de DTM Exame otológico e audiometria RDC/TMD Entrevista questionário Exame médico, dentário Anamnese Questionário RDC/TMD Anamnese Exame clínico de DTM Exame otológico e audiometria 63 2.5 EFICÁCIA DO TRATAMENTO ESTOMATOGNÁTICO SOBRE O ZUMBIDO Erlandsson et al. (1991) através de um ensaio clínico randomizado longitudinal de seis meses, avaliaram o efeito do tratamento estomatognático e de biofeedback em 32 pacientes (14 mulheres e 18 homens; média de 50 anos de idade) com zumbido. otorrinolaringológicos e Todos os audiométricos. participantes Além disso, realizaram testes exames avaliaram os comprometimentos emocionais, cognitivos e a expectativa do pacientes em relação ao tratamento. O diagnóstico de DTM foi realizado através do índice de Helkimo. Os procedimentos de tratamento para DTM foram: dispositivo interoclusal, ajuste oclusal e exercícios. A terapia de biofeedback incluiu treinamento de biofeedback, técnicas de relaxamento progressivo, aconselhamento e eletromiografia. O tratamento foi dividido em duas etapas. Na primeira todos os participantes realizaram uma das modalidade de tratamento. Na segunda os pacientes optavam por receber a outra modalidade de tratamento. A evolução dos resultados do tratamento demonstrou algumas melhoras como diminuição da intensidade do zumbido, melhora do humor e redução dos sinais e sintomas de DTM. As observações qualitativas indicaram mudanças positivas em relação a fatores emocionais e cognitivos. A combinação dos dois resultados de tratamento pareceu ser mais efetiva na redução da intensidade do zumbido em pacientes que previamente relataram uma intensidade e severidade menor do sintoma. Alguns possíveis fatores de prognóstico de tratamento foram observados: severidade do zumbido, audição normal ou compensada, interferência oclusais, fadiga dos músculos mastigatórios, bruxismo diurno e flutuações na intensidade do zumbido. Giordani & Nobilo (1995) realizaram um estudo prospectivo em 44 pacientes (36 mulheres e 8 homens), com idades variando entre 13 e 69 anos (média 36) que relatavam sensação de zumbido em pelo menos um dos ouvidos, entre as queixas de DTM. Todos os pacientes realizaram teses audiométricos e impedânciometria previamente ao tratamento. Como tratamento foi proposto a utilização da placa miorrelaxante estabilizadora. O tratamento foi avaliado por um período de oito semanas. Foi adotado um critério de avaliação, no qual o paciente atribuía valores de Zero a 100 “intensidade” ou grau de desconforto para sensação do zumbido, no 64 início do tratamento e no final das oito semanas subseqüentes. Pós-tratamento os valores foram computados considerando-se três períodos: 1ª. fase - quatro semanas iniciais (média l-M1); 2a fase - quatro semanas finais (média 2-M2) e fase global oito semanas completas (média global-Mg). Os resultados audiológicos foram patológicos em 32 pacientes (audiometria = 18; imitânciometria = 14). Os testes audiométricos realizados entre dois meses a um ano após o início do tratamento, em 12 pacientes, não mostraram alterações significativas no seu quadro audiológico. Os resultados mostraram melhora significativa na sensação do zumbido, inclusive em 21 dos 32 pacientes com resultados patológicos. O exame clínico das condições oclusais e musculares mostrou que 44% deles tinham perda de suportes posteriores. Ruídos articulares, interferências oclusais (45%), desvios da linha média (80%) e mastigação unilateral (79%) foram aspectos encontrados com freqüência considerável nos pacientes estudados. Além disso, 67% relataram estarem emocionalmente afetados. Wright & Bifano (1997) realizaram um estudo longitudinal com 93 pacientes com média de idade de 31 anos, diagnosticados com DTM pelo RDC/TMD com o objetivo de pesquisar qual paciente com zumbido coincidente com DTM poderia ser beneficiado com o tratamento da DTM. Antes de realizarem o tratamento os pacientes foram indagados a respeito das características, freqüência, duração, severidade e altura sonora do zumbido. Além disso, foram aplicados alguns testes clínicos relacionados à função mandibular e feito exame clínico de palpação músculoarticular para determinar se o sintoma era reproduzido ou intensificado. As modalidades de tratamento aplicadas foram instruções de autocuidados (n=93 pacientes), dispositivos interoclusais (n= 91 pacientes), exercícios de relaxamento (n=71 pacientes), estratégias para eliminação da parafunção (n=37 pacientes), fisioterapia (n=25 pacientes), prescrição de medicamentos (n=18 pacientes), psicoterapia (n=3 pacientes). Após o tratamento 52 (56%) pacientes tiveram o sintoma resolvido (grupo 1), 28 (30%), melhoraram (grupo 2) e 13 (14%) relataram pouca ou nenhuma melhora (grupo 3). Nenhum paciente relatou exacerbação do sintoma. Houve uma diferença significativa entre os grupos 1 e 3, tendo 69 por cento dos pacientes do grupo 3 relatado que a freqüência e duração do zumbido eram constantes enquanto somente 15% do grupo 1 relataram este fato. Além disso, os pacientes do grupo 1 indicaram uma relação maior entre zumbido e dor no lado 65 ipsilateral; sintomas e DTM; estresse e movimentos mandibulares, quando comparados com os outros grupos. Ainda, 83% dos pacientes no grupo 3 indicaram uma relação dos sintomas com sons altos, enquanto somente 46% do grupo 2 e 27% do grupo 1 fizeram a mesma associação. Nenhuma questão ou teste em particular identificou os pacientes que, com DTM e zumbido coincidente, poderiam se beneficiar com o tratamento estomatognático. Entretanto, os autores determinaram algumas características que poderiam predizer a possibilidade de identificar quais pacientes com zumbido teriam uma probabilidade maior de apresentarem melhora do sintoma com o tratamento proposto: pacientes mais jovens; zumbido com uma freqüência menor; zumbido de curta duração; pacientes com audição normal; dor na orelha ipsilateral ao zumbido; início do zumbido coincidente com o início dos sintomas de DTM; piorado zumbido quando a DTM apresenta-se mais grave; zumbido aparentemente relacionado com o estresse; zumbido modulado com movimentos mandibulares; zumbido não relacionado a experiência de sons altos; zumbido reproduzido ou intensificado através do apertamento dentário. Wright et al. (2000) avaliaram em um estudo longitudinal o resultado da terapia para DTM sobre os sintomas de zumbido, tontura, e otalgia. Foram incluídos no estudo 15 pacientes (sete mulheres; oito homens), com idades variando entre 43 a 74 anos, nos quais não puderam ser identificados fatores etiológicos que pudessem explicar os sintomas otológicos e que apresentavam sintomas de DTM nas têmporas, nos maxilares e na região pré-auricular, ou otalgia pelo menos uma vez ao mês. Pacientes com diagnósticos otológicos estabelecidos foram excluídos do estudo. Todos os pacientes receberam completa avaliação otológica incluindo o The Tinnitus Handicap Questionnaire e o Dizziness Handicap Questionnaire, exames otoneurológicos, exames audiométricos e, quando necessárias, ressonâncias magnéticas nucleares foram utilizadas. Para o diagnóstico de DTM foram utilizados os Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Desordens Temporomandibulares RDC/TMD. Todos os 15 pacientes relataram otalgia reflexa; 14 pacientes zumbido; 11 pacientes tontur; e 13 relataram sintomas de DTM. Após instruções de autocuidado, os pacientes foram instruídos a utilizarem a placa 24 horas por dia, exceto nas refeições. Foram realizadas duas visitas (três e sete semanas após instalação) e uma última avaliação três meses após o início do tratamento. Se os 66 sintomas não diminuíssem, terapias adicionais (relaxamento, biofeedback, fisioterapia, aconselhamento, terapia cognitiva e medicação) eram implementadas. Os pacientes foram agrupados em três grupos: 1) resolução total; 2) melhora significativa a moderada melhora (pelo menos 40% de melhora); 3) melhora mínima ou nula (menos que 15% de melhora). Quatorze pacientes (93%) relataram zumbido. Antes do tratamento e após verificou-se resolução em seis pacientes, melhora moderada em três e melhora mínima ou nula em cinco. De maneira similar, 11 pacientes (73%) relataram tontura e após o tratamento verificou-se resolução em sete pacientes, melhora moderada em três e melhora mínima ou nula em um. Em relação a otalgia reflexa, após o tratamento verificou-se resolução em nove pacientes, melhora moderada em quatro e melhora mínima ou nula em dois. Treze pacientes (87%) relataram DTM. Após a terapia verificou-se resolução em sete pacientes, melhora moderada em cinco e melhora mínima ou nula em um. A escala de melhora do zumbido decresceu de 46,3 para 20,4 em pacientes que apresentaram melhora significativa a moderada, de acordo com o The Tinnitus Handicap Questionnaire. O seguimento de seis meses, realizado por telefone, revelou estarem todos os pacientes nas mesmas condições em relação aos sintomas de DTM e otológicos. Gutiérrez et al. (2001) através de um estudo longitudinal analisaram a relação entre o sintoma referido pelo paciente com DTM e o comprometimento real do sistema auditivo. Foram atendidos 44 pacientes, dos quais somente 10 foram estudados por terem acompanhamento pré e pós-tratamento odontológico, sendo avaliados por meio de audiometria tonal e vocal, timpanometria, reflexo estapediano e complacência estática, realizados após avaliação otorrinolaringológica e odontológica. À análise dos dados pré-tratamento, observaram-se alterações audiométricas em freqüências isoladas (60%), timpanometrias com curvas tipo A (40% bilaterais - 30% unilaterais), complacência estática normal (70%) e limiar de reflexo estapediano normal (50%). Após o tratamento odontológico, o único teste que apresentou alteração significativa foi a complacência estática (50%). Foram selecionados os pacientes que obedeceram aos seguintes critérios: diagnóstico de DTM de origem biomecânica (este exclui anormalidades do desenvolvimento e infecções); Exame sem doença otológica ativa; faixa etária entre 15 e 60 anos de idade; ambos os sexos; presença de queixa auditiva (zumbido, plenitude e/ou dor 67 auricular, sensação de perda auditiva, vertigem). O tratamento odontológico foi dirigido à queixa principal (otalgia ou zumbido), sendo os pacientes submetidos a placa de mordida, placa de reposição postural maxilo-mandibular, uso de antidepressivos tricíclicos ou infiltração anestésica. Os resultados mostraram predominância do sexo feminino (80%) em relação ao masculino (20%) e uma faixa etária entre 14 e 59 anos (média de 37 anos). Na ficha clínica inicial 90% dos casos apontaram a presença de otalgia, 60% de perda auditiva, 50% de zumbido e plenitude auricular e 10% de vertigem. Oitenta por cento dos pacientes apresentaram queixa de dois a quatro sintomas auditivos e 20% de um ou cinco sintomas. Sessenta por cento dos pacientes tiveram queixa bilateral 20% do lado direito e 20% do esquerdo. Relacionando dois sintomas otológicos muito freqüentes (otalgia e zumbido) com os resultados audiológicos obtidos, observou-se que a otalgia foi mais referida por mulheres (70%), bem como o zumbido (80%). Na etapa de pós-tratamento odontológico, 80% dos pacientes afirmaram melhora total do zumbido e 44% da otalgia. O único paciente com vertigem teve recuperação total deste sintoma. Frente à melhora dos sintomas auditivos na maioria dos pacientes, os resultados audiológicos permaneceram sem mudanças significativas após o tratamento odontológico. Observou-se uma mínima variação nos resultados audiológicos (pré e pós-tratamento odontológico), porém considerou-se significativo do ponto de vista clínico a variabilidade da complacência estática. Shoby et al. (2004) realizaram um estudo longitudinal para investigar as mudanças nas otoemissões acústicas por produtos de distorção em pacientes com DTM, e para demonstrar alguma possível melhora na função coclear após a execução de tratamento conservador para DTM. Trinta pacientes com idade entre 11 e 40 anos (média = 24,3 anos) foram selecionados para investigar as mudanças nas emissões otoacústicas antes e depois de realizar o tratamento. Os pacientes foram divididos em dois grupos: Grupo A com 15 pacientes que apresentavam dor miofacial (sensibilidade nos músculos mastigatórios, dor articular à palpação, desvio na abertura, dor na região pré-auricular, e sintomas aurais como otalgia ou zumbido). Grupo B composto por 15 pacientes com deslocamento de disco com redução (click durante a abertura ou fechamento e otalgia ou zumbido). Este também foi confirmado através de ressonância magnética nuclear. Todos os pacientes foram submetidos a anamnese odontológica e otológica, a exames de 68 audiometria tonal, com o objetivo de incluir pacientes com audição normal além de descartar perda auditiva como fator etiológico para zumbido, exceto DTM. Exames de impedânciometria com a finalidade de verificar a integridade da orelha média além de servir de pré-requisito para os exames de otoemissões acústicas. O funcionamento coclear foi testado através das otoemissões acústicas transientes e otoemissões acústicas por produtos de distorção. Também foi utilizado o questionário para avaliação do zumbido (Tinnitus Handicap Questionnaire - THQ) antes e depois do tratamento estomatognático. As modalidades de tratamentos aplicados foram, para o grupo A: aconselhamento, fisioterapia, agentes antiinflamatórios, relaxantes musculares e dispositivos intraorais resilientes; para o grupo B: os mesmos exceto quanto ao dispositivo intraoral com acrílico rígido. Antes do tratamento, a incidência de otalgia foi 56,7%, e de zumbido de 20%. Os resultados demonstram que no grupo A todos apresentavam otalgia antes de iniciar o tratamento. Após 10 pacientes relataram estar assintomáticos e cinco apresentaram melhoras. No grupo B, oito pacientes relataram estar assintomáticos e sete apresentaram melhoras em relação à otalgia. Somente dois pacientes (3,3%), um em cada grupo apresentaram zumbido após o tratamento. Os resultados demonstraram que não ocorreram mudanças significativas entre os limiares audiométricos antes e após o tratamento fato que também ocorreu para o exame das otoemissões acústicas por produtos de distorção, entretanto houve um aumento significante nos níveis dos produtos de distorção na maioria das bandas de freqüência, sugerindo uma melhora da função coclear. Estes resultados foram paralelos há melhora subjetiva do zumbido de acordo com os resultados dos questionários. Felício et al. (2006) através de um ensaio clínico randomizado testou o protocolo para quantificação da freqüência e severidade dos sinais e sintomas de DTM de acordo com a percepção do paciente durante as duas fases da investigação. O protocolo foi desenvolvido baseado nos sinais e sintomas mais freqüentes relatados na literatura e nas circunstâncias as quais ocorre desconforto. Oitenta e quatro pacientes diagnosticados com DTM através de exame funcional do sistema mastigatório responderam às questões referentes à primeira parte do protocolo, quanto à presenças de sinais e/ou sintomas de DTM (dores e desconforto músculo-articulares, sons articulares, movimentos mandibulares, bruxismo), sinais auriculares (otalgia, plenitude auricular, zumbido) e indicaram a severidade dos 69 sinais e sintomas utilizando uma escala numérica de acordo com cada situação (ao levantar, mastigar, falar e descansar) completando desta maneira a fase 1 do protocolo. Destes 84 pacientes, 42 foram tratados com placa interoclusais (grupo de tratamento) e os restantes, que não realizaram o tratamento, serviram de grupocontrole. As questões do protocolo foram novamente respondidas após 50 dias de tratamento (fase 2). A incidência de sinais e sintomas foi alta na fase 1: dor muscular (n=78; 92,8%); fadiga (n=71; 84,5%); sons articulares (n=77; 91,6%); dor de cabeça (n=63; 75%); otalgia (n=52; 61,9%); plenitude auricular (n=64; 76,2); zumbido (n=68; 80,9%). A maioria dos pacientes relatou a presença de três ou mais sinais e/ou sintomas. A freqüência de bruxismo noturno (n=69; 82%) e diurno (n=61; 72,6%) foi relatada pelos pacientes. As freqüências de zumbido na fase 1 do protocolo em ambos os grupos, foram de 80.9% (n=34) com presença do sintoma e 19,1% (n=8) com ausência. Entretanto não ocorreram diferenças entre os grupos-controle e de tratamento nesta fase do protocolo. No entanto, na fase 2 após o tratamento com placa inter-oclusal os grupos apresentaram diferenças estatisticamente significativas. Uma comparação entre as fases 1 e 2 demonstrou que somente o grupo tratado apresentou uma redução na severidade dos sinais e sintomas, como dor muscular, dor articular, sensibilidade nos dentes, sons articulares e dificuldade de mastigação. Houve diferença somente para a severidade do sintoma do zumbido, o qual aumentou na fase 2 do protocolo. Os autores atribuíram este aumento provavelmente devido a grande expectativa dada ao sintoma, que não foi considerado por muitos pacientes como queixa previamente ao tratamento. As freqüências de zumbido na fase 2 do protocolo para o grupo-controle foram de 73,8% (n=31) com presença do sintoma e no grupo tratado de 38,1% (n=16). Apesar da redução na freqüência dos sintomas auriculares no grupo de tratamento entre as fases 1 e 2 as mudanças nos graus de severidade não foram significativas. Em pacientes com DTM intra-articular, maioria nesse grupo os sintomas auriculares, especialmente otalgia pareceram ser mais resistentes a mudanças do que os outros sintomas. No grupo tratado, houve uma significativa redução da dor muscular. O estudo demonstrou que utilizando este protocolo é possível definir a freqüência e a severidade dos sintomas bem como o resultado de tratamento. Tullberg & Ernberg (2006) em um estudo longitudinal investigaram a presença de sinais e sintomas de DTM em 73 pacientes com zumbido, e para avaliar o efeito 70 do tratamento de DTM sobre o zumbido e compararam com um grupo controle de 50 pacientes que estavam na fila de espera para realizar o tratamento. Todos os participantes preencheram dois questionários: um referente a sintomas de DTM aurais e hábitos parafuncionais e outro referente ao zumbido com questões sobre, duração, padrão temporal, severidade, tratamentos executados e o impacto sobre a qualidade de vida. Além disso, foi realizado um exame clínico completo, o qual inclui palpação músculo-articular, sons articulares, amplitude e movimentos mandibulares e padrões oclusais. De acordo com o diagnóstico e os achados clínicos um plano de tratamento individual foi estipulado para todos os pacientes. As modalidades de tratamento aplicadas foram esclarecimento, autocuidados, dispositivos interoclusais, ajustes oclusais menores, exercícios isotônicos e isométricos e laserterapia. Dois a três anos após o tratamento um questionário foi enviado pelo correio para todos os participantes com questões relacionadas a mudanças ocorridas no zumbido e foram comparadas com os questionários prévios aos tratamentos. Setenta e nove por cento dos pacientes apresentaram zumbido na orelha direita e 85% na esquerda. Zumbido bilateral foi relatado por 63%. A maioria dos pacientes (89%) classificou o zumbido como moderado a muito severo e 36% associou o sintoma com períodos de estresse. Setenta e oito por cento descreveu o padrão temporal do zumbido como flutuante, enquanto 28% descreveram-no como contínuo. No grupo-controle, 74% descreveram o padrão temporal do zumbido como flutuante e 26% como contínuo. Quarenta e três por cento dos pacientes relataram dor na face em pelo menos um a dois dias por semana; 52% dor de cabeça; e 59% fadiga nos maxilares. Além disso, 44% relataram sons ou travamentos articulares; 59% plenitude auricular; 80% hiperacusia; e 27% vertigem. Perda de audição ocorreu em 80% dos pacientes e foi associada com o mesmo lado do zumbido. Setenta e seis por cento dos pacientes relataram bruxismo cêntrico e 51% bruxismo excêntrico. Quase todos os pacientes (98%) associaram seus hábitos parafuncionais com períodos de intenso estresse. Quarenta e cinco por cento apresentou sensibilidade à palpação articular; 44 % sons articulares; e 80% pelo menos três sítios musculares sensíveis à palpação. Logo após o tratamento, 73% dos pacientes relataram redução do zumbido, enquanto em 27% não ocorreram mudanças. Nenhum paciente relatou aumento do sintoma. Entretanto após dois anos do tratamento, 42% dos pacientes relataram redução do zumbido; 39% nenhuma mudança; e 18% aumento do sintoma. No grupo controle 71 12% dos pacientes relataram redução do zumbido; 32% nenhuma mudança; e 56% aumento do sintoma. A única variável que diferenciou os pacientes que melhoraram dos que não melhoraram no grupo que realizou o tratamento, foi que os pacientes que melhoraram relataram o padrão temporal do zumbido como flutuante ao invés de constante. Wright (2007) avaliou 200 pacientes com DTM diagnosticados através do RDC/TMD que apresentavam queixas de otalgia reflexa, zumbido, tontura e vertigem. Destes 132 apresentavam zumbido. As modalidades de tratamento aplicadas foram instruções de autocuidados para todos os pacientes, dispositivos inter-oclusais (n= 159 pacientes), exercícios de relaxamento e estratégias para eliminação da parafunção (n=120 pacientes), fisioterapia (n=110 pacientes), prescrição de medicamentos (n=41 pacientes), psicoterapia (n=24 pacientes). Após o tratamento 72 pacientes (55%) tiveram o sintoma resolvido, 37 pacientes, melhoraram (37%) e 23 pacientes (14%) relataram pouca ou nenhuma melhora. Dos 122 pacientes que foram diagnosticados com dor miofacial 85% melhoraram do zumbido, e, dos que apresentaram problemas articulares 79% melhoraram do sintoma. Os autores concluíram que muitos pacientes que apresentam concomitância entre os sintomas otológicos e DTM podem se beneficiar com o tratamento estomatognático. Tanto os pacientes com condições musculares ou articulares apresentaram a mesma propensão para a melhora dos sintomas otológicos coexistentes com a DTM. Nenhuma questão ou teste pode identificar qual paciente poderia se beneficiar com o tratamento para DTM. Aparentemente pacientes mais jovens apresentam propensão a apresentar uma melhora dos sintomas otológicos. As DTM são mais prevalentes em pessoas com idades entre 20 a 40 anos, enquanto que, sintomas como zumbidos, otalgia reflexa, tontura e vertigem são mais freqüentes em pessoas mais idosas. Enfatizam os autores que aparentemente em pacientes jovens o fator etiológico dos sintomas auriculares tende a ser a causa dos sintomas, enquanto pacientes mais idosos apresentariam fatores etiológicos diversos. Pacientes com DTM que relataram que o zumbido e/ou é pior quando a DTM é mais grave ou quando os sintomas são relacionados com o estresse apresentaram um melhor beneficio da terapia estomatognática. 72 Autor(es) Costen (1934) Tipo de estudo Relato de caso N Sintomas otológicos Tratamento Resultados 11 Zumbido Plenitude auricular Otalgia Tontura Audição diminuída Restabelecimento da oclusão Correção da sobremordida por prótese Alívio dos sintomas em todos os pacientes 46 Zumbido Overlay metálicas nos molares Prótese parcial removível Alívio completo: 20 Alívio parcial: 17 Nenhum alívio: 1 Dispositivo interoclusal Spray anestésico Infiltração de procaína Dispositivo interoclusal em 28 pacientes Ajuste oclusal Conscientização do paciente Alívio completo: 17 Alívio parcial: 8 Nenhum alívio: 1 Alívio em pacientes que utilizaram dispositivos interoclusais:21 Sem informação: 15 Kelly & Goodfriend (1964) Transversal (8 anos) Seguimento de 2 anos com 44 pacientes (questionário) Gelb et al. (1967) Transversal (2½ anos) 26 Zumbido Bernstein et al. (1969) Transversal (2 anos) 36 Zumbido Ioannides & Hoogland (1983) Relato de caso Hodges (1990) Transversal (3meses) seguimento de 1 a 5 anos nos casos cirúrgicos 4 448 Zumbido Otalgia Perda auditiva subjetiva Vertigem Zumbido Tontura Penitude auricular Otalgia DTM Dor na nuca Orientações Fisioterapia Prótese Dispositivo interoclusal Alivio completo: 3 Sem melhora: 1 Educação do paciente Calor úmido Fisioterapia Farmacoterapia Dispositivo interoclusal Tratamento protético Tratamento ortodôntico Tratamento cirúrgico Alívio completo: 336 (tratamento conservador) Alívio parcial: 76 (tratamento dentário) Tratamento cirúrgico com alívio: 18 Sem melhora: 18 Erlansson et al. (1991) Longitudinal (6 meses) 32 Zumbido Dispositivo interoclusal Ajuste oclusal Exercícios Biofedback Técnicas de relaxamento Aconselhamento eletromiografia Giordani & Nobilo (1995) Longitudinal (2 meses) 44 Zumbido Dispositivo interoclusal Wright & Bifano (1997) Longitudinal (2 anos) Wright et al. (2000) Longitudinal (3 meses) Gutiérrez et al. (2001) Transversal 93 15 10 Zumbido Zumbido: 11 Tontura: 11 Otalgia: 15 Zumbido Plenitude e/ou Dor articular Sensação de perda auditiva vertigem Melhora significante na intensidade do zumbido Melhora do humor Diminuição dos sinais e sintomas de DTM Melhora signifificativa na sensação do zumbido em 80% da amostra Dispositivos interoclusal - 91 Exercícios - 71 Terapia física - 25 Antiinflamatórios e antidepressivos - 18 Alívio completo: 52 Alívio parcial: 28 Sem melhora: 13 Educação aconselhamento Dispositivo interoclusal Zumbido: alívio completo: 6 alivio parcial d: 3 sem melhora: 1 Dispositivo interoclusal Dispositivo de reposição postural maxilo-mandibular Antidepressivos tricíclicos Infiltração anestésica Zumbido: Alívio completo: 80% 73 Autor(es) Shoby et al. (2004) Felício et al. (2006) Tulberg & Ernberg (2006) Tipo de estudo Longitudinal Longitudinal Longitudinal N 30 84 73 Sintomas otológicos Zumbido Otalgia Otalgia Plenitude articular Zumbido Zumbido Tratamento Aconselhamento Fisioterapia Antiinflamatórios Relaxantes musculares Dispositivos interoclusal resiliente Dispositivos interoclusal rígido Dispositivo interoclusal: 42 pacientes Aconselhamento Dispositivos interoclusais Laser exercícios Resultados Alívio completo: 28 pacientes sem melhoras: 2 pacientes Presença de zumbido: 16 pacientes Logo após o tratamento: Alívio do zumbido: 73% Sem melhoras: 27% 2 anos após tratamento: Alívio do zumbido: 42% Sem melhoras: 39% Aumento: 18% Quadro 3 - Eficácia do tratamento da disfunção temporomandibular e zumbido Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). 74 3 PROPOSIÇÃO a) Verificar a prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em indivíduos com zumbido e qualquer grau perda auditiva e indivíduos com zumbido e audiometria normal em comparação com um grupo-controle; b) Estabelecer uma possível concomitância e/ou correlação dos sinais e sintomas de DTM com as causas estabelecidas ou presumíveis do zumbido presente; c) Verificar a existência da relação do local e ao lado pior do sintoma zumbido (lado predominante) e os sinais e sintomas de DTM e os diagnósticos de Eixo - I. 75 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 AMOSTRA Os pacientes foram selecionados no Ambulatório de Zumbido no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Não houve restrições quanto a sexo ou idade dos pacientes. Todos os pacientes foram submetidos à avaliação rotineira estabelecida no Ambulatório de Zumbido do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), a qual inclui anamnese detalhada e exame otorrinolaringológico e audiológico completos. Os exames foram: otoscopia, rinoscopia e laringoscopia indireta. A avaliação audiológica básica, avaliação objetiva e psicoacústica do zumbido, bem como sua etiologia foram estabelecidas clinicamente e através de testes auditivos básicos executados por médicos otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos do HCPA e seguiu os Critérios de Diagnóstico de Pesquisa para o zumbido estabelecidos pelo Ambulatório de Zumbido no Serviço de Otorrinolaringologia do HCPA. A avaliação audiológica básica do paciente com zumbido incluiu audiometria tonal limiar, audiometria de altas freqüências, logoaudiometria, incluindo o limiar de recepção de fala e o índice percentual de reconhecimento de fala, medidas de imitância, que abrange a timpanometria e a medida do reflexo acústico do músculo estapédio. A avaliação psicoacústica do zumbido incluiu medida a sensação de freqüência do zumbido, medida da sensação de intensidade do zumbido, nível mínimo de mascaramento, nível de desconforto. Foram formados três grupos de estudo: a) pacientes com zumbido e qualquer grau perda auditiva comprovada por médico otorrinolaringologista, composto por 55 pacientes (37,4%); b) pacientes com zumbido e audiometria normal comprovada por médico otorrinolaringologista, composto por 22 pacientes (14,9%); c) pacientes do grupo-controle sem queixas otorrinolaringilógicas comprovada por médico otorrinolaringologista, composto por 70 pessoas (47,6%); 76 4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NOS GRUPOS TESTE Pacientes com zumbido constante, gerado por estruturas para - auditivas e/ou gerados pelo sistema auditivo neurossensorial, de qualquer sexo ou idade. 4.2.1 Zumbidos gerados por estruturas para-auditivas Neoplasias vasculares, malformações vasculares, hum Venoso, mioclonia palatal. 4.2.2 Zumbidos gerados pelo sistema auditivo neurossensorial O zumbido gerado pelo sistema auditivo é o mais freqüente, podendo ter várias etiologias: otológica, cardiovascular, metabólica, neurológica, farmacológica, odontogênica ou psicogênica. 4.3 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO NOS GRUPOS TESTE Foram excluídos os pacientes impossibilitados por qualquer motivo, de compreender as orientações fornecidas para a execução dos exames clínicos e dos testes laboratoriais. 77 4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO NO GRUPO-CONTROLE Os critérios de inclusão foram a ausência de qualquer patologia otoneurológicas, e qualquer outro problema sistêmico de ordem crônica, verificados através do histórico médico do paciente. 4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO DO GRUPO CONTROLE Foi excluída qualquer pessoa que relatou queixas relacionadas ao ouvido ou qualquer patologia otoneurológica. 4.6 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA PESQUISA DAS DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES O questionário RDC/DTM (Eixos I e II) reflete a interação complexa entre dimensões físicas e psicológicas de dor persistente. Este é um sistema de eixo duplo, no qual os sinais e sintomas de DTM são avaliados no Eixo I e fatores psicossociais e outros sintomas físicos no Eixo II. Adicionalmente, devido ao interesse no tratamento da DTM, o RDC/DTM (Eixo II) também inclui uma avaliação das limitações na habilidade normal da função bucal. É importante enfatizar que a presença de uma abordagem multi-axial é consistente com o pensamento atual, o qual simultaneamente introduz algumas medidas e métodos de mensuração pouco usados na área de DTM. Portanto, o Eixo I do RDC/DTM, é um conjunto de critérios diagnósticos para a pesquisa que foram organizados para a investigação da dor nos músculos mastigatórios, deslocamento de disco, e doenças degenerativas da ATM. O Eixo II do RDC/DTM é um conjunto de critérios diagnósticos para pesquisa que foram organizados para a avaliação da disfunção, depressão, sintomas físicos não específicos, e disfunção bucal relacionados à dor crônica. 78 4.7 EXAME CLÍNICO O exame clínico foi realizado por um único examinador, visto que as respostas a palpação da ATM e dos músculos podem variar de um examinador para outro durante o mesmo dia ou de um dia para o outro. Os procedimentos do exame clínico e os critérios de medida foram baseados no RDC/TMD. A palpação da ATM e da musculatura mastigatória foram incluídas devido ao fato destas variáveis serem consideradas na maioria dos estudos de DTM e fazerem parte de um procedimento padronizado para avaliação (DWORKIN & LERECHE., 1992). 4.8 MÉTODO PARA A PALPAÇÃO MUSCULAR E ARTICULAR DA ATM A palpação dos músculos e das articulações em relação à sensibilidade requer o pressionamento de locais específicos, usando a ponta ou o aspecto ventral da ponta do dedo indicador ou deste dedo junto com o médio, com uma pressão padronizada de acordo com os seguintes critérios: a palpação foi realizada com duas libras de pressão (0,90 kg) para os músculos extraorais e uma libra de pressão (0,45 kg) para as ATMs. Os músculos de cada lado da face foram palpados separadamente, usando a mão oposta para estabilizar a cabeça. A mandíbula do paciente ficou em posição de repouso, sem que os dentes estivessem se tocando e os músculos em um estado passivo. Quando necessário, para verificar e identificar o local correto de palpação pediu-se para o paciente contrair levemente a musculatura, apertando ligeiramente os dentes e relaxando posteriormente para a execução da palpação. Devido ao fato de os locais da sensibilidade costumarem variar entre os pacientes, até mesmo dentro do mesmo músculo, a área inteira do músculo foi palpada, quando necessário, a fim de não fracassar na detecção de áreas sensíveis eventualmente presentes. Durante o exame pediu-se ao paciente, quando necessário, determinar se este sentiu dor ou somente pressão. No caso de ter sentido dor classificou-se como leve (1), moderada (2) e severa (3). Se o paciente 79 relatou somente pressão ou experiência dolorosa negativa classifica-se como (0). 4.9 INFORMAÇÃO, CONSENTIMENTO E CONFIDENCIALIDADE Os testes utilizados nos pacientes constituídos por questionários não apresentaram nenhum risco. Contudo, um Termo de Esclarecimento e Informação ao Paciente (APÊNDICE B) e um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C) aprovados pela Comissão Científica e pelo Comitê de Ética e foram lidos e assinados pelos pacientes antes da realização dos testes. 4.9 PROCEDIMENTOS As etapas do processo apresentaram a seguinte ordem: a) entrega do folheto informativo aos pacientes interessados (vide Apêndice A; b) leitura e assinatura do termo de consentimento por parte do paciente (vide Apêndice B); c) aplicação do Eixo II do RDC/DTM (fatores sócio-econômicos e psicossociais) (vide Anexo A); d) aplicação do eixo I do RDC/DTM (sinais e sintomas de DTM) (vide Anexo B). 4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística deste trabalho foi realizada através de tabelas simples, cruzadas, estatísticas descritivas (médias e desvios-padrão) e alguns testes estatísticos destacados a seguir. Para a verificação da normalidade dos dados foi utilizado o teste nãoparamétrico Kolmogorov-Smirnov. Este teste é considerado uma prova de aderência, diz respeito ao grau de concordância entre a distribuição de um conjunto de valores amostrais e determinada distribuição teórica específica, que neste caso, a distribuição normal. Para os dados deste estudo algumas medidas quantitativas não tiveram esta condição garantida, por este motivo, os testes aplicados neste estudo 80 foram testes nãoparamétricos. Para a comparação das variáveis qualitativas entre os grupos foi utilizado o teste Qui-quadrado. Este teste verifica se existe uma relação de dependência entre duas variáveis qualitativas através dos resultados de uma tabela cruzada. Em alguns casos a amostra foi considerada insuficiente para a aplicação do teste Quiquadrado, nestes casos utilizou-se o teste Exato de Fisher. Este teste nãoparamétrico apropriado para os casos em que o tamanho das amostras a serem comparada é pequeno. Seu objetivo é verificar se existe associação significativa entre duas variáveis qualitativas (SIEGEL, 1975). Foi utilizado, ainda, o teste de Análise de variância, seguido do teste de Comparações Múltiplas de Tukey. O teste de Análise de variância (ANOVA) possibilita a verificação de existência de uma diferença significativa entre as médias, bem como a investigação acerca da influência exercida pelos fatores sobre alguma variável dependente. O teste de Tukey, por sua vez, permite estabelecer comparações múltiplas entre as médias, o que possibilita a verificação de qual e/ou quais grupos diferiram entre si. Para a avaliação entre duas variáveis ordinais (ou uma ordinal e outra numérica) ou quando os dados não numéricos não apresentaram distribuição normal, foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Spearman. Para a comparação entre os grupos das variáveis quantitativas ou ainda ordinais (graus) foram utilizados os testes nãoparamétricos. Kruskal-Wallis, uma comparação entre os três grupos de estudo (este teste serviu para testar a hipótese de que vários grupos têm a mesma distribuição, ou são significativamente distintos, a variável a ser testada deve ser medida, pelo menos, em uma escala ordinal): a) Mann-Whitney: Comparação entre dois grupos: Zumbido e Zumbido sem perda auditiva. Para o processamento e análise destes dados foi utilizado o software estatístico SPSS, versão 10.0 81 5 RESULTADOS 5.1 DADOS DEMOGRÁFICOS Tabela 1 - Distribuição de freqüências do gênero por grupo e no geral Grupo Sexo Masculino Feminino Total Controle 11 15,7% 59 84,3% 70 100% Zumbido com perda auditiva 17 30,9% 38 69,1% 55 100% Zumbido sem perda auditiva 8 36,4% 14 63,6% 22 100% Total 36 24,5% 111 75,5% 147 100% Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Verifica-se através dos resultados do teste Qui-quadrado que não existe associação significativa entre gênero e grupo (p=0,06). Tabela 2 - Distribuição de freqüências do nível educacional por grupo e no geral Grupo Nível de ensino Controle Zumbido Até o Ensino Básico (Primário) 24,3% 36,4% Zumbido s/ perda auditiva 31,8% Ensino Fundamental (Ginásio) 27,1% 32,7% 31,8% Ensino Médio (Científico) 4,3% 7,3% 9,1% Ensino Superior ou Pós Grad. 44,3% 23,6% 27,3% 100% 100% 100% Total p 0,286 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Através dos resultados do Teste Exato de Fisher verifica-se que não existe associação significativa entre o nível educacional e os grupos estudados. 82 Tabela 3 - Estatísticas descritivas da idade entre os grupos e no geral Grupo Nº casos Média Desvio-padrão p 70 55,44A 10,07 0,000 Zumbido com perda auditiva 55 61,55 B 12,72 Zumbido sem perda auditiva 22 48,82A 15,92 Geral 147 56,73 12,78 Idade Controle Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Através dos resultados do teste análise de variância e do teste de comparações múltiplas de Tukey verifica-se que apenas a variável Idade apresenta diferença significativa quando comparada entre os grupos. Para esta variável observa-se que os pacientes do grupo zumbido com perda auditiva apresentam idade superior aos outros grupos (p=0,000). Tabela 4 - Estatísticas descritivas da renda entre os grupos e no geral Nº casos R$ R$ p Controle 60 12058,33 15298,36 0,872 Zumbido com perda auditiva 53 13278,11 8866,48 Zumbido sem perda auditiva 20 12300,00 12052,95 Geral 133 12580,75 12522,77 Renda familiar anual Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Através dos resultados do teste análise de variância e do teste de comparações múltiplas de Tukey verifica-se que a variável renda não apresenta diferença significativa quando comparada entre os grupos. 83 5.2 CARACTERÍSTICAS SINTOMATOLÓGICAS AUTO-RELATADAS PELOS PACIENTES Tabela 5 - Percentuais de presença das características por grupo Grupo Características p Zumbido com Zumbido sem Controle perda auditiva perda auditiva Estalido (click) 7,1% 45,5% 63,6% 0,0004 Ranger/esfregar 4,3% 34,6% 52,4% 0,0004 Apertamento/ranger noturno 14,3% 30,9% 52,4% 0,0014 Apertamento/ranger diurno 14,3% 27,3% 38,1% 0,0404 Mordida desconfortável/não habitual 12,9% 32,7% 27,3% 0,0294 Rigidez pela manhã 5,7% 32,7% 18,2% 0,0004 3 Teste Exato de Fisher Teste Qui-quadrado NS - Não significativo 4 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Em relação às características sintomatológicas, observou-se que todas apresentaram diferenças significativas quando em seus percentuais quando comparados os resultados dos grupos de pesquisa. As características estalido, ranger/esfregar estão significativamente associadas aos grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva. Já as características apertamento/ranger noturno e diurno são significativamente associadas ao grupo zumbido sem perda auditiva. Por fim, observou-se uma associação significativa das características mordida desconfortável não habitual e rigidez pela manhã com o grupo zumbido com perda auditiva. 84 5.3 DIAGNÓSTICO DAS DTMs CONFORME OS CRITÉRIOS DO EIXO I Tabela 6 - Diagnóstico Diagnóstico Controle (n=70) Grupo Zumbido Zumbido com perda sem perda auditiva auditiva (n=55) (n=22) Grupo I - Disfunções Musculares Dor Miofascial ,0% 45,5% Dor Miofascial sem limitação de abertura ,0% 12,7% Sem Diagnóstico 100,0% 41,8% Grupo II - Deslocamento de Disco: Articulação Direita Deslocamento do disco com redução 2,9% 34,5% Deslocamento do disco sem redução, sem ,0% ,0% limitação de abertura Deslocamento do disco sem redução, com ,0% ,0% limitação de abertura Sem diagnóstico 97,1% 65,5% Grupo II - Deslocamento de Disco: Articulação Esquerda Deslocamento do disco com redução 2,9% 30,9% Deslocamento do disco sem redução, com ,0% 1,8% limitação de abertura Deslocamento do disco sem redução, com ,0% ,0% limitação de abertura Sem diagnóstico 97,1% 67,3% Grupo III - Outras condições Articulares: Articulação Direita Artralgia ,0% 18,2% Osteoartrite da ATM ,0% 3,6% Osteoartrose da ATM ,0% 7,3% Sem diagnóstico 100,0% 70,9% Grupo III - Outras condições Articulares: Articulação Esquerda Artralgia 1,4% 16,4% Osteoartrite da ATM ,0% 9,1% Osteoartrose da ATM ,0% 3,6% Sem diagnóstico 98,6% 70,9% 3 Teste Exato de Fisher 4 Teste Qui-quadrado NS - Não significativo p 22,7% 9,1% 68,2% 0,0003 31,8% 0,0003 4,5% ,0% 63,6% 27,3% 0,0003 ,0% ,0% 72,7% 22,7% 4,5% ,0% 72,7% 0,0003 13,6% 4,5% ,0% 81,8% 0,0003 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Em relação ao diagnóstico observa-se que todas as variáveis estudadas apresentaram resultados significativos onde: 85 Grupo I - Disfunções musculares: o grupo-controle está associado ao item sem diagnóstico e o grupo zumbido com perda auditiva está significativamente associado ao item dor miofascial; Grupo II - Deslocamento de disco, articulação direita: o grupo-controle está associado ao item sem diagnóstico e os grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva estão significativamente associados ao item Deslocamento do disco com redução; Grupo II - Deslocamento de disco, articulação esquerda: o grupo-controle está associado ao item sem diagnóstico e o grupo zumbido com perda auditiva está significativamente associado ao item deslocamento do disco com redução; Grupo III - Outras condições articulares, articulação direita: o grupo-controle está associado ao item sem diagnóstico e os grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva estão significativamente associados ao item artralgia. Observa-se também que o grupo zumbido com perda auditiva está significativamente associado à presença de Osteoartrose da ATM; Grupo III - Outras condições articulares, articulação esquerda: o grupocontrole está associado ao item sem diagnóstico e o grupo zumbido com perda auditiva está significativamente associado ao item Artralgia e Osteoartrite da ATM. 86 5.4 DIAGNÓSTICO DAS DTMS REALIZADO CONFORME OS CRITÉRIOS DO EIXO II Tabela 7 - RDC/TMD: Eixo II Grupo Perfil Zumbido com Controle perda auditiva Nível da situação da dor crônica - categorias Zumbido sem perda auditiva p 54,5% 18,2% 13,6% 9,1% 4,5% 0,0003 Média (Desvio-padrão) 0,03 (0,17)A 1,18 (1,20)B 0,91 (1,23)B Depressão - Categorias Normal 47,3% 40,9% 62,9% Moderada 24,3% 20,0% 31,8% Severa 12,9% 32,7% 27,3% Depressão - Escore Média (Desvio-padrão) 0,52 (0,45)A 0,89 (0,79)B 0,79 (0,56)B Sintomas físicos não específicos incluíndo dor - Categorias Normal 61,4% 34,5% 40,9% Moderado 31,4% 23,6% 40,9% Severo 7,1% 41,8% 18,2% 0,0001 Sem dor Severidade baixa Severidade moderada Severidade alta Altíssima severidade 97,1% 2,9% ,0% ,0% ,0% 40,0% 20,0% 23,6% 12,7% 3,6% Nível da situação da dor crônica - Escore 0,0654(NS) 0,0141 0,0004 Sintomas físicos não específicos incluindo dor - Escore Média (Desvio-padrão) 0,96 (0,68)B 0,76 (0,64)B 0,40 (0,41)A Sintomas físicos não específicos excluíndo dor - categorias Normal 61,4% 56,4% 45,5% Moderado 27,1% 16,4% 45,5% Severo 11,4% 27,3% 9,1% 0,0001 0,0214 Sintomas físicos não específicos excluindo dor - Escore Média (Desvio-padrão) 0,37 (0,36)A 0,69 (0,67)B 0,55 (0,46)AB 0,0161 Limitações relacionadas ao Funcionamento Mandibular Média (Desvio-padrão) 0,08 (0,18) 0,22 (0,95) Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si 1 Teste não paramétrico Kruskal-Wallis 3 Teste Exato de Fisher 4 Teste Qui-quadrado NS - Não significativo Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). 0,09 (0,19) 0,6061 (NS) 87 Em relação ao perfil - Eixo II observa-se que: a) em relação ao nível de dor crônica no que se refere às categorias o grupocontrole está associado ao item sem dor e o grupo zumbido com perda auditiva está significativamente associado às categorias de dor severidade baixa, moderada e alta (o grupo zumbido sem perda auditiva não está associado significativamente a nenhuma das categorias de dor crônica). Já ao compararmos os graus de dor crônica podemos observar que os grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva (que não diferiram entre si) apresentam escores de dor crônica significativamente superiores ao grupo-controle; b) em relação à depressão expressa em categorias não foi observada relação significativa quando comparados os grupos, já ao comparar os escores (valores) obtidos verifica-se que existe diferença significativa entre os grupos onde os grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva (que não diferiram entre si) apresentam escores de depressão significativamente superiores ao grupo-controle; c) para a variável sintomas físicos não específicos incluindo dor - categorias observou-se que o grupo-controle está significativamente associado à categoria normal e o grupo zumbido com perda auditiva à categoria severo (para o grupo zumbido sem perda auditiva não foram observados resultados significativos); já ao comparar os escores (valores) obtidos verifica-se que existe diferença significativa entre os grupos, onde os grupos zumbido com perda auditiva e Zumbido sem perda auditiva (que não diferiram entre si) apresentam escores de sintomas físicos não específicos incluindo dor significativamente superiores ao grupo-controle; d) para a variável sintomas físicos não específicos excluindo dor - categorias observou-se que o grupo zumbido com perda auditiva está significativamente associado à categoria severo e o grupo zumbido sem perda auditiva à categoria normal (para o grupo-controle não foram observados resultados significativos); já ao comparar os escores (valores) obtidos verifica-se que existe diferença significativa entre os grupos, onde o grupo zumbido com perda auditiva apresenta escores de sintomas físicos não específicos - excluindo dor significativamente superiores ao 88 grupo-controle; Para o grupo zumbido sem perda auditiva não foram observadas diferenças significativas; e) para a variável limitações relacionadas ao funcionamento mandibular não foram observadas diferenças significativas entre os grupos comparados. 89 5.5 CARACTERÍSTICAS OCLUSAIS Tabela 8 - Características oclusais Grupo Zumbido com perda auditiva Perfil Controle Zumbido sem perda auditiva p Classificaçao de Angle Classe I 84,3% Classe II 8,6% 1,8% ,0% Classe III 7,1% 16,4% 9,1% 81,8% 90,9% 3 0,199 (NS) Número de dentes anteriores Média (Desvio-padrão) A 6,42 (4,93) B 9,64 (2,80) A 0,017 AB 6,58 (6,02) A 10,27 (5,38) B 0,026 0,001 8,54 (4,40) 1 Número de dentes posteriores Média (Desvio-padrão) 8,43 (5,70) 1 Guia de desoclusão em lateral Direita Canina 74,3% 34,0% 45,5% Anterior 11,4% 35,8% 27,3% Anterior/posterior 8,6% 15,1% 13,6% Posterior 5,7% 15,1% 13,6% Canina 74,3% 28,3% 54,5% Anterior 4 Guia de desoclusão em lateral Esquerda 11,4% 41,5% 22,7% Anterior/posterior 8,6% 11,3% 22,7% Posterior 5,7% 18,9% ,0% Canina 1,4% 5,7% ,0% Anterior 87,1% 62,3% 86,4% Posterior 5,7% 20,8% 9,1% Anterior/posterior 5,7% 11,3% 4,5% 4 0,001 Protusão 3 0,043 Delize em Cêntrica Média (Desvio-padrão) 0,00 (0,00) A 0,45 (1,26) B 0,27 (0,70) B 1 0,005 Utiliza prótese? Sim 45,7% 57,4% 45,5% Não 54,3% 42,6% 54,5% Prótese total 67,7% 62,1% 70,0% Prótese parcial removível 32,3% 37,9% 30,0% Prótese total 40,0% 48,1% 22,2% Prótese parcial removível 60,0% 48,1% 77,8% ,0% 3,7% ,0% 4 0,442 (NS) Tipo de prótese (arco superior) 0,8384 (NS) Tipo de prótese (arco inferior) Não utiliza prótese Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si 1 Teste não paramétrico Kruskal-Wallis 3 Teste Exato de Fisher 4 Teste Qui-quadrado NS - Não significativo Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). 0,4403 (NS) 90 Para as variáveis Classificação de Angle, uso de prótese e tipo de prótese não foram observadas diferenças significativas entre os grupos; Em relação ao número de dentes anteriores e posteriores observou-se diferença significativa onde no número de dentes anteriores o grupo zumbido com perda auditiva apresentou valores significativamente inferiores aos grupos-controle e zumbido sem perda auditiva e no número de dentes posteriores o grupo zumbido com perda auditiva apresentou valor significativamente inferior ao grupo Zumbido sem perda auditiva (o grupo-controle apresentou diferença significativa de nenhum dos outros grupos); Para a variável Guia de desoclusão em lateralidade direita o grupo-controle apresenta-se significativamente associado à categoria canina e o grupo zumbido com perda auditiva à categoria anterior. Para o grupo zumbido sem perda auditiva não foram observados resultados significativos; Para a variável Guia de desoclusão em lateralidade esquerda o grupocontrole apresenta-se significativamente associado à categoria canina e o grupo zumbido com perda auditiva às categorias Anterior e Posterior. Para o grupo zumbido sem perda auditiva não foram observados resultados significativos; Para a variável protusão o grupo-controle apresenta-se significativamente associado à categoria anterior e o grupo zumbido com perda auditiva à categoria Posterior. Para o grupo zumbido sem perda auditiva não foram observados resultados significativos; Em relação à variável Deslize em cêntrica observou-se diferença significativa entre os grupos onde o grupo-controle apresenta valores significativamente inferiores aos grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva (que não diferem entre si). 91 (Continuação) da Tabela 8 - Características Oclusais Perfil Controle Classificação de Kennedy - arco superior Classe I 40,0% Classe III Classe IV Grupo Zumbido com perda auditiva Zumbido sem perda auditiva p 0,0903 (NS) 72,7% ,0% 10,0% ,0% 33,3% 50,0% 27,3% 66,7% Classe I 94,4% 92,3% 85,7% Classe III 5,6% ,0% 14,3% Classe IV ,0% 7,7% ,0% 18,88 (6,14) Qual o tempo de uso das próteses atuais 20,84 (7,88) 19,90 (7,78) 0,479 (NS) 4,31 (2,68)A 8,68 (6,97)B 7,50 (4,40)B 0,0041 95,7% 45,5% 81,0% 4,3% 54,5% 19,0% Classificação de Kennedy - arco inferior 0,4723 (NS) Há quanto tempo usa prótese Média (Desvio-padrão) Média (Desvio-padrão) 1 Dimensão vertical Normal Reduzida 4 0,000 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si 1 Teste não paramétrico Kruskal-Wallis 3 Teste Exato de Fisher 4 Teste Qui-quadrado NS - Não significativo Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Para as variáveis Classificação de Kennedy (arco inferior e superior), e tempo de uso de prótese não foram observadas diferenças significativas entre os grupos; Em relação à variável tempo de uso da prótese atual verificou-se diferença significativa entre os grupos onde os grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva apresentam valores significativamente superiores ao grupocontrole; Para a variável dimensão vertical observa-se que o grupo controle está significativamente associado à categoria normal e o grupo zumbido com perda auditiva à categoria reduzida. O grupo zumbido sem perda auditiva não apresentou resultados significativos. 92 5.6 CARACTERÍSTICAS DO ZUMBIDO Tabela 9 - Características do zumbido Zumbido Tempo de Zumbido Média (Desvio-padrão) Zumbido com perda auditiva Grupo Zumbido sem perda auditiva p 4,54 (2,23) 4,45 (3,87) 0,3612 (NS) 18,5% 22,7% 0,6603 (NS) 25,9% 46,3% 9,3% 13,6% 50,0% 13,6% 16,7% 22,7% Orelha esquerda 31,5% Igual 14,8% NA 37,0% Gravidade do Zumbido Média (Desvio-padrão) 7,77 (2,25)A Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si 2 MW - Teste não paramétrico Mann-Whitney 3 Teste Exato de Fisher NS - Não significativo 13,6% 36,4% 27,3% Local do zumbido Orelha direita Orelha esquerda Orelhas direita e esquerda Cabeça Lado pior Orelha direita 6,64 (2,01)B 0,1143 (NS) 0,0232 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Para as variáveis relacionadas ao zumbido. Observa-se que a única que apresentou diferença significativa entre os grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva foi a variável gravidade do zumbido onde se verificou valores significativamente superiores para o grupo zumbido com perda auditiva. 93 Tabela 10 - Comparação do lado do zumbido com o diagnóstico Eixo I - Grupo zumbido sem perda auditiva Grupo Zumbido sem perda auditiva Diagnóstico Grupo II - AD Deslocamento do disco c/ redução Deslocamento do disco s/ redução, s/ limitação de abertura Sem diagnóstico Grupo II - AE Deslocamento do disco c/ redução Sem diagnóstico Grupo III - AD Artralgia Osteoartrite da ATM Sem diagnóstico Grupo III - AE Artralgia Osteoartrite da ATM Sem diagnóstico Orelha direita Local do Zumbido Orelha Orelhas direita e esquerda esquerda Cabeça p 20,0% 33,3% - 36,4% - 66,7% - 80,0% 66,7% 63,6% 33,3% 40,0% 60,0% 33,3% 66,7% 27,3% 72,7% 0,900 100,0% 20,0% 80,0% 33,3% 66,7% 27,3% 9,1% 63,6% 0,950 100,0% 100,0% 100,0% 27,3% 9,1% 63,6% 0,701 100,0% 0,350 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Através dos resultados do teste Exato de Fisher verifica-se que não existe associação significativa entre o diagnóstico e o lado do zumbido. 94 Tabela 11 - Correlação entre a gravidade do zumbido e o nível de dor muscular/articular - Grupo zumbido sem perda auditiva Grupo Zumbido sem perda auditiva Músculo/Articulação RS P Temporal posterior direito 0,447 0,037 Temporal posterior esquerdo 0,664 0,001 Temporal médio direito 0,158 0,482 Temporal médio esquerdo 0,253 0,257 Temporal anterior direito 0,115 0,610 Temporal anterior esquerdo 0,099 0,663 Masseter superior direito -0,134 0,552 Masseter superior esquerdo 0,305 0,167 Masseter médio direito -0,188 0,402 Masseter médio esquerdo 0,031 0,892 Masseter inferior direito -0,006 0,979 Masseter inferior esquerdo 0,096 0,671 ATM - Polo lateral direito 0,146 0,517 ATM - Polo lateral esquerdo 0,365 0,095 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Através dos resultados da análise de correlação de Spearman verifica-se que existe correlação significativa entre a gravidade do zumbido e o nível de dor muscular/articular apenas para as musculaturas/articulações: Temporal posterior direito e temporal posterior esquerdo. Para estas, observa-se uma correlação positiva direta, ou seja, quanto maior o nível de musculaturas/articulações, maior tende a ser a gravidade do zumbido. dor nestas 95 Tabela 12 - Relação do lado pior do zumbido com a presença de dor muscular/articular - Grupo zumbido sem perda auditiva Grupo Zumbido sem perda auditiva Lado pior Temporal posterior direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal posterior esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal médio direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal médio esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal anterior direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal anterior esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter superior direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter superior esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA (continua) Dor p Ausência Presença 20,0% 13,3% 40,0% 26,7% 28,6% 14,3% 28,6% 28,6% 0,953 13,3% 13,3% 40,0% 33,3% 42,9% 14,3% 28,6% 14,3% 0,524 20,0% 20,0% 40,0% 20,0% 25,0% 8,3% 33,3% 33,3% 0,831 0,166 12,5% 62,5% 25,0% 35,7% 14,3% 21,4% 28,6% 10,0% 20,0% 40,0% 30,0% 33,3% 8,3% 33,3% 25,0% 0,617 12,5% 12,5% 50,0% 25,0% 28,6% 14,3% 28,6% 28,6% 0,816 30,0% 20,0% 30,0% 20,0% 16,7% 8,3% 41,7% 33,3% 0,734 18,2% 18,2% 27,3% 36,4% 27,3% 9,1% 45,5% 18,2% 0,696 96 Grupo Zumbido sem perda auditiva Lado pior Masseter médio direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter médio esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter inferior direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter inferior esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA ATM - Polo lateral direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA ATM - Polo lateral esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Dor p Ausência Presença 33,3% 22,2% 22,2% 22,2% 15,4% 7,7% 46,2% 30,8% 0,564 25,0% 12,5% 37,5% 25,0% 21,4% 14,3% 35,7% 28,6% 0,995 28,6% 14,3% 28,6% 28,6% 12,5% 12,5% 50,0% 25,0% 0,816 30,8% 15,4% 23,1% 30,8% 11,1% 11,1% 55,6% 22,2% 0,564 30,8% 15,4% 23,1% 30,8% 11,1% 11,1% 55,6% 22,2% 0,935 18,2% 9,1% 36,4% 36,4% 27,3% 18,2% 36,4% 18,2% 0,786 Fonte: Elaboradoo pelo Autor (2008). Através dos resultados do teste Exato de Fisher verifica-se que não existe associação significativa entre a presença de dor nos músculos/articulações e o lado pior da dor. 97 Tabela 13 - Comparação do lado do zumbido com o diagnóstico Eixo I - Grupo zumbido com qualquer grau de perda auditiva Grupo Zumbido com perda auditiva Diagnóstico Grupo II - AD Deslocamento do disco c/ redução Sem diagnóstico Grupo II - AE Deslocamento do disco c/ redução Deslocamento do disco s/ redução, c/ limitação de abertura Sem diagnóstico Grupo III - AD Artralgia Osteoartrite da ATM Osteoartrose da ATM Sem diagnóstico Grupo III - AE Artralgia Osteoartrite da ATM Osteoartrose da ATM Sem diagnóstico Orelha direita Local do zumbido Orelha Orelhas direita e esquerda esquerda Cabeça p 30,0 70,0 35,7 64,3 36,0 64,0 40,0 60,0 0,999 30,0 28,6 40,0 0,0 0,569 0,0 70,0 0,0 71,4 4,0 56,0 0,0 100,0 30,0 0,0 0,0 70,0 7,1 7,1 7,1 78,6 16,0 4,0 12,0 68,0 40,0 0,0 0,0 60,0 0,754 30,0 10,0 60,0 7,1 7,1 85,7 16,0 12,0 8,0 64,0 20,0 0,865 80,0 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Através dos resultados do teste Exato de Fisher verifica-se que não existe associação significativa entre o diagnóstico e o lado do zumbido. 98 Tabela 14 - Correlação entre a gravidade do zumbido e o nível de dor muscular/articular - Grupo zumbido com qualquer grau de perda auditiva Grupo Zumbido com perda auditiva Músculo/Articulação RS p Temporal posterior direito 0,137 0,328 Temporal posterior esquerdo 0,043 0,760 Temporal médio direito -0,011 0,935 Temporal médio esquerdo 0,008 0,954 Temporal anterior direito -0,025 0,862 Temporal anterior esquerdo 0,105 0,456 Masseter superior direito 0,036 0,797 Masseter superior esquerdo 0,086 0,538 Masseter médio direito 0,098 0,486 Masseter médio esquerdo 0,110 0,433 Masseter inferior direito 0,096 0,496 Masseter inferior esquerdo 0,006 0,965 ATM - Polo lateral direito 0,113 0,421 ATM - Polo lateral esquerdo 0,197 0,158 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Através dos resultados da análise de correlação de Spearman verifica-se que não existe correlação significativa entre a gravidade do zumbido e o nível de dor muscular/articular para nenhuma das musculaturas/articulações. 99 Tabela 15 - Relação do lado pior do zumbido com a presença de dor muscular/articular - Grupo zumbido com qualquer grau de perda auditiva Grupo Zumbido com perda auditiva Lado pior Temporal posterior direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal posterior esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal médio direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal médio esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal anterior direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Temporal anterior esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter superior direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter superior esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA (Continua) Dor p Ausência Presença 20,5 30,8 10,3 38,5 6,7 33,3 26,7 33,3 0,381 19,4 27,8 11,1 41,7 11,1 38,9 22,2 27,8 0,495 17,9 35,7 14,3 32,1 15,4 26,9 15,4 42,3 0,890 19,0 28,6 14,3 38,1 15,2 33,3 15,2 36,4 0,978 23,1 30,8 19,2 26,9 10,7 32,1 10,7 46,4 0,367 17,4 26,1 17,4 39,1 16,1 35,5 12,9 35,5 0,904 20,0 20,0 15,0 45,0 14,7 38,2 14,7 32,4 0,581 16,7 33,3 11,1 38,9 16,7 30,6 16,7 36,1 0,999 100 Grupo Zumbido com perda auditiva Lado pior Masseter médio direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter médio esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter inferior direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Masseter inferior esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA ATM - Pólo lateral direito Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA ATM - Pólo lateral esquerdo Orelha Direita Orelha Esquerda Igual NA Dor p Ausência Presença 19,2 30,8 11,5 38,5 14,3 32,1 17,9 35,7 0,941 17,4 39,1 8,7 34,8 16,1 25,8 19,4 38,7 0,653 20,0 28,6 17,1 34,3 10,5 36,8 10,5 42,1 0,748 19,4 27,8 16,7 36,1 11,1 38,9 11,1 38,9 0,788 11,5 30,8 15,4 42,3 21,4 32,1 14,3 32,1 0,787 18,2 22,7 27,3 31,8 15,6 37,5 6,3 40,6 0,173 Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Através dos resultados do teste Exato de Fisher verifica-se que não existe associação significativa entre a presença de dor nos músculos/articulações e o lado pior da dor. 101 Paciente Lado do Zumbido 1 2 3 Direito Esquerdo Direito 4 5 6 Esquerdo Direito Direito Diagnóstico articulação Direita Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco s/ Redução s/ limitação de abertura Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 7 8 Direito Esquerda Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Diagnóstico articulação Esquerda Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Quadro 4 - Diagnóstico de Deslocamento de disco X lado zumbido (unilateral) em pacientes sem perda auditiva Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Diagnóstico articulação Direita Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Diagnóstico articulação Esquerda Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Paciente Lado do Zumbido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Quadro 5 - Diagnóstico X lado zumbido (bilateral) em pacientes sem perda auditiva Fonte Elaborado pelo Autor (2008). Paciente Lado do Zumbido 1 2 3 Cabeça Cabeça Cabeça Diagnóstico articulação Direita Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução Diagnóstico articulação Esquerda Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Quadro 6 - Diagnóstico X lado zumbido (cabeça) em pacientes sem perda auditiva Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). 102 Direito Diagnóstico articulação Direita Desl. de Disco c/ Redução Diagnóstico articulação Esquerda Desl. de Disco c/ Redução 2 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 3 Direito Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 4 Direito Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução 5 Direito Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 6 Esquerdo Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico 7 Direito Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 8 Esquerdo Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução 9 Direito Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 10 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 11 Esquerdo Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução 12 Esquerdo Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução 13 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 14 Esquerdo Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução 15 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 16 Direito Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico 17 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 18 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 19 Direito Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 20 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 21 Direito Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução 22 Direito Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 23 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico 24 Esquerdo Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Paciente Lado do Zumbido 1 Quadro 7 - Diagnóstico de deslocamento de disco X lado zumbido (unilateral) em pacientes com perda auditiva Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). 103 Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Diagnóstico articulação Direita Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Diagnóstico articulação Esquerda Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Bilateral Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Desl. de Disco c/ Redução s/ limitação de abertura Paciente Lado do Zumbido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Quadro 8 - Diagnóstico X lado zumbido (bilateral) em pacientes com perda auditiva Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). Paciente Lado do Zumbido 1 2 3 4 5 Cabeça Cabeça Cabeça Cabeça Cabeça Diagnóstico articulação Direita Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ redução Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Desl. de Disco c/ Redução Diagnóstico articulação Esquerda Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Sem Diagnóstico Quadro 9 - Diagnóstico X lado zumbido (cabeça) em pacientes com perda auditiva Fonte: Elaborado pelo Autor (2008). 104 6 DISCUSSÃO O zumbido é uma sensação sonora endógena sem correspondente no meio ambiente, que afeta cerca de 15% da população norte-americana. No Brasil, ainda não dispomos de dados estatísticos definitivos, mas a extrapolação da incidência americana sugere a existência de cerca de 25 milhões de brasileiros com zumbido. É um sintoma que pode ser causado por inúmeras afecções otológicas, metabólicas, neurológicas, cardiovasculares, farmacológicas, odontológicas e psicológicas que, por sua vez, podem estar presentes de modo isolado concomitantemente no mesmo indivíduo. A presença do zumbido pode ser um fator de grande repercussão negativa na vida do indivíduo, dificultando o sono e a concentração nas atividades diárias e profissionais, assim como a vida social. Muitas vezes altera o equilíbrio emocional do paciente, desencadeando ou agravando estados de ansiedade e depressão. Apesar de toda esta repercussão e dos recentes avanços na literatura, a fisiopatologia do zumbido ainda não foi completamente elucidada, o que compromete o avanço do seu tratamento. A associação entre o zumbido e a perda auditiva já foi bem descrita. Segundo a literatura, 85% a 96% dos pacientes com zumbido apresentam algum grau de perda auditiva (COSTA et al., 2006). Alguns autores consideram que o zumbido é o resultado de mecanismos compensatórios para minimizar a disfunção da via auditiva periférica, ou seja, que é uma conseqüência da existência da perda auditiva. Apenas 8 a 10% dos pacientes com zumbido apresentam audiometria normal e não podem ser explicados pela mesma teoria. Nestes indivíduos, a presença isolada do zumbido sugere que o ele pode ser o primeiro sintoma de doenças que são geralmente diagnosticadas pela presença de perda auditiva. Portanto, apesar de raros, esses pacientes constituem uma amostra muito interessante, pois seus dados podem ser atribuídos exclusivamente ao zumbido, e não à perda auditiva que acompanha a maioria dos casos (COSTA et al., 2006). O zumbido como sintoma otológico, deve ser primariamente associado a alguma patologia otológica. Sua etiologia é vasta, sendo desconhecida em vários casos. A inclusão da DTM como possível fator etiológico do zumbido quando nenhuma outra condição patológica é diagnosticada, no entanto, deve ser criteriosa. Dessa forma, a utilização de exames do sistema vestibulococlear nos trabalhos que relacionam as duas condições torna-se uma prática favorável para o diagnóstico diferencial. 105 Na presente pesquisa todos os pacientes do grupo de zumbido passaram por uma criteriosa avaliação otorrinolaringológica que incluiu uma anamnese, na qual, investiga - se o histórico do zumbido, buscando aspectos específicos para o diagnóstico etiológico e avaliando também o impacto do zumbido na vida do paciente. Também realizou-se uma avaliação audiológica básica do zumbido que incluiu audiometria tonal limiar, audiometria de altas freqüências (acima de 10.000 Hz), logoaudiometria, incluindo o limiar de recepção de fala e o índice percentual de reconhecimento de fala, realizado na intensidade de maior conforto, medidas de imitância acústica, que abrange a timpanometria e a medida do reflexo acústico do músculo estapédico. Além disso, foi realizada avaliação psicoacústica do zumbido que incluiu medida da sensação de freqüência do zumbido, medida da sensação de intensidade do zumbido, nível mínimo de mascaramento, nível de desconforto. O exame clínico incluiu medida de pressão arterial, ausculta cardíaca e de carótidas e manobras de movimentação da cabeça. A solicitação de exames complementares dependeu dos dados das etapas anteriores e incluiu exames laboratoriais: hemograma, colesterol total e frações, triglicérides, TSH, T4 livre, glicemia de jejum ou curvas glicêmica e insulinêmica na suspeita de disfunção do metabolismo do açúcar, reações sorológicas para sífilis, provas autoimunes, vectoeletronistagmografia: para avaliação do aparelho vestibular, eletrococleografia: na suspeita de hidropsia, potencial auditivo de tronco encefálico: suspeita de doença retrococlear, emissões otoacústicas: avaliação da função de células ciliadas externas, doppler de carótidas e vertebrais, na insuficiência vértebro basilar, tomografia computadorizada para verificar a existência de otites, otosclerose e malformações de orelha interna, ressonância nuclear magnética com o fito de investigar a presença de tumores, neurites, doenças do sistema nervoso central, como AVC e esclerose múltipla, e angiorressonância para avaliar a presença de tumores vasculares. Em alguns trabalhos citados na literatura não foi realizado nenhum tipo de exame otológico (Kelly & Goodfriend, 1964; Myrhaug, 1964; Curtis, 1980; Fricton et al., 1985; Bush,1987; Rubinstein & Carlsson, 1987; Rubinstein et al., 1990; Hodges, 1990; Cooper, 1992; Ciancaglini et al., 1994; Parker & Chole, 1995; Ren & Isberg, 1995; Wright & Gullickson, 1996; Steigerwald et al., 1996; Wright & Bifano, 1997; Kuttila et al., 1999; Tanaka et al., 2000; Lam et al., 2001). Outros autores, por sua vez, citaram a ausência de origem otológica para o zumbido, sem especificar os 106 critérios diagnósticos utilizados, tampouco os exames realizados (Gelb et al., 1967; Zarb & Thompson, 1970; Williamson, 1990; Morgan, 1992). Nos trabalhos que especificaram os exames audiológicos, os mais comuns foram audiometria, imitanciometria (Costen, 1934; Bernstein et al., 1969; Brookes et al., 1980; Koskinen et al., 1980; Ioannides & Hoogland, 1983; Vieira et al., 1992; Vernon et al., 1992; Ogutcen-Toller Juniper, 1993; Giordani, Nóbilo, 1995; Felício et al., 1999; Britto et al., 2000; Penkner et al., 2000; Wright et al., 2000). As funções vestibulares também foram pesquisadas em exames otoneurológicos (Koskinen et al. 1980; Vieira et al. 1992; Wright et al. 2000). A avaliação do zumbido é bastante variável. Além do fato de as pesquisas seguirem protocolos diferentes, conforme seus objetivos e dependerem da queixa que o paciente apresenta os dados procedentes de populações específicas, geralmente compostas de um número pequeno de sujeitos, com resultados objetivos, trazem detalhes de controle e de profundidade. Por outro lado, os dados procedentes de populações gerais, que contam com um número maior de sujeitos, se diferenciam qualitativamente quanto ao tipo de informação, uma vez que são mais subjetivos e apontam variáveis na população, aspectos sócio-demográficos e influências ambientais. O instrumento mais utilizado para detectar o zumbido foi o uso de questionários ou somente a anamnese, o que evidencia o caráter subjetivo do sintoma. Alguns autores utilizaram questionários padronizados, como o Tinnitus Handicap Questionaire (WRIGHT et al., 2000), mas a maior parte das pesquisas utilizou questionários próprios. O uso de questionário tem algumas limitações, entretanto esse pode ser utilizado se as características do grupo de estudo forem similares às do grupo para o qual o questionário foi originalmente designado. Diferentes respostas para o desenvolvimento do questionário a partir de pessoas com aspectos culturais diferentes podem ocasionar problemas de interpretação devido ao vocabulário, preferencialmente, do que às variáveis que estão sendo investigadas. A seqüência das questões e o desenho geral, também devem ser examinados, bem como, o tempo necessário para se completá-los. É importante ressaltar que a comparação dos resultados deste estudo com os encontrados em outros trabalhos torna-se difícil devido ao fato de existir, na maioria das vezes, grande variação nas metodologias utilizadas. Muitos meios de diagnósticos têm sido propostos na literatura, para uso em pacientes com DTM, 107 entretanto a falta de padronização de critérios para avaliação dos aspectos relacionados a essas patologias e os métodos pelos quais se determina com que precisão o procedimento de diagnóstico identifica a presença (sensibilidade) ou a ausência (especificidade) de uma condição leva a resultados muitas vezes discrepantes, isto devido ao fato de que para muitas DTMs, a exata fisiopatologia não é bem conhecida (Brookes et al.,1980). A soma de anamnese e achados de exame físico, associada, em alguns casos, a imagens da ATM, constituiu o padrão de critério diagnóstico de DTM na maioria dos trabalhos (Costen,1934; Kelly e Goodfriend,1964; Myrhaug,1964; Gelg et al., 1967; Zarb e Thompson,1970; Brookes et al.,1980; Bush,1987; Hodges, 1990; Chole & Parker, 1992; Cooper, 1993; Giordani & Nóbilo, 1995; Parker e Chole, 1995; Kuttila et al., 1999; Felício, 1999; Pascoal et al., 2001; Lam et al., 2001; Gutiérrez, 2001; Upton & Wijeyesakere, 2004; Shoby et al., 2004; Kutilla, 2005; Felício et al., 2006). Os critérios de Bell foram utilizados por Ogutchen -Toller e Juniper., 1993 e Britto., 2000. Ren e Isberg., 1995 utilizaram os critérios publicados em seu artigo de 1991 referentes a deslocamento de disco com e sem redução. O critério da Academia Americana de Dor Orofacial foi utilizado por Penkner et al., 2000 enquanto que Rubinstein., 1990 utilizou o índice de Helkímo. Alguns estudos selecionaram apenas pacientes com presença de dor e disfunção muscular (Bernstein et al., 1969; Koskinen et al., 1980; Morgan, Wright e Gullickson, 1996; Kuttila et al., 1999) ou presença de sinais de distúrbios internos como click na ATM (Gelb et al, 1967; Hodges, 1990; Vernon et al., 1992; Parker & Chole, 1995; Kuttila et al., 1999; Felício et al., 1999). Quatro estudos utilizaram apenas pacientes com DTM de origem artrogênica (Ioannides & Hoogland, 1983; Ciancaglini et al.,1994), enquanto que Curtis., 1980 e Fricton et al., 1985 estudaram somente pacientes com síndrome da dor miofascial. Nesta pesquisa, assim como outros 5 estudos (Wright & Bifano.,1997; Wright et al., 2000; Lam et al., 2001; Tuz et al., 2003; Camparis et al., 2005 utilizaram um método que tem ganho bastante aceitação entre os pesquisadores o “Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders” (RDC/TMD), o qual foi proposto inicialmente na língua inglesa, sendo o questionário posteriormente traduzido por Pereira Jr et al., 2004. Tal teste tem sido considerado o mais indicado para a classificação de pacientes de DTM, de acordo com uma diferenciação diagnóstica entre patologias musculares e articulares. Além disso, a possibilidade de 108 se mensurar a participação de fatores psicológicos de maneira mais adequada representa um grande avanço, pois se sabe da grande participação dos mesmos na percepção dos sintomas. Apesar de abordar o problema de maneira mais adequada, pois considera todo o impacto dos sintomas nas atividades diárias do paciente, esse índice também esbarra em problemas metodológicos, além de não ser capaz de quantificar a severidade do problema. Como observado, ainda não há um teste ideal que seja capaz de ser rápido, objetivo e que diferencie as diversas possibilidades de manifestação das DTMs. Vinte e sete trabalhos selecionaram as amostras a partir de pacientes que apresentavam DTM (Quadro 1). Destes cinco apresentam delineamento longitudinal sem grupo controle (Curtis, 1980; Cooper, 1993; Wright e Bifano, 1997; Kuttila et al., 1999; Upton & Wijeyesakere, 2004) e 21 são do tipo transversais, sendo que oito com grupo controle (Chole & Parker, 1992; Ogutchen -Toller e Juniper, 1993; Ren & Isberg, 1995; Parker & Chole, 1995; Felício et al., 1999; Lam et al., 2001; Tuz et al., 2003; Camparis et al., 2005) e 13 sem grupo controle (Kelly & Goodfriend., 1964; Myrhaug, 1964; Gelb et al., 1967; Bernstein et al., 1969; Zarb e Thompson, 1970; Brokes et al., 1980; Fricton et al., 1985; Hodges, 1990; Ciancaglini et al., 1994; Britto et al., 2000; Pascoal et al., 2001; Upton & Wijeyesakere., 2004; Kutilla et al., 2005 . O tempo de segmento dos estudos variaram de 7 meses (Curtis., 1980) a 9 anos (Upton & Wijeyesakere., 2004). As amostras variaram de 11 a 2760 indivíduos, perfazendo um total de 12196. A literatura em quase todas as amostras relata uma alta prevalência feminina sobre os homens. Por outro lado, assim como nesta pesquisa, somente 7 publicações selecionaram as amostras a partir de pacientes que apresentavam zumbido (Quadro 2). Destes cinco apresentaram grupo-controle como neste trabalho (Vernon et al., 1992; Lam et al., 2001; Bernhardt et al., 2004; Camparis et al., 2005; Tulberg & Ernberg., 2006) e 2 sem grupo-controle (Rubinstein et al., 1990; Morgan, 1992). As amostras de pacientes com zumbido variaram de 20 a 1002 indivíduos, perfazendo um total de 1469 pacientes. Ao contrário das amostras de pacientes que apresentavam DTM (Quadro 2) houve uma predominância de homens sobre mulheres (Homens: 1270; Mulheres: 714). Felício et al., 1999 não encontraram um predomínio quanto ao gênero em pacientes com quaisquer patologias otoneurológicas, apresentando zumbido sem suspeita de DTM. 109 A amostra experimental na presente pesquisa dividiu-se em três grupos: um grupo com 22 pacientes que apresentavam zumbido sem perda auditiva (14,9%); outro grupo com 55 pacientes com zumbido e com perda auditiva (37,4%) e um grupo-controle composto por 70 pessoas sem queixas otológicas (47,6%). Neste estudo em todos os grupos houve um predomínio de pacientes do sexo feminino assim como nos estudos realizados por Bernhardt et al.,2004, Camparis et al. ,2005 e Tulberg & Ernberg., 2006. A distribuição de freqüências do sexo no geral foi de 111 mulheres (75,5%) e 36 homens (24,5%), e a faixa etária entre 16 e 84 anos, sendo que, as médias das idades de 61,5 para o grupo de zumbido com perda auditiva, 48,8 para o grupo de zumbido sem perda auditiva e 55,4 para o grupocontrole. A média de idade dos grupos de pacientes com zumbido foi e de 55,1 anos, enquanto que o grupo-controle apresentou uma média de 55,4 anos. Houve uma preocupação em tentar parear a variável idade entre os grupos, pois embora a definição etiológica não tenha sido objetivo deste trabalho, seria lógico supor que a presbiacusia é uma das causas mais freqüentes de zumbido e perda auditiva, pois o zumbido é mais prevalente com o aumento da idade. Ao analisarmos um grupocontrole com uma faixa etária menor poderamoss estar introduzindo um viés de confundimento. No entanto observou-se que os pacientes do grupo de zumbido com perda auditiva apresentaram idade superior aos outros grupos. As faixas etárias no conjunto de trabalhos analisados estavam no intervalo de menos 10 até 80 anos e a faixa etária média permanecendo em torno de 35 anos, com uma variação em torno da média de 10 anos, nos estudos que selecionaram as amostras a partir de pacientes que apresentavam DTM (quadro 1). Entretanto, nas publicações que selecionaram as amostras a partir de pacientes com zumbido (Quadro 2) a média de idade manteve-se próxima de 50 anos, assim como no presente estudo. É importante observar que somente no estudo de Camparis et al., (2005) está média ficou em 36.09 anos, pois neste estudo foram selecionados para um dos grupos 50 pacientes bruxômanos que apresentavam zumbido e as evidências científicas demonstram este hábito parafuncional decresce após os 50 anos. Quanto aos dados referentes à renda familiar mensal a população estudada apresentou uma média de 34,94 salários mínimos para o grupo de zumbido com perda auditiva; 32,36 salários mínimos para o grupo de zumbido sem perda auditiva; e 31,73 salários mínimos para o grupo-controle. A média de renda geral foi de 33,10 110 salários mínimos. Esses dados estão muito acima da média da população brasileira que corresponde a 1.3 salários mínimos. Em decorrência da extensão e complexidade do RDC/TMD, o grau de escolaridade torna-se uma limitação fundamental. Na população examinada, 30,8% apresentou um grau de escolaridade até o ensino básico (Primário), 30,5% até o ensino fundamental (Ginásio), 6,9% até o ensino médio (Científico) e 31,7 até o ensino superior ou pós-graduação. Não houve associação significativa entre o nível educacional e os grupos estudados. Quando as amostras foram selecionadas a partir de pacientes que apresentavam DTM (Quadro 1), a presença de zumbido ocorreu em porcentagens variadas (6,4 a 76%). Essa tabela mostrou que a média da prevalência de zumbido (36,2%) em um total de 12196 pacientes com DTM é mais alta quando comparada com a prevalência de 15% da população americana. Ao analisar a tabela os estudos foram agrupados segundo a prevalência em três categorias: 0 a 20% (Zarb e Thompson, 1970; Ogutchen-Toller e Juniper, 1993; Ciancaglini et al., 1994; Ren e Isberg, 1995; Kuttila et al., 1999; Brito et al., 2000; Upton e Wijeyesakere, 2005; Kuttila et al., 2005), 21 a 40% (Costen., 1934; Myrhaug, 1964; Bush, 1987; Hodges, 1990; Lam et al., 2001) e acima de 41% (Kelly e Goodfriend, 1964; Gelb et al., 1967; Bernstein et al., 1969; Brookes et al., 1980; Curtis, 1980; Fricton et al., 1985; Chole e Parker,1992; Cooper,1993; Felício et al.,1999; Pascoal et al., 2001; Camparis et al., 2005). Quando as amostras foram selecionadas a partir de pacientes que apresentavam zumbido (Quadro 2) a presença de DTM ocorreu em porcentagens variadas (6,8 a 84%). Essa tabela mostrou que a média da prevalência de DTM foi de 62,8% em um total de 1469 pacientes com zumbido. Entretanto, sinais e sintomas de DTM são bastante comuns na população. Pesquisas epidemiológicas demonstraram que mais de 50% da população apresentam pelo menos um ou mais sinais de DTM, porém esses números não se traduzem em necessidade de tratamento; estima-se que somente 3,6% a 7% desses indivíduos necessitem de algum tipo de intervenção. Kuttila et al. (1999) pesquisaram sintomas otológicos associados a sinais clínicos de DTM e necessidade de tratamento a partir de uma população geral e relataram que as mulheres apresentaram mais sintomas otológicos. Os pacientes com necessidade ativa de tratamento apresentaram mais sintomas otológicos em 111 relação aos outros grupos. Além disso, aqueles que apresentaram sintomas otológicos demonstraram níveis dolorosos mais elevados dos músculos mastigatórios e das ATMs. O zumbido, por exemplo, apareceu em 48,6% dos pacientes com necessidade ativa de tratamento enquanto que no grupo que não era necessário o tratamento, o sintoma aparecia em 12,4% deles. 6.1 DADOS DEMOGRÁFICOS Durante a realização do presente estudo, verificou-se que em todos os grupos houve um predomínio de pacientes do sexo feminino, assim como nos estudos realizados por Bernhardt et al. (2004), Camparis et al. (2005) e Tulberg e Ernberg (2006). A distribuição de frequências do sexo, no geral, foi de 111 mulheres (75,5%) e 36 homens (24,5%), e a faixa etária entre 16 e 84 anos, sendo que as médias das idades foram de: 61,5 para o grupo de zumbido com perda auditiva; 48,8 para o grupo de zumbido sem perda auditiva e 55,4 para o grupo controle. A média de idade dos grupos de pacientes com zumbido foi de 55,1 anos, enquanto que o grupo controle apresentou uma média de 55,4 anos. Houve uma preocupação em tentar parear a variável idade entre os grupos, pois embora a definição etiológica não tenha sido objeto deste trabalho, seria lógico supor que a presbiacusia é uma das causas mais frequentes de zumbido e perda auditiva, pois o zumbido é mais prevalente com o aumento da idade. A análise comparativa de um grupo controle com faixa etária maior do que a dos grupos de pacientes com zumbido pode sugerir a ocorrência de alguma imprecisão ou até mesmo de alguma confusão no resultado. No entanto, observou-se que os pacientes do grupo de zumbido com perda auditiva apresentaram idade superior aos outros grupos. As faixas etárias no conjunto de trabalhos analisados estavam no intervalo de menos 10 até 80 anos e a faixa etária média permanecendo em torno de 35 anos, com uma variação em torno da média de 10 anos, nos estudos que selecionaram as amostras a partir de pacientes que apresentavam DTM (quadro 1). Entretanto, nas publicações que selecionaram as amostras a partir de pacientes com zumbido (Quadro 2) a média de idade varia em torno de 50 anos, assim como no presente estudo. Somente na pesquisa de Camparis et al. (2005) essa média ficou em 36.09 anos, pois nesse estudo foram 112 selecionados, para um dos grupos, 50 pacientes bruxômanos que apresentavam zumbido, o que pode ter ocorrido pelo fato de que as evidências científicas demonstraram que esse hábito parafuncional decresce após os 50 anos. Quanto aos dados referentes à renda familiar mensal, a população estudada apresentou uma média de 34,94 salários mínimos para o grupo de zumbido com perda auditiva, 32,36 salários mínimos para o grupo de zumbido sem perda auditiva e 31,73 salários mínimos para o grupo controle. A média de renda geral foi de 33,10 salários mínimos. Esses dados foram muito acima da média da população brasileira, que corresponde a 1.3 salários mínimos. Em decorrência da extensão e complexidade do RDC/TMD, o grau de escolaridade torna-se uma limitação fundamental. Na população examinada, 30,8% apresentou um grau de escolaridade até o ensino básico (Primário), 30,5% até o ensino fundamental (Ginásio), 6,9% até o ensino médio (Científico) e 31,7 até o ensino superior ou pós-graduação. Não houve associação significativa entre o nível educacional e os grupos estudados. 6.2 CARACTERÍSTICAS SINTOMATOLÓGICAS RELATADAS PELOS PACIENTES O bruxismo é uma parafunção oral de causa multifatorial, sua determinação na população geral é difícil, pois este hábito é realizado inconscientemente por muitos indivíduos. A prevalência do bruxismo na população varia de 15 a 90%. Em pacientes com zumbido, essa prevalência varia em de torno 45% (RUBINSTEIN et al.,1990; ERLANDSSON et al.,1991). Porém esses números são variáveis, de acordo com a definição de bruxismo que foi utilizada, os critérios de diagnóstico, as técnicas de estudo, a escolha da amostra estudada. A maneira pela qual se detecta o bruxismo ainda é motivo de controvérsia e pode gerar conclusões bastante divergentes em relação a possível participação desse evento como um fator de sobrecarga nas ATMs e músculos, visto que uma relação de causa e efeito entre bruxismo e DTM ainda não esta devidamente estabelecida, devido ao fato de que muitas pessoas que rangem e/ou apertam seus dentes não apresentam sinais nem sintomas de DTM. Dentre os diversos métodos de detecção do bruxismo, alguns dos 113 mais utilizados são o relatado pelo próprio paciente, o relato pelo parceiro(a) durante o sono e presença de sensibilidade muscular dolorosa pela manhã. O RDC/TMD utiliza o autorelato dos pacientes como método de diagnóstico do bruxismo, desta maneira, 43,5% dos pacientes com zumbido relataram que rangem/esfregam seus dentes, sendo que 34,6% no grupo de zumbido com perda auditiva e 52,6% no grupo de zumbido sem perda auditiva, quando comparados com 4,3% dos pacientes do grupo-controle. Os pacientes com zumbido sem perda auditiva relataram com uma freqüência maior tanto o hábito de bruxismo do sono (52,4%), como o bruxismo diurno (38,1%). Entretanto os demais grupos este hábito parafuncional não apresentou uma associação estatisticamente significativa. Zarb & Thompson (1970) relataram que 36% dos pacientes em seu estudo apresentavam bruxismo cêntrico e excêntrico diagnosticados por parentes. Já no estudo de Hodges (1990) 42% admitiram ter problemas com estresse em suas vidas manifestando-se através de bruxismo cêntrico e excêntrico. Por outro lado, os pacientes com zumbido e perda auditiva apresentaram porcentagens maiores em relação as mordida desconfortável não habitual (32,7%) e rigidez e sensibilidade muscular dolorosa pela manhã (32,7%). Camparis et al., (2005) realizaram um estudo utilizando o mesmo instrumento para avaliação e diagnóstico (RDC/TMD), onde avaliaram pacientes bruxômanos com e sem zumbido. Houve uma prevalência de 54 % de zumbido nos pacientes bruxômanos. Os pacientes com zumbido apresentaram uma freqüência significativamente maior de dor facial, com uma duração maior e intensidade de dor mais alta do que bruxômanos sem zumbido. Além disso, os pacientes com zumbido relataram uma freqüência significativamente maior de queixas em relação a mordida desconfortável/não habitual (81,48 %) e rigidez e sensibilidade muscular pela manhã (81,48%). Entretanto diferentemente do presente trabalho, no estudo de Camparis et al. (2005) não ocorreram diferenças entre os grupos em relação ao relato de apertar/ranger, sendo as porcentagens 81,48 % para o grupo de bruxômanos com zumbido e 69,56% para o grupo de bruxômanos sem zumbido. Entretanto, neste estudo não foi realizado nenhum tipo de avaliação otorrinolaringológica para verificar se estes pacientes apresentavam perda auditiva ou se havia algum fator etiológico primário para o sintoma zumbido. Além disso, a maneira pela qual a presença do 114 hábito foi detectada nesses trabalhos, ou seja, o relato do próprio paciente e o relato pelo parceiro(a), serem uma das maneiras de diagnóstico do bruxismo em pesquisas epidemiológicas esse fato ainda é motivo de controvérsia e tais resultados devem ser analisados com cautela já que exames de polissonografia comprobatórios da existência da parafunção noturna não foram realizados. Nenhum destes métodos parece apresentar sensibilidade e especificidade aceitáveis quando comparados com um “padrão ouro” como o exame de polissonografia, o qual também pode ser passível de problemas de interpretação. O relato do paciente ou do parceiro pode ser altamente influenciado pelo desejo de o paciente ser aceito para tratamento, fazendo com que haja uma prevalência muito maior do que a real, especialmente se considerarmos dados obtidos em centro especializados de tratamento. Quanto ao critério de dor matinal devemos interpretar com cautela, visto que uma série de problemas de interpretação dos resultados pode, também, causar confusão a clínicos e pesquisadores. Cefaléias primárias do tipo tensional, apnéia do sono, problemas neurovasculares são frequentemente associados à presença de dor facial matinal, o que dificulta e torna quase impossível a afirmação de que tal fato seja realmente devido ao bruxismo do sono. 6.3 DIAGNÓSTICO DAS DTMs REALIZADO CONFORME OS CRITÉRIOS DO RDC/TMD: EIXO I Grupo I - Disfunções Musculares: As disfunções temporomandibulares abrangem uma série de condições que acometem a articulação temporomandibular, a musculatura, ou ambas. As dores de origem muscular constituem as razões mais freqüentes da procura por tratamento. De acordo com o RDC/TMD é critério do eixo I para diagnosticar dor muscular (condições somáticas) a ocorrência de dor mandibular, temporal, facial, ou na região pré-auricular, em repouso ou durante a função, combinada a sensibilidade à palpação em, pelo menos, três de 20 pontos, com pelo menos um do lado da queixa da dor. Além disso, para receber um diagnóstico nesse grupo, o individuo deve relatar dor em curso. Na presente pesquisa o método diagnóstico da DTM de origem muscular foi realizado através da 115 palpação digital com uma pressão variando de 1,5 a 1,8Kg nas estruturas musculares. Entretanto, a resposta individual, o grau de tolerabilidade aos estímulos dolorosos e a interpretação dos achados são problemas ainda não solucionados. O exame físico executado demonstrou que 68,2% dos pacientes com zumbido apresentaram diagnóstico de dor miofacial, sendo que 45,5 % no grupo de zumbido com perda auditiva e 22,7 % no grupo de zumbido sem perda auditiva. Nenhuma pessoa do grupo-controle apresentou diagnóstico de dor miofacial. Estas porcentagens decrescem bastante quando o diagnóstico foi de dor miofacial com limitação de abertura ficando em que 12,7 % no grupo de zumbido com perda auditiva e 9,1 % no grupo de zumbido sem perda auditiva. Tuz et al., (2003) utilizando o RDC/TMD relataram que em 22 pacientes com diagnóstico de disfunção miofacial 59,1% queixaram-se de zumbido. Camparis et al., (2005) relataram que 85,18 % dos pacientes bruxômanos com zumbido e 47,83% dos bruxômanos sem zumbido apresentaram diagnóstico de dor miofaccial. Apresentando desta maneira, uma diferença estatisticamente significante para presença de dor miofacial dos músculos mastigatórios e artralgia, em pacientes com zumbido. Bernhardt et al., (2004) encontrou 60% dos pacientes com zumbido e 36,5% do grupo-controle sem zumbido demonstrando mais de dois sintomas de DTM e os pacientes com zumbido apresentavam mais dor músculo-articular em relação à palpação. Kuttila et al., (1999) relatou que o numero de pacientes com dor nos músculos mastigatórios é significativamente mais elevado em uma população com zumbido quando comparada há uma população sem este sintoma. Lam et al., (2001) encontraram 64,1% de pacientes com zumbido apresentam DTM. Além disso, em relação ao exame clínico os resultados demonstraram que o risco de sintomas auriculares foi maior em pacientes com sensibilidade a palpação na região pré-auricular das ATMs, e nos músculos esternocleidomastóideos, temporais e músculos pterigóideos mediais e masseteres. Além de sintomatologia dolorosa ao executar movimentos laterais mandibulares e na abertura máxima mandibular, sensibilidade dental a percussão e dor orofacial exacerbada após exame. Segundo os autores, os achados clínicos indicaram que os sinais patognomônicos de DTM estavam associados com um risco de aparecimento de sintomas otológicos nessa população de pacientes, embora nenhuma relação de causa e efeito já tenha sido demonstrada. Rubinstein et al., (1990) examinaram 102 pacientes, com zumbido e determinaram que os sinais 116 clínicos de DTM apareceram em 84% dos pacientes e sintomas relatados em 46% destes. Dores de cabeça freqüentes, sensibilidade nos músculos mastigatórios e sinais de parafunção foram mais prevalentes nos pacientes com zumbido quando comparados a amostras epidemiológicas. Morgan (1992) afirma que as DTMs podem ser umas das causas primárias do zumbido, também encontrou que 75% dos músculos palpados com pontos gatilhos em pacientes com sintomatologia auriculares, além disso, pacientes com zumbido sem causa otológica deveriam ser cuidadosamente avaliados para incluir ou excluir causa estomatognática para o sintoma. A dor de origem muscular é normalmente classificada como somática, profunda, do tipo músculo esquelética. A dor miofascial caracteriza-se por apresentar exacerbação com a função muscular e ser sensível à palpação gradual, ou seja, quanto maior a pressão mais intensa a dor. Inúmeras teorias têm sido propostas para explicar o fenômeno do zumbido e sua relação com as DTMs, mas a falta de consenso reflete a complexidade natural deste sintoma (Costen, 1934; Shapiro & Truex, 1943; Arlen, 1977; Johansson et al., 1990). Uma possível explicação para a relação da dor miofacial com zumbido poderia ser descrita através das teorias de Myrhaug (1964) e Arlen (1977) os quais relatam que filogeneticamente os ossículos da orelha média foram interpretados como ossos articulares que se transformaram para servir ao mecanismo da audição. Dessa forma, os músculos tensores do tímpano e do véu palatino também seriam interpretados como músculos da mastigação. Além disso, recebem o mesmo suprimento nervoso que é fornecido pelo nervo trigêmeo, de modo que poderiam ser influenciados em casos de hiperatividade da musculatura mastigatória. Além disso, sugeriu que os músculos tensor do tímpano e tensor do véu palatino entram em espasmo, conjuntamente com os músculos elevadores da mandíbula e assim ocorre um desequilíbrio de tensão na cadeia ossicular, resultando em aumento da impedância ou resistência das estruturas condutoras do som, diminuindo a transmissão sonora. Por outro lado, estudos realizados por Araújo (1973) e Penkner et al., (2000) não confirmaram tais hipóteses. Penkner et al. (2000) testaram a atividade do músculo tensor do véu palatino em repouso e durante a deglutição através de registros eletromiográficos (EMG) e o funcionamento da abertura da tuba auditiva foi avaliada através de endoscopia. Os resultados indicaram que o espasmo dos 117 músculos mastigatórios nos pacientes com DTM não parecem causar espasmo reflexo no músculo tensor do tímpano, nem apresentar alterações significativas no funcionamento da tuba. Entretanto estudos reforçam a hipótese de uma associação entre zumbido e hiperatividade dos músculos mastigatórios. Visto que observou-se que alguns pacientes possuem altos índices de dor muscular à palpação e referem uma variação na intensidade do zumbido durante diversos movimentos mandibulares e apertamento dentário voluntário. Além disso, vários trabalhos comprovaram a melhora do sintoma zumbido após tratamento estomatognático (Gelb et al., 1967; Bernstein et al., 1969; Koskinen et al., 1980; Loannides & Hoogland., 1983; Wright; Bifano., 1997; Wright et al., 2000; Wright et al., 2007). Grupo II - Deslocamento de Disco: O segundo grupo de desordens é o grupo de deslocamento de disco. Apesar de terem sido descritas diversas posições a direção usual do deslocamento é na direção anterior ou ântero-medial. Os deslocamentos discais podem ocorrer com ou sem redução. Esta classificação depende do restabelecimento ou não da relação normal entre o disco articular e o côndilo mandibular, no movimento de abertura da boca. Quando o disco permanece deslocado na posição de abertura máxima da boca, considera-se deslocamento sem redução. No entanto, quando o disco é recapturado para a posição de normalidade em boca aberta, diz-se que o deslocamento é com redução. As três desordens que o RDC/TMD classifica são deslocamento de disco com redução, deslocamento de disco sem redução, com abertura limitada, e o deslocamento de disco sem redução, sem abertura limitada. A designação do diagnóstico de uma desordem do Grupo II é feita com base nos sinais clínicos e não requer relato de dor bem como interferência na função mandibular. No presente trabalho, 54,5 % dos pacientes com zumbido relataram que suas ATMs estalam, sendo que 45,5% no grupo de zumbido com perda auditiva e 63,6% no grupo de zumbido sem perda auditiva quando comparados com 7,1% dos pacientes do grupo controle. Entretanto quando realizado o exame físico de palpação articular esta porcentagem foi menor. Trinta e um por cento dos pacientes com zumbido foram diagnosticados com deslocamento de disco com redução. Entretanto somente 2,9% dos indivíduos do grupo-controle foram diagnosticados com deslocamento de disco com redução. Ocorreu uma associação estatisticamente 118 significativa em ambos os grupos de zumbido em ambas as articulações. A diferença entre as porcentagens em ambas as articulações e em ambos os grupos de zumbido foi pequena ficando em torno de 30%. Esta diferença entre os autorelatos de sons articulares e o exame físico com relação aos dados numéricos citados sobre sua prevalência pode ter acontecido devido ao fato de que muitas vibrações articulares não são perceptíveis ao exame físico e na maioria das vezes os ruídos articulares não podem ser detectados pelo ouvido humano. Além disso, alguns estalos não são percebidos nem pelos próprios pacientes. Em relação ao deslocamento do disco sem redução, com limitação de abertura somente 1,5% dos pacientes com zumbido foram diagnosticados, sendo que 4,5% no grupo de zumbido sem perda auditiva na ATM direita e 1,8% no grupo de zumbido com perda auditiva na ATM esquerda. No grupo-controle, nenhum indivíduo apresentou diagnóstico para esta condição. Além disso, nesta pesquisa nenhum paciente de qualquer grupo foi diagnosticado com deslocamento do disco sem redução, sem limitação de abertura. O deslocamento de disco sem redução pode ser considerado o resultado da progressão de um deslocamento de disco com redução, e pode subdividir-se nas fases agudas ou crônicas. A fase aguda desta condição através do RDC/TMD é bem diagnosticada. Os padrões clínicos utilizados para diagnosticar o paciente demonstram que em uma fase aguda a abertura bucal não pode alcançar sua extensão máxima, pois o disco não permite translação completa do côndilo mandibular. Tipicamente, a abertura inicial será de apenas 25 a 30 mm na região interincisiva. Uma vez que geralmente somente uma articulação é travada, quando o paciente faz a abertura ampla da boca, a linha média da mandíbula é desviada para o lado afetado. O paciente também é capaz de realizar movimentos laterais normais para o lado afetado, contudo para o lado não-afetado este movimento é impedido devido ao posicionamento anterior do disco. Os pacientes podem relatar dor quando a mandíbula é movida para o ponto de limitação, mas a dor não é necessariamente uma entidade associada a esta condição. Entretanto, uma possível explicação para os baixos índices de prevalência para os diagnósticos de deslocamento de disco sem redução, com abertura limitada, e o deslocamento de disco sem redução, sem abertura limitada, é que se a relação côndilo-disco não for estabelecida durante a fase aguda, seja espontaneamente, 119 seja pela manipulação, a doença progredirá para um deslocamento crônico irredutível do disco. Com o passar do tempo, os critérios clínicos do deslocamento do disco agudo sem redução vão desaparecendo. À medida que a condição do deslocamento de disco se torna crônica, a dor é acentuadamente reduzida do estágio agudo até o ponto de desaparecer em alguns casos e a amplitude de abertura e movimentos laterais e protusivos podem se aproximar das dimensões normais no decorrer do tempo. Tal fato passa a ser ainda mais importante numa amostragem de pacientes idosos, em que a possibilidade de essa adaptação ter ocorrido é ainda maior. Foi demonstrado que a articulação do côndilo mandibular contra o tecido retrodiscal pode causar fibrose, produzindo um tecido colágeno denso e uma redução da vascularização. A menor incidência de deslocamento doloroso do disco com a idade pode, em parte, ser explicada pela fibrose, que ocorre com o envelhecimento. Há, portanto a sugestão de que deslocamentos do disco articular da ATM possa simplesmente ser uma variação da normalidade, podendo tornar-se um co-fator na evolução de alguma patologia quando associada a outro fator contribuinte. Desta maneira, estes índices de prevalência poderiam ser mais elevados, visto que aproximadamente 30% a 40% de indivíduos assintomáticos (sem dor articular, disfunção ou sons articulares) possuem deslocamento do disco articular. Ou seja, muitos pacientes sem estalido apresentam discos deslocados quer ocorra com redução, quer não. Esse fato sugere que processos de adaptação de forma e posição de disco devam ocorrer, fazendo com que ocorra constante recaptura do disco durante abertura da boca e conseqüente deslocamento no fechamento, porém sem a geração de vibração e sons perceptíveis pelo paciente ou detectado pelo profissional. Além disso, quando os sintomas clínicos de deslocamento de disco sem redução desaparecem, o diagnóstico é fortemente sugerido pela presença de história de estalo da ATM com parada simultânea e início de uma limitação brusca da abertura bucal seguido por uma melhora progressiva dos movimentos mandibulares. Desta maneira o sistema de pontuação do RDC/TMD para que o paciente seja classificado com diagnóstico de deslocamento de disco, o instrumento leva em conta, em um primeiro momento, somente os ruídos que ocorrem durante a abertura e o fechamento não levando em conta os ruídos que ocorrem somente nas excursões laterais. Isto sugere que o paciente que apresenta tal condição apresente um deslocamento de disco para ântero-lateral ou lateral não apresentando 120 necessariamente um ruído em abertura e no fechamento. Isto ocorreu em alguns indivíduos avaliados nesta pesquisa, entretanto respeitando os critérios do instrumento não foram classificados com deslocamento de disco. Se não ocorrerem estalos na abertura e fechamento o diagnóstico dependerá da história de limitação brusca da abertura bucal. Além disso, em uma fase crônica do deslocamento de disco a esta estimativa de limitação da abertura da boca é baseada na memória do paciente representando um fator importante tanto para avaliações clínicas como para pesquisas. Os examinadores freqüentemente os pacientes a estimar seus níveis de abertura bucal sendo desta maneira um registro bastante subjetivo sugerindo que há um importante componente cognitivo que guia os registros das lembranças dos pacientes. Quando se pede para lembrar a limitação de abertura bucal, o julgamento é provavelmente influenciado pelo ponto de vista global do paciente sobre de seu estado clínico atual e menos influenciado pela intensidade ou qualidade da condição clinica prévia, isoladamente. Atualmente a verificação da presença de sons articulares pode ser realizada por meio de métodos como palpação e auscultação; por meios eletrônicos, como, microfones e exame eletrovibratórios e imagem por ressonância magnética. Existe na literatura uma grande diversidade na prevalência dos ruídos articulares. Isto pode estar relacionado com o tipo de população estudada, a metodologia empregada e os diferentes critérios de diagnóstico. A detecção de ruídos articulares neste trabalho foi realizada utilizando-se somente a inspeção manual. Apesar de ser considerado como método objetivo, por vários autores, esta técnica apresenta uma série de limitações, quando utilizadas em trabalhos de pesquisa, devido ao caráter subjetivo desta abordagem. Parece, no entanto, que quanto mais sofisticado o meio diagnóstico, maior a sensibilidade do teste, levando a um elevado número de falsopositivos. Além disso, a somatória da anamnese detalhada, associada ao exame físico correto ainda continua sendo o padrão de referência para os procedimentos de diagnóstico das DTMs. Deve ser salientado que todas essas considerações precisam ser observadas com cautela, pois nesse trabalho não houve comparação com imagens de ressonância magnética a fim de se confirmar a posição “real” do disco articular, sendo este o “padrão ouro” para a confirmação do deslocamento de disco. Ren & Isberg (1995) estudaram a associação entre o zumbido e pacientes com diagnóstico de deslocamento de disco articular. O grupo de estudo incluiu 53 121 pacientes que relataram zumbido unilateral. Pacientes com deslocamento de disco unilateral sem queixa de zumbido serviram como grupo-controle. Todos os pacientes com zumbido unilateral apresentaram deslocamento do disco na articulação ipsilateral. As ATMs no lado contralateral não apresentaram sintomas e sinais de distúrbio interno em 50 dos pacientes (94,3%). Vinte e sete por cento das articulações no lado ipsilaterais demonstraram deslocamento de disco com redução e 26% sem redução. Pacientes com deslocamento de disco unilateral sem queixa de zumbido serviram de referência (n=82). Destes 42 indivíduos foram diagnosticados com deslocamento de disco com redução e 40 deslocamento de disco sem redução. Os autores confirmaram uma associação estatísticamente significativa entre o diagnóstico de deslocamento de disco e o lado do zumbido. Por outro lado, na presente pesquisa, dos 22 pacientes com zumbido e sem perda auditiva 8 (36,3%) apresentaram zumbido unilateral, 11 (50%) bilateral e 3 (13,6%) no centro da cabeça. Oito pacientes (36,3 %) foram diagnosticados com deslocamento de disco com redução e somente uma apresentou deslocamento de disco sem redução e limitação de abertura. Nos pacientes com zumbido unilateral 3 pacientes apresentaram deslocamento de disco: dois bilaterais e um unilateral, do lado esquerdo, sendo esse, oposto ao lado do sintoma zumbido que ocorreu no lado direito. Dos 11 pacientes que se queixaram de zumbido bilateral, somente 3 apresentaram diagnóstico de deslocamento de disco com redução bilateral e um apresentou deslocamento na articulação direita. Além disso, dos 55 pacientes com zumbido e perda auditiva 24 (43,6%) apresentaram zumbido unilateral, 25 (45,4%) bilateral, 5 (9 %) no centro da cabeça. Dos pacientes que apresentaram queixa de zumbido unilateral 6 foram diagnosticados com deslocamento de disco com redução bilateral e 3 com deslocamento de disco com redução unilateral, sendo que somente em uma ocorreu no lado ipsilateral da queixa de zumbido. Nos pacientes que apresentaram zumbido bilateral sete pacientes apresentaram deslocamento de disco com redução e uma ATM apresentou deslocamento de disco sem redução sem limitação de abertura e quatro apresentaram deslocamento de disco com redução unilateral. Através dos resultados, diferentemente do estudo de Ren & Isberg (1995), o presente trabalho não demonstrou existir uma associação estatisticamente significativa entre o diagnóstico de deslocamento de disco e o lado do zumbido. No entanto, esses autores explicam que os sintomas de DTM descritos por Costen 122 (1934), são hoje conhecidos como sendo típicos de deslocamento de disco. A comparação entre pacientes com deslocamento de disco com e sem zumbido confirmaram que os pacientes com zumbido apresentaram sintomas mais severos na área inervada por diferentes ramos do nervo trigêmeo. A possível lesão do nervo auriculotemporal por DTM, como a princípio havia sido sugerido por Costen (1934), voltou a ser considerada por Johansson et al., (1990). Esses autores, diferentemente de Sicher (1948) que considerou apenas a relação do nervo auriculotemporal com a parede posterior da ATM, consideraram a relação deste nervo com a parede medial da ATM, local de freqüentes variações anatômicas e potencial sítio de compressão do nervo, como também o deslocamento do nervo entre as estruturas ósseas da ATM, pelo disco articular, durante os movimentos da mandíbula. Isso explicaria a dor aguda na área cutânea sobre o côndilo mandibular, que se irradia para o topo da cabeça ou ao longo do arco zigomático, causando muitas vezes sensação de queimação na metade anterior da orelha externa e dor associada aos movimentos mandibulares. Além disso, realizaram cortes histológicos e avaliaram imagens que confirmam não somente a compressão do nervo auriculotemporal em articulações com o disco deslocado, além da viável compressão do nervo masseterino, os ramos do nervo temporal profundo e a possível compressão do nervo lingual e dentário inferior em algumas ATM luxadas. Em articulações com deslocamento de disco haveria a possível compressão da zona retrodiscal onde se encontra o nervo auriculotemporal e que inerva a ATM e a membrana timpânica, a zona ânterosuperior do conduto auditivo externo, o tragus e a parte anterior do pavilhão auricular. Além disso, devido ao fato de que os músculos tensor do tímpano e tensor do véu palatino estejam intimamente relacionados com os músculos da mastigação é teoricamente possível que a irritação dos ramos motores possa ocorrer devido ao deslocamento de disco causando a disfunção destes músculos. Como resultado o zumbido pode acontecer e uma sensação de bloqueio no ouvido pode ocorrer devido a disfunção da tuba de Eustáquio. Estudos avaliaram uma relação mecânica entre a ATM e o ouvido médio. Dissecações em cadáveres humanos realizados por Pinto (1961) e Komori (1986) e posteriormente por outros investigadores em adultos e fetos estabeleceram um vínculo anatômico entre a ATM, o ligamento esfenomandibular e o ouvido médio pelos ligamentos disco-maleolar e o ligamento maleolar anterior que se unem 123 individualmente ao martelo e o processo anterior. O ligamento maleolar anterior é uma continuação do ligamento esfenomandibular (tímpano-mandibular) de acordo com Komori et al. (1986) e Ogutcen-Toller (1995) se insere na superfície ventral do martelo tranformando-se em um “V” horizontal com o ligamento disco maleolar na fissura petrotimpânica. De acordo com Pinto (1962) o ligamento disco maleolar é estrutura fibroelástica com características ligamentosas que se insere no colo do martelo acima do processo anterior e segue lateralmente ao nervo corda do tímpano em direção a parte posterior medial e superior da cápsula e disco articulares. Para Komori et al. (1986) insere-se somente na parte posterior, medial e superior da zona retrodiscal e na cápsula articular. O ligamento anterior do martelo esta mais medial em relação ao ligamento disco maleolar e conecta-se ao ligamento esfenomandibular juntamente com o nervo corda do tímpano na fissura petrotimpânica atravessando canal de Huguier. O ligamento anterior do martelo é um remanescente embriológico da cartilagem de Meckel e o ligamento disco maleolar e um remanescente do músculo pterigóideo lateral. Estas estruturas podem ser estiradas devido a uma disfunção intra-articular ou inflamatória afetando as estruturas da orelha média em alguns pacientes. O zumbido pode ser com uma posição alterada do estribo resultante da força aplicada aos ossículos da orelha média através destes ligamentos. Enquanto que a otalgia pode estar presente devido a estimulação da membrana timpânica ocasionará o tracionamento do martelo, o qual está junto a membrana timpânica. Bernstein et al. (1933) observaram que em alguns pacientes movimentos mandibulares extremos poderiam causar uma mudança na intensidade e qualidade do zumbido. De acordo com Eckerdal (1991) a amplitude do movimento destes ligamentos depende da adesão fibrosa nas paredes da fissura petrotimpânica. Entretanto como estes ligamentos podem executar uma força de tração nos ossículos da orelha média ainda é uma questão que a ciência ainda não conseguiu explicar. Este vínculo anatômico ligamentar entre a ATM e o ouvido médio pode ser biomecanicamente susceptível a disfunções articulares funcionais ou inflamatórias a partir de uma luxação ou deslocamento de disco e edema secundário a inflamação, o qual pode produzir uma tensão anterior no ligamento disco maleolar devido a posição do disco articular e o aumento da pressão intra-articular através de edema (Myers., 1988; Johansson et al., 1990; Sessle et al., 2000). Os ligamentos 124 esfenomandibular e maleolar anterior somente podem ser tencionados em uma posição acentuada de sobreoclusão desta maneira também causando um estiramento na posição dos ossículos da orelha, explicando desta maneira o aumento do zumbido em posições intermaxilares extremas (Bernstein et al., 1969; Myers., 1988; Rubstein et al., 1990). Bernstein et al., 1969, observou como em posições mandibulares extremas alguns pacientes podem modificar a intensidade e a qualidade do zumbido. Loughner et al. (1986) advertem que as cirurgias da ATM onde as distrações condilares sejam maiores que 10 mm a cadeia ossicular poderia ser seriamente danificada pela tração extrema destes ligamentos sobre o processo anterior do martelo. Marasa & Ham (1988) sugerem que poderia ocorrer passagem de infiltrado inflamatório, proveniente de uma condição inflamatória articular, através da fissura petrotimpânica para a orelha média e gerar otite média Estes autores apoiam esta teoria de permeabilidade através dafissura petrotimpânica pelo fato bem documentado de que, antes do advento das drogas antibióticas, crianças com otite média crónica com efusão podiam desenvolver anquilose da ATM. A literatura disponível no que diz respeito aos mecanismos fisiopatológicos relacionados com o ligamento discomaleolar e a fissura petrotimpânica não nos permite fechar questão sobre a sua importância nos sintomas otológicos que acompanham as DTMs, sendo necessário um maior número de trabalhos de pesquisa científica para que se possam ter idéias conclusivas. Grupo III - Outras Condições Articulares (Artralgia, Osteoartrite, Osteoartrose): O terceiro grupo das desordens do Eixo I inclui artralgias, osteoartrite da ATM, osteoartrose da ATM. As condições inflamatórias primárias da ATM incluem capsulite e sinovite. Para designar um diagnóstico do Grupo III, devem ser eliminados diagnósticos de poliartrites, lesão traumática aguda e infecção na articulação. Os critérios para artralgias requerem o relato de dor em curso na articulação, ou dor articular à palpação, e ausência de sinais como crepitação ou múltiplos ruídos articulares. Além disso, uma ou mais das seguintes situações devem ser relatadas pelos pacientes: dor na ATM durante abertura máxima sem auxílio, dor na ATM durante a abertura máxima com auxílio e dor na ATM durante as excursões laterais. A sinovite é descrita como uma inflamação do líquido sinovial da ATM. A capsulite é uma condição inflamatória da cápsula relacionada à distensão dos ligamentos capsulares. O exame físico demonstrou que 17,7% dos pacientes 125 com zumbido apresentaram diagnóstico de artralgia, sendo que 17,3 % no grupo de zumbido com perda auditiva e 18,1 % no grupo de zumbido sem perda auditiva. Somente 1,4% do grupo-controle apresentaram diagnóstico de artralgia na articulação esquerda. Ambos os grupos de zumbido apresentaram associação estatisticamente significativa com o diagnóstico de artralgia. Os pacientes com zumbido e perda auditiva apresentaram uma prevalência de 18,2% na ATM direita e 16,4% na esquerda. Enquanto que 22,7% dos pacientes com zumbido e sem perda auditiva apresentaram artralgia na ATM direita e 13,6% na ATM esquerda. Entretanto, não verificou-se uma associação significativa entre o lado em que ocorre o zumbido e o diagnóstico de artralgia para nenhum dos grupos de pacientes com zumbido. Além disso, também não verificou-se uma associação significativa entre a presença de dor nas ATMs e o lado mais afetado pelo sintoma zumbido para ambos os grupos com zumbido. A osteoartrose/osteoartrite é considerada uma condição crônica não inflamatória, comumente encontrada em articulações sinoviais. Devido à possibilidade da existência de um componente inflamatório secundário nesta desordem, muitos autores preferem chamá-la de osteoartrite. O termo osteoartrose enfatiza a natureza degenerativa da doença, enquanto osteoartrite indica o componente inflamatório que acompanha o processo degenerativo. Os critérios para osteoartrite requerem o relato de dor em curso na ATM, ou dor articular à palpação. Os mesmos relatos utilizados para o diagnóstico de artralgia devem também estar presentes. Além disso, a presença de crepitação ou múltiplos ruídos articulares ou evidências radiográficas de alterações ósseas estruturais (esclerose subcondral, formação osteofítica, erosão) e estreitamento do espaço articular devem estar presentes. Entretanto para uma articulação receber diagnóstico de artrose, tal dor deve estar ausente bem como todos os sinais de artralgia, contudo as evidências radiográficas devem estar presentes. O diagnóstico de osteoartrite foi encontrado em 5,4% das ATM, sendo que 6,3% no grupo de zumbido com perda auditiva e 4,5 % no grupo de zumbido sem perda auditiva. Nenhum integrante do grupo controle apresentou diagnóstico de osteoartrite. Nove por cento dos pacientes com zumbido e perda auditiva apresentaram uma associação estatisticamente significativa para diagnóstico de osteoartrite na ATM esquerda. Em relação há osteoartrose 10,9% dos pacientes com zumbido e perda auditiva apresentaram diagnóstico para esta 126 condição, observando-se desaa maneira, uma associação estatisticamente significativa para o diagnóstico de osteoartrose na ATM direita. Houve uma prevalência de 7,3% na ATM direita e 3,6% na ATM esquerda. Nenhum integrante do grupo-controle e nem dos pacientes com zumbido sem perda auditiva foram diagnosticados com osteoartrose. Neste trabalho, não foi possível realizar exames radiográficos para realizar ou confirmar o diagnóstico das condições degenerativas da ATM sendo o diagnóstico realizado somente em relação à presença de crepitação ou múltiplos ruídos articulares no exame físico. Entretanto não se verificou uma associação entre o lado que ocorre o zumbido e o diagnóstico de osteoartríte e osteoartrose para nenhum dos grupos de pacientes com zumbido. A Artralgia é um sintoma freqüente em DTM, que muitas vezes acontece associada com casos de deslocamento anterior ou ântero-medial do disco articular, tendo como conseqüência imediata o trauma do tecido retrodiscal pelo côndilo mandibular, toda vez que houver a oclusão dos dentes. Sendo este tecido retrodiscal ricamente vascularizado, temos as condições básicas para que seja instalado um processo inflamatório, estabelecendo-se uma relação direta de sintomatologia dolorosa com esforços mastigadores ou hábitos parafuncionais, como, por exemplo, o bruxismo, visto que ambas as atividades descritas, exacerbariam os danos nesta região. Esta situação causa inflamação crônica com extensão para áreas vizinhas, conseqüentemente com a formação de edema, infiltrado vascular e fibrose. Dessa maneira, Marasa e Ham (1988) sugerem que processos inflamatórios da ATM podem ocasionar a propagação de infiltrados inflamatórios através da fissura petrotimpânica até a orelha média e gerar otite média. Melgaço et al. (2003) descreveram a presença de um forame na região central da parede posterior da fossa articular (parede anterior do meato acústico externo). Este forame (forame de Huschke) está presente em todos os indivíduos, e sua luz oblitera-se por um processo natural de calcificação ao redor dos 5 anos de vida, podendo persistir em 10% da população adulta. Quando isso ocorre, a região retrodiscal da articulação temporomandibular e a porção medial do canal auditivo externo estão separadas apenas por tecido mole, permitindo uma comunicação entre a fossa articular e o meato acústico externo, sendo uma possível etiologia de diversas alterações, distúrbios e patologias relacionadas com as articulações temporomandibulares (ATM), ouvidos e estruturas adjacentes. Inúmeras implicações 127 clínicas relativas ao não fechamento desse forame têm sido relatadas na literatura, como otites externas e médias, artrites infecciosas, hérnias e fístulas no conduto auditivo externo, lesões de orelha média e interna com comprometimento auditivo, fraturas ósseas pelo enfraquecimento da parede anterior do meato acústico externo, além de danos neuromotores faciais. A proximidade anatômica entre ATM e orelha média também pode ser relacionada através de componentes vasculares e linfáticos. Mérida & Velasco et al., (1999) demonstraram em fetos neonatais vasos venosos pequenos da porção anterior do ouvido médio atravessando a fissura petrotimpânica e alcançam o plexo venoso retrodiscal. Demonstram igualmente que em adultos os ramos mais mediais se encontram em íntimo contato com os ligamentos discomaleolar e esfenomandibular, penetrando no ouvido médio através da fissura petrotimpânica e no ouvido externo através dos ramos mais externos da fissura escamotimpânica. Este relacionamento vascular demonstra que a presença de uma contração vascular reflexa secundária por disfunção funcional ou inflamatória articular poderia explicar a sintomatologia otológica. Myers (1988) sugere que em articulações com discos luxados poderia ocorrer inflamação crônica por dano vascular, que produz edema, extravasamento vascular e fibrose que se estende por áreas vizinhas, seguindo o infiltrado inflamatório, através de padrões de menor resistência tecidual. Descreve que a reação inflamatória poderá seguir por três trajetos possíveis, sendo o primeiro o espaço entre a superfície lateral do músculo pterigóideo medial e a superfície medial do músculo pterigóideo lateral podendo afetar por compressão inflamatória o nervo alveolar, lingual, corda do tímpano e a artéria meníngea média. O segundo localiza-se nas proximidades do músculo esternocleidomastóideo e dos músculos e ligamentos relacionados com o processo estilóide, passando pela fáscia cervical e bainha carotídea, estruturas que agregam a artéria carótida interna, a veia jugular e os nervos hipoglosso e glossofaríngeo. Em casos de dissecções de peças anatômicas, cujas articulações temporomandibulares tenham deslocamento anterior ou ânteromedial do disco articular, a região da bainha carotídea vai se apresentar altamente fibrosada, impossibilitando a separação das estruturas vasculares e nervosas, e ocasionando com qualquer movimento do pescoço e da mandíbula tensão no saco endolinfático, estrutura que tem por função manter a pressão constante de líquido 128 endolinfático no labirinto membranoso do ouvido interno, compensando as variações causadas momentaneamente pela transmissão do som. Aumento da pressão da endolinfa na cóclea poderia causar zumbido, e em avaliação audiométrica poderia acusar perda neurossensorial. O terceiro que o infiltrado inflamatório poderia seguir passaria entre a origem do músculo elevador do véu palatino e o tensor do véu palatino, formando um espaço com o ápice do istmo da tuba auditiva e permitindo que o edema e a fibrose se dirijam até esta região mais vulnerável (istmo). Por ser a mais estreita essa região pode ser comprimida obstruindo a luz do istmo de modo a alterar a fisiologia normal da tuba auditiva, acarretando sintomas otológicos de plenitude auricular e otite média. O autor demonstra a fragilidade das extensões extraósseas do ouvido médio na tuba auditiva e do ouvido interno no saco endolinfático. Sugere que a síndrome de Meniére (aumento da pressão endolinfática) que envolve a perda auditiva transitória ou permanente, zumbido e vertigem tenham uma explicação etiológica nessa teoria. 6.4 DIAGNÓSTICO DAS DTMs REALIZADO CONFORME OS CRITÉRIOS DO RDC/TMD: EIXO II Nível de situação da dor crônica, Depressão, Somatização e funcionamento mandibular): O segundo eixo do RDC classifica o indivíduo com base no impacto da dor, incapacidade relacionada à dor e estado psicológico. O indivíduo é classificado em cada uma das quatro dimensões: (a) estado de dor crônica graduada (medida de incapacidade relacionada à dor); (b) depressão; (c) sintomas somáticos não específicos; e (d) limitações na função mandibular. A triagem recomendada para o estado psicológico do paciente inclui avaliação do estado de depressão, ansiedade, e a presença de sintomas físicos múltiplos não específicos definidos na psiquiatria como somatização. Essas medidas são apropriadas apenas como auxílio para a triagem e permitem a formação de impressões clínicas em relação à necessidade de uma avaliação psicológica mais especializada, geralmente obtida por meio de indicação ao psiquiatra ou psicólogo. A característica essencial do transtorno de somatização é um padrão de múltiplas queixas somáticas recorrentes e clinicamente significativas, as quais não 129 podem ser explicadas pelos achados patológicos. Uma queixa somática é considerada clinicamente significativa se resultar em tratamento médico ou causar prejuízo significativo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Acredita-se que fatores psicológicos e psicossociais desempenham um papel importante na etiologia dessa condição. Em pacientes com transtorno de somatização, o sofrimento emocional ou situações de vida difíceis são experimentados como sintomas físicos. Quando não reconhecidos e tratados de forma apropriada, esses pacientes podem ser vítimas de intervenções frustrantes, dispendiosas e potencialmente perigosas, que não contribuem para reduzir os altos níveis de sofrimento e incapacidade que eles geralmente relatam. Em relação às categorias da variável sintomas físicos não específicos (somatização) incluindo dor, observou-se que o grupo-controle foi significativamente associado à categoria normal (61,4 %) e o grupo de zumbido com perda auditiva à categoria severo (41,8 %). O grupo zumbido sem perda auditiva não apresentou associação estatisticamente significante a nenhuma categoria de somatização incluindo dor. Além disso, ao compararmos as médias dos escores de somatização incluindo itens de dor podemos observar que os grupos de pacientes com zumbido com perda auditiva (0,96) e sem perda auditiva (0,76) não diferiram entre si, além de apresentarem escores significativamente superiores ao grupo-controle (0,40). Além disso, os pacientes com zumbido e DTM apresentaram uma maior percepção a estímulos dolorosos do que pacientes com DTM sem zumbido, entretanto as influências psicossomáticas não foram documentadas neste grupo de pacientes. No que diz respeito há a sintomas físicos excluindo itens de dor, observou-se que o grupo de pacientes com zumbido e perda auditiva apresentou-se significativamente associado à categoria severo (27,3 %) e o grupo de zumbido sem perda auditiva à categoria normal (45,5 %). Para o grupo controle não foram observados resultados significativos. Ao compararmos as médias dos escores de somatização excluindo itens de dor observamos que o grupo zumbido com perda auditiva (0,69) e sem perda auditiva (0,55) não diferiram entre si, além de apresentarem escores de dor crônica significativamente superiores ao grupocontrole (0,37). Entretanto entre os grupos de zumbido sem perda auditiva e controle não foram observadas diferenças estatisticamente significativas. 130 A presença de somatizações não exclui o diagnóstico de outras doenças psiquiátricas e pode ser uma pista para o diagnóstico. Depressão e ansiedade estão frequentemente associadas com somatização. Entretanto, em relação à depressão expressa em categorias, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas quando comparados os três grupos. Os pacientes com zumbido e perda auditiva apresentaram porcentagens mais elevadas de níveis de depressão moderada e severa (65,4 %) quando comparados ao grupo de zumbido sem perda auditiva (59,1 %) e controle (38,5 %). No entanto ao compararmos as médias dos escores de depressão observamos que os grupos de pacientes com zumbido com perda auditiva (0,89) e sem perda auditiva (0,79) não diferiram entre si, além de apresentarem escores significativamente superiores ao grupo controle (0,52). CAMPARIS et al., (2005) relataram que pacientes com zumbido também apresentaram índices mais elevados de depressão quando comparados com os pacientes sem zumbido. A escala graduada de dor crônica (GCP) é usada para avaliar o nível corrente de atividade psicossocial. Ela vem sendo utilizada, basicamente, junto como o eixo II, para a avaliação de pacientes com dor crônica orofacial, para graduar tanto a severidade como a extensão da interferência da dor com as atividades diárias e a extensão da utilização do serviço de saúde. O prognóstico é mais obscuro quando a limitação das atividades descritas devido à dor crônica é alta e quando a dor interfere apreciavelmente na capacidade de cumprir as responsabilidades em casa, na escola, trabalho, e/ou quando limita as atividades sociais. São usados sete itens para classificar a intensidade da dor, a interferência relacionada à dor nas atividades diárias, e os dias de incapacidade relacionada à dor para classificar os indivíduos em cinco graus. O Grau 0 indica que não há dor de DTM recente; os Graus I e II indicam níveis baixos de incapacidade relacionada à dor na presença de dor baixa e alta, respectivamente; os Graus III e IV indicam incapacidade relacionada à dor de moderada a severa. Em relação ao nível de situação da dor crônica no que se refere às categorias o grupo-controle apresentou uma associação estatisticamente significativas ao item sem dor. Noventa e sete por cento do grupo-controle não apresentaram dor e somente 2,9 % foi classificada com severidade baixa. O grupo zumbido com perda auditiva apresentou-se significativamente associado aos itens de categorias de severidade baixa (20 %), moderada (23,6 %) e alta (12,7 %). O 131 grupo zumbido sem perda auditiva não apresentou associação estatisticamente significante a nenhuma categoria de dor crônica. Entretanto, ao compararmos as médias dos escores de dor crônica, podemos observar que os grupos de pacientes com zumbido com perda auditiva (1,18) e sem perda auditiva (0,91) não diferiram entre si, além de apresentarem escores de dor crônica significativamente superiores ao grupo-controle (0,03). Com relação à variável limitações relacionadas ao funcionamento mandibular, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos comparados. Apesar das escalas válidas do impacto das DTMs sobre a função da mandíbula não serem conhecidas pela equipe do RDC no momento do desenvolvimento dos critérios, os autores acreditaram ser importante incluir essa dimensão na avaliação do impacto de tais condições. Um possível enfoque para a mensuração dessa dimensão foi proposto, mas requer mais estudos para avaliar sua confiabilidade e validade. Para as variáveis relacionadas as características do zumbido. Observa-se que a única que apresentou diferença significativa entre os grupos zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva foi a variável gravidade do zumbido, verificandose valores significativamente superiores para o grupo de pacientes com zumbido e perda auditiva. Entretanto somente no grupo de pacientes com zumbido sem perda auditiva é que se observou uma correlação direta entre a dor muscular nos músculos temporais posteriores e a gravidade do zumbido, ou seja, quanto maior o nível de dor nestas musculaturas, maior tende a ser a gravidade do zumbido. A semelhança observada entre os grupos de zumbido, na maioria das variáveis, sugere que ambos são homogêneos quanto às características clínicas, ou seja, que a presença ou ausência de perda auditiva não influencia essas características. Entretanto, a presença do zumbido e perda auditiva torna-se um fator de grande repercussão negativa na vida do indivíduo, repercutindo em suas vidas características psicossociais desses indivíduos e podendo alterar muitas vezes o equilíbrio emocional. Além disso, pacientes com zumbido e perda auditiva apresentaram valores significativamente superiores quando questionados sobre a gravidade do zumbido quando analisadas apartir de escalas numéricas. A presente pesquisa demonstrou que a interferência do zumbido no nível corrente de atividade psicossocial e no estado psicológico foi significantemente menor no grupo-controle quando comparado com os grupos de zumbido. Ao compararmos os pacientes com 132 zumbido com perda auditiva e audiometria normal notamos que os pacientes com perda auditiva apresentaram valores superiores de somatização em relação aos pacientes com zumbido e audiometria normal, entretanto a média dos valores entre estes grupos não apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Dessa maneira, a presença de perda auditiva poderia aumentar o risco de o zumbido provocar interferência nas atividades psicossociais e no estado psicológico ou poderia funcionar como um co-fator dessas interferências, provocando uma morbidade considerável na vida desses pacientes. Ciancaglini et al., (1994) avaliaram a associação de sintomas otológicos, do nariz e da garganta de acordo com a severidade da artropatia em pacientes com DTM. O zumbido foi considerado pelos autores como não estatisticamente associado, sendo surdez o sintoma mais influente. Além disso, pacientes com zumbido e audiometria normal constituem um grupo importante, pois suas características podem ser atribuídas exclusivamente ao zumbido à perda auditiva que acompanha os demais casos. Desta maneira a presença isolada do zumbido sugere que este pode ser o primeiro sintoma de doenças que somente são diagnosticadas depois do aparecimento da perda auditiva (FELICIO et al., 1999). 6.5 CARACTERÍSTICAS OCLUSAIS A odontologia tem visto historicamente a variação oclusal como um fator etiológico primário para a DTM. A inspeção e a análise da condição oclusal constituem um passo importante na identificação de possíveis fatores contribuintes. Vista no passado como um problema potencial atuando como predisponente e perpetuante das DTMs, a participação da oclusão nesses processos atualmente tem sido revista com cautela. Características oclusais têm sido comumente identificadas como fatores predisponentes, iniciantes e perpetuantes, entretanto as evidências científicas não apoiam o papel da oclusão como fator etiológico primário para as DTMs. Apesar de muito difícil, houve uma preocupação em parear as variáveis oclusais entre os grupos, para não introduzir um viés de confundimento. 133 Os pacientes do grupo de zumbido com perda auditiva apresentaram um menor número de peças dentárias tanto no seguimento anterior quanto no posterior quando comparados aos outros grupos. No entanto, variáveis como classificação de Angle, uso de prótese e tipo de prótese não apresentaram diferenças estatisticamente significantivas entre os grupos. Em relação às guias de desoclusão em lateralidade direita e esquerda observou-se que o grupo controle apresentou-se significativamente associado à guia canina para ambos os lados enquanto o grupo de zumbido com perda auditiva apresentou uma associação à guia anterior. Além disso, a guia protusiva do grupo-controle apresentou-se significativamente associada à guia anterior, enquanto o grupo de zumbido com perda auditiva apresentou uma associação à guia posterior. Observou-se também que os pacientes dos grupos de zumbido apresentaram um tempo de uso atual das próteses maior em relação ao grupocontrole, visto que muitas vezes eram superiores à cinco anos, o que se revelava no aspecto de conservação dos aparelhos protéticos, os quais em muitos casos apresentavam-se inadequados, desgastados e desadaptados. Este fato também deve ser levado em conta em relação às guias de desoclusão, pois 66% dos pacientes com zumbido apresentavam prótese totais superiores e 35% próteses totais no arco inferior; além diso, em vários aparelhos, além do desgaste natural causado pela utilização dos aparelhos, muitos apresentavam oclusão balanceada bilateral, o que favorece principalmente a diminuição da altura das guias. Rubinstein et al. (1990) examinaram 102 pacientes, com zumbido para determinar a prevalência de sinais e sintomas de DTM. Em relação há condição oclusal 65 pacientes possuíam suporte molar bilateral e 17 unilaterais, 19 não possuíam suporte molar e um não possuía suporte algum. Destes 6 pacientes possuíam dentaduras completas duplas, 7 utilizavam dentaduras maxilares e próteses parciais removíveis nos arcos antagonistas e apenas e próteses parciais removíveis em um arco. Os autores relataram que com os resultados presentes não houve uma correlação estatisticamente significante entre as características oclusais e o zumbido. Além disso, a condição oclusal mesmo com a perda de suporte molar por 1/3, a maioria possuía uma estabilidade oclusal relativamente boa. Além disso, a prevalência das interferências oclusais nos pacientes com zumbido foram similares quando comparadas a estudos epidemiológicos e a pacientes com DTMs. Além 134 disso, os resultados demosntrados por Pacoal et al. (2001) também não encontraram uma correlação de significância entre sintomas otológicos e ausência de dentição posterior. Em relação à variável deslize em cêntrica apesar de o grupo-controle apresentar valores significativamente inferiores em relação aos grupos de zumbido não foi observada uma diferença estatisticamente significantiva entre os pacientes de zumbido. Discrepâncias entre as posições de Relação Central (RC) e Máxima Intercuspidação Habitual (MIH) foram no passado, consideradas no passado, como importantes no desencadeamento de tais problemas. Atualmente, entende-se que somente deslizes de grande magnitude poderiam, em determinados subgrupos de pacientes, aumentar riscos de desenvolvimento de dor e disfunção. Em relação à dimensão vertical (DV) observou-se que 95,7% dos pacientes do grupo controle apresentaram uma DV normal enquanto de 54,5% do grupo de pacientes com zumbido e perda auditiva apresentaram uma DV reduzida quando comparados com apenas 19,0 % dos pacientes com zumbido e audição normal. No entanto, a perda de suporte molar com conseqüente diminuição da DV pode estar associada nesta pesquisa com o aumento da idade, visto que os pacientes do grupo zumbido com perda auditiva apresentaram idades superiores aos outros grupos, apesar de ter sido realizada uma tentativa de pareamento desta variável de confundimento. Entretanto, a literatura científica não demonstra evidências de que alterações moderadas na DV provocassem hiperatividade muscular mastigatória ou sintomas de DTM. O fato de se ter encontrado para algumas variáveis oclusais uma associação estatisticamente significativas, não pode ser considerado isoladamente um indicativo de disfunção, pois se sabe estarem presentes, da mesma maneira, na maioria da população assintomática e em ambos os grupos de zumbido. A caracterização indistinta de diversos subgrupos de pacientes, falta de critérios de inclusão e ausência de padronização na execução do exame oclusal ainda são, no entanto, problemas que interferem na correta interpretação dos dados. Além disso, as DTM são variadas e na maioria das vezes, multifatoriais do ponto de vista etiológico, o que requer uma alteração da abordagem historicamente simplista onde causa e efeito eram hipoteticamente conhecidos, para uma abordagem multidisciplinar onde os fatores etiológicos são incertos, variáveis e seguidamente alternados. O tratamento das DTMs foi baseado em crendices e dados testemunhais 135 variáveis, onde, uma premissa muito comum foi a de que uma saúde ótima estaria na dependência de critérios morfológicos muito precisos e específicos. Uma relação estrutural interoclusal, interarcos ou intraarticular normal ou mesmo sendo uma variação do normal foi, quase sempre, imaginada como predisponente à disfunção ou doença dos tecidos componentes do sistema mastigatórios. No entanto, uma variação morfológica, sem que haja evidência patológica tecidual, pode ser uma adaptação fisiológica êxitosa para qualquer combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos. O equilíbrio funcional resultante pode ser a relação morfológica mais condizente para o indivíduo em questão, mesmo que a relação morfológica não seja “ideal”. 6.6 EFICÁCIA DO TRATAMENTO DA DTM SOBRE OS SINTOMAS ZUMBIDO Na literatura, observam-se relatos de uma associação clínica entre zumbido e DTM. Parker & Chole (1995) compararam um grupo de pacientes com DTM com grupos-controle pareados por idade, observou-se uma maior prevalência de zumbido no grupo de pacientes com DTM. O resultado do tratamento da DTM na melhora ou desaparecimento dos sintomas otológicos foi revisado com o intuito de se pesquisar uma possível relação entre as duas condições, as quais estão frequentemente associadas, sendo observado que, quando o zumbido ocorre concomitantemente com a DTM, há relatos da obtenção de alívio desse sintoma quando a terapia para DTM tem sucesso (quadro 3). Entretanto a ausência de uniformidade nos critérios diagnósticos da DTM e das características do zumbido que são relevantes para considerar quais as características clínicas do paciente que possivelmente se beneficiaria com a terapêutica estomatognática, assim como a realização ou não de avaliações otorrinolaringológicas e a falta da sistemática de estudo sobre o efeito placebo do tratamento não fornecem uma avaliação real do efeito do tratamento da DTM sobre o zumbido até o presente momento (GELB et al., 1997; WRIGHT & BIFANO, 1997; FELÍCIO et al., 1999). Wright & Bifano (1997) realizaram um estudo longitudinal com 93 pacientes com o objetivo de pesquisar que pacientes com zumbido coincidente com DTM 136 poderiam ser beneficiado com modalidades conservadoras de tratamento para DTM. Embora a identificação desses pacientes não tenha sido possível, os autores determinaram algumas características, que poderiam predizer quais pacientes com zumbido que teriam uma probabilidade maior de apresentar melhora do sintoma com o tratamento proposto seriam estas: pacientes mais jovens, zumbido com uma freqüência menor ou zumbido de curta duração, pacientes com audição normal, dor na orelha ipsilateral ao zumbido, inicio do zumbido coincidente com o inicio dos sintomas de DTM, o zumbido é pior quando a DTM apresenta-se mais grave, zumbido aparentemente relacionado com o estresse, zumbido modulado com movimentos mandibulares, zumbido não relacionada a experiência de sons altos, zumbido reproduzido ou intensificado através do apertamento dentário. O quadro 3 relaciona as publicações que relataram o efeito do tratamento de DTM sobre os sintomas otológicos, especificando o tipo de estudo, a amostra, os sintomas otológicos, o tratamento realizado e os resultados obtidos. Do total de 1152 pacientes que apresentaram zumbido e outros sintomas otológicos e receberam tratamento para a DTM, 694 relataram alívio total do sintoma zumbido, 169 relataram alívio parcial, 97 nenhuma melhora do sintoma zumbido. Entretanto, deve-se ter atenção aos tipos de estudos que estão disponíveis. Nenhum trabalho apresentou grupo-controle e outros não apresentaram seguimento (Costen., 1934; Gelb et al., 1967; Bernstein et al., 1980; Wright & Bifano, 1997). O seguimento é importante, pois se confirma a eficácia do tratamento e diminui o viés do efeito placebo. Estes não devem ser considerados estudos-padrão, pois, o sintoma pode ser intermitente ou retornar em qualquer período de tempo. Além disso, o ensaio clínico ideal deve possuir um projeto cego, randomizado e um grupocontrole podendo ser este, a terapia atual padrão, um placebo ou nenhum tratamento ativo. Os trabalhos longitudinais foram 7, comparados com 6 transversais e 2 relato de caso. Este fato deve ser avaliado com bastante atenção, pois em estudos longitudinais fatores importantes podem ser definidos para a qualidade dos trabalhos como os critérios de inclusão e exclusão das amostras, a utilização de grupo-controle e o seguimento do trabalho. As modalidades de tratamento utilizadas variaram bastante. A placa oclusal foi o recurso mais utilizado, atingindo bons resultados. Os tratamentos conservadores (placa oclusal, instruções de autocuidado, psicoterapia e fisioterapia) 137 foram muito utilizados nos trabalhos mais recentes quando comparados com os tratamentos utilizados nos primeiros trabalhos, entre 1934 e 1969, baseados mais em intervenções oclusais (prótese e ajuste oclusal). Os tratamentos cirúrgicos foram geralmente indicados quando o tratamento conservador falhava (HODGES, 1990). A relutância em indicar esse tipo cirúrgico de tratamento é porque o alívio total do sintoma não é sentido por todos os pacientes frente ao caráter invasivo do tratamento. A combinação de modalidades diferentes de tratamento em uma mesma amostra pode mascarar qual gerou um melhor resultado (Glb et al., 1967; Bernstein et al., 1969; Koskinen et al., 1980; Loannides; Hoogland., 1983; Wright & Bifano., 1997; Wright., et al., 2000; Wright., et al., 2007). A revisão destes trabalhos demonstra uma ampla variação nos tipos de estudo, na seleção de pacientes, nos critérios diagnósticos, na metodologia e nas modalidades de tratamento utilizados nas investigações. No entanto, apesar da falta de comprovação científica da relação causal, as duas condições acontecem concomitantemente, sendo que a DTM pode agravar o sintoma zumbido, uma vez que, na maioria dos trabalhos, com o tratamento, o grau de desconforto do sintoma diminuiu. Descobrir como a DTM poderia influenciar esses mecanismos neurais a ponto de provocar uma estimulação anormal dos centros nervosos gerando a falsa percepção do som que caracteriza o sintoma zumbido é um desafio a ser vencido. A multiplicidade de hipóteses que especulam a relação entre zumbido, aparelho auditivo e o sistema estomatognático, pode-se dizer que esta ainda é uma questão em aberto. A literatura demonstra que essa relação é freqüente, porém não foi possível comprová-Ia baseando-se em evidências científicas. 138 7 CONCLUSÕES OS PACIENTES DO GRUPO DE ZUMBIDO COM PERDA AUDITIVA: Apresentaram associação direta com: a) Diagnóstico de dor miofaccial; b) Diagnóstico de deslocamento de disco com redução, artralgia; c) Diagnóstico de osteoartrose e osteoartrite da ATM; d) Apresentaram uma associação direta com redução da dimensão vertical; Não apresentaram associação direta com: e) Entre o diagnóstico e o lado do zumbido; f) Entre a presença de dor músculo/articular e o lado pior do zumbido; g) Entre a gravidade do zumbido e o nível de dor músculo/articular; OS PACIENTES DO GRUPO DE ZUMBIDO SEM PERDA AUDITIVA: Apresentaram associação direta com: a) Diagnóstico de deslocamento de disco com redução; b) artralgia; c) apresentaram uma correlação direta entre a gravidade do zumbido e o nível de dor nos músculos temporais posteriores esquerdo e direito. Não apresentaram associação direta com: d) Diagnóstico e o lado do zumbido nem entre a presença de dor músculo/articular e o lado pior do zumbido; 139 a) Perfil Eixo II Os pacientes dos grupos de zumbido com perda auditiva e zumbido sem perda auditiva não diferiram entre si em relação aos escores do grau de dor crônica, depressão, somatização incluindo e excluindo dor, apesar de apresentarem escores superiores ao grupo-controle. b) Gravidade do Zumbido Os pacientes do grupo de zumbido com perda auditiva apresentaram valores superiores para a gravidade do zumbido em relação ao grupo de pacientes com zumbido sem perda auditiva. 140 REFERÊNCIAS ARAUJO, A. Influência das disfunções da articulação temporomandibular sobre a tuba auditiva. Revista Faculdade de Odontologia. São José dos Campos 1973:2(2); 85-88. ARLEN, H. The otomandibular syndrome: a newconcept. Ear Nose Throat J. 1977;56:61-65. BERNHARDT, O; GESCH, D; SCHWAHN, C. et al. 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J Prosthet Dent. 1970;24:542-54. 146 APÊNDICES 147 APÊNDICE A - Pedido de autorização ao Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS Ao Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS Porto Alegre, de de 2005. Prezados (as) Senhores (as): O presente documento tem por objetivo solicitar a autorização e a aprovação para a realização de pesquisa intitulada “Prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e em pacientes com zumbido e audiometria normal”. Concorrerão para a execução desse estudo apenas questionários (RDC/DTM), exame clínico para a coleta de dados e exames otorrinolaringológicos e audiológicos completos em pacientes com zumbido. Nesse sentido, ressalte-se que tais procedimentos são inócuos aos pacientes, não resultando em qualquer alteração na normalidade do tratamento a eles empregado no Ambulatório de Zumbido do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O objetivo principal deste projeto é o de verificar a prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular (DTM) em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e em pacientes com zumbido e audiometria normal em comparação com um grupo controle, de forma a tentar estabelecer uma possível concomitância e/ou correlação dos sinais e sintomas de DTM com as causas estabelecidas ou presumíveis do zumbido presente, o que possibilita verificar a existência de relação entre o local e o lado onde o sintoma zumbido é mais intenso (lado predominante) e os sinais e sintomas de DTM, conforme os diagnósticos de Eixo - I de DTM. A presença de sinais e sintomas, em ambos os grupos, será detectada com base na utilização dos “Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Disfunções Temporomandibulares” (RDC/TMD), e os dados obtidos serão comparados com aqueles constantes nas avaliações otorrinolaringológicas (otoscopia, rinoscopia e laringoscopia indireta) e audiológica desses mesmos pacientes. 148 O projeto detalhado do presente estudo encontra-se em anexo. Caso os membros do Comitê necessitem de informações adicionais, estarei à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos. Cordiais Saudações, Prof. Caio Marcelo Panitz Selaimen Professor Assistente Departamento de Prótese Mestrado em Prótese Dentária - PUCRS Faculdade de Odontologia da PUCRS 149 APÊNDICE B - Termo de Esclarecimento e Informação ao Paciente O(A) senhor(a), está convidado a participar do estudo intitulado “Prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e em pacientes com zumbido e audiometria normal”, que está sendo realizada pelo Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e pela PUCRS, com o objetivo de verificar quais os indicadores de risco de Disfunções Temporomandibulares podem ter influência sobre a geração do zumbido. Referida análise/pesquisa possibilitaria uma melhora subtancial/considerável da qualidade do diagnóstico e do tratamento oferecido ao paciente, evitando, assim, a utilização de procedimentos desnecessários, o que resultaria na redução significativa dos custos suportados pelo paciente, além de reduzir a frustração tanto das pessoas submetidas ao tratamento quanto dos profissionais que atuam nesta área. Para fins de participação no presente estudo, todos os pacientes deverão preencher o questionário auto-explicativo dos Critérios de Diagnóstico na Pesquisa para Disfunções Temporomandibulares (RDC/DTM), o qual tem por objetivo avaliar um conjunto de critérios clínicos capazes de possiblitar o diagnóstico das disfunções temporomadibulares, e destinados a classificar o funcionamento psicológico e psicossocial do paciente com DTM. Além disso, serão realizados, em clínica odontológica, exames rotineiros e necessários para avaliar a presença de dor ou a presença de sinais que possam provocar algum dano ao bem estar do paciente. Solicitamos por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sua permissão/autorização para utilizar os resultados de seus exames otorrinolaringológicos e audiológicos, que serão realizados no Ambulatório de Zumbido no Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), os quais serão comparados com os resultados do exame clínico ao final deste estudo. Impende ressaltar, por oportuno, que a participação nesta pesquisa é de caráter voluntário, motivo pelo qual o paciente resguarda-se o direito de decidir se irá ou não participar do presente estudo, sendo-lhe facultada, a qualquer momento, a deisistência sem que isso possa causar qualquer prejuízo ou acarretar penalidade e sem isso resulte em qualquer interferência no andamento e no resultado do 150 tratamento empregado pelo Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), local onde a pesquisa está sendo realizada. Registre-se, ainda, que a participação nesta pesquisa não gera qualquer tipo de risco ou dano ao paciente. A identidade de cada indivíduo será mantida em absoluto sigilo durante e após a realização da pesquisa. O paciente não terá que arcar com nenhum custo durante a realização da pesquisa. O participante tem total liberdade para opinar e poderá, a qualquer momento, fazer questionamentos acerca dos benefícios, riscos e procedimentos utilizados durante a pesquisa. Em caso de dúvida, o(a) senhor(a) poderá entrar em contato com o Dr. Caio Marcelo Panitz Selaimen no telefone +555199512433 para que lhe sejam prestados os esclarecimentos necessários. Porto Alegre,_____de_______________de_______. 151 APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Eu,______________________________, concordo em participar de um estudo preliminar intitulado “Prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e em pacientes com zumbido e audiometria normal”. A minha participação é voluntária, e possuo o direito de desistir do estudo a qualquer momento sem que isso afete o meu tratamento na clínica e sem que haja qualquer prejuízo ou penalidade. Compreendo que as informações coletadas são confidenciais e que não serão divulgadas sem o meu consentimento escrito. Somente a descrição referente ao grupo de participantes é que se encontra à disposição do pesquisador, o qual não está autorizado a identificar os participantes envolvidos em nenhum dos seus resultados. O Dr. ___________________________________ prestou todos esclarecimentos necessários acerca deste estudo e minhas perguntas foram respondidas. Ficaram claros para mim quais são os propósitos dos procedimentos a serem realizados. Entendo também que estes testes são inócuos e que não irão alterar em nada o protocolo de tratamento a ser empregado na clínica, bem como não afetarão o resultado do tratamento. Apenas preencherei o questionário solicitado e me submeterei aos exames clínicos e laboratoriais. Acredito ter sido suficientemente informado(a) a respeito do presente estudo, especialmente após a leitura do Formulário de Informação ao Paciente que me foi entregue (APÊNDICE B). Entretanto, se houver alguma dúvida remanescente ou, ainda, caso sobrevenham outras questões a serem esclarecidas, eu estou autorizado(a) a contactar o pesquisador para que forneça as informações necessárias. Outrossim, declaro, após ter lido o presente documento, e por estar ciente dos termos constantes neste formulário de autorização, cuja cópia me foi entregue e por mim será mantida, que concordo em participar do estudo acima referido. Assinatura: ______________________________ Investigador: _____________________________ Data: ___________________________________ 152 APÊNDICE D - Pedido de apreciação do projeto de pesquisa À Comissão Científica e de Ética da Faculdade de Odontologia da PUC-RS Porto Alegre,.........de...................de 2004. Prezados Senhores, Vimos por meio deste documento apresentar, para apreciação, o Projeto de Pesquisa intitulado “Prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e em pacientes com zumbido e audiometria normal”. Este estudo será realizado no Ambulatório de Zumbido do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com o conhecimento de sua chefia, o Prof. Dr. Celso Dall’Igna. No aguardo dos respectivos pareceres, subscrevemo-nos. ____________________ ____________________ Autor do projeto Orientador ____________________ ____________________ Coordenador do Curso Colaborador 153 APÊNDICE E - Termo de Compromisso Eu, Caio Marcelo Panitz Selaimen, aluno do curso de Doutorado em Prótese Dentária da FO/PUCRS, autor do projeto intitulado “Prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em pacientes com zumbido e qualquer grau de perda auditiva e em pacientes com zumbido e audiometria normal”, orientado pelo Prof. Dr. Márcio Grossi, declaro que cumprirei os requisitos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e suas complementares. Comprometo-me a utilizar os dados coletados nos exames clínicos e laboratoriais exclusivamente para os fins previstos no protocolo, garantindo sigilo quanto à identificação dos mesmos. Porto Alegre, 12 de Janeiro de 2005. ________________________________ Assinatura do aluno 154 APÊNDICE F - Resumo dos dados obtidos do paciente Dados demográficos: Nome...................................................................................................... Idade......... Sexo............... Renda familiar anual...................... Nível educacional: Nunca frequentou escola/jardim de infância 0 0 Escola primária 1234 Escola ginasial 5678 Científico 9 10 11 12 Faculdade 13 14 15 16 17 18+ Características auto-relatadas: Estalido (click) Sim ( ) Não ( ) Ranger/esfregar Sim ( ) Não ( ) Apertamento/ranger noturno Sim ( ) Não ( ) Apertamento/ranger diurno Sim ( ) Não ( ) Mordida desconfortável/não habitual Sim ( ) Não ( ) Rigidez pela manhã Sim ( ) Não ( ) Zumbido nos ouvidos Sim ( ) Não ( ) Diagnóstico - Eixo I: Grupo I. Disfunções musculares (faça um círculo em apenas uma das respostas para o Grupo I) A Dor Miofacial ( I.a ) B Dor Miofacial sem Limitação de Abertura ( I.b) C Sem Diagnóstico no Grupo I 155 Grupo II. Deslocamento do disco (Faça um círculo em apenas uma das respostas para cada uma das articulações para o Grupo II) ARTICULAÇÃO DIREITA A) Deslocamento do Disco com Redução ARTICULAÇÃO ESQUERDA A Deslocamento do Disco com Redução (II.a) (II.a) B Deslocamento do Disco sem Redução, B Deslocamento do Disco sem Redução, com limitação de abertura (II.b) C Deslocamento do Disco sem Redução, com limitação de abertura (II.b) C Deslocamento do Disco sem Redução, sem limitação de abertura (II.c) D Sem Diagnóstico para ATM Direita no sem limitação de abertura (II.c) D Sem Diagnóstico para ATM Esquerda no Grupo II Grupo II Grupo III. Outras Condições Articulares (faça um círculo em apenas uma das respostas para cada uma das articulações para o Grupo III). A B B C D Articulação Direita Artralgia ( III.a ) Osteoartrite da ATM ( III.b ) Osteoartrite da ATM ( III.b ) Osteoartrose da ATM ( III.c ) Sem Diagnóstico para ATM Direita no Grupo III A B B C D Articulação Esquerda Artralgia ( III.a ) Osteoartrite da ATM ( III.b ) Osteoartrite da ATM ( III.b ) Osteoartrose da ATM Sem Diagnóstico para ATM esquerda no Grupo III Perfil - Eixo II A Nível da dor crônica (0 - 4) ________ B Escore de Depressão: Normal______ Moderado______Severo_______ C Escala de sintomas físicos não específicos incluindo dor: Normal ______Moderado______Severo_______ 156 D Escala de sintomas físicos não específicos excluindo dor: Normal ______Moderado______Severo_______ E Limitações Relacionadas ao Funcionamento Mandibular: __________ (Nº de respostas positivas/Nº de itens respondidos). Classificação de Angle: - Classe I - Classe II - Classe III Número de dentes anteriores: - Número de dentes posteriores - Guia de desoclusão em lateralidade direita (1) Canina (2) Anterior (3) Anterior/posterior (4) Posterior Guia de desoclusão em lateralidade esquerda: (1) Canina (2) Anterior (3) Anterior/posterior (4) Posterior Protusão: (1) Canina (2) Anterior (3) Anterior/posterior (4) Posterior 157 Deslize em cêntrica mm: - Utiliza prótese? sim ( ) não ( ) Tipo de prótese? (1) Prótese total (dupla) sup/inf (2) Prótese total superior (3) Prótese total inferior (4) Prótese parcial removível superior (5) Prótese parcial removível inferior (6) Prótese parcial removível superior e inferior Classificação de Kennedy (quando utiliza prótese parcial removível) Arco superior: (1) Classe I (2) Classe II (3) Classe III (4) Classe IV Arco inferior: (1) Classe I (2) Classe II (3) Classe III (4) Classe IV Há quanto tempo usa prótese? Qual o tempo de uso das próteses atuais? 158 Qual o arco reabilitado? (1) Arco maxilar (2) Arco mandibular (3) Arcos maxilar/ mandibular Dimensão vertical? (1) Normal (2) Reduzida 159 APÊNDICE G - Pedido de autorização para utilização do Laboratório de Zumbido do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas de Porto Alegre Senhor Coordenador do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, Prof. Dr. Celso Dall’Igna Venho, pelo presente documento, solicitar autorização para utilizar as dependências do Ambulatório de Zumbido do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, a fim de realizar a parte experimental de minha pesquisa, na área de Disfunção Temporomandibular, intitulada “Avaliação da prevalência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em indivíduos com zumbido e qualquer grau perda auditiva e indivíduos com zumbido e audiometria normal em comparação com um grupo controle”, caso a mesma seja aprovada pela Comissão Científica e de Ética da FO/PUCRS. Na certeza de sua compreensão, agradeço antecipadamente. Atenciosamente, __________________________________ Caio Marcelo Panitz Selaimen De acordo. ______________________________ Assinatura do responsável pelo setor _____/_________/_______. Data 160 ANEXOS 161 ANEXO A - Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Desordens Temporomandibulares O questionário RDC/DTM (Eixos I e II) reflete a interação complexa entre dimensões físicas e psicológicas de dor persistente. Referido questionário é formado por um sistema de eixo duplo. No Eixo I são analisados os sinais e sintomas de DTM, enquanto que no Eixo II são avaliados, além de outros sintomas físicos, fatores psicossociais como depressão e ansiedade associados à dor crônica, o que permite a obtenção de um perfil mais abrangente da disfunção. Ademais, devido ao interesse na obtenção de resultado no tratamento da DTM, o RDC/DTM (Eixo II) também inclui uma avaliação das limitações na habilidade normal da função bucal. É importante enfatizar que a presença de uma abordagem multi-axial é condizente com o pensamento atual, o qual simultaneamente introduz algumas medidas e métodos de mensuração pouco usados na área de DTM. Portanto, o Eixo I do RDC/DTM é um conjunto de critérios diagnósticos para a pesquisa que foi operacionalizado para o uso na investigação da dor nos músculos mastigatórios, deslocamento de disco e doenças degenerativas da ATM. O Eixo II do RDC/DTM, por sua vez, é um conjunto de critérios diagnósticos para pesquisa que foi operacionalizado para a avaliação da disfunção, depressão, sintomas físicos não específicos e disfunção bucal relacionados à dor crônica. O exame clínico será realizado por um único examinador, procedimento que se relatou ter uma boa reprodutibilidade na literatura (índice Kappa intra-examinador = 0.7; Dworkin & LeResche, 1992). O examinador será cego ao resultado dos testes e exames realizados, bem como ao grupo ao qual o paciente pertence, o que previne erro sistemático. 162 EXAME CLÍNICO O exame clínico será realizado por um único examinador, visto que as respostas à palpação da ATM e dos músculos podem variar de um examinador para outro. Os procedimentos do exame clínico e os critérios de medida serão baseados no RDC/TMD. A palpação da ATM e da musculatura mastigatória será incluída, pois é uma variável utilizada na maioria dos estudos de DTM. Além disso, a palpação constitui parte de um procedimento padronizado para avaliação (DWORKIN & LERECHE,1992). O grau de confiabilidade da palpação da musculatura extra-oral indica uma concordância aceitável tanto em população sintomática como não sintomática (Kappa = 0.47 a 0.65). Apesar de a confiabilidade da musculatura intra-oral ser mais baixa em relação aos músculos extra-orais (Kappa = 0.27 a 0.61), esses também serão incluídos no trabalho. A palpação da ATM, no entanto, alcança níveis aceitáveis (Kappa = 0.47 a 0.52). Método para a palpação muscular e articular da ATM A palpação dos músculos e das articulações em relação à sensibilidade requer o pressionamento de locais específicos, usando a ponta ou o aspecto ventral da ponta do dedo indicador ou desse dedo junto com o médio, realizando uma pressão padronizada de acordo com os seguintes critérios (Dworkin & Lereche, 1992): a palpação será realizada com 2 libras de pressão para os músculos extraorais e 1 libra de pressão para as ATMs. Os músculos de cada lado da face serão palpados separadamente, e a mão oposta será usada para estabilizar a cabeça. A mandíbula do paciente ficará em uma posição de repouso, sem que os dentes se toquem, e os músculos ficarão em um estado passivo. Quando necessário, para fins de verificação e identificação do local correto de palpação, será solicitado ao paciente que realize leve contração da musculatura, apertando ligeiramente os seus dentes e relaxando posteriormente para que a palpação seja executada. Devido ao fato de que os locais de sensibilidade costumam variar entre os pacientes, até 163 mesmo dentro do mesmo músculo, a área inteira do músculo será palpada, quando necessário, a fim de que haja êxito na detecção de áreas sensíveis que possam estar presentes. Durante o exame, será solicitado ao paciente, quando necessário, que determine se este sente dor ou somente pressão. No caso de sentir dor, tal sintoma será classificado como: leve (1), moderado (2) e severo (3). Se o paciente relatar estar sentindo somente pressão ou experiência dolorosa negativa, tal sensação será classificada como (0). Especificações para o exame de paciente com DTM a) Instruções gerais para o exame 1. Todos os itens do questionário e do exame devem ser completados, a não ser que o paciente se recuse, ou seja, incapaz de cooperar. Neste caso, escreva PR (paciente recusa) em letras maiúsculas adjacente ao item do exame e anote porque o paciente recusa ou não pode realizar o item. 2. Todas as medições devem ser obtidas com os músculos mandibulares em um estado de passividade, a não ser que o exame especifique outra coisa. As articulações e os músculos não devem receber peso ou pressão em nenhum momento. 3. Todos os registros milimétricos deverão ser feitos com dígitos unitários ou duplos. Se a leitura for de apenas um dígito, deverá ser precedida de zero (0). Se uma medição ficar entre duas marcas de milímetros, deverá ser registrada a menor. 4. Os pacientes sentarão em cadeiras, com aproximadamente 90 graus em relação ao examinador. 5. Os examinadores deverão usar luvas durante a realização de todo o exame. 6. Pacientes com próteses removíveis deverão ser examinados com as próteses dentro da boca, a não ser que seja necessário remove-las para examinar a mucosa ou gengiva ou, ainda, para proceder a palpações intra-orais. Placas de mordida ou outros dispositivos que não substituam dentes devem ser removidos 164 para a realização do exame. 7. Se o paciente tem barba, colar ou outra qualquer barreira física que possa interferir na palpação dos músculos ou da ATM, anote isso. Conduza os procedimentos do exame na ordem que estão na ficha e registre todas as medições nos locais apropriados da ficha específica. 8. Os itens 4.d, sobrepasse incisal vertical e 6.d, estão incluídos para que correções nas medições nos itens 4. e 6. possam ser feitas de forma a determinar os valores reais de aberturas e excursões. Para os itens 4.a, 4.b, e 4.c, a quantidade de sobrepasse vertical deve ser adicionada a cada uma dessas medições de maneira a proporcionar a verdadeira medida de abertura. Para os itens 6.a, e 6.b, se o desvio da linha mediana (6.d) for maior do que zero (0), esta medição deverá ser adicionada a um lado da excursão lateral e subtraída da outra. Por exemplo: se o paciente tiver um desvio de 2 mm. para a direita, subtraia os 2 mm. Do valor dado à excursão lateral direita e adicione 2 mm. ao valor dado à excursão lateral esquerda. Nota: os intens supra referidos foram movidos do questionário para o exame, porque os Critérios Diagnósticos para Pesquisa ( RDC ) demandam que o paciente descreva a localização da dor ( itens 1 e 2 do exame ), o que possibilita que o examinador confirme seguramente o tipo e a localização da dor. b) Exame 1. Faça um círculo na resposta apropriada. Se o paciente indicar dor na linha mediana, marque como “ambos”. 2. Faça um círculo na resposta apropriada. Se não estiver claro para o examinador se o paciente está indicando articulação ou músculo, pressione a área da forma mais leve possível, para identificar corretamente o local anatômico. Por exemplo, se o paciente indicar dor na articulação, mas o examinador identificar a dor como sendo no músculo, os achados do examinador são os que devem ser registrados. 3. Padrões de abertura. Instruções gerais: solicite ao paciente para que coloque a mandíbula numa posição confortável. “Deixe a sua boca em uma posição confortável, com seus dentes apenas se tocando levemente“. Coloque seu 165 polegar, com cuidado, sob o lábio inferior do paciente, de maneira que o lábio revele os dentes inferiores. Isso facilitará a observação de desvios da linha mediana. Peça ao paciente que abra a boca tão amplamente quanto possa, mesmo que ele/ela sinta dor. “Eu desejo que você abra a sua boca o máximo possível, mesmo que isso seja um pouco doloroso”. Se a quantidade de desvio não for clara, use uma régua milimetrada; posicione-a verticalmente entre os nichos dos incisivos maxilares e mandibulares (ou faça uma marca nos incisivos mandibulares se as linhas medianas não coincidirem) como uma guia para visualizar melhor. Peça ao paciente para abrir três vezes. Se o paciente exibir mais do que um padrão de abertura, então peça ao mesmo para repetir as três aberturas e registre conforme os seguintes critérios (nota: só o padrão de abertura é avaliado): a) Reto: se não há desvio perceptível durante a abertura. b) Desvio lateral para a esquerda ou à direita: para desvios que são perceptíveis para um dos lados, em máxima abertura, observe para qual dos lados da face o desvio ocorre e registre-o corretamente. c) Desvio corrigido (desvio em “S” ): o paciente mostra um desvio perceptível para a esquerda ou para a direita, mas corrige para a linha mediana antes ou ao atingir a abertura máxima mandibular sem ajuda. Outro: o paciente exibe uma abertura espasmódica (descontínua ou não homogênea) ou apresenta uma abertura diferente das mencionadas; indique isso e o tipo de desvio. Se o paciente apresenta mais de um padrão de abertura, use essa categoria e registre “mais do que um”. 4. Amplitude do movimento de abertura mandibular: se o paciente estiver usando uma dentadura ou uma prótese parcial removível, e ela estiver frouxa, comprimaa contra o rebordo em todas as medições. a) Abertura mandibular indolor sem ajuda I. Registrando a medição. Peça ao paciente para colocar a mandíbula em uma posição confortável. “Coloque a sua boca em uma posição confortável”. Peça ao paciente para abrir a boca o máximo possível (sem ajuda e sem que isso lhe provoque dor). “Eu gostaria que você abrisse a boca o máximo possível sem que 166 sinta nenhuma dor”. Coloque o bordo da régua milimetrada no bordo lábio-incisal do incisivo central maxilar que estiver o mais verticalmente orientado e meça verticalmente até o bordo lábio - incisal do incisivo mandibular oposto; registre esta medição. Indique na ficha qual o incisivo maxilar que foi utilizado. Se o paciente não abrir pelo mínimo - 30 mm, para ter certeza, repita a abertura. Se a segunda abertura ainda não produzir uma abertura maior do que 30 mm, registre a medição. b) Abertura mandibular máxima sem ajuda I. Obtendo medição. Peça ao paciente para colocar a mandíbula em uma posição confortável. Peça ao paciente, então, para abrir a boca o máximo possível, mesmo que sinta dor. “Abra a boca o máximo que puder, mesmo que seja um pouco desconfortável”. Coloque o bordo da régua milimetrada no bordo incisal do incisivo maxilar que seja o mais verticalmente orientado, e meça verticalmente até o bordo lábio-incisal do incisivo mandibular oposto; registre essa medição. II. Dor. Pergunte ao paciente se ele sentiu dor na abertura máxima sem ajuda. “Quando você abriu desta vez, você sentiu alguma dor?”. Registre se ele teve ou não dor e qual a localização. A localização é marcada de duas maneiras: 1 - por lado (esquerdo ou direito) e, 2 - se a dor foi ou não na articulação. Dois registros são necessários com relação aos itens 4b e 4c para identificar a dor. Registre o lado da dor como: “Nenhum” (0), “Direito” (1), “Esquerdo” (2), ou “Ambos” (3). Também registre se a dor na articulação está “Presente” (1), ou “Ausente” (0). Se o paciente não apresentar dor, faça um círculo em (9) em “Articular”. Se ele/ela acusar pressão ou aperto, registre como “Nenhuma”. c) Abertura mandibular máxima, com ajuda I. Obtendo medição. Peça ao paciente para colocar a mandíbula em uma posição confortável. “Coloque sua boca numa posição confortável”. Peça ao paciente para abrir sua boca o máximo possível, mesmo que sinta dor. “Eu gostaria que você abrisse a boca o máximo que puder, mesmo que seja um pouco desconfortável”. Depois que o paciente abrir esse máximo, coloque o seu polegar nos incisivos 167 centrais maxilares dele, e cruze o seu dedo indicador até os incisivos centrais mandibulares. A partir dessa posição, você obterá a alavanca necessária para forçar o paciente a abrir a boca mais ainda. Use uma pressão moderada, sem forçar demasiadamente a boca. “Eu estou tentando ver se eu posso forçar um pouco mais a abertura da sua boca, mas eu irei parar se você levantar a mão”. Meça verticalmente do bordo lábio-incisal do mesmo incisivo central maxilar, como antes, até o bordo lábio incisal do incisivo mandibular; com a régua milimetrada registre a medição. II. Dor. Registre se o paciente sentiu dor ou não e a localização. “Você sentiu alguma dor quando eu tentei abrir a sua boca mais um pouco com meus dedos?”. Registre as localizações da dor da mesma maneira como foi feito para abertura máxima mandibular sem ajuda. Se o paciente indicar apenas pressão ou tensão registre como “Nenhuma”. d) Trespasse vertical incisal Peça ao paciente para que ele feche os dentes completamente. Com uma caneta ou com a unha, marque a linha onde o bordo incisal do mesmo incisivo central maxilar, usado antes para medições, sobrepassa o incisivo mandibular. Meça a distância do bordo incisal mandibular até a linha marcada e registre a medição. 5. Sons articulares à palpação durante os movimentos mandibulares verticais. Instruções gerais: O paciente deverá indicar a presença ou ausência de sons; se presente, o examinador deverá registrar o tipo de som observado. Coloque o dedo indicador esquerdo sobre a ATM direita do paciente e o dedo indicador direito sobre a ATM esquerda (área pré-auricular). A polpa do dedo direito é colocada anteriormente ao tragus da orelha. Peça ao paciente para que, bem devagar, abra a boca tão amplamente quanto possível, mesmo que isso lhe cause dor. Cada fechamento deve levar os dentes ao máximo de contato como na intercuspidação máxima. Peça ao paciente: “Enquanto eu estiver com meus dedos sobre as suas articulações eu gostaria que você abrisse lentamente a boca até o máximo que puder e, então, fechasse, também lentamente, até que os seus dentes estejam perfeitamente juntos”. Peça ao paciente para abrir e fechar três (3) vezes. Registre o conjunto “ação/som” que a articulação produz em abertura 168 ou fechamento como detectado pela palpação e como definido a seguir. a) Definição de sons 0= Nenhum 1 = Estalido (click): um som nítido, de duração breve e muito limitada com um claro início e fim, que normalmente soa como um “click”. Faça um círculo neste item, apenas se o estalido é reproduzido em dois de cada três movimentos de abertura/fechamento. 2 = Crepitação áspera: um som que é contínuo, por um longo período durante o movimento mandibular. Ele não é breve como um estalido ou click; o som pode fazer ruídos contínuos que se sobrepõem. O som não é abafado; ele é um ruído de osso raspando contra osso, ou como uma pedra esfregando contra outra pedra. 3 = Crepitação delicada: um delicado som de raspagem que é contínuo por um longo período de movimento mandibular em abertura ou fechamento. Ele não é breve como um click; o som pode produzir sons contínuos que se sobrepõem. Ele pode ser comparado a uma raspagem ou fricção sobre uma superfície rugosa. b) Registro dos sons de estalido (click) Apesar de muitos dos seguintes tipos de sons não serem pertinentes aos critérios diagnósticos específicos, é fornecida essa exaustiva lista de definições para deixar claro quais características são necessárias para que determinados tipos de sons possam ser enquadrados nos Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Disfunções Temporomandibulares, de forma a diferenciá-los de outros sons. I. Estalido (click) reproduzível em abertura: se durante abertura e fechamento a partir da máxima intercuspidação, um estalido (click) é notado em dois de cada três movimentos de abertura, registre como positivo para estalido (click) em abertura. II. Estalido (click) reproduzível em fechamento: um estalido (click) presente em dois de cada três movimentos de fechamento mandibular. III. Estalido (click) reproduzível recíproco: o som é determinado pela medição 169 milimetrada dos clicks de abertura e fechamento e a eliminação de ambos os clicks quando o paciente abre e fecha a boca a partir de uma posição de protusão. Com a régua milimetrada meça a distância inter-incisal na qual os primeiros clicks de abertura e fechamento são ouvidos. Meça do nicho lábio-incisal do incisivo central maxilar identificado em 4, até o nicho lábio-incisal do incisivo mandibular oposto. Se o click cessa e assim não é mensurável, deixe os registros não preenchidos (análise do computador indicará que não há um click recíproco; mesmo que um click tivesse estado presente, ele não continua mais presente). Avalie a eliminação do clicks em abertura protrusiva pedindo ao paciente inicialmente para fazer protrusão máxima. A seguir peça ao paciente para que abra e feche a boca a partir da posição protruída da mandíbula. O click de abertura e fechamento, normalmente será eliminado. Faça um círculo em “Sim” (1) se o click pode ser eliminado se a mandíbula é aberta e fechada em uma posição protruída ou apenas mais anterior da mandíbula. Se o click não é eliminado, faça um círculo em “Não” (0). Se o paciente não apresenta nenhum click reproduzível nem em abertura, nem em fechamento, faça um círculo em “NA” (9). IV Estalido (click) não reproduzível: não marque nada. Um click não reproduzível está presente se o som só for demonstrado periodicamente durante a abertura e o fechamento; ele não pode ser reproduzido no mínimo em dois de cada três movimentos mandibulares completos. Mais de um som pode ser marcado com um (1) círculo no conjunto para Abertura (a), Fechamento (b) e Nenhum (0) é marcado com círculo, nenhuma outra resposta pode ser marcada. 6. Movimentos Mandibulares Excursivos: a) Excursão Lateral Direita I. Obtendo a medição. Peça ao paciente para abrir levemente a boca e mover a mandíbula o máximo possível para a direita, mesmo que seja desconfortável. Se necessário, repita o movimento. Ex.: “Mova a sua mandíbula o máximo possível para a direita, mesmo que seja desconfortável, e mova-a de volta para sua posição normal. Mova a sua mandíbula de novo para a direita”. Com os dentes levemente separados, use uma régua milimetrada para medir a distância entre o 170 nicho lábio incisal entre os incisivos centrais maxilares e o nicho lábio incisal entre os incisivos mandibulares, registre esta medição. II. Dor. Pergunte ao paciente se sentiu dor. Registre se o paciente sentiu ou não dor e, em caso afirmativo, qual a localização. A localização é registrada de duas maneiras: quanto ao lado, direito ou esquerdo e, especificamente se a dor é ou não localizada na articulação. Duas modalidades são necessárias para os itens 6a, 6b. e 6c, para avaliar a dor: registre o lado da dor como “Nenhum” (0), “Direito” (1), “Esquerdo” (2), ou “Ambos” (3). Também registre se uma dor na articulação estiver “Presente” (1), ou “Ausente” (0). Se o paciente não tiver dor, faça um círculo em “NA” (9) “Você sente alguma dor quando move para o lado?”. Se o paciente indica sentir apenas pressão ou tensão, registre como “Nenhum” (0). b) Excursão lateral esquerda I. Obtendo a Medição. Peça ao paciente para mover a sua mandíbula tão longe quanto possível, para o outro lado (esquerdo). “Eu gostaria agora que você movesse a sua mandíbula, tanto quanto for possível, para o outro lado e a trouxesse de volta à posição normal”. Registre esta medição da mesma maneira como foi feito para a excursão à direita. II. Dor. Pergunte ao paciente se ele/ela sentiu alguma dor. Registre se o paciente sentiu ou não dor e, em caso positivo, a sua localização. “Você sentiu alguma dor quando fez o movimento para o lado?” Registre as localizações da dor da mesma maneira como foi feito na excursão lateral direita. Se o paciente relata sentir apenas pressão ou tensão, registre como “Nenhum”. c) Protrusão I. Obtendo a medição: peça ao paciente para abrir levemente e protruir a mandíbula. “Deslize a sua mandíbula para a sua frente tanto quanto puder, mesmo que isso lhe cause algum desconforto”. Se o paciente tiver um sobrepasse vertical muito grande, peça-lhe para abrir um pouco mais, de maneira evitar a interferência dos incisivos superiores. II. Dor: pergunte ao paciente se sentiu dor. Registre se o paciente sentiu ou não 171 dor, e sua eventual localização. “Você sentiu alguma dor quando moveu a sua mandíbula para frente?”. Registre as localizações da dor da mesma maneira como foi feito na excursão lateral direita. Se o paciente relata sentir apenas pressão ou tensão, registre como “Nenhum”. d) Desvio da linha mediana Se os nichos interproximais incisais dos incisivos superiores e inferiores não coincidirem verticalmente, determine a diferença horizontal entre os dois enquanto o paciente estiver com os dentes ocluídos. Meça, em milímetros, quão longe o nicho mandibular está do nicho maxilar e para que lado do indivíduo o nicho mandibular está deslocado. Se o desvio da linha mediana for menor do que 1 mm. ou não houver desvio, registre “00”. 7. Sons articulares perceptíveis pela palpação nas excursões laterais e na protrusão. Solicite ao paciente para mover a mandíbula para a direita, para a esquerda e protruí-la (veja item 6): a) Definição de sons (Revise item 5); b) Registro dos sons de estalidos (clicks); I. Estalido reproduzível em laterotrusão ou protrusão. Ocorre quando a Articulação temporomandibular apresenta um estalido em dois de cada três movimentos de lateralidade ou protrusão. II. Estalido não-reproduzível em laterotrusão e protrusão. Um estalido não reproduzível está presente quando esse estalido só é demonstrado periodicamente durante movimentos de lateralidade ou de protrusão, mas não pode ser reproduzido, no mínimo, em dois de cada três movimentos. Não registre. c) Instruções gerais para a palpação de músculos e articulações quanto à sua sensibilidade à dor: 1. Examinar os músculos e as articulações quanto à presença de sensibilidade à dor requer que você pressione um lugar específico usando a ponta dos dedos indicador e médio ou somente a polpa do dedo indicador, e utilize uma pressão 172 padronizada, conforme descrito a seguir: as palpações serão feitas com uma pressão de 2 libras ( 900 gramas ) para os músculos extra- orais e com uma pressão de 1 libra (450 gramas) nas articulações e músculos intra-orais. Palpe os músculos enquanto usa a outra mão como um apoio para estabilizar a cabeça. A mandíbula do paciente deve estar em uma posição de repouso, sem contato entre os dentes. Palpe enquanto os músculos estão em uma condição passiva. Quando necessário, faça com que o paciente levemente morda e relaxe, para identificar e assegurar o local de palpação correto no músculo “Eu vou fazer pressão em alguns músculos. Eu gostaria que você fechasse seus dentes com uma leve pressão e depois os afastasse apenas levemente para que não se tocassem”. Primeiro encontre o local da palpação utilizando os pontos de referência descritos e, então, pressione. Em razão da existência de variação do local de máxima sensibilidade de paciente para paciente, é importante pressionar em múltiplas áreas na região especificada para determinar se a sensibilidade existe. Antes de iniciar a palpação, diga: “Na próxima parte do exame, gostaria que você registrasse se sente dor ou sente pressão quando eu apalpo ou pressiono algumas partes de sua face e cabeça”. Peça ao paciente que identifique se a palpação machuca (é dolorida) ou se ele apenas sente pressão. Se for uma sensação de machucadura, pergunte ao paciente se a dor é fraca, moderada ou severa. Registre qualquer resposta evasiva ou duvidosa, ou o relato apenas de pressão, como “Sem Dor” (0). 2. Descrição de locais específicos dos músculos extra-orais (900 gramas de pressão digital): a) Temporal posterior Palpe as fibras posteriores de trás das orelhas até diretamente acima das orelhas. Peça ao paciente para apertar e afastar os dentes para ajudar a identificação do músculo. Caminhe com os dedos em direção à face do paciente (medialmente) até o bordo anterior da orelha. b) Temporal medial Palpe as fibras na depressão cerca de 2 cm lateral ao bordo lateral da sobrancelha. 173 c) Temporal anterior Palpe as fibras sobre a fossa infratemporal, logo acima do processo zigomático. Peça ao paciente para apertar e afastar os dentes para ajudar a identificação do músculo. d) Masseter (origem) Peça ao paciente para inicialmente apertar e afastar os dentes e observe o masseter para localização. Palpe a origem do músculo, começando na área 1 cm à frente da ATM e imediatamente inferior ao arco zigomático, e palpe anteriormente até o bordo do músculo. e) Masseter (corpo) Comece logo abaixo do processo zigomático, no bordo anterior do músculo. Palpe daí para baixo e para trás até o ângulo da mandíbula, abrangendo uma área com uma superfície de, aproximadamente, dois dedos de largura. f) Masseter (inserção) Palpe a área de 1 cm superior e anterior ao ângulo da mandíbula. Região posterior da mandíbula (estilohióideo/digástrico posterior). g) Peça ao paciente para inclinar a cabeça para trás um pouco Localize a área entre a inserção do esternocleidomastoideo e o bordo posterior da mandíbula. Posicione o seu dedo de maneira que ele se dirija para medial e para cima (e não na mandíbula). Palpe a área imediatamente medial e posterior ao ângulo da mandíbula. 174 h) Região submandibular (pterigóideo medial/supra-hióideo/digástrico anterior) Encontre o lugar, sob a mandíbula, em um ponto 2 cm anterior ao ângulo da mesma. Palpe superiormente, empurrando contra a mandíbula. Se o paciente acusar uma dor forte nessa área, tente determinar se o paciente está relatando uma dor muscular ou nodular. Se forem nódulos, indique no formulário de exame. 3. Descrição de locais específicos da palpação muscular (450 gramas de Pressão diagnóstica): a) Pólo lateral Coloque seu dedo indicador logo à frente do tragus da orelha, e sobre a ATM do paciente. Peça ao paciente para abrir levemente a boca, até que você sinta o pólo lateral do côndilo trasladar para a frente. Use 450 gramas de pressão no lado que está sendo palpado e suporte a cabeça com a mão oposta. b) Zona retro-discal Esta zona pode ser palpada pelo conduto auditivo externo. Coloque a ponta de seu dedo mínimo direito no meato externo esquerdo do paciente e a ponta de seu dedo mínimo esquerdo no meato externo do ouvido direito dele. Aponte as pontas dos dedos em direção ao examinador e peça ao paciente para levemente abrir a boca (ou em abertura ampla, se necessário) de modo a ficar seguro que o movimento da articulação é sentido pelas pontas dos dedos. Realize uma firme pressão no lado direito e depois no lado esquerdo, enquanto os dentes do paciente estão completamente ocluídos (troque as luvas de exame). 4. Descrição dos locais específicos de palpação intra-oral (450 gramas de pressão digital). Explique ao paciente que agora você estará palpando a parte interna da boca. “Agora eu vou palpar alguns pontos dentro de sua boca. Enquanto eu faço essa palpação eu gostaria que você mantivesse sua mandíbula em uma posição de relaxamento”. 175 a) Área do pterigóideo lateral Antes de palpar, esteja seguro de que a unha do dedo indicador esteja bem cortada para evitar falsos positivos. Peça ao paciente que abra a boca e mova a mandíbula para o lado que está sendo examinado. “Mova a sua mandíbula para o lado desta mão”. Coloque o dedo indicador no lado lateral do rebordo alveolar acima dos molares maxilares direitos. Mova o dedo distalmente, para cima e para medial para palpar. Se o dedo indicador for muito grosso, o que é comum, use o dedo mínimo (5º dedo). b) Tendão do temporal Após terminar a palpação do pterigóideo lateral, rote seu dedo indicador lateralmente, próximo ao processo coronóide, peça ao paciente para abrir a boca levemente e mova o seu dedo indicador para cima, em toda a extensão do bordo anterior do processo coronóide. Se estiver difícil de determinar, em alguns pacientes, se eles estão sentindo dor no pterigóideo lateral ou no tendão do temporal, rote e palpe, com o dedo indicador, medialmente e depois lateralmente. Se ainda estiver difícil de determinar, o mais comum é o pterigóideo lateral ser o mais dolorido dos dois. 176 ANEXO B - Questionário Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Desordens Temporomandibulares RDC/DTM Editado por Francisco J. Pereira Jr. - DDS, MS, PhD Colaboradores Kimberly H. Huggins - RDH, BS Samuel F. Dworkin - DDS, PhD Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders Edited by: Samuel F. Dworkin, DDS,PhD and Linda LeResche,ScD HISTÓRIA - QUESTIONÁRIO Favor ler cada pergunta e responder de acordo. Para cada pergunta abaixo, circule somente uma resposta. 1. 2. 3. 1. Você diria que a sua saúde em geral é excelente, muito boa, boa, razoável, ou precária? Excelente 1 Muito boa 2 Boa 3 Razoável 4 Precária 5 2. Você diria que ou precária? Excelente Muito boa Boa Razoável Precária a sua saúde oral em geral é excelente, muito boa, boa, razoável, 1 2 3 4 5 3. Você já teve dor na face, nos maxilares, têmpora, na frente do ouvido, ou no ouvido no mês passado? Não 0 Sim 1 [Em caso de Não ter tido dor no mês passado, PULE para a pergunta 14] Se a sua resposta foi Sim, 177 4.a. Há quantos anos atrás a sua dor facial começou pela primeira vez? _ __ anos [Se há um ano atrás ou mais, PULE para a pergunta 5] [Se há menos de um anos atrás, marque 00] 4.b. Há quantos meses atrás a sua dor facial começou pela primeira vez? meses:_____ 5. A sua dor facial é persistente, recorrente, ou foi um problema que ocorreu somente uma vez? Persistente 1 Recorrente 2 Uma vez 3 6. Você alguma vez já foi a um médico, dentista, quiroprático ou outro profissional de saúde devido a dor facial? Não 1 Sim, nos últimos seis meses 2 Sim, há mais de seis meses atrás 3 7. Como você classificaria a sua dor facial em uma escala de 0 a 10 no presente momento, isto é exatamente agora, onde 0 é “sem dor” e 10 é a “pior dor possível”? Sem dor 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 A pior dor possível 8. Nos últimos seis meses, qual foi a intensidade da sua pior dor, classificada pela escala de 0 a 10, onde 0 é “sem dor” e 10 é a “pior dor possível” ? Sem dor 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 A pior dor possível 9. Nos últimos seis meses, em média, qual foi a intensidade da sua dor, classificada pela escala de 0 a 10, onde 0 é “sem dor” e 10 é a “pior dor possível”? [Isto é, sua dor usual nas horas que você estava sentindo dor]. Sem dor 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 A pior dor possível 10. Aproximadamente quantos dias nos últimos 6 meses você esteve afastado de suas atividades usuais (trabalho, escola, serviço doméstico) devido a dor facial? ___ dias 11. Nos últimos 6 meses, o quanto esta dor facial interferiu com suas atividades diárias de acordo com uma escala de 0 a 10, onde 0 é “nenhuma interferência” e 10 é “incapaz de realizar qualquer atividade”? Nenhuma interferência 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Incapaz de realizar qualquer atividade 178 12. Nos últimos 6 meses, o quanto esta dor facial alterou a sua capacidade de participar de atividades recreativas, sociais e familiares onde 0 é “nenhuma alteração” e 10 é “alteração extrema”? Nenhuma alteração 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Alteração extrema 13. Nos últimos 6 meses, o quanto esta dor facial alterou a sua capacidade de trabalhar (incluindo serviços domésticos) onde 0 é “nenhuma alteração” e 10 é “alteração extrema”? Nenhuma alteração 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Alteração extrema 14.a. Você alguma vez teve travamento articular de forma que não foi possível abrir a boca por todo o trajeto? Não 0 Sim 1 [se nunca apresentou este tipo de problema, PULE para a pergunta 15] Se a sua resposta foi Sim, 14.b. Esta limitação de abertura mandibular foi severa a ponto de interferir com a sua capacidade de mastigar? Não 0 Sim 1 15.a. Os seus maxilares estalam quando você abre ou fecha a boca ou quando você mastiga? Não 0 Sim 1 15.b. Os seus maxilares crepitam quando você abre e fecha ou quando você mastiga? Não 0 Sim 1 15.c. Alguém lhe disse, ou você nota, se você range os seus dentes ou aperta os seus maxilares quando dorme a noite? Não 0 Sim 1 15.d. Durante o dia, você range os seus dentes ou aperta os seus maxilares? Não 0 Sim 1 15.e. Você sente dor ou rigidez nos seus maxilares quando acorda de manhã? Não 0 Sim 1 15.f. Você apresenta ruídos ou zumbidos nos seus ouvidos? Não 0 179 Sim 1 15.g. Você sente a sua mordida desconfortável ou incomum? Não 0 Sim 1 16.a. Você tem artrite reumatóide, lúpus, ou qualquer outra doença artrítica sistêmica? Não 0 Sim 1 16.b. Você conhece alguém na sua família que tenha qualquer uma destas doenças? Não 0 Sim 1 16.c. Você já apresentou ou apresenta inchaço ou dor em qualquer das articulações que não sejam as articulações perto dos seus ouvidos (ATM)? Não 0 Sim 1 [em caso de Não ter tido inchaço ou dor nas articulações, PULE para a pergunta 17.a.] Se a sua resposta foi Sim, 16.d. É uma dor persistente que você vem tendo por pelo menos um ano? Não 0 Sim 1 17.a. Você teve alguma injúria recente contra sua face ou seus maxilares? Não 0 Sim 1 [em caso de Não ter tido injúria, pule para a pergunta 18] Se sua resposta foi Sim, 17.b. Você teve dor nos maxilares antes da injúria ? Não 0 Sim 1 18. Durante os últimos 6 meses você teve dor de cabeça ou enxaquecas? Não 0 Sim 1 19. Que atividades o seu problema atual dos maxilares impedem ou limitam? a. Mastigar Não 0 Sim 1 b. Beber Não 0 180 Sim 1 c. Exercitar-se Não 0 Sim 1 d. Comer alimentos duros Não 0 Sim 1 e. Comer alimentos moles Não 0 Sim 1 f. Sorrir/gargalhar Não 0 Sim 1 g. Atividade sexual Não 0 Sim 1 h. Limpar os dentes ou a face Não 0 Sim 1 i. Bocejar Não 0 Sim 1 j. Engolir Não 0 Sim 1 k. Conversar Não 0 Sim 1 l. Manter a sua aparência facial usual Não 0 Sim 1 20. No último mês, o quanto você tem estado angustiado por: a. Dores de cabeça Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 181 b. Perda de interesse ou prazer sexual Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 c. Fraqueza ou tontura Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 d. Dores no coração ou peito Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 e. Sensação de falta de energia ou lerdeza Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 f. Pensamentos sobre morte ou relacionados ao ato de morrer Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 g. Falta de apetite Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 h. Chorar facilmente Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 i. Culpar a si mesmo pelas coisas Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 182 j. Dores na parte inferior das costas Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 k. Sentir-se só Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 l. Sentir-se triste Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 m. Preocupar-se muito com as coisas Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 n. Sentir nenhum interesse pelas coisas Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 o. Náusea ou distúrbio gástrico Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 p. Músculos doloridos Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 q. Dificuldade em adormecer Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 r. Dificuldade em respirar Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 s. Acessos calor / frio Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 183 t. Dormência ou formigamento em partes do corpo Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 u. Inchaço/protuberância na sua garganta Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 v. Sentir-se desanimado sobre o futuro Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 w. Sentir-se fraco em partes do corpo Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 x. Sensação de peso nos braços ou pernas Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 y. Pensamentos sobre acabar com a sua vida Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 z. Comer demais Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 aa. Acordar de madrugada Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 bb. Sono agitado ou perturbado Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 cc. Sensação de que tudo é um esforço/sacrifício Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 184 dd. Sentimentos de inutilidade Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 ee. Sensação de ser enganado ou iludido Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 ff. Sentimentos de culpa Nem um pouco Um pouco Moderadamente Muito Extremamente 0 1 2 3 4 21. Como você classificaria os cuidados que tem tomado para com a sua saúde de uma forma geral? Excelente Muito bom Bom Satisfatório Insatisfatório 1 2 3 4 5 22. Como você classificaria os cuidados que tem tomado para com a sua saúde oral? Excelente Muito bom Bom Satisfatório Insatisfatório 1 2 3 4 5 23. Quando você nasceu? Dia ___ Mês ___ Ano ___ 24. Sexo masculino ou feminino? Masculino ----- 1 Feminino ------ 2 185 25. Qual dos grupos abaixo melhor representa a sua raça? Aleútas, Esquimó ou Índio Americano 1 Asiático ou Insulano Pacífico 2 Negro 3 Branco 4 Outro _________________________ 5 (favor especificar) 26. Alguns destes grupos representa a sua origem nacional ou ancestralidade? Porto Riquenho Cubano 2 Mexicano Mexicano Americano 4 Chicano 5 Outro Latino Americano Outro Espanhol Nenhum acima 1 3 6 7 8 27. Qual o seu grau de escolaridade mais alto ou último ano de escola que você completou? Nunca frequentou a escola/jardim de infância 00 Escola Primária 1234 Escola Ginasial 5678 Científico 9 10 11 12 Faculdade 13 14 15 16 17 18+ 28a. Durante as últimas 2 semanas, você trabalhou no emprego ou negócio não incluindo trabalho em casa (inclui trabalho não remunerado em negócios/fazenda da família)? Não 0 Sim 1 [Se a sua resposta foi Sim, pule para a pergunta 29] Se a sua resposta foi Não, 28b. Embora você não tenha trabalhado nas duas últimas semanas, você tinha um emprego ou negócio? Não 0 Sim 1 [Se a sua resposta foi Sim, PULE para a pergunta 29] Se a sua resposta foi Não, 186 28c. Você estava procurando emprego ou de dispensa, durante aquelas duas semanas? Sim, procurando emprego 1 Sim, de dispensa 2 Sim, ambos: de dispensa e procurando emprego Não 4 3 29. Qual o seu estado civil? Casado (a) - esposa (o) em casa 1 Casado (a) - esposa (o) fora de casa Viúvo (a) Divorciado (a) Separado (a) 5 Nunca casei 6 2 3 4 30. Qual a sua foi a sua renda doméstica durante os últimos 12 meses? R$ ___.____,__ (Reais, moeda brasileira) Não preencher. Deverá ser preenchido pelo profissional ____ US$ 0 - US$ 14,999 ____ US$ 15,000 - US$ 24,999 ____ US$ 25,000 - US$ 34,999 ____ US$ 35,000 - US$ 49,999 ____ US$ 50,000 ou mais 31. Qual o seu CEP? _____ - ___ 187 FORMULÁRIO DE EXAME 1. Você tem dor no lado direito da sua face, lado esquerdo ou ambos os lados? Nenhum 0 Direito 1 Esquerdo 2 Ambos 3 2. Você poderia apontar as áreas aonde você sente dor? Direito Nenhuma Articulação Músculos Ambos 0 1 2 3 Esquerdo Nenhuma Articulação Músculos Ambos 0 1 2 3 Examinador apalpa a área apontada pelo paciente, caso não esteja claro se é dor muscular ou articular 3. Padrão de Abertura Reto Desvio lateral direito (não corrigido) Desvio lateral direito corrigido (“S”) Desvio lateral esquerdo (não corrigido) Desvio lateral corrigido (“S”) Outro Tipo _____________________ (especifique) 0 1 2 3 4 5 4. Extensão de movimento vertical incisivos maxilares utilizados 11 21 a. Abertura sem auxílio sem dor __ __ mm b. Abertura máxima sem auxílio __ __ mm c. Abertura máxima com auxílio __ __ mm d. Transpasse incisal vertical __ __ mm Tabela abaixo: Para os itens “b” e “c” somente DOR MUSCULAR DOR ARTICULAR nenhuma direito esquerdo ambos nenhuma direito esquerdo ambos 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 188 5. Ruídos articulares (palpação) a. abertura Direito Esquerdo Nenhum 0 0 Estalido 1 1 Crepitação grosseira 2 2 Crepitação fina 3 3 Medida do estalido na abertura __ __ mm __ __ mm b. Fechamento Direito Esquerdo Nenhum 0 0 Estalido 1 1 Crepitação grosseira 2 2 Crepitação fina 3 3 Medida do estalido na abertura __ __ mm __ __ mm c. Estalido recíproco eliminado durante abertura protrusiva Direito Esquerdo 0 0 1 1 8 8 Sim Não NA 6. Excursões a. Excursão lateral direita __ __ mm b. Excursão lateral esquerda __ __ mm c. Protrusão __ __ mm Tabela abaixo: Para os itens “a” , “b” e “c” DOR MUSCULAR DOR ARTICULAR nenhuma direito esquerdo ambos nenhuma direito esquerdo ambos 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 d. Desvio de linha média __ __ mm Direito Esquerdo NA 1 2 8 189 7. Ruídos articulares nas excursões Ruídos direito Nenhum Excursão Direita Excursão Esquerda Protrusão Estalido Crepitação grosseira 0 0 0 1 1 1 2 2 2 Crepitação leve 3 3 3 Ruídos esquerdo Nenhuma Excursão Direita Excursão Esquerda Protrusão Estalido 0 0 0 Crepitação grosseira 1 2 1 2 1 2 Crepitação leve 3 3 3 INSTRUÇÕES, ÍTENS 8-10 O examinador irá palpar (tocando) diferentes áreas da sua face, cabeça e pescoço. Nós gostaríamos que você indicasse se você não sente dor ou apenas sente pressão (0), ou dor (1-3). Por favor, classifique o quanto de dor você sente para cada uma das palpações de acordo com a escala abaixo. Circule o número que corresponde à quantidade de dor que você sente. Nós gostaríamos que você fizesse uma classificação separada para as palpações direita e esquerda. 0 = Sem dor / somente pressão 1 = dor leve 2 = dor moderada 3 = dor severa 8. 8. Dor muscular extra-oral com palpação a. Temporal (posterior) “parte de trás da têmpora” DIREITO 0123 ESQUERDO 0123 b. Temporal (médio) “meio da têmpora” 0123 0123 c. Temporal (anterior) “parte anterior da têmpora” 0123 0123 d. Masseter (superior) “bochecha/abaixo do zigoma” 0123 0123 e. Masseter (médio) “bochecha/lado da face” 0123 0123 190 f. Masseter (inferior) “bochecha/linha da mandíbula” 0123 0123 g. Região mandibular posterior (estilo-hióide/região posterior do digástrico) “mandíbula/região da garganta” 0123 0123 h. Região submandibular (pterigoide medial/supra-hióide/região anterior do digástrico) “abaixo do queixo” 0123 0123 9. Dor articular com palpação a. Pólo lateral “por fora” b. Ligamento posterior “dentro do ouvido” DIREITO ESQUERDO 0123 0123 0123 0123 10. Dor muscular intra-oral com palpação DIREITO ESQUERDO a. Área do pterigoide lateral “atrás dos molares superiores” 0123 0123 b. Tendão do temporal “tendão” 0123 0123 191 ANEXO C - Protocolo de Algorítimos Critérios de Diagnóstico para Pesquisa das Desordens Temporomandibulares AXIS II: PROTOCOLO DE PONTUAÇÃO PARA GRADUAÇÃO DE DOR CRÔNICA ID#__________________ Data:----------/-------------/-------ALGUMA DOR RELATADA NO MÊS PASSADO? (Questionário de história, Questão 3) Se NÃO, Graduação da dor Crônica (GDC)=0 Se SIM, Continuar CARACTERÍSTICAS DE INTENSIDADE DA DOR (CID): (GDC) Escala, Questões 7, 8, e 9). Calcular abaixo: CID = ___________ + ____ _______ + __________ = ________ dividir por 3 = _______ x 10 = (Questão #7.) (Questão #8.) (Questão #9.) PONTOS DE INCAPACIDADE: Dias de incapacidade: (GDC Escala, Questão 10) Pontuação de incapacidade: (GDCP Escala, Questões 11,12 and 13) Número de dias incapacitados = ___________. ___________ + __________ + ___________ = ______ (Questão #10.) (Questão #11.) (Questão #12.) (Questãn #13) dividir por 3 = ______ x 10 = ______ 0- 6 dias = 0 Pontos de incapacidade Pontuação de 0 - 29 = 0 Pontos de incapacidade 7-14 dias = 1 Pontos de incapacidade Pontuação de 30- 49 = 1 Pontos de incapacidade 15 - 30 dias = 2 Pontos de incapacidade Pontuação de 50- 69 = 2 Pontos de incapacidade 31+ dias = 3 Pontos de incapacidade Pontuação de 70+ = 3 Pontos de incapacidade ________________ + _____________ (Pontos por dia de incapacidade) = (PONTOS DE INCAPACIDADE) (Pontos por dia de incapacidade) CLASSIFICAÇÃO DE GRADUAÇÃO DA DOR CRÔNICA: Grau 0 Sem dor nos últimos 6 meses Baixa Incapacidade Grau I Baixa Intensidade Característica da intensidade da dor < 50, e menos do que 3 pontos de incapacidade Grau II Alta Intesidade Característica da intensidade da dor > 50, e menos do que 3 pontos de incapacidade Alta Incapacidade Grau III Limitação Moderada 3 a 4 Pontos de incapacidade, independente da característica de intensidade de dor Grau IV Limitação Severa 5 a 6 Pontos de incapacidade, independente da característica de intensidade de dor 192 CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO PARA PESQUISA DAS DESORDENS TEMPOROMANDIBULARES AXIS II: PONTUANDO OS ÌTENS DA ESCALA 1) Somar os ítens respondidos. Anote o “Total de ítens” abaixo na terceira coluna. Se o número total de ítens for menor que o número mínimo indicado na primeira coluna a escala nao poderá ser pontuada e deverá ser registrada como anulada. 2) Some os ítens respondidos para todos os ítens respondidos: Nem um pouco = 0; um pouco = 1; Moderadamente = 2; muito = 3; Extremamente = 4. Anote a “Pontuação total” abaixo. 3) Divida a pontuação obtida pelo número de itens respondidos. Anote a “Pontuação da Escala” abaixo. 4) Utilize o guia abaixo para classificar o paciente em cada escala. Número mínimo Pontuação total (20) [dividido por] Total Itens [igual] = ÷ Depressão: Ítens: b, e, h, i, k, l, m, n, v, y, cc, dd, ee, f, g, q, z, aa, bb, ff Sintomas físicos não específicos (incluíndo ítens de dor): (12) = Ítens: a, c, d, j, o, p, r, s, t, u, w, x Sintomas físicos não específicos (excluíndo ítens de dor): Ítens: c, r, s, t, u, w, x (7) ÷ = Pontuação da escala 193 GRUPO I NÃO Q3 Dor em andamento? SIM E8 + E10 rt. lt. total # sítios musculares sensíveis ___+____= ____ 3 + Totais de sítios NÃO E1 Dor em andamento no mesmo lado da palpação? SIM Abertura sem dor ___+____=_____mm E4a E4d <40mm > 40mm Estiramento passivo ___- ___= ____mm E4c E4a < 5 mm 5 mm+ la Dor miofascial ib Dor miofascial com Limitação de abertura Sem diagnóstico I dx 194 GRUPO II - Articulação Direita SEM CLICK NO MOVIMENTO VERTICAL Click na abertura vertical E5a click lado esquerdo na abertura? E5b click lado esquerdo na abertura? Click tanto em abertura e fechamento Q14b Historia de limitação significante na abertura? NUNCA Abert. Max sem auxílio Click na abertura ou no fechamento ____ + _____ = _____ E4b E4d MAX --------------------------------------------------------------------- Passive Stretch Medida do click Abert/Fech _____ - ______ = ______ E4c E4b STR ____ - _____ = _____ E5a E5b Diff. rtmm rtmm (abert) (fech) Dif. NÃO > 5mm MAX < 35mm NÃO E ESTIRAMENTO < 4mm Dif. < 5mm E5c Click eliminado no movimento protusivo? E7 click Esq. Na excursão NÂO Dir or Esq ou Protrusão? Max > 35mm E ESTIRAMENTO > 4mm ALGUMA OUTRA COMBINAÇÃO E6b *(Corrigida) Excursão dir. > 7mm? E6b SIM * (Corrigida) Excursão dir. < 7mm SIM SIM NO SIM E3 Desvio Lateral esquerdo (não corrigido)? E5, E7 Sons articulares esquerdo presente? NÃO NÂO SIM SIM lla Desl.Disco com redução lado Esquerdo llb Desl.Disco sem redução lado esquerdo com limitação de abertura ___________________ ________________________ llc Desl.Disco com redução lado esquerdo sem limitação de abertura ________________________ *Quantidade de desvio da linha média ___ ___ 6 d Se linha média = “00” continue o preenchimentodos algorítimos/diagramas acima Se a linha média = “01” ou mais: Para desvio da linha média a direita Para desvio da linha média a esquerda Excursão esquerda = Excursão esquerda = _____+______= corrigida _____ - _____= corrigida 6b 6d 6b 6d l Sem diagnóstico No grupo II ATM Direita ____________________ 195 GRUPO II - Articulação Esquerda Click na abertura vertical E5a click lado esquerdo na abertura? E5b click lado esquerdo na abertura? Click tanto em abertura e fechamento Q14b Historia de limitação significante na abertura? SEM CLICK NO MOVIMENTO VERTICAL NUNCA Abert. Max sem auxílio Click na abertura ou no fechamento ____ + _____ = _____ E4b E4d MAX --------------------------------------------------------------------- Passive Stretch Medida do click Abert/Fech _____ - ______ = ______ E4c E4b STR ____ - _____ = _____ E5a E5b Diff. rtmm rtmm (abert) (fech) Dif. > 5mm MAX < 35mm NÃO E ESTIRAMENTO < 4mm Dif. < 5mm E5c Click eliminado no movimento protusivo? E7 click Esq. Na excursão NÂO Dir or Esq ou Protrusão? NÃO Max > 35mm E ESTIRAMENTO > 4mm ALGUMA OUTRA COMBINAÇÃO E6b *(Corrigida) Excursão dir. > 7mm? E6b SIM * (Corrigida) Excursão dir. < 7mm SIM SIM NO SIM E3 Desvio Lateral esquerdo (não corrigido)? E5, E7 Sons articulares esquerdo presente? NÃO NÂO SIM SIM lla Desl.Disco com redução lado Esquerdo __________ ___________ _ llb Desl.Disco sem redução lado esquerdo com limitação de abertura ________________________ llc Desl.Disco com redução lado esquerdo sem limitação de abertura ________________________ *Quantidade de desvio da linha média ___ ___ 6 d Se linha média = “00” continue o preenchimentodos algorítimos/diagramas acima Se a linha média = “01” ou mais: Para desvio da linha média a direita Para desvio da linha média a esquerda Excursão esquerda = Excursão esquerda = _____+______= corrigida _____ - _____= corrigida 6b 6d 6b 6d l Sem diagnóstico No grupo II ATM Direita ____________________ 196 Grupo III: Articulação Esquerda Dor a Palpação: E9a, E9b dor a palpação na ATM esquerda Relato de dor: E2 dor em andamento ATM esquerda? OU E4b, E4c Dor a ATM esquerda na abertura? OU E6a, E6b Dor a ATM esquerda na excursão? TANTO Dor a palpação NEM Dor a palpação OU dor a palpação NEM OU Relato de dor Relato de dor, mas não E Relato de dor ambos E5a, b; 7a, b, c. E5a, b; 7a, b, c. Alguma crepitação grosseira na ATM Alguma crepitação grosseira na esquerda durante qualquer movimento? ATM esquerda durante qualquer movimento? NÃO NÃO IIIa. Artralgia esquerda ____________ ___________ SIM SIM IlIb. Osteoartrite esquerda ____________ ____________ 197 GRUPO III - Articulação Direita Dor a Palpação: E9a, E9b dor a palpação na ATM direita Relato de dor: E2 dor em andamento ATM direita? OU E4b, E4c Dor a ATM direita na abertura? OU E6a, E6b Dor a ATM direita na excursão? TANTO Dor a palpação palpação E Relato de dor ambos NEM Dor a palpação NEM Relato de dor OU Relato de dor, mas não E5a, b; 7a, b, c. E5a, b; 7a, b, c. Alguma crepitação grosseira na ATM Alguma crepitação grosseira na direita durante qualquer movimento? ATM direita durante qualquer movimento? NÃO IIIa. Artralgia direita ____________ ____________ SIM IlIb. Osteoartrite direita ____________ OU dor a NÃO SIM IlIc. Osteoartrose direita ____________ Sem diagnóstico para o grupo III Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo