Brasil: de 7ª para 14ª economia global?

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Brasil: de 7ª para 14ª economia global?
Hélio Duque
A maxidesvalorização do real frente ao dólar não fica adstrita
ao mercado interno. No PIB mundial, medido em dólares, o Brasil manteve,
por alguns anos, o 7º lugar. Pela ordem, a projeção mundial dos Produtos
Internos Brutos em trilhões de dólares: em primeiro lugar, os EUA com
18,12; segundo, China, 11,21; terceiro, Japão, 4,21; quarto, Alemanha, 3,41;
quinto, Reino Unido, 2,85; e sexto, França, 2,47. Agora, no início de outubro,
o Fundo Monetário Internacional, ao projetar o cenário global para 2015,
deslocou a economia brasileira para o 9º lugar, com o PIB que era de U$
2,35 trilhões sendo rebaixado para US$ 1,80 trilhão. A Índia passou a ser a
sétima, com US$ 2,18 trilhões e a oitava, a Itália, com US$ 1,82.
Para efeito didático e comparativo: o Brasil, em dólares, perdeu
o equivalente ao PIB da Suécia que é de US$ 520 bilhões, ou da Argentina
que é de US$ 474 bilhões. Analisando o impacto desse rebaixamento
brasileiro, constata-se que o cenário projetado é ainda mais grave. Para o
PIB de US$ 1,80 trilhão, o FMI utilizou a cotação do dólar a 3,20 reais. A
conta é fácil: o PIB do Brasil, em 2015, é de 5,74 trilhões de reais. Dividindo
esse montante pelo valor da cotação do dólar em 3,20, alcançaríamos o total
de US$ 1.793 trilhão, arredondado para US$ 1,80 trilhão, por aquele
organismo.
Nas últimas semanas, a moeda norte americana chegou a
ultrapassar o valor de 4 dólares, em relação ao real, determinando um
rebaixamento ainda mais doloroso do Brasil, no “ranking” das principais
economias mundiais. Vamos traduzir exemplificando: 1) Com o dólar
valendo R$ 3,50, a redução do PIB brasileiro na economia global seria para
US$ 1,64 trilhão; 2) Com ele cotado, a R$ 3,60, a queda seria para US$ 1,59
trilhão; 3) cotado a R$ 3,80, seria para US$ 1,51 trilhão; 4) com o dólar a R$
3,90, atingiria US$ 1,47 trilhão; 5) com o dólar valendo R$ 4,00, o nosso PIB
seria de US$ 1,43 trilhão. Se ele chegar a R$ 4,50, o rebaixamento levaria
ao valor de US$ 1,27 trilhão, sendo atropelado por vários países na medição
da economia mundial no “ranking” dolarizado. Não significa que isso vai
ocorrer, mas para não acontecer é essencial conter a valorização do dólar.
Ante os números expostos, fica demonstrado que o
rebaixamento do Brasil, entre as principais economias globais, é maior do
que o divulgado pelo FMI. O “ranking” do Fundo na amostragem do PIB em
dólar, em diferentes países demonstra: a) no Canadá é de US$ 1,78 trilhão;
b) na Austrália, US$ 1,44 trilhão; c) na Coréia do Sul, US$ 1,41 trilhão; d) Na
Espanha, US$ 1,40 trilhão. Na América Latina, o do México seria de US$
1,28 trilhão. Vale dizer, se o dólar continuar se valorizando ante o real,
agravando a deterioração das contas nacionais e recessão econômica
prolongada, poderá levar o nosso PIB, medido na moeda americana, ser
ultrapassado por alguns desses países.
O desastre econômico perfeito foi gerado pelo próprio governo
brasileiro, não por má fé, mas fruto da incompetência populista. Não foi
reflexo da economia global como insiste em falar Dilma Rousseff. Nos EUA,
a economia vem crescendo com consistência, o mesmo ocorrendo na
Comunidade Européia. Na América Latina, Colômbia, Chile, Peru e México
apresentam taxas de avanço nas suas economias. Já o Brasil fica ao lado da
Venezuela e Argentina, onde a economia está travada. O professor de
finanças públicas Alexandre Cabral, baseado em relatórios do Banco
Central, constata: “Para a economia brasileira voltar aos U$ 2 trilhões vai ser
muito difícil”.
Há quatro anos, o então ministro Guido Mantega, vaticinava: “O
FMI prevê que o Brasil será a quinta economia em 2015, mas acredito que
isso ocorrerá antes.” Em 2010, ao final do seu governo, Lula da Silva
afirmava: “Se depender de Dona Dilma e de Dom Guido, vamos ser a quinta
economia do mundo em 2016, vamos conquistar essa medalha de ouro”.
Retrata a fanfarronice e incompetência de um tempo brasileiro onde o
imaginário era programa de governo.
Por fim, o embaixador Pedro Luiz Rodrigues, diplomata de
carreira, egresso de um tempo onde o Itamaraty fazia política de Estado, em
artigo expõe preocupação de a realidade da maxidesvalorização do real
levar o Brasil à possibilidade de ocupar, no ranqueamento do PIB mundial
em dólares, o 14º lugar.
Helio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade
Estadual Paulista (UNESP). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de
vários livros sobre a economia brasileira.
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