Crise na economia tem diminuído o apetite do brasiliense No primeiro semestre deste ano, Brasília apresentou a segunda maior inflação nas refeições e lanches em bares e restaurantes, atrás apenas de Fortaleza ____________________________________________________________________________________________ Diego Amorim Os preços altos têm diminuído o apetite dos brasilienses Divulgação ____________________________________________________________________________________________ BRASÍLIA Publicado sexta, 10 de julho (06:00) Os preços da alimentação fora de casa têm tirado o apetite dos brasilienses. No primeiro semestre deste ano, a Capital Federal apresentou a segunda maior inflação das refeições em bares e restaurantes: uma alta acumulada de 7,11%, bem acima da média nacional de 5,64% registrada no mesmo período. Com base no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) consolidado de janeiro a junho, o Fato Online elaborou um ranking (confira abaixo) com as 13 cidades pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística). A carestia mais elevada no item alimentação fora de casa foi constatada em Fortaleza: 7,13%. Na outra ponta, aparece Porto Alegre, com o menor índice: 4,27%. De modo geral, nem o vale-refeição da firma nem o salário do mês têm sido suficientes para bancar as idas aos restaurantes como em um passado recente. Os preços dos cardápios seguem avançando em ritmo mais acelerado do que a inflação média do país, medida pelo IPCA em 6,10% no primeiro semestre. Os dados do IBGE indicam que os valores relacionados à alimentação fora de casa aumentaram de forma disseminada. Quando se leva em conta apenas o subitem lanches, Brasília é a cidade com o maior reajuste de 2015, até aqui: assustadores 13,73%. Levar marmita de casa tem sido uma das opções adotadas pelos trabalhadores. Mudar de restaurante também. “Muita gente se habituou a comer toda vez no mesmo lugar e, assim, perde a oportunidade de aproveitar preços melhores”, comenta Álvaro Modernell, educador financeiro da Mais Ativos. “Pesquisar é sempre uma arma a favor do consumidor”, acrescenta. Nos self-services, Modernell alerta para os prejuízos por conta do desperdício de alimentos. “É hora de ser mais seletivo na hora de servir”, diz. Vale até, sugere o educador financeiro, optar pela “economia solidária” e dividir pratos em restaurantes à la carte. Ficar de olho nos festivais gastronômicos e aproveitar os descontos de sites de compras coletivas também estão entre as dicas do especialista. Para quem tem o costume de comer fora de casa várias vezes por semana e encara as idas ao restaurante como lazer, não há outra saída, no entender de Modernell: “Ou reduz a frequência ou muda o parâmetro do estabelecimento”, decreta ele, emendando ser possível, também, eliminar a entrada, a sobremesa e o cafezinho da conta. “O passeio pode continuar ocorrendo, mas terá, no mínimo, de ser Inflação da alimentação fora de casa afasta cliente melhor programado”, pondera. TV Fato ________________________________________ O consultor financeiro Rogério Olegário, coautor do livro "Família, Afeto e Finanças", também é defensor das marmitas como forma de fugir da inflação da alimentação fora do domicílio. “Nem sempre é possível, mas certamente é a primeira atitude a ser cogitada”, sublinha ele. Para gastar menos, Olegário reforça a possibilidade de trocar as idas ao restaurante por momentos de lazer entre amigos e familiares nos quintais das casas ou nos parques da cidade. “Cada um leva o que faz de melhor, todo mundo aproveita, e sai muito mais em conta”, resume. O setor de alimentação alega que tem apenas repassado o aumento dos custos, principalmente referentes ao aluguel e aos alimentos. Em Brasília, o valor que o brasiliense desembolsa para comer fora acaba sendo influenciado, em especial, pela extravagância em almoços e jantares de negócios, sobretudo entre terças e quintasfeiras. Essas refeições, pagas geralmente pelo governo ou por empresas, contribuem para turbinar os cardápios locais. Arte: Alexandre Fonseca/Fato Online