UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE INFLUÊNCIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS EM ALUNOS QUE CURSAM O ENSINO SUPERIOR NO INSTITUTO AVM QUANTO AO ÂMBITO SÓCIO-PROFISSIONAL Por: Vanessa Ribeiro Machado Orientador Prof. Nome do Orientador Rio de Janeiro 2009 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE INFLUÊNCIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS EM ALUNOS QUE CURSAM O ENSINO SUPERIOR NO INSTITUTO AVM QUANTO AO ÂMBITO SÓCIO-PROFISSIONAL Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau especialista em Docência do Ensino Superior. Por: . Vanessa Ribeiro Machado de 3 AGRADECIMENTOS Agradeço aos amigos que fiz no curso, por todos os momentos de aprendizagem e crescimento pleno. Foi um enorme prazer conhecê-los! 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha mãe, Mylenna, por tornar possível a conclusão dessa pós-graduação. 5 RESUMO O trabalho aqui proposto procura direcionar um olhar acautelado aos fatores que levam os especialistas pesquisarem outro ponto de vista, no que se trata de mercado de trabalho. Procura relacionar o conhecimento do cérebro com as necessidades do homem moderno. Traçando um novo conceito do conhecimento e levando sempre em consideração o comportamento do indivíduo em relação a si mesmo, a outros indivíduos e a fatores externos. 6 METODOLOGIA Este trabalho tem como justificativa o estudo da capacidade adaptativa do cérebro na prática da aprendizagem, parte do princípio que a teoria das Inteligências Múltiplas é uma alternativa para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação. O estudo tende a buscar a compreensão e considera a deficiência ou o benefício das Inteligências Múltiplas para indivíduos que cursam o ensino superior em função da aceitação sócio-profissional, relacionando as estruturas cerebrais, Inteligências Múltiplas, adaptação cerebral e aprendizagem em alunos de ensino superior. Este será desempenhado através de revisões bibliográficas, de leitura corrente, de consultas e publicações periódicas e sites da internet. As considerações finais serão dadas a partir de experiências adquiridas ao longo do processamento do trabalho, fundamentadas por entrevistas a colaboradores. Relacionar estruturas cerebrais, Inteligências Múltiplas, adaptação cerebral e aprendizagem em alunos de ensino superior. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I 11 CAPÍTULO II 17 CAPÍTULO III 19 CAPÍTULO IV 32 CAPÍTULO V 40 CONCLUSÃO 46 BIBLIOGRAFIA 49 ANEXOS 56 ÍNDICE 59 FOLHA DE AVALIAÇÃO 61 8 INTRODUÇÃO Durante o desenvolvimento do homem através das diferentes etapas da evolução, o sistema nervoso progrediu desde simples fibras nervosas ligadas as diferentes partes do corpo, como as presentes em organismos multicelulares primitivos, até o sistema nervoso mais complexo, do ser humano, talvez contendo 100 bilhões de neurônios. Logo que os organismos animais atingiram a etapa multissegmentada, ao longo do corpo as fibras nervosas e os corpos celulares neuronais se ajuntaram para formar um eixo neural. Este vem representar o ponto de partida para a medula espinhal do ser humano. Caracteriza o primeiro nível da função de sistema nervoso central. (Guyton,2002 ) O segundo nível de integração do sistema nervoso acontece na medida em que a extremidade cefálica do eixo desenvolve grandes agregados neuronais que transmitiam sinais controladores pelo eixo neural, para toda parte do corpo. Essas regiões anteriores do sistema nervoso são perceptíveis em peixes, em répteis e em aves, e são comparadas as partes básicas do encéfalo humano. (Guyton,2002 ) Finalmente, ocorreu um desenvolvimento relevante das regiões que circulam as porções basais do encéfalo, formando o córtex cerebral, que corresponde ao terceiro nível, apresentado em mamíferos e abrangeu um grau intenso de desenvolvimento no ser humano. (Guyton,2002 ) Os mamíferos apresentam certas capacidades mentais, maiores e mais complexas do que as apresentadas por outros animais, especialmente a de armazenar uma grande quantidade de informações sob a forma e memória e de utilizar essas informações durante toda vida. Junto a esse grande armazenamento, apareceu o processo de pensamento – uma faculdade que atingiu sua mais alta forma de expressão no encéfalo humano e com ele o ser 9 humano desenvolveu a habilidade de comunicação pela voz, pela visão e por vários outros meios, sendo estas funções controladas, primariamente, pelo córtex cerebral (Guyton, 2002). As mudanças ocorreram, nos campos neuro-anatômico, neurofisiologico e no mundo. Porém novas exigências apareceram. O homem tornouse um novo cidadão. Ele busca ser uma pessoa feliz, realizada, criativa, capaz de tomar decisões éticas e equilibradas na razão e emoção. Valores tradicionais com de “homem bem sucedido” também mudaram o grande diferencial para o sucesso em qualquer área está nas pessoas. Através do desenvolvimento do ser humano, pode-se conseguir resultados favoráveis a todos os setores de uma organização, por exemplo. Cada indivíduo se identifica e se sobrepõe em uma ou algumas áreas especifica. Daí a importância de estudar e mostrar às pessoas em que espaço ela pode dar mais de si e se desenvolver, a fim de atingir seus objetivos e se sobressair bem em sua organização e para sua carreira profissional. Através de testes e aprofundamento no estudo da inteligência de cada um, melhorias em lesões neuronais e estímulos a inteligências adormecidas desenvolveram o máximo do potencial das pessoas. Em indivíduos que apresentam alguns tipos de inteligências Múltiplas estimuladas, espera-se que estas venham a contribuir para o sucesso sócioprofissional, uma vez que, quanto mais o cérebro é estimulado maior sua capacidade de adaptação. Então se o indivíduo e capaz de agregar varias habilidades, satisfatoriamente, as tarefas num campo específico e focalizado será bem mais aproveitado. “As inteligências dormem. Inúteis são todas as tentativas de acordá-las por meio da força e das ameaças. As inteligências só entendem os argumentos do desejo: elas são ferramentas e brinquedos do desejo”. (Rubens Alves, em Cenas da Vida). 10 A princípio podia-se afirmar que “pessoas com facilidade de aprendizagem” são pessoas inteligentes. Porém, como vem mostrando os estudos da neurociência, qualquer pessoa pode desenvolver inteligências. Crianças, por exemplo, consideradas com baixo rendimento escolar, podem desenvolver atividades que antes pareciam ser impossíveis para ela. 11 CAPÍTULO I NEUROCIÊNCIA O CONCEITO A neurociência é uma disciplina que integra a biologia, a química e a física com os estudos estrutural, fisiologia e o comportamento humano no âmbito emocional e cognitivo. (Ariniello, 1994) A realização física do processo de informação no sistema nervoso engloba três áreas principais: a neurofisiologia, a neuroanatomia e a neuropsicologia. A primeira é a análise das funções do sistema nervoso, utilizase de eletrodos para estimular e gravar as reações das células nervosas ou de regiões maiores do cérebro. A neuroanatomia visa elucidar questões quanto à estrutura do sistema nervoso, tanto em nível microscópio quanto macroscópico e por fim a parte destinada à compreensão das funções neurais relacionadas às psicológicas. (Relvas, 2008). A neurociência pode ser conceituada pela relação cérebro-mente e cérebro comportamento, pois estuda e pesquisa sobre o funcionamento e estruturas do cérebro. Em outras palavras a neurociência e o estudo do sistema nervoso e o avanço no atendimento do pensamento, emoção e do comportamento humano (Ariniello,1994). Para outros pesquisadores a neurociência compreende-se ao estudo das leis que governam funcionamento do cérebro como órgão da atividade mental. (Luria, 1981). 1.1 - A neurociência e o estudo do cérebro o 12 As pesquisas feitas em função do cérebro até recentemente baseavam-se na observação clinica de patologias cerebrais desde as originárias do nascimento até as traumáticas, além de distúrbios cerebrais na idade adulta e na senescência. Estudos indicavam a existência de formatos diferentes de estruturas anatômicas, assim postulou-se a idéia de que várias funções mentais se localizariam em diferentes partes do cérebro (Gall, 1758-1828). Franz Gall, em 1778 estabeleceu a primeira teoria sobre o localizacionismo cerebral, a Frenologia (de phrenos= mente e logos= estudo). Em seu trabalho “A anatomia e fisiologia do sistema nervoso em geral e do cérebro em particular”, propôs esta teoria baseada em três pontos principais: 1. As faculdades morais e intelectuais dos seres humanos são inatas e suar organização depende da organização do cérebro que e responsável pelas faculdades, sentimentos e propensões humanas. 2. O cérebro e composto por muitos sub-órgãos, e cada um deles são responsáveis ou relacionados a uma determinada faculdade mental. Esses se desenvolveriam a medida que o ser humano amadurece suas faculdades mentais. 3. A forma externa do crânio refletiria a forma interna do cérebro e que a análise do crânio poderia diagnosticar faculdades particulares a cada indivíduo. A teoria de Gall gerou muitos aspectos positivos para o surgimento de estudos de cunho cientifico. (Henri Ey, 1978). No século XIX, o estudo em função de um paciente com distúrbios na fala descreve a localização da fala motora no terço posterior do giro frontal inferior onde estaria o denominado, centro para a imagem motora da palavra, e 13 que a lesão nessa área causaria perda da fala expressiva, denominada afasia (Broca, 1861). O psiquiatra, Carl Wernicke em 1873, descreveu casos de lesões localizadas no terço posterior do giro temporal superior esquerdo, acarretava a perda da capacidade de compreender a fala audível enquanto a fala motora permanecia intacta, e assim como Broca, postulou que esta região seria o centro para imagem sensorial da palavra ou centro para compreensão da fala. Ainda no século XIX, mais estudos apareceram: • 1871 – 1873: Sensação e percepção; desenvolvido por Fechner que junto ao colega Weber, propôs a lei de Weber-Fechner, que travada de relações logarítmicas do estimulo (Staler, 1980). • 1880: Escola funcionalista; fundada por Dewey onde orientava estudos laboratoriais para compreender as adaptações desenvolvidas pelo ser humano para viver no meio ambiente. • 1892: Contrário a teoria localizacionista estreita de Luria em 1963; o neurologista Hugh Jackson discutiu a hipótese de que a organização dos processos mentais complexos deve ser abordada no nível da construção de tais processos, em vez da localização em áreas particulares do cérebro. • 1907: Segundo sistema de sinais; teoria desenvolvida por Pavlov, comprova o aparecimento posterior de conexões mais complexas ou de segundo grau, exclusivamente lingüísticos, com isto, reconhece a plasticidade nas funções superiores da atividade nervosa. Esta estrutura a proposta de compreender como os reflexos endógenos ou instintivos (conexões especificas) seriam superpostas por reflexos clássicos (conexões cerebrais ocasionais e temporais) que formam a conduta nos primeiros anos de vida. E ainda, através de suas experiências, constituiu um modelo básico da concepção geral da relação entre inibição e excitação das células do córtex cerebral utilizado até hoje por neurocientistas, como também se relaciona com o modelo cibernético de Winner. Pavlov organiza o conhecimento do cérebro como um sistema de entra de informações 14 provenientes da interação ser humano-meio e que funciona como organizador que trata, codifica, veicula e utiliza essas informações. • 1907-1934: Mapa funcional do córtex cerebral; através deste, neurologistas localizaram dezenas de centros representativos de funções cerebrais. Intensas pesquisas foram concebidas ao longo das décadas como a descrição dos - centros para conceitos na região parietal inferior esquerda – centro para escrita, localizado na parte posterior do giro frontal médio esquerdo. Kleist, a partir de estudos em pacientes, com ferimentos no cérebro, da 1ª guerra mundial, propôs um mapa com localização no córtex as sedes da compreensão de frases, ação construtiva, humores e até ego pessoal e social. • 1922-1944: Segundo a hipótese do neurologista Hugh Jackson; Monakov, Real, Goldstein, respectivamente, concordavam que as funções fisiológicas elementares, estavam representadas em áreas claramente definidas do córtex, mas que as formas de atividades mentais mais complexas não seguiriam o mesmo padrão. • 1948: Comportamento humano x Massa do cérebro; segundo Goldstein a massa estaria relacionada ao comportamento humano oriundo das funções complexas superiores. • 1949: Sistema funcional completo; Anokhin, o define com um sistema que se distingue pela complexidade de sua estrutura e também pela mobilidade de sua parte constituinte. • 1950: Revisão da teoria localizacionista; embasada no conceito de sistema funcional completo, o pesquisador Luria, diz: “as formas superiores dos processos mentais possuim uma estrutura particularmente complexa que é delineada durante a ontogênese.” Luria desenvolveu hipótese e idéias, com bases em Pavlov e Vygotsky e desenvolveu trabalhos experimentais sobre temas como memória, atenção, percepção, fala e pensamento. 15 “A nossa tarefa essencial não é localizar processos psicológicos humanos em áreas limitadas corticais, mas sim determinar mediante uma análise cuidadosa que zonas cerebrais operam em conjunto e são responsáveis pela efetuação da atividade mental complexa e, como relação dessas partes do cérebro se modifica os vários estágios do seu desenvolvimento” (Luria, 1950). • 2004: Evolução da neurociência; de acordo com a Elisa, este avanço vem proporcionado novas observações do cérebro vivo em ação, partindo do maior circuito até, por fim a sinapse no diminuto espaço entre neurônios. O cérebro é constituído por um conjunto de sistemas complexos, sendo cada um deles construído através de seleção natural para auxiliar a espécie humana na busca de decisões, trata-se então, de um sistema biológico aberto, flexível, crescente, dotado da capacidade de se transformar em resposta a desafios, podendo encolher em decorrência da falta de uso. O cérebro prefere a busca e a descoberta de novos padrões por si próprios, gerenciando mais facilmente situações reais complexas que artificiais, mesmo que mais simples. Esta estrutura visa conexões entre novos padrões e os já existentes, agindo não só racionalmente, mas também objetivando formar conexões não usuais. Neste sentido, o cérebro é uma estrutura única, isto é, não existem duas pessoas que aprendam algo do mesmo jeito e na mesma velocidade. Com uma tendência perspectiva construtivista da aprendizagem, processo essencialmente ativo, visto que um indivíduo aprendendo algo novo incorpora a essa experiência toda a sua bagagem anterior de experiências e padrões mentais. Cada evento novo é assimilado numa rede viva de compreensão já existente na mente desta pessoa. • 2008: Atualmente uma nova abordagem da neurociência vem sendo experimentada; A Neurociência Molecular investiga a química e a física envolvida na função neural. Sendo o campo de estudo os íons e suas bases necessárias para que uma célula nervosa conduza informações de uma 16 parte do sistema nervoso para a outra; A Neurociência Celular, cuja aplicabilidade está em considerar as distinções entre os tipos de células no sistema nervoso, assim como o seu funcionamento. Neste processo os estudos ponderam como os neurônios recebem e transmitem informações, perpassando por funções de células não neurais (Relvas, 2008). Ainda é considerado por Relvas (2008) outro braço desta ciência, a Neurociência Comportamental que apresenta como objetivo o estudo da interação entre os sistemas que influenciam o comportamento, o controle postural, a influencia relativa de sensações visuais, vestibulares e proprioceptivas no equilíbrio em diferentes condições. E por fim, a Neurociência Cognitiva que detém os estudos do pensamento, da aprendizagem, da memória, do planejamento, do uso da linguagem e das diferenças entre memória para eventos específicos e para a execução de habilidades motoras. 17 CAPÍTULO II O CÉREBRO Até recentemente, muitos pesquisadores acreditavam que completado o desenvolvimento do cérebro, este não seria capaz de sofrer mudanças a partir dos neurônios. Além do fato dos neurônios não se auto-reproduzir ou sofrer mudanças significativas quanto as estruturas de conexão de outros neurônios, era comum concluir que as partes lesadas do cérebro eram incapazes de se recuperar ou crescer, a ponto de recuperar sua função total ou parcialmente. E também julgavam que as experiências de vida de cada indivíduo alterariam a sua funcionalidade e não sua anatomia. De acordo com neuropsicologo Luria, em 1979, referia que a estimulação do córtex cerebral de um indivíduo lesionado iria gerar novas conexões neuronais por aumento das ramificações de neurônios sadio. Nos últimos 10 anos, pesquisadores vêm relacionando, em resposta a jogos, estimulações e experiências, o crescimento e alterações em conexões neuronais. Mediante comprovações da neurociência, o processo de aprendizagem faz com as células nervosas cresçam e se modifiquem em resposta a essas experiências. Como descrito pela neurociêntista Relvas, em 2008, outro campo de pesquisa é o conhecido como Neurociência de Sistemas tendo à finalidade a investigação de grupos de neurônios que executam uma função comum, por meio de circuitos e conexões, exemplificando através do sistema proprioceptivo, que transmite informações de posição e movimento do sistema músculo-esquelético para o Sistema Nervoso Central, e o sistema motor. 18 Ressalta- se que crianças que vivem em ambientes enriquecidos sensorialmente, desenvolverão um impacto positivo em sua capacidade cognitiva e em memórias futuras, como em indivíduos com lesões cerebrais têm grande possibilidade de recuperação total ou parcial das funções neuronais, até mesmo pessoas com doenças degenerativas com Alzheimer. Filogeneticamente o cérebro humano poderia ser dividido em três unidades considerando o cérebro primitivo, cérebro intermediário e o cérebro racional/ superior. Sendo o primeiro destinado aos instintos de autopreservação e agressão, este é constituído pelas estruturas do tronco cerebral, cerebelo, mesencéfalo, pelos bulbos olfatórios e pelo mais primitivo núcleo da base cerebral. Sua anatomia está associada ao cérebro dos répteis (Relvas, 2008). Por Relvas (2008), o cérebro intermediário inicialmente nos mamíferos primitivos, porém estruturas do Sistema Límbico já se fazem presente e corresponde ao cérebro dos mamíferos inferiores. Esta estrutura é herança dos répteis, e abriga mecanismos neuronais básicos da reprodução, da autoconservação, incluindo o comando cardiorrespiratório e do comportamento como seleção do lugar a territorialidade, caça, acasalamento, a formação de hierarquias sociais, bem como a participação nos comportamentos ritualistas. Nos seres humanos estes comportamentos perpassam pela formação de parte das condutas burocráticas e políticas. 19 CAPÍTULO III NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA O SISTEMA NERVOSO O Sistema Nervoso é um todo, segundo Aires e Favaretto (1999), sendo que a sua divisão em partes visa facilitar o estudo de suas complexas estruturas. Neste caso, esta divisão pode considerar critérios anatômicos, embriológicos e funcionais, entre outros: 1. Sistema nervoso central • Encéfalo o Cérebro o Cerebelo o Tronco encefálico • Medula espinhal 2. Sistema nervoso periférico • Nervos • Gânglios • Terminações nervosas O sistema nervoso é formado por nervos e células nervosas, denominadas neurônios. Estes elementos são os responsáveis por conduzir ondas de excitação, chamadas de impulsos nervosos e gerados pela conjunção dos estímulos externos e internos, até os músculos e as glândulas. Outros importantes elementos presentes no sistema nervoso são os gliócitos, encarregados de alimentar e garantir a saúde do neurônio. Entretanto, mais recentemente, constatou-se que eles atuam na transmissão de sinais químicos 20 de orientação do crescimento dos neurônios durante o desenvolvimento e de comunicação entre eles, durante a vida adulta (Lent,1998). O sistema nervoso se apresenta em três subsistemas principais: um eixo sensorial que transmite sinais das terminações nervosas sensoriais periféricas para quase todas as partes da medula espinhal, no tronco cerebral, do cerebelo e do córtex; um eixo motor que conduz sinais neurais, com origem em todas as áreas centrais do sistema nervoso para os músculos e glândulas do corpo; e um sistema integrador que analisa a informação sensorial, a armazena na memória, para um uso futuro e que utiliza tanto a informação sensorial como a armazenada na determinação das respostas apropriadas. (Guyton,1989). As funções ainda mais complexas do sistema nervoso, como os processos do pensamento, armazenamento de memória, determinação de atividades motoras mais complexas são todas integradas no cérebro. (Guyton,1989). O sistema nervoso é o sistema que sente que pensa e que controla nosso organismo. Para que possa realizar essas funções ele reúne as informações sensoriais vindas de toda parte do corpo e de miríades de terminações neurais sensoriais especializadas da pele, dos tecidos profundos e dos olhos, dos ouvidos, o aparelho do equilíbrio e de outros sensores e os nervos as transmite para a medula espinhal e para o encéfalo, estes podem reagir de forma imediata a essa informação sensorial enviando sinais para o músculo e para os órgãos internos do corpo, produzindo a resposta motora. Em outros casos pode não ocorrer resposta imediata, a informação sensorial e arquivada em um dos grandes bancos de memória do encéfalo, é comparada com outras informações e, a partir de diversas combinações, novos pensamentos são elaborados e depois de algum tempo; minutos, dias ou anos que esse processamento de informações poderá causar alguma resposta motora, de expressão mais 21 simples ou complexa. (Guyton,1989). 3.1 - O Sistema Nervoso Central O Sistema Nervoso Central, representado no anexo 1, é aquele que se localiza dentro da cavidade craniana e do canal vertebral. Constituído de hemisfério direito e esquerdo, unidos por um conjunto de fibras que ligam os hemisférios de forma bidirecional. (Guyton, 2002). 3.2 - O Sistema Nervoso Periférico O Sistema Nervoso Periférico se distribui por todo o corpo. Os dois sistemas se comunicam através dos impulsos nervosos em um contínuo ajuste ao meio ambiente. (Guyton, 2002). 3.3 - Sinapse A sinapse é a unidade básica de controle do sistema nervoso onde os sinais passam das fibrilas terminais de um neurônio para a célula neuronal subseqüente. È formada por um botão sináptico, situado na extremidade da fibrila neural, e a membrana superficial do neurônio seguinte, onde encaixa o botão sináptico. O botão sináptico é responsável pela secreção de uma substância transmissora podendo ser tanto excitatória quanto inibitória que atua na membrana, produzindo sinais de excitação ou inibição ao neurônio seguinte. (Guyton,1989). Ainda sob o ponto de vista de Guyton (1989), os neurônios do sistema nervoso central obedecem a uma organização em forma de circuitos, sendo os mais importantes: 22 1. Circuito divergente: permite o estimulo de muitos neurônios por um único sinal que chega; cada neurônio estimulado estimula muitos outros neurônios. Por exemplo, um neurônio do córtex motor estimulado pode fazer com que 15.000 fibras de um músculo periférico se contraiam. 2. Circuito convergente: onde sinais de diversas origens cerebrais devem atuar sobre o mesmo momento em um mesmo neurônio, para que esse entre em atividade. Por exemplo, alguns neurônios que participam na análise de sinais aferentes necessitam, alem de sinais sensoriais oriundos da periferia e, também, de sinais controladores simultâneos, originados de outras partes do cérebro. Para que ocorra a reação. 3. Circuito reverberatório: remete a uma serie de neurônios que transmitem sinais por via circula, ou seja, um neurônio estimula outro e este estimula outro e outro, até que o sinal retorne ao neurônio inicial. Desta forma o sinal percorre o circuito ou “reverbera”, até que o neurônio fatigue. Enquanto o circuito reverbera, também envia sinais para outras partes do cérebro e para o sistema muscular, causando estimulação prolongada. Por exemplo, as contrações musculares que produzem a respiração é o resultado de reverberação no centro respiratório do tronco cerebral. 3.4 – Principais divisões anatômicas do sistema nervoso O encéfalo e a principal área integradora do sistema nervoso, local onde são armazenadas as memórias, elaborados os pensamentos, geradas as emoções e onde outras funções relacionadas ao psiquismo e ao complexo controle do corpo são executadas. (Guyton,1989). A medula espinhal exerce duas funções, serve como condutor de muitas vias nervosas que chegam e saem do cérebro e também, atua como área integradora para a coordenação de muitas subconscientes, como, resposta reflexa. (Guyton,1989). atividades neurais 23 O sistema nervoso periférico, formado por ramificações de nervos, de ampla extensão de maneira que não há parte alguma do corpo que não possua terminações nervosas. Um nervo periférico dispõe-se anatomicamente, contendo grande número de feixes de fibras nervosas de dois tipos funcionais: as fibras aferentes (transmissão de informação sensorial para medula espinhal e para o encéfalo) e as fibras eferentes (transmissão de sinais originados no sistema nervoso central de volta para periferia). Alguns dos nervos periféricos se classificam pela origem: nervos cranianos são provenientes da parte basal do encéfalo e inervam a maior parte da cabeça. E o restante dos nervos periféricos são nervos espinhais saindo da medula por meio do forame intervertebral a cada nível medular. (Guyton, 2002). 3.5 – Tecido nervoso O tecido nervoso e formado por dois tipos básicos de células, seja ele do encéfalo, da medula espinhal ou dos nervos periféricos; os neurônios – conduzem os sinais pelo sistema nervoso; são cerca de 100 bilhões dessas células em todo o sistema nervoso central; e as células de isolamento – evitam que os sinais sejam dispersados entre os neurônios e suas estruturas intercelulares mantendo os neurônios em suas posições; quando arranjadas em conjunto são chamadas de neuróglia e quando no sistema nervoso periférico são chamadas de células de Shwann. (Guyton,1989). 3.6 – Neurônios Segundo Damasio (1994) em um característico neurônio do encéfalo ou da medula espinhal destaca-se os seguintes componentes: 1. Corpo celular – região de onde se diferenciam todas as outras partes do neurônio; é responsável pela maior parte da nutrição e é indispensável para a manutenção da vida de todo neurônio. 24 2. Dendritos – têm origem no corpo celular; são prolongamentos múltiplos e ramificados; compõem as partes receptoras do neurônio, ou seja, a maioria dos sinais transmitidos ao neurônio chega a ele através dos dendritos, podendo também, chegar diretamente pela superfície do corpo celular. 3. Axônio – chamada de fibra nervosa, cada neurônio possui um axônio; seu comprimento pode ser de milímetros, como os dos neurônio do cérebro, ou pode atingir até um metro, como os dos neurônios que partem da medula que inervam os pés. 4. Terminais Axônicos e Sinapses – os axônios ramificam-se extensamente em sua extremidade final, e na extremidade das ramificações existe uma terminação neural especializada, chamada de botão sináptico, sendo este situado sobre a superfície da membrana de um dendrito ou do corpo celular de outro neurônio e o ponto de contato entre as duas estruturas é a sinapse e é através dela que os sinais são transmitidos de um neurônio para outro. Quando estimulado, o botão sináptico libera uma pequena quantidade de um hormônio, chamado de substância transmissora quês estimula este neurônio. 3.7 – Neuroglia Também chamadas de células da glia, são células de sustentação, se assemelham aos fibroblastos do tecido conjuntivo, pois formam fibras que mantém a unidade do tecido. Outras desempenham a mesma função das células se Schwann nos nervos periféricos, elas envolvem bainha de mielina em torno das fibras mais calibrosas formando fibras nervosas mielínicas, capazes de transmitir simais na velocidade de até 100 metros por segundo, comuns aos nervos periféricos. Já as fibras nervosas de menor diâmetro não possuem bainha de mielina e são chamadas de fibras amielínicas. (Damasio, 1994) 25 3.8 – O encéfalo e suas divisões O encéfalo é a parte do sistema nervoso que fica localizada na caixa craniana. O encéfalo em geral dividido em seis partes: 1. O cérebro; 2. O diencéfalo; 3. O mesencéfalo; 4. O cerebelo; 5. A ponte (protuberância); 6. O bulbo raquidiano (bulbo) Nos anexos 2 e 3 apresentam- se a face lateral esquerda do encéfalo, suas principais divisões: lobo frontal, lobo parental, lobo occipital e lobo temporal; cerebelo, bulbo raquidiano, protuberância; sulco central; fissura de Sylvius; e medula espinhal. E no inferior do encéfalo: lobo frontal, temporal, parietal e occipital; hipotálamo, mesencéfalo, substância perfurada posterior, protuberância, bulbo, cerebelo, feixe e bulbo olfativo, nervo óptico, quiasma óptico, nervos cranianos, medula espinhal. (Guyton,1989). 3.8.1 Integração das regiões encefálicas A regulação do comportamento emocional, durante muito tempo, acreditava-se que este fenômeno seria dependente do cérebro, no entanto ao final da primeira metade do século XX o pesquisador Hess demonstrou a existência de centros reguladores do comportamento. Este trabalho foi desenvolvido através da implantação de eletrodos de diferentes regiões do hipotálamo do gato, e observou variadas manifestações comportamentais quando estas áreas eram estimuladas eletricamente, segundo Relvas (2008). Estes territórios serão descritos a seguir como: Tronco encefálico, Hipotálamo, Tálamo, Área pré-frontal, ainda Sistema Límbico e por fim Conexões do Sistema Límbico. (Anexo 4) 26 Relvas (2008) assegura em sua obra, que a ativação desta estrutura por impulsos nervosos ocorre nos estados emocionais, o que resulta nas mais diversas manifestações emotivas tais como o choro, a sudorese, o aumento do ritmo cardíaco, a salivação entre outras. Deste modo, temos o troco encefálico como o principal efetuador à integração e coordenação dos fenômenos emocionais. Em um próximo momento percebe-se o Hipotálamo desempenhando um papel importante nos fenômenos vinculados à emoção sob o aspecto comportamental, inerentes a atitudes como raiva, ataque, defesa e agressividade. A remoção do córtex de um animal observa-se neste, crises de raiva espontânea ou após estímulos que no individuo normal não causam nenhuma alteração no comportamento. É válido argumentar que não se evidencia que aspectos subjetivos de emoção se passam no hipotálamo, isto se deve basicamente ao córtex, no entanto o hipotálamo seria o coordenador das principais manifestações periféricas da emoção. O próximo ponto a ser tratado é o Tálamo, esta região que está correlacionada com alterações de reatividade emocional sendo sua importância regida por suas conexões ao córtex da área pré-frontal e ao hipotálamo e ainda ao corpo mamilar e ao córtex do giro do Cíngulo, integrando aos circuitos do sistema límbico segundo Relvas (2008). A área pré-frontal corresponde à parte não motora do lobo frontal, ocupando a porção anterior deste lobo. Sua estrutura é constituída do neocórtex no que difere das áreas corticais integrantes do sistema límbico. Esta região exerce conexões importantes com o tálamo através de fibras, o que demonstra uma relação entre as áreas. A remoção desta estrutura está associada a reações de descontentamento quanto a ocorrência de frustração, e também certas deficiência psíquica. Esta cirurgia proporciona uma melhoro nos sintomas de ansiedade e depressão, ou seja, esta região relaciona-se com circunstâncias que normalmente determinam alegria ou tristeza. No entanto a este procedimento observa-se uma conseqüência indesejável, deficiência intelectual grave. 27 Para Relvas (2008) o Sistema Límbico já se encontra em torno desse cérebro de réptil primitivo, no entanto nos mamíferos o comportamento diferese dos primeiros não só na quantidade de comportamentos possíveis, mas também na qualidade dos mesmos, surgindo nesse grupo de animais à emoção. Nos mamíferos atuais tais como primatas, golfinhos e seres humanos percebem-se a presença do cérebro superior, o que corresponde a maior parte dos hemisférios cerebrais, estes que são formados por um tipo de córtex, recentemente denominado neocórtex, e por alguns grupos neuronais subcorticais, afirma Relvas (2008). Outras regiões compõem o cérebro primitivo como, por exemplo, o Hipocampo sendo esta responsável pelos fenômenos da memória de longa duração. Quando esta região sofre algum tipo de lesão não se observa registros de experiências vividas. O Tálamo constitui parte do cérebro e tem como função a reatividade emocional do homem e dos animais, estando conectado com as estruturas corticais da área pré-frontal e com o hipotálamo e, por meio da via fórnix, com o hipocampo e com o giro cingulado. Já o Hipotálamo localizado no Sistema Límbico fornece o controle do comportamento emocional e sensações inerentes ao corpo, tais como a temperatura e a vontade de beber e comer denominadas funções neurovegetativas internas do encéfalo. Por fim observam-se as Conexões do sistema límbico, estas que por sua vez, são extremamente complexas, no entanto cabe referir inicialmente a existência de circuito fechado (Circuito de Papez), este reúne as estruturas límbicas respectivamente, tomando como base o caminho dos impulsos nervosos: giro do cíngulo, giro parahipocampal, hipocampo, fórnix, corpo mamilar, fascículo mamilatomico, nucleos anteriores do Tálamo, cápsula interna e giro do cíngulo novamente. Este sistema desempenha importante função na recepção de informações sensoriais, somáticas e viscerais. Neste momento a principal região a ser apresentada trata-se do Hipocampo por se tratar de uma formação bastante desenvolvida no homem, como também está 28 associada à regulação do comportamento emocional e sua participação no fenômeno da memória, como explicitado por Relvas (2008). 3.9 – Plano funcional do sistema nervoso Sistema sensorial - este transmite informações sensoriais de toda a superfície e das estruturas profundas do corpo para o sistema nervoso por meio dos nervos espinhais e cranianos e são conduzidas para todos os níveis da medula espinhal; e para o tronco cerebral, formado pelo bulbo, pela protuberância e pelo mesencéfalo; para as regiões mais altas do cérebro, inclusive o tálamo e o córtex cerebral. Logo, os sinais são transmitidos a todas as outras regiões do sistema nervoso, por vias secundarias, onde ocorre a análise e o processamento da informação sensorial. Sistema motor - a mais importante função do sistema nervoso é a de controlar as atividades do corpo e é conseguido pelo controle da contração dos músculos esqueléticos em todo o corpo; contração dos músculos lisos nos órgãos internos e; secreção das glândulas exócrinas e endógenas em várias regiões do corpo. Assim em conjunto, essas atividades formam as funções motoras do sistema nervoso, diretamente relacionada com a transmissão de sinais para os músculos e para as glândulas. Os sinais podem ter origem na área motora do córtex cerebral, nas regiões basais do encéfalo, ou na medula espinhal; assim são transmitidos por nervos motores para todo músculo. A medula espinhal e as regiões basais do encéfalo são encarregadas das respostas automáticas do corpo aos estímulos sensoriais, enquanto as regiões mais elevadas desempenham a execução de movimentos deliberados, controlados pelos processos do pensamento. Sistema integrador – compreende- se no processamento de informações para determinar a ação correta e apropriada para o corpo ou para permitir o pensamento abstrato. Algumas dessas áreas estão diretamente 29 relacionadas com a memória, ou seja, com o armazenamento de informações, enquanto outras avaliam informações sensoriais; é nessas regiões que a respostas apropriadas à informação sensorial que chega é determinada, os sinais são transmitidos para os centros motores, para causar o movimento do corpo. 3.10 – Transmissão de sinais neurais de neurônio a neurônio “Neurotransmissores são substâncias liberadas por um neurônio, considerado por um neurônio pré-sináptico, em resposta a um estímulo. Esses neurotransmissores são jogados no espaço sináptico, e se unem a um neuroreceptor específico no neurônio seguinte, chamado então, neurônio pos-sináptico (...). A neurotransmissão, então, implica na necessidade de síntese do transmissor, de armazenamento, e de liberação. Os transmissores terão então que atuar em neuroreceptores específicos da membrana pós-sináptica e ser removidos rapidamente da fenda sináptica por metabolização, difusão ou recaptação. O efeito do estímulo do neuroreceptor é então observado na alteração da membrana da célula póssináptica e nos eventos que disso decorrem”. (RELVAS, 2008). 3.10.1 Função da sinapse Sinapse é a junção de dois neurônios, permitindo que a transmissão de sinais de um neurônio para outro, com a capacidade de transmitir alguns sinais e refugar outros, o que torna a sinapse elemento de suma valia pra o sistema nervoso, na seleção da conduta a ser seguida. A transmissão de sinais dos botões sinápticos para os dendritos ou para o soma do neurônio acontece de modo semelhante ao que ocorre com as placas motoras. Contudo, com uma diferença fundamental se dá pela secreção de uma substância transmissora excitatória e outros secretam uma substância transmissora inibitório, enquanto na placa motora, as terminações nervosas secretam acetilcolina que excitam as fibras musculares. (Guyton, 2002). 30 Excitação neuronal – o “transmissor excitatório” e o receptor. Em uma estrutura de sinapse típica, com o botão sináptico adjacente à membrana do soma de um neurônio, essa terminação contém numerosas vesículas pequenas, cujo em seu interior estão as substâncias transmissoras; assim que um impulso nervoso atinge o botão sináptico, alterações momentâneas na estrutura da membrana do botão permitem a liberação do conteúdo dessas vesículas na fenda sináptica, pequeno espaço entre o botão e a membrana do neurônio. (Alberts, 1997) As substâncias transmissoras atuam sobre um receptor na membrana para causar a excitação do neurônio quando o transmissor é excitatório ou inibitório 3.10.2 Natureza química do transmissor excitatório Diversos tipos de transmissores excitatórios são secretados em diversas regiões do sistema nervoso. Esses transmissores possuem características funcionais variáveis, produzindo estimulação prolongada dos neurônios, ou produzem estimulação muito rápida e fugaz.(Relvas, 2008) Segundo Alberts (1997), um dos transmissores excitatórios do sistema nervoso central é a acetilcolina. Entretanto, uma listagem mais completa dos transmissores mais comuns inclui: 1. Acetilcolina: a mais importante do grupo das colinas, pois controla a atividade de áreas cerebrais relacionadas a atenção aprendizagem e memória. 2. Norepinefrina: atua no humor e na excitação física como mediadora dos batimentos cardíacos, pressão arterial e na taxa de conversão de glicose em energia para o corpo. 31 3. Ácido glutâmico: principal neurotransmissor de excitação, base da aprendizagem e memória a longo prazo. 4. Substância P, Encefalinas e Endorfinas, Epinefrina: toas medidoras de excitação. 3.10.3 Inibição na sinapse Ainda por Albert (1997), alguns botões sinápticos secretam um transmissor inibitório em lugar de um transmissor excitatório. Esse transmissor deprime o neurônio ao invés de excitá-lo; a estimulação do botão sináptico inibitório pode fazer com que cesse completamente toda atividade desse neurônio. Sendo os mais comuns: 1. Ácido gama-aminobutírico (GABA), Glicina: aminoácidos de inibição. 2. Dopamina: controla os níveis de estimulação e controle motor em várias partes do cérebro. 3. Serotonina: tem efeito no humor, na ansiedade e na agressividade. O transmissor inibitório aumenta a permeabilidade da membrana aos íons potássio, e como a concentração desses íons é 35 vezes maior no interior do que no exterior, cria uma falta de íons positivos no interior da célula, devido a saída destes para fora da célula. Desta forma a negatividade aumenta no interior do neurônio. (Guyton, 2002) Todas essas substancias tanto as excitatórias quanto as inibidoras tem importância significativa para o mecanismo organizacional as funções ditas superiores como a atenção, aprendizagem, pensamento, concentração, memória e fala. (Guyton, 2002) 32 CAPÍTULO IV A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS A TEORIA A Teoria das Inteligências Múltiplas, baseada na definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais, desenvolvida por Howard Gardner, psicólogo da Universidade de Harvard, insatisfeito com a idéia de QI (quoefíciente de inteligência) e com as visões unitárias de inteligência. Desta forma, abandona- se a idéia de inteligência como uma capacidade inata, geral e única. Gardner expandiu o conceito de inteligência para também incluir áreas como música, relações espaciais e conhecimento interpessoal em adição às tradicionais habilidades matemática e lingüística. Na pesquisa, Howard Gardner enfocou também: a) o desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças superdotadas; b) adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua produção intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades sejam sequer atingidas; c) populações ditas excepcionais, nas quais uns podem dispor de apenas uma competência e outros apresentam ausências nas habilidades intelectuais; d) o desenvolvimento cognitivo através dos milênios. Embora, Gardner considera que esse projeto ainda está na fase inicial, os estudos sobre as inteligências múltiplas trouxeram grandes avanços para área educacional. Ainda assim, indiscutivelmente, a teoria das Inteligências 33 Múltiplas alcançou grande popularidade. Ao ser perguntado sobre a razão deste sucesso, Howard Gardner, em entrevista publicada pela Revista Pátio, afirmou que: “A teoria das IM (inteligências múltiplas) tornou-se popular em muitos países porque proporciona apoio para um fato que a maioria dos professores (e a maioria dos pais) sabe: as crianças têm mentes muito diferentes umas das outras, elas possuem forças e fraquezas diferentes, é um erro pensar que existe uma única inteligência, em termos da qual todas as crianças podem ser comparadas”. As inteligências identificadas por Gardner foram: lingüística, lógicomatemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista. Ressalva-se, que tais inteligências são “relativamente independentes, têm sua origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e dispõem de processos cognitivos próprios.” (LOBO,2001) Neste caso, não há uma competência intelectual mais importante do que outra e todos têm a capacidade de desenvolver todas as inteligências, a menos que o indivíduo sofra por alguma anomalia. 4.1 – As inteligências múltiplas Inicialmente, Howard Gardner reuniu sete inteligências: lingüística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Mais uma inteligência foi descoberta recentemente: a naturalista. Gardner afirma que os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e que há maneiras diferentes de elas se organizarem e se combinarem. Cada ser humano utiliza essas capacidades 34 intelectuais para resolver um determinado problema e criar produtos. As inteligências múltiplas são, até certo ponto, independentes uma das outras, porém, em raros casos, funcionam isoladamente. 4.1.1 Inteligência lingüística: Em um de seus livros, Gardner diz que “o dom da linguagem é universal, e seu desenvolvimento nas crianças é surpreendentemente constante em todas as culturas” (GARDNER, 1995) e é a inteligência lingüística que inclui a habilidade de manipular efetivamente a linguagem para expressarse, convencer, agradar, estimular e/ou transmitir idéias. Ela também permite alguém usar a linguagem como um meio para lembrar informações. É essa inteligência que está presente nos poetas, escritores e oradores. Gardner afirma que os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e que há maneiras diferentes de elas se organizarem e se combinarem. Cada ser humano utiliza essas capacidades intelectuais para resolver um determinado problema e criar produtos. 4.1.2 Inteligência musical É comum que essa inteligência não seja considerada uma capacidade intelectual, como a lingüística. Porém, várias são as evidências que comprovam ser esta uma faculdade universal. Esta inteligência manifesta-se como uma aptidão para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Há, nesse caso, uma sensibilidade para sons não-verbais, incluindo melodias e tons. 4.1.3 Inteligência lógico-matemática O psicólogo Howard Gardner aponta duas características fundamentais 35 desta inteligência: o processo de resolução dos problemas normalmente é extremamente rápido e a solução do problema pode ser construída antes de ser articulada, por isso a natureza não-verbal da inteligência lógico-matemático. Profissionais geralmente, como a cientistas, habilidade de advogados raciocínio e matemáticos lógico e apresentam, dedutivo. Com o desenvolvimento desta inteligência, o indivíduo resolve problemas usando habilidades racionais. A inteligência lógico-matemática e a inteligência lingüística constituíam a base para os testes de QI. 4.1.4 Inteligência corporal- cinestésica “(...) a capacidade de usar o próprio corpo para expressar uma emoção (como na dança), jogar um jogo (como num esporte) ou criar um novo produto (como no planejamento de uma invenção) é uma evidência dos aspectos cognitivos do uso do corpo” (GARDNER, 1995). Assim, é definida a inteligência presente, principalmente, em jogadores de futebol, atletas, atores. A inteligência corporal- cinestésica não se expressa por palavras e não é inconsciente, pois o corpo age liderado pelo cérebro para tomar decisões. 4.1.5 Inteligência espacial Esta inteligência é considerada “irmã” da inteligência corporalcinestésica é o desenvolvimento dela permite ao indivíduo perceber o mundo visual, criar imagens mentais e perceber a relação entre objetos e espaço. Tal inteligência também está presente em crianças cegas. Na navegação, no jogo de xadrez, nas artes visuais, no entendimento de mapas, a inteligência espacial faz-se extremamente necessária. 4.1.6 Inteligência interpessoal 36 O desenvolvimento desta inteligência permite que o adulto seja sensível aos sentimentos e humores dos outros, podendo entender e interagir efetivamente com os outros. Tal inteligência pode ser utilizada para persuadir tanto para coisas boas como para as ruins. A inteligência interpessoal aparece fortemente em líderes religiosos ou políticos, professores, terapêutas, pais, vendedores, profissionais de marketing. Vale ressaltar que a inteligência interpessoal não depende da linguagem. 4.1.7 Inteligência intrapessoal A definição dada por Howard Gardner sobre a inteligência intrapessoal é: “O conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa: o acesso ao sentimento da própria vida, à gama das próprias emoções, à capacidade de discriminar essas emoções e eventualmente rotulá-las e utilizá-las como uma maneira de entender e orientar o próprio comportamento”(GARDNER, 1995). Para que essa in/teligência possa ser observada, é necessária a interação das inteligências, isto é, ela se expressa por meio da música, da linguagem ou de alguma forma mais expressiva de inteligência. A inteligência interpessoal e inteligência intrapessoal são consideradas irmãs por representarem “as tentativas de resolver problemas significativos para o indivíduo e espécie”. (GARDNER, 1995). 4.1.8 Inteligência naturalista A mais recente inteligência descoberta por Howard Gardner caracteriza-se por ser a capacidade de reconhecer os objetos da natureza. Esta inteligência está presente em botânicos e pessoas que trabalham no campo. Segundo Gardner, a inteligência naturalista é “vital para as sociedades 37 que ainda hoje dependem exclusivamente da natureza, como os índios”. (Revista Nova Escola, p 43). 4.2 – O desenvolvimento das inteligências Os indivíduos possuem como parte da bagagem genética, habilidades básicas de questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Porém, o desenvolvimento de cada inteligência é determinado por fatores genéticos, neurobiológicos e condições ambientais. Assim como o entendimento do termo inteligência, habilidade para resolver problemas ou criar produtos, é fundamental na Teoria das Inteligências Múltiplas a noção de cultura também é significativa. Howard Gardner sugere que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente, isto é, cada sociedade valoriza determinados talentos que devem ser dominados por uma quantidade de indivíduos e passados de geração a geração. O desenvolvimento das inteligências possui desde os estágios mais básicos até os estágios mais sofisticados. É óbvio que estes últimos dependem de maior trabalho e/ou aprendizado. O primeiro estágio de desenvolvimento das inteligências é chamado por Howard Gardner de padrão cru. Nesta fase, os bebês começam a perceber o mundo ao redor. É o aparecimento da competência simbólica. Na segunda fase ou estágio, que ocorre por volta dos dois aos cinco anos de idade, as inteligências se revelam através dos sistemas simbólicos. No terceiro estágio, a criança desenvolve as habilidades mais valorizadas na cultura. No último estágio, que ocorre na adolescência e na idade adulta, as inteligências se revelam através de ocupações vocacionais ou não- vocacionais. Nesta fase, um campo específico é focalizado. Com o objetivo desta pesquisa é mostrar a utilização da Teoria das Inteligências Múltiplas no campo profissional aqui é preciso perceber aquilo que os alunos gostam de fazer de acordo com as inteligências predominantes. Os professores têm fundamental importância no 38 desenvolvimento das inteligências, por isso, eles precisam saber o que podem fazer para ajudar os alunos. 4.3 – Inteligências Múltiplas e Neuropsicologia De acordo com os relatos da neuroanatômia e neurofisiologia descritas neste trabalho, uma das fontes para a escolha das inteligências propostas foi o estudo de como tais capacidades falham sob condições de lesão cerebral. Isto pressupõe que cada inteligência possui uma localização cerebral. Assim sendo, uma lesão que incapacitaria determinada inteligência, deixaria as demais intactas. A tabela em anexo 5, apresenta um resumo da representação cortical de todas as inteligências. A tabela, explica que diversas inteligências são regidas pela mesma área do córtex cerebral. A região têmporo-paríeto-ocipital é responsável ao mesmo tempo pelas inteligências lógico-matemática, lingüística e espacial. As inteligências pessoais também são comandadas por uma única área: os lobos frontais. Isto invalida a independência das inteligências que Gardner propõe. Imaginemos uma lesão na região têmporo-paríeto-ocipital. Ela acabaria por afetar três inteligências ao mesmo tempo e não apenas uma. Além disso, neste caso, os desenvolvimentos das inteligências lógico-matemática, lingüística e espacial não aconteceriam separadamente, mas seriam dependentes entre si. Luria, em 1981, desenvolve uma explicação destas áreas como sendo integradoras e essencialmente espaciais. Assim, tanto a matemática quanto a gramática seriam trabalhadas pelo cérebro de uma forma espacial. Uma deficiência espacial tornaria incapazes tarefas de relacionar "espacialmente" os números entre si e construir uma frase trabalhando as relações "espaciais" entre as palavras. 39 Não se trata das inteligências lógico-matemática e lingüística serem englobadas pela inteligência espacial, mas da aceitação de uma dependência e de uma relação íntima entre determinadas inteligências. O mesmo ocorre com as inteligências pessoais. É possível perceber que em várias características tais capacidades equivalem-se. Afinal, uma mesma área cerebral é responsável pelas duas. Todo psicoterapeuta conhece e chega mesmo a ser lugar-comum o fato de que só podemos conhecer bem o outro se conhecermos bem a nós mesmos primeiro. Sendo assim uma inteligência interpessoal desenvolvida necessita de uma inteligência intrapessoal também bem trabalhada, o que sugere não existir uma independência entre as inteligências. 40 CAPÍTULO V AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E O ÂMBITO SÓCIOPROFISSIONAL Inteligências múltiplas e sua interação com o mercado de trabalho Visto que as a demanda de profissionais diplomados que saem do sistema de ensino superior tradicional não acompanharam o ritmo das mudanças no mercado e que a qualidade da equipe passou a ser fator fundamental na competitividade das organizações, muitas grandes empresas, começaram a transformar seus antigos setores de treinamento e desenvolvimento (T&D) em estruturas mais audaciosas, como no caso dos EUA na década de 80 – que utilizou o exemplo da pioneira GE, o Crotonville Management Development Institute, fundada já em 1955, culminando com as chamadas “Universidades Corporativas (UC)”. Atualmente existem mais de 3000 delas nos EUA e mais de 5000 no mundo e cerca de 200 no Brasil. (Silva Junior, 2001). Mesmo as organizações não tanto audaciosas, na sua maioria, remodelaram seus setores de treinamento e desenvolvimento, deixando a situação passiva de simplesmente escolher entre ofertas de Universidades tradicionais e de empresas de treinamento, para definir efetivamente o que querem e precisam oferecer a seu pessoal, de que maneira desejam que seja dado e como irão avaliar o retorno que obterão do investimento em treinamento e desenvolvimento. (SEBRAE, 2008). 41 A atividade de capacitação passa a ser um “centro de resultados”, deixando o papel de “centro de custo”, tal como os antigos setores de treinamento e desenvolvimento, não somente estratégicos para melhor desempenho dos treinados, mas também financeiros, já que seus serviços podem ser vendidos interna e externamente à empresa. (SEBRAE, 2008). Os novos setores de treinamento e desenvolvimento organizam ações especificamente destinadas a preparar colaboradores exatamente nas competências necessárias a alguma função estratégica (ou operacional) da empresa, já previamente tendo planejado os meios de avaliar o retorno que tal ação dará à empresa. Esse processo acompanha a evolução de cada colaborador da empresa e oferecendo periodicamente treinamentos, presencial ou à distância, para garantir a evolução de sua carreira no grupo. Isso deve garantir à empresa a competitividade no sentido de Peter Senge: “será mais competitiva a empresa que aprender mais rápido que seus concorrentes”. (SEBRAE, 2008). Assim muitas empresas passaram a recrutar pessoal sem levar em consideração suas atividades passadas, mas procurando avaliar seu potencial futuro. É comum, hoje em dia, encontrar solicitações de pessoal com frases do tipo: “tudo o que você precisar saber para trabalhar conosco será ensinado na própria empresa – o que nos interessa é seu potencial de contribuir com nosso sucesso!” Neste potencial, é importante o perfil de Inteligência Múltipla do candidato. (Horta & Luz, 2003) Há muitos anos que a Microsoft recruta desta forma e muitas outras empresas de ponta estão aderindo a este tipo de recrutamento. Muitas exigem nível superior, mas não interessa em que especialidade. Algumas até preferem doutores, tal como a Google, uma das mais inovadoras empresas da atualidade, cujo IPO (Initial Public Offering – abertura de capital na bolsa de valores), mesmo após o estouro da “bolha da Internet”, foi um grande sucesso 42 na NASDAQ. Ela coloca nas suas solicitações de candidatos “Ph.D. é valorizado”. (Horta & Luz, 2003) Acompanhando as evoluções da Psicologia sobre o comportamento humano, as empresas mudaram muito os critérios para seleção dos profissionais que preencherão as suas vagas. Ainda existem instituições que avaliam a capacidade de um indivíduo pelo nível do seu Q.I., aplicando testes que supostamente mediam a inteligência de um determinado indivíduo, mas hoje, o pensamento das organizações vem mudando bastante. Muitas enxergam claramente, que um indivíduo pode não ter um determinado tipo de inteligência bem desenvolvida, mas pode ser um gênio em outra. (Gardner,1995) Em conceito aos diferentes dos tipos de inteligência, as empresas estão mudando a atitude, deixando de lado os testes de Q.I. e dando mais importância a capacidade de relação de cada candidato, valorizando desta forma as inteligências Intrapessoais e Interpessoais, ou seja, de nada adianta um determinado profissional possuir uma alta capacidade intelectual, porém atualmente o que está sendo mais valorizado na hora da seleção é aquele que sabe lidar com as emoções, relacionando-se bem e suportando as pressões constantes de uma rotina de trabalho. Com um mercado cada vez mais competitivo e globalizado, essa foi uma das maneiras encontradas para construir um diferencial, pois quando se tem um atendimento e uma competência de relacionamento, começamos a ver o diferencial entre as empresas. (Horta & Luz, 2003) Geralmente, o sistema de ensino mais claro é voltado para as áreas Lógico-Matemática e Lingüística. Os sinais podem ter origem na área motora do córtex cerebral, nas regiões basais do encéfalo, ou na medula espinhal; assim são transmitidos por 43 nervos motores para todo músculo. A medula espinhal e as regiões basais do encéfalo são encarregadas das respostas automáticas do corpo aos estímulos sensoriais, enquanto as regiões mais elevadas desempenham a execução de movimentos deliberados, controlados pelos processos do pensamento. (Weber, 1996) “Segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas, podemos e devemos utilizar outras áreas de nosso cérebro para desenvolvimento pessoal e, conseqüentemente, para o profissional. Assim, poderemos utilizar outras inteligências para resolver problemas que a nossa competência técnica não resolveria. Enfim, acredito que os estudos das inteligências podem gerar profissionais muito mais capacitados para o mercado exigente em que vivemos” (Weber, 1996). A capacitação é a principal responsável pela evolução do intangível (valor não palpável). Numa época em que o este valor em uma empresa, representada por pessoas, talentos, conhecimento, informação, participação de mercado, marcas, patentes, cultura organizacional, clima, liderança, processos, organização, etc., é muito maior do que o do “ativo tangível” (valor real, concreto), que é o que aparece na contabilidade (matéria-prima, equipamentos, capital). Segundo dados recente do Instituto MVC, na proporção de 6 para 1 no Brasil e muito maior para empresas do conhecimento, tais como a Microsoft (100 para 1!), Alguns autores chamam o conjunto dos intangíveis de “capital intelectual” da empresa, outros de “inteligência competitiva”, e existe um enorme interesse em como gerir essa parte mais valiosa da empresa. O uso aqui da palavra “inteligência” não tem nada a ver com seu significado no sentido de Gardner nas Inteligencias Multiplas. (Jornal O Dia , 2004). Muitos chamam gestão do capital intelectual de “gestão do conhecimento” na empresa, que é uma atividade ainda pouco estabilizada e em rápida evolução, mas de enorme interesse na atualidade (Gomes E Braga, 2002). 44 A gestão da carreira de cada colaborador, levando em consideração utilizar da melhor maneira possível seu mix de inteligências, e compensando as eventuais deficiências, levarão ao seu melhor desenvolvimento e satisfação, culminando na indispensável motivação para permanecer na empresa. Assim, cada vez mais, as empresas deverão utilizar Inteligência Múltipla na sua estratégia de pessoal, que, enfim, é o que vai garantir sua perenidade da organização. (Época, 2003) No contorno, a organização deverá desenvolver nos colaboradores o “pensamento produtivo”, que é aquele dirigido a encontrar novas soluções para as questões cada vez mais diferentes encontradas no dia a dia. O ensino tradicional acostuma as pessoas ao “pensamento reprodutivo”, que é aquele que procura, a cada problema encontrado, aplicar algum conhecimento prévio para resolvê-lo. Isto tolhe a criatividade e a inovação, dificultando a evolução competitiva da empresa. (Silva Junior, 2001). Estudos mostram que a principal característica do pensamento produtivo é a diversidade de pontos de vista aplicada ao problema em tela. É a postura de perguntar: “de quantas diferentes maneiras posso ver o problema?”, “como posso repensar à maneira de vê-lo?”, “de quantas maneiras diferentes posso resolvê-lo?”, e não “o que alguém já me ensinou que posso aplicar para resolvê-lo?”. (Silva Junior, 2001). Para isso é de grande valor usar equipes constituídas de pessoas com perfis diversos de Inteligência múltipla, pois cada um verá o problema pela sua ótica e, no conjunto, poderão encontrar respostas muito originais, inovadoras, que garantam a competitividade continuada da empresa. (Silva Junior, 2001). O método MITA (Ellen Weber, Ph.D.- 1996), por exemplo, consiste de cinco fases: 45 • A primeira consiste em, perante um problema, questão, ou tema de interesse, definir “questões a perguntar” – não uma só, mas várias, de acordo com o perfil de I.M. de cada participante. • Em seguida, para cada visão, “identificar objetivos”; • Depois, “estabelecer critérios de avaliação”; • Aí “explicitar uma tarefa a cumprir”; • E, finalmente, “refletir para avaliar o resultado”. Com uma equipe de boa diversidade, essa fase final, feita em conjunto, poderá levar a soluções muito criativas (Weber – 1996). 46 CONCLUSÃO O presente estudo tratou de relacionar os fatores neuronais com a face do conhecimento, aqui chamado de Inteligência. Observa-se que quanto mais familiarizado com os tecidos nervosos melhor o indivíduo consegue construir um preparo para o conhecimento que lhe for proposto e assim entender em que bases concretas se organizam os fatores funcionais da aprendizagem. Em outro aspecto, analisa-se a necessidade de aferir o grau do conhecimento adquirido, porém não mais como antigamente com o QI, sugue a Teoria das Inteligências Múltiplas, baseada na definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais. Dessa forma, com um novo conceito implantado, um novo ponto de vista foi gerado no que se trata de mercado de trabalho. Quais os profissionais têm melhor aceitação no mercado de trabalho? Que tipo de profissionais as instituições formam? E qual deles o indivíduo quer ser? Todo mundo concorda que os homens trabalham para satisfazer as necessidades financeiras, até quando? Outros fatores, como a postura comportamental vem sendo evidenciada, criando novas relações de convivência e de trabalho, exigindo ao indivíduo novas habilidades e competências para a interação ao grupo. Este perfil do profissional foi exigido pelas empresas que observaram o comprometimento da produtividade do trabalhador, causando prejuízos quando há falta de habilidade do indivíduo em conviver em grupo, estabelecer relações de reciprocidade, empatia, liderança positiva entre outras características tão 47 necessárias para o restabelecimento do bom nível das relações interpessoais e assertividades. O trabalho aqui apresentado não compreende em desenvolver uma teoria completa e abrangente, pois os relatos são um tanto recentes e necessitam de uma pesquisa aprofundada, também, não caberá a este, abranger todo o campo de conhecimento do tema que se origina de fundamentos biológicos, psicológicos e sociológicos. Todo o curso do trabalho foi no sentido de identificar alguma característica que alegue ou não a influência das inteligências múltiplas para o sucesso no setor profissional. De acordo com as experiências adquiridas através de relacionamentos interpessoais ao longo da vida profissional, notou-se que grande parte dos entrevistados possui mais de 3 tipos de inteligências;e quando desenvolvem apenas 1 a 2 tipos de inteligência e na maioria das vezes elas representam “inteligências especificas” da área de atuação. Geralmente as inteligências mais desenvolvidas são aquelas especificas de sua área de atuação profissional. Notou-se que os indivíduos que não apresentavam inteligência lingüística, mostram dificuldade para se inserir não mercado de trabalho. Quase uma unanimidade de indivíduos possui inteligência interpessoal; nem todos possuem os dois tipos de inteligências interpessoais e intrapessoais, simultaneamente, o que corrobora com os especialistas afirmando que as duas inteligências atuam no indivíduo independentemente uma da outra. Outro aspecto e que os indivíduos que apresentam a inteligência intrapessoal estimulada destacam-se na sociedade, pois demonstram si mais determinados, com espírito de liderança, etc. E finalmente do indivíduos com menos de 3 inteligências apresentam inteligências específicas da área de atuação e demonstraram uma boa interação ao mercado de trabalho. Contudo, a maioria das organizações ainda exigem pré-requisitos específicos para áreas de atuação, ou seja, o indivíduo “melhor sucedido” é 48 aquele mais especifico da área, concluindo que as inteligências múltiplas não interferem para o sucesso profissional do indivíduo, nos dias de hoje. Porém, vale ressaltar que a realidade de hoje esta mudando devido a grande demanda de profissionais que são lançados no mercado de trabalho algum diferencial deve ser criado. Infelizmente, não caberá a geração atual desfrutar desse progresso, hoje ficam apenas o desejo e a esperança paras gerações futuras de viverem em um mundo melhor. 49 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 >> Sistema nervoso central, figura. Anexo 2 >> Sistema nervoso central e suas divisões. Figura. Anexo 3 >> Sistema nervoso central e suas divisões. Plano Interno, figura Anexo 4 >> Sistema nervoso central e suas divisões. Plano Funcional, figura. Anexo 5 >> Tabela. Inteligência Múltipla. . 50 ANEXO 1 Sistema nervoso central Fonte: Fisiologia Médica - www.medicinaglobal.com.br 51 ANEXO 2 Sistema nervoso central e suas divisões Fonte: Fisiologia Médica - www.medicinaglobal.com.br 52 ANEXO 3 Sistema nervoso central e suas divisões Plano interno Fonte: Fisiologia Médica - www.medicinaglobal.com.br Córtex cerebral é a camada mais externa do cérebro. A espessura do córtex cerebral varia de 2 a 6 mm. O lado esquerdo e direito do córtex cerebral são ligados por um feixe grosso de fibras nervosas chamado de corpo caloso. Os lobos são as principais divisões físicas do córtex cerebral. O lobo frontal é responsável pelo planejamento consciente e pelo controle motor. O lobo temporal tem centros importantes de memória e audição. O lobo parietal lida com os sentidos corporal e espacial. o lobo occipital direciona a visão. 53 ANEXO 4 Sistema nervoso central e suas divisões Plano funcional Tronco Encefálico Funções: • • • Respiração Ritmo dos batimentos cardíacos Pressão Arterial Mesencéfalo Funções: • • • • Visão Audição Movimento dos Olhos Movimento do corpo Fonte: Fisiologia Médica www.medicinaglobal.com.br Tálamo Funções: • Integração Sensorial • Integração Motora Fonte: Fisiologia Médica - www.medicinaglobal.com.br 54 Sistema Límbico Funções: • • • • Comportamento Emocional Memória Aprendizado Emoções Vida vegetativa (digestão, circulação, excreção etc.) Fonte: Fisiologia Médica www.medicinaglobal.com.br 55 ANEXO 5 Tabela Inteligência Área cortical responsável Lógico-matemática Região têmporo-paríeto-ocipital Lingüística Área de Wernicke, área de Broca, região têmporoparíeto-ocipital (hemisfério esquerdo) Musical Lobo temporal (hemisfério direito) Corporal-cinestésica Giro pós-central, córtex pré-motor Espacial Região têmporo-paríeto-ocipital Interpessoal Lobos frontais Intrapessoal Lobos frontais Tabela – Localização corticais das inteligências múltiplas propostas por Gardner (1994) 56 BIBLIOGRAFIA AIRES, M. M. & FAVARETTO, A. L. V. Fisiologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. 4 ed. Porto Alegre: Artes Médicas,1997. ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis: Vozes, 1998. CECI, S.J. On Intelligence ... more or less : a bio-ecological theory of intellectual development. Englewood cliffs, N.J. Prentice Hall. EY, HENRI. Tratado da psiquiatria. Toray Massom: Barcelona, 1978. GAMA, Maria C. S. S. A Teoria das Inteligências Múltiplas ou a Descoberta das Diferenças. Ensaio, Rio de Janeiro, jan./mar., Fundação Cesgranrio, 1994. GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989. GUYTON, A. C. & HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. KOLB, Bryan; WHISHAW, Ian Q. Neurociência do Comportamento. Barueri: Editora Manole Ltda, 2002. 57 LURIA, A. R. Curso de psicologia geral. Ed civilização brasileira, Rio de Janeiro, 1979. __________. Fundamentos da neuropsicologia. Ed. Universidade de São Paulo, São Paulo,1981 RELVAS, Marta. Pires. Fundamentos Biológicos da Educação, Despertando Inteligências e Afetividade no Processo de Aprendizagem. 3ª Ed. WAK. Rio de Janeiro, 2008 RELVAS, Marta. Pires. Neurociências e o transtorno da aprendizagem. As múltiplas Eficiências para uma Educação Inclusiva. 2ª Ed. WAK. Rio de Janeiro, 2008. SILVA JUNIOR, J. S. Novas faces da educação superior no Brasil: Reforma no estado e mudança na produção. São Paulo, Ed Cortez, 2001. 58 REFERÊNCIAS HORTA, A. M. & LUZ, C. Onde o emprego acabou. IN: Revista Época, nº 28. Out/2003. JORNAL O DIA. Painel de controle, Jan/2004. ____________. Fique ligado, Dez/2003. LOBO, Michelle Paiva. Cultura, tecnologia e inteligências múltiplas: um estudo histórico. Virtus-Revista Científica em Psicopedagogia, Tubarão, v.1,n.1, p. 81-96, julho, 2001. MEDICINA GLOBAL. Fisiologia Medica: www.medicinaglobal.com.br SEBRAE. Treinamento e desenvolvimento: www.sebrae.gov, Jun/2008. TERMERO, M. Escolha a carreira certa. IN: Revista Época nº276. Set/2003. . 59 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I Neurociência 11 1.1 - A neurociência e o estudo do cérebro 11 CAPÍTULO II O cérebro 17 CAPÍTULO III Neuroanatomia e neurofisiologia 19 3.1 - O Sistema Nervoso Central 21 3.2 - O Sistema Nervoso Periférico 21 3.3 – Sinapse 21 3.4 – Principais divisões anatômicas do sistema nervoso 22 3.5 – Tecido nervoso 23 3.6 – Neurônios 23 3.7 – Neuroglia 24 3.8 – O encéfalo e suas divisões 25 3.8.1 Integração das regiões encefálicas 3.9 – Plano funcional do sistema nervoso 25 28 3.10 – Transmissão de sinais neurais de neurônio a neurônio 3.10.1 Função da sinapse 29 29 3.10.2 Natureza química do transmissor excitatório 30 3.10.3 Inibição na sinapse 31 60 CAPÍTULO IV A teoria das Inteligências Múltiplas 32 4.1- As inteligências múltiplas 33 4.1.1 Inteligência lingüística: 34 4.1.2 Inteligência musical : 34 4.1.3 Inteligência lógico-matemática: 34 4.1.4 Inteligência corporal- cinestésica 35 4.1.5 Inteligência espacial 35 4.1.6 Inteligência interpessoal 35 4.1.7 Inteligência intrapessoal 36 4.1.8 Inteligência naturalista 36 4.2 – O desenvolvimento das inteligências 37 4.3 – Inteligências Múltiplas e Neuropsicologia 38 CAPÍTULO V As inteligências múltiplas e o âmbito sócio-profissional 40 CONCLUSÃO 46 ANEXOS 49 BIBLIOGRAFIA 56 REFERÊNCIAS 58 ÍNDICE 59 61 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Título da Monografia: Influência das Inteligências Múltiplas em alunos que cursam o ensino superior no instituto AVM quanto ao âmbito sócio-profissional Autor: Vanessa Ribeiro Machado Data da entrega:31 de Janeiro de 2009. Avaliado por: Conceito: