Quais os sintomas e como tratar a doença celíaca?

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Abril 2014 // APCD Jornal
sofri abortos e minhas gestações
foram todas de risco. Tudo isso
faz com que as dificuldades em
relação às restrições por conta da
doença pareçam pequenas e contornáveis. As dificuldades iniciais
que encontrei foi descobrir como
cozinhar sem glúten, onde encontrar os ingredientes, aprender
sobre a contaminação cruzada e
como evitá-la. E, principalmente,
como educar as pessoas ao meu
redor para respeitarem a minha
restrição alimentar.”
Em 2012, Janaína criou o blog
“Quitanda Sem Glúten”, como
consequência de um trabalho
que realizou em uma escola em
Belo Horizonte, Minas Gerais.
“Na época, meu filho com quatro
anos já tinha também o diagnóstico de doença celíaca e, por isso,
a escola precisaria se adequar
para recebê-lo.”
A nutricionista especialista
em nutrição clínica e metabolismo pela Universidade Gama Filho,
em alimentos funcionais, fitoterapia e suplementação, Carolina
Carvalho de Oliveira, explica que
quando o glúten cai no intestino
delgado, causa naturalmente um
inchaço. “No caso de quem tem
uma intolerância a substância, ou
no dos celíacos, além do inchaço
ocorre a inflamação intestinal, o
que acaba dificultando a absorção de nutrientes. “Para quem
não tem doença celíaca, evitar
o glúten, muitas vezes, é desnecessário. A eliminação total do
glúten na dieta, na prática, não é
tão fácil assim, já que muitos dos
alimentos presentes na mesa dos
brasileiros incluem esta proteína.
Evitando alimentos com glúten
pode-se até obter uma perda de
peso, decorrente da diminuição
de alimentos calóricos (como
pães, bolos, pizzas etc.), mas
quem não tem a doença celíaca
não precisa ser tão radical.”
Dieta sem glúten – uma
moda que exige atenção
O glúten tem sido excluído
do cardápio de muitas pessoas,
porém nem sempre é por causa
de alguma doença, mas sim para
emagrecer. Ao retirar por completo o glúten da alimentação,
um não-celíaco terá emagreci-
quantidade e qualidade, proporcionando perda de peso saudável e sem tantas restrições, especialmente se essa reeducação
alimentar for orientada por um
nutricionista e associada à atividade física regular, orientada
por educador físico”, explica a
especialista em nutrição, atividade física e qualidade de vida,
nutricionista clínica no Sest-Senat (Serviço Social do Transporte
e Serviço Nacional do Transporte) em Araraquara, e professora
no Curso Técnico em Nutrição e
Dietética na Escola Técnica do
Centro Paula Souza: “Professora
A doença celíaca tem origem genética e se refere à
intolerância permanente ao glúten que é uma proteína
presente no trigo, aveia, centeio, cevada e no malte,
cereais amplamente utilizados na composição de
alimentos. Geralmente esta patologia se manifesta na
infância, entre o primeiro e terceiro ano de vida, podendo,
entretanto, surgir em qualquer idade, inclusive na vida
adulta - Jacy Andrade, gastroenterologia pediátrica
mento facilitado, porém a um
preço bastante alto, visto que
grande parte da nossa alimentação contém glúten. “Portanto,
pessoas que não sofrem de doença celíaca ou intolerância ao
glúten, também conhecida por
“espru tropical”, não necessitam
retirar todas as fontes de glúten de sua alimentação, basta
aderir à reeducação alimentar,
onde os alimentos são consumidos de forma balanceada em
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Anna de Oliveira Ferraz”, Maristela de Fátima Damião Begnami.
Carolina Carvalho de Oliveira
alerta que glúten pode afetar,
sim, o metabolismo, dificultando
a perda de peso. “Mas o que engorda é o excesso de outros componentes que fazem parte destes
alimentos, como o carboidrato,
gorduras e outros tipos de proteínas. E, alguns casos, retirando
alimentos com glúten da dieta, a
pessoa pode, de fato, emagrecer,
mas os quilos eliminados podem
ser decorrentes somente da melhora do edema, e não por efeito
do glúten em si.”
Alergias e intolerâncias alimentares são assuntos sérios e devem ser encarados com respeito.
Assim, utilizar-se de argumentos
adotados para orientação de pessoas acometidas por essas questões para determinar ‘linhas’ de
‘dietas para emagrecimento’ é uma
conduta que não deve ser encorajada. “De acordo com o Conselho
Regional de Nutricionistas da 3ª
Região (CRN-3), a eliminação do
glúten da dieta só deve acontecer
nos casos de doença celíaca, de
dermatite herpetiforme, de alergia
ao glúten, ou quando eliminada a
hipótese de doença celíaca haja
diagnóstico clínico confirmado de
sensibilidade ao glúten (também
denominada como intolerância ao
glúten–não-celíaca). A dieta deve
ser encarada como um hábito de
caráter pessoal, requerendo orientação nutricional profissional e
personalizada, uma vez que deve
conferir equilíbrio nutricional
aliado ao prazer em se alimentar”,
alerta Ana Carolina de Oliveira.
Maristela de Fátima Damião
Begnami ainda ressalta que na dúvida entre ser ou não ser um celíaco
ou intolerante ao glúten, procure
um médico e faça exames específicos. ”Esta é a forma segura de
garantir um correto diagnóstico;
caso seja diagnosticado com doença celíaca ou intolerância ao glúten,
procure um profissional nutricionista que fará as adaptações corretas e
necessárias à sua dieta.”
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