10 / São José do Rio Preto, 8 de abril de 2012 DIÁRIO DA REGIÃO Orelha BARULHINHO CHATO Zumbido nos ouvidos tem causas variadas, mas diferentes tipos de tratamento conseguem curar e resgatar a qualidade de vida de quem sofre do problema Elen Valereto [email protected] Ao perceber um barulho nos ouvidos ou na cabeça, sem que exista nada no ambiente provocando o som, fique atento, pois você pode estar sofrendo do chato problema de zumbido - característico pelos barulhos perturbadores, conhecidos de quem convive com eles, assemelhando-se a apitos, chiados, uma cachoeira ou panela de pressão. Considerado o terceiro pior sintoma, o zumbido nos ouvidos acomete 28 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ficando atrás somente da dor e tontura. O problema causa grande desconforto e prejudica integralmente a qualidade de vida devido ao desgaste psicológico e físico. As causas podem ser variadas e devem ser investigadas a fundo para então se descobrir o tratamento ideal. É importante destacar que o zumbido não é uma doença, mas um sintoma que pode estar associado à perda auditiva, infecções de ouvido, vertigens, estresse, depressão, ansiedade e até exposição prolongada a ruídos. O desenvolvimento do barulho desconsertante pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum em idosos, período em que há o avanço da idade que leva à perda auditiva. Já nos mais jovens, um dos motivos que merecem atenção é o uso exagerado de volumes altos de som, em especial em fones de ouvido. Como as causas desencadeantes do zumbido são variadas, não existe apenas um tratamento. A melhor estratégia é optar em tratar as causas reversíveis e controláveis, mantendo sempre em observação se o zumbido volta ou não. Medicações, dietas alimentares, fisioterapia, fonoaudiologia, dentista, avaliação psiquiátrica, psicoterapia são alguns dos tratamentos que também podem ser indicados. Em situações de grande incômodo, a Terapia de Habituação do Zumbido é usada pa- ra diminuir a percepção do zumbido com aconselhamento terapêutico e enriquecimento sonoro. A otorrinolaringologista Jeanne Oiticica, chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), explica que existem zumbidos agudos e outros graves. “Os mais comuns são comparados a um apito, chiado, cigarra, grilo, cachoeira, panela de pressão, motor e escape de ar.” Em outros casos, a médica diz que há zumbidos semelhantes a uma batida do coração, ou mais rápido, como a batida das asas de um inseto. “Nestes casos, a origem do zumbido ocorre fora da orelha, em vasos sanguíneos ou músculos próximos aos ouvidos”, explica. A boa notícia é que há cura para alguns casos de zumbidos, enquanto outros, no entanto, são controláveis ou apenas amenizados, informa a otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas. “Quanto mais crônico o zumbido, maiores são as chances de conexões e reorganizações indesejadas em áreas específicas do cérebro. E o tamanho e a intensidade das modificações parecem estar diretamente relacionados ao grau de incômodo ou ao desconforto do paciente”, diz Jeanne. Buscando respostas Uma pesquisa está em andamento na Universidade de Brasília (UnB) para descobrir novos tratamentos para o zumbido. O estudo busca compreender a dificuldade dos neurônios em interpretar sons agudos em determinada fase da vida ou provocada pelo estresse, por exemplo. O trabalho em desenvolvimento na universidade pretender usar testes com técnicas de neuroestimulação, com o intuito de reequilibrar o sistema cerebral na percepção dos sons. O estudo deve ser concluído em dois anos. DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 8 de abril de 2012 / 11 Doenças associadas ao zumbido Labirintites Exposição prolongada a ambientes ruidosos Uso de medicamentos (anti-inflamatórios, antibióticos, sedativos, antidepressivos Perdas auditivas Infecções ou às vezes acúmulo de cera Saiba mais Pacientes com diabetes costumam apresentar sintomas como tontura, zumbidos e hipoacusia A angiopatia e a neuropatia causadas pelo diabetes são causas dessas manifestações As tonturas podem se caracterizar como sensações de rotatórias. São comuns as reclamações de instabilidade, flutuação ou sensação de desfalecimento As queixas auditivas são variadas, podendo-se apresentar até perdas neurossensoriais Fonte: Revista Brasileira de Otorrinolaringologia e Revista Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia Alterações no metabolismo: distúrbios de açúcares, gorduras ou hormônios Erros na alimentação Problemas circulatórios, de coração e oscilações na pressão arterial Distúrbios da articulação ou contratura dos músculos do pescoço Estresse, ansiedade, depressão e pânico Em casos raros, um tumor Tratamento pode ser simples Durante a avaliação para descobrir qual o motivo responsável por provocar o zumbido, os exames vão determinar desde tratamentos mais complexos como de fácil resolução. No caso do zumbido ser provocado por um acúmulo de cera nos ouvidos ou uma infecção, a solução pode ser simples: a remoção da cera ou o tratamento com antibióticos. Quando a falta de uma alimentação balanceada é o motivo, a correção também é simples. Basta dar fim aos jejuns prolongados, abusos de café e cafeína, doces, refrigerantes ou álcool, ou então introduzindo uma medicação específica, afirma a otorrinolaringologista Jeanne Oiticica, chefe do Laboratório de Investigação Médica em Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). No entanto, em algumas situações, a causa não é encontrada, mas o zumbido pode ser amenizado para garantir qualidade de vida. Quanto mais cedo a pessoa acometida do problema procurar ajuda, melhores serão os resultados, principalmente para evitar um grau crônico. (EV) benigno pode comprometer o nervo do ouvido Alimentação adequada ajuda a reduzir o problema Evite cafeína, refrigerantes, álcool, nicotina, açúcares, gorduras e sal em excesso Procure se alimentar a cada três ou quatro horas Prefira alimentos frescos e integrais e beba muita água Respire e inspire profundamente para relaxar. Uma respiração acelerada mostra ansiedade e estresse, dois fatores que só pioram a percepção do zumbido Faça atividades físicas indicadas por um médico. Elas diminuem o nível de ansiedade, melhoram o humor, aumentam o fluxo sanguíneo, eliminam toxinas e liberam endorfinas Fonte: Jeanne Oiticica, otorrinolaringologista do Hospital das Clínicas Riscos dos aparelhos eletrônicos 35% dos casos de zumbidos diagnosticados no Hospital das Clínicas, em São Paulo, são resultados de traumas sonoros ou exposição inadequada a sons Esse valor corresponde ao uso abusivo e frequente de aparelhos como MP3, Ipod, celulares e brinquedos que possuem funções sonoras Os fones de ouvido dos aparelhos chegam a emitir sons até 120 decibéis diretamente nos tímpanos, sendo prejudicial à audição Os brinquedos chegam a ter ruídos com intensidades que variam entre 82 a 130 decibéis Além do zumbido, a utilização errada de aparelhos e a poluição sonora são responsáveis pela falta de concentração, ansiedade, agitação, irritabilidade, insônia e taquicardia ■ Fonte: Grupo de Pesquisa em Zumbido, do Hospital das Clínicas – Universidade de São Paulo