A força publicitária das mascotes junto ao público

Propaganda
A força publicitária das mascotes junto ao público-alvo criança
20/04/2008
Leonardo Rolim e Silva*
RESUMO
Esta pesquisa elucida que compreensão tem as crianças das mascotes, em sua forma
mais inteligível, a representação animal, além de analisar sobre as mascotes e como as
crianças reagem a eles, apontaremos quando e como a ilustração começou a fazer parte
do universo da publicidade, descrevendo em seguida como e quando as mascotes
apareceram e passaram a se transformar em uma forte estratégia de marketing. Para
isso foi realizada uma pesquisa exploratória sobre o assunto proposto consultando como
fontes bibliográficas, revista, internet, livros e periódicos. E por ultimo, foi realizada uma
análise de quatro casos de mascotes animados de sucesso da indústria alimentícia das
marcas Sadia, Nesquicky, Cica e Kellogg’s. Verificando suas origens, traço,
representação e personificação. Sendo assim pode-se concluir que, além de sedimentar
uma marca e seus produtos a mascote tem a função de alegrar e seduzir o público com
suas performances.
Palavras-Chave: Público infantil, Mascotes.
INTRODUÇÃO
O público-alvo criança vem se mostrando ao longo dos tempos uma população
fortemente influenciadora nas decisões de compra, devido a vários motivos,
principalmente pelo novo relacionamento entre a criança e sua família, oferecendo assim
a oportunidade de um novo poder. Cientes disso as grandes empresas acabaram
reconhecendo essa nova realidade econômica, passando a encorajar esse mercado não
só no que diz respeito a empresas da linha de produtos e serviços infantis como também
de um modo geral, pois a criança e utilizada igualmente cada vez mais como
influenciadora de seus pais na questão de produtos que não lhe são diretamente
destinados.
As crianças se tornaram uma aposta estratégica para as marcas, no entanto, como
se comunicar com elas? A marca deve entender a criança e sua visão particular do
mundo levando em consideração a complexidade do universo infantil. O mascote aparece
como sendo o melhor elo de comunicação e relacionamento satisfatório e durável com
seus jovens consumidores.
Este trabalho tem como objetivo geral explicar que compreensão tem as crianças
das mascotes, além de analisar sobre as mascotes e como as crianças reagem a eles,
apontaremos quando e como a ilustração começou a fazer parte do universo da
publicidade, descrever como e quando as mascotes apareceram e passaram a se
transformar em uma forte estratégia de marketing.
Para isso foi realizada uma pesquisa exploratória sobre o assunto proposto
consultando como fontes bibliográficas, revista, internet, livros e periódicos.
Na primeira parte, apresenta-se a fundamentação teórica do trabalho, que se
divide em três sub-temas principais; do advento da publicidade ao uso das mascotes, a
ilustração na publicidade e as mascotes na publicidade. A segunda parte apresenta os
referenciais metodológicos utilizados para a realização da pesquisa e as análises.
Devido a importância desses mascotes e suas diferentes aplicações (embalagem,
publicidade e ou promoções) e a ausência de materiais sobre o assunto, surgiu o
interesse de elaborar um estudo sobre a força dos mascotes no público alvo criança,
como objetivo de pesquisa, que permitisse um esclarecimento sobre o assunto e servisse
de subsídio para uma abordagem teórica sobre o tema no meio acadêmico.
Esta monografia tem a pretensão de contribuir para futuras pesquisas sobre o
tema abordado além de reduzir a carência de materiais bibliográficos sobre o assunto.
Espera-se que a abordagem teórica possa servir de base para futuras pesquisas e que
tem o propósito de estimular a reflexão sobre o assunto na faculdade de forma ampla e
objetiva.
1 DO ADVENTO DA PUBLICIDADE AO USO DOS MASCOTES
1.1 Origens e conceitos de publicidade
A propaganda teve origem segundo Sampaio (1999, p. 20) na Roma Antiga, onde
já tinha o seu espaço garantido na vida do Império. As paredes das casas, eram
disputadíssimas, o que hoje pode ser comparado como o que conhecemos por horário
nobre. Mais tarde, quando Roma, já católica, se tornou o centro do poder temporal e
espiritual do Ocidente, a igreja cria uma congregação religiosa da Cúria romana para
“propagar a fé” em 1622, que deu origem à palavra propaganda, e que tinha como
objetivo propagar a fé nos territórios das missões.
Logo, se pode dizer que a propaganda tem um caráter ideológico no sentido de
propagar idéias como também se inserindo no contexto publicitário isto é, na venda de
produtos e serviços. Em Pompéia, na Itália, estão os primeiros sinais da publicidade,
onde foram encontradas tabuletas que anunciavam combates de gladiadores e
referencias a casas de banho públicos, na cidade.
Ainda antes da Idade Média, conforme Sampaio (1999, p. 26):
A mais popular forma de publicidade teria sido o
pregão, fortemente marcado pela espontaneidade e
pelo fato de ser uma atividade oral, o pregão dos
comerciantes e mercadores, tinha como finalidade
despertar a atenção das pessoas para a venda de
produtos, tais como escravos, gados entre outros, e
só veio a ser ultrapassado bem mais tarde com o
aparecimento da imprensa, na primeira metade do
século XV.
Aplicou-se, a essa nova forma de publicidade, ao longo dos séculos as
características tanto de anuncio como de notícia, utilizada também para publicar
casamentos, sanções ou prêmios. Porém tanto no caso do pregão como no caso da
publicidade
impressa,
as
mensagens
publicadas
assumiam
um
caráter
predominantemente informativo centrando-se na descrição do produto sem grande
preocupação de persuadir o interlocutor.
O conceito de publicidade tal como hoje se conhece está diretamente ligado à
Revolução Industrial, pois, possibilitou um crescimento tecnológico e isso encadeou em
um crescimento considerável no que diz respeito às grandes produções de mercadorias
e, paralelo a isso, nos meios de comunicação de massa, esses vendiam espaços para os
anunciantes nascendo assim o que hoje conhecemos como publicidade.
Para ser persuasiva, a linguagem publicitária deve buscar intimidade com o
público, devendo, portanto, ser coloquial, simples, pessoal, informal. Na linguagem
publicitária aproveita-se neologismos, modismos, até gírias, sempre na busca da
intimidade. O discurso publicitário deve começar atraindo a atenção, deve ter boa
comunicabilidade, encadeando argumentos e persuasões, para o fim, deixa-se o apelo, a
incitação. Deve ser tão curto quanto permitir a natureza do que se veicula, pois as
condições em que ele é lido são tipicamente distensas, e textos longos, maçudos, pouco
comunicativos afugentam a atenção do leitor.
O termo publicidade deriva do latim publicus quer dizer público e designa a
qualidade do que é público. Para Sant’Anna (2000, p. 75) “a palavra publicidade,
significa genericamente, divulgar, tornar público, e propaganda compreende a idéia de
implantar, de incluir uma idéia, uma crença na mente alheia.” Pode-se resumir que a
publicidade é uma fonte de benefícios para os consumidores e de economia para os
produtores.
A publicidade é uma técnica de comunicação com finalidade comercial que evolui
permanentemente, em sua forma e conteúdo, em tecnologia e em linguagem.
Os termos publicidade e propaganda são usados como sinônimos, porém, os
vocábulos não significam exatamente a mesma coisa. A publicidade tem como objetivo
despertar, na massa consumidora, o desejo pela coisa anunciada, ou criar prestígio ao
anunciante
Já a palavra propaganda é definida como a propagação de princípios e teorias. O
termo propaganda também é derivado do latim propagare, que significa reproduzir por
meio de mergulhia, ou seja, enterrar o rebento de uma planta no solo. Segundo
Sant’Anna
(2000,
p. 75) o termo propaganda assume o sentido de propagação de doutrinas religiosas ou
princípios políticos de algum partido.
Segundo Erbolato (1986, p. 40):
A propaganda comercial tem como objetivo vender
um produto, por sua vez, a propaganda ideológica
caracteriza-se pela emissão de mensagens com
conotação política e/ou religiosa. A propaganda
institucional visa promover a imagem/marca de uma
empresa, instituição ou órgão público. A propaganda
legal é constituída por anúncios realizados mediante
a legislação vigente, engloba os anúncios em locais
públicos e divulgados na imprensa. A propaganda
testemunhal
baseia-se
na
credibilidade
dos
comunicadores - apresentadores e animadores de
programas de rádios populares - perante seu
público. Neste caso, o argumento publicitário recebe
o tratamento dispensado aos textos artísticos e o
apelo de venda se transforma em um conselho de
amigo.
1.2 Publicidade no Brasil
A história da publicidade e da propaganda, no Brasil, tem início ainda no século
XIX quando o desenvolvimento econômico, baseado na agro-exportação, promove um
crescimento urbano capaz de abrigar diferentes atividades profissionais e setores de
negócios que necessitam comunicar sua existência ao mercado. Os primeiros anúncios
aparecem principalmente nos jornais e se referem à venda de imóveis, de escravos,
datas de leilões, ofertas de serviços de artesãos e profissionais liberais. Embora os
jornais recebam a maioria dos anúncios também podemos encontrar, no período, outros
veículos como os cartazes, painéis pintados e folhetos avulsos.
A história da publicidade no Brasil data do começo do século passado, mais
especificamente em 1914, ano de fundação da Eclética Publicidade, considerada a
primeira agência nacional.
Com o desenvolvimento industrial que se inicia no país, chegam as empresas
americanas e com elas chegam também as agências de propaganda norte-americanas
que imprimem uma nova estética para a publicidade e exigem a profissionalização das
áreas envolvidas com a publicidade e propaganda. No início do século XX, com a
melhoria do parque gráfico e o aparecimento das revistas - chamadas de semanários
ilustrados - os anúncios ganham ilustrações e cores e seus textos se tornam mais
objetivos.
Pesquisa realizada pelo Ibope em 1954 (cujo original hoje pertencente ao acervo
da Unicamp) revela um dado surpreendente e instigante: naquele ano, apenas 7,5% dos
habitantes do Rio de Janeiro, então capital do país e centro irradiador de hábitos de
consumo, declaravam beber Coca-Cola. O produto custava a emplacar, a despeito dos
altos investimentos em promoção e publicidade, então, implementados. Provavelmente o
problema estava no conteúdo da propaganda, o problema era agravado, por causa de
boatos (não se sabe se disseminada pela concorrência) em torno dos malefícios que o
produto poderia causar ao organismo. Essa situação provocou uma reação a partir de
1954, com o slogan "Isto faz um bem", mantido durante 12 anos como carro-chefe das
campanhas. Nos caminhões distribuidores podia-se ler a frase "Pura e saudável", e na
mídia impressa, a questão da qualidade da água utilizada no processo de fabricação
passou a ser ressaltado. O lançamento da Coca-Cola família em embalagem de 760ml
(1959), o fenômeno do rock'n'roll e da rebeldia da juventude nos anos 60, tornou o
refrigerante quase um símbolo. Superada a questão dos possíveis malefícios à saúde, a
TV induzia a considerar que "tudo vai melhor com Coca Cola" (1966) e que "Coca-Cola
dá mais vida" (1972).
Percebe-se que há uma vinculação do produto aos padrões comportamentais e
uma indução para um estilo de vida. Quanto ao conteúdo, o discurso lança mão de uma
série de artifícios de persuasão, quase todos psicológicos, tais como, afagar o ego do seu
público, envolvê-lo emocionalmente, buscar a sua simpatia, fazê-lo identificar-se com o
apelo, fazê-lo crer que sua adesão ao apelo o torna superior em status, qualificação, etc.
A evolução do mercado, Brasil - 100 Anos de Propaganda (Revista Virtual, 2001),
desenterra informações da maior importância para se compreender a história do negócio
publicitário no Brasil. Durante a Primeira Guerra Mundial, diz o artigo, o Brasil expandiu
a sua até então tímida indústria nacional, de modo que ao fim do conflito o País já
registrava mais de 13.300 empresas. “Os brasileiros fumavam cigarros e charutos
fabricados no Brasil, bebiam as cervejas nacionais, calçavam sapatos produzidos pela
Alpargatas, usavam chapéus e roupas com etiqueta brasileira. A propaganda se
beneficiava do surto nacionalista” (Revista Virtual, 2002). Ainda nessa época surgem as
lojas departamento e a Casa Sloper, que durante muito tempo manteve uma filial no
Recife, inova ao divulgar o preço das mercadorias nos seus anúncios.
Nos anos 40, a Coca-Cola chegou ao Brasil através de um decreto de Getúlio
Vargas, feito na medida, para acolher o então denominado ‘líquido negro’. É o auge das
multinacionais, agências e anunciantes e a definitiva afirmação da propaganda
americana como modelo.
A década seguinte seria marcada pelo automobilístico, incentivos fiscais e, como
conseqüência, surgimento de agências de publicidade regionais e primeiras empresas
especializadas em promoção de vendas.
A propaganda brasileira começou a exibir uma certa maturidade por volta da
década de 60, quando o País já figura entre as dez maiores economias do mundo. A
televisão potencializa os investimentos em publicidade e o custo-benefício passa a ser a
palavra de ordem para os investidores.
Nos anos 70, o Brasil já exibia um dos mercados mais vigorosos do mundo. Era a
era do ‘milagre’, que precedia a ‘década perdida’ dos anos 80.
Nos anos 90, houve um reposicionamento do mercado. A indústria tabagista é
praticamente banida da propaganda por lei ao passo em que novas tecnologias
transformam-se em grandes anunciantes, a exemplo dos serviços de telefonia. A
globalização é a palavra por excelência e com ela há profundas transformações no
mercado publicitário, com o alinhamento de contas, também no Brasil, pelas agências
multinacionais.
Segundo Nicolau (2001, p. 100), propaganda comercial no Brasil é uma adaptação
do que se fazia em outros países, a exemplo do advento do jornalismo, que a partir de
1808, assimilou aquilo que se fazia na Europa, em termos de propaganda impressa.
Com relação à linguagem, no inicio do século XX, a propaganda firma-se pela
criatividade e pelo linguajar mais apurado e persuasivo, imitando o modelo americano
trazido pelas primeiras agências que chegavam ao país e muito contribuíam para o
aperfeiçoamento de nosso sistema de propaganda. (NICOLAU, 2001, p.102)
Na maioria das vezes, para vender era necessário implantar na mente das pessoas
uma idéia sobre o produto, o veículo que invalidou esse conceito de vendas foi o rádio
dando origem a novos conceitos sobre publicidade.
1.3 Evolução das mídias eletrônicas e impressas
1.3.1 A era dos reclames
No Brasil, a propaganda começou antes do período em que eclodiram as técnicas e
a industrialização. A Revolução de 1932 foi praticamente a implantadora da nossa
indústria. E com o aparecimento de uma indústria de crescente evolução, a propaganda
se desenvolveu mais rapidamente (RAMOS, 1985, p.41).
Na década de 30 o rádio brasileiro era uma verdadeira improvisação, as emissoras
não sobreviviam da publicidade, proibida pela legislação da época, mas da contribuição
de doações dos associados e entidades privadas. O rádio cresceu rapidamente a partir de
1931, quando o governo federal passa a conceder para a iniciativa privada a exploração
do sinal de rádio, as agências passam não só a confeccionar jingles e publicidades para
as rádios como também produzem os programas que são patrocinados por grandes
empresas, como o Repórter Esso.
Com a autorização legal para receber pagamentos por veiculação de publicidade
comercial foi que o rádio passou para uma nova fase, deixando de servir a uma elite e
passando a ser realmente um veículo de comunicação de massa, época em que o Brasil
vivia momentos de mudanças significativas. Neste período, cerca de 60% do capital
destinado à publicidade, pelas empresas, é aplicado no rádio na forma de publicidade
e/ou de patrocínio de programas. Os principais anunciantes eram lojas de
departamentos, restaurantes, lanchonetes, xaropes, remédios e produtos alimentícios.
Com a Segunda Guerra Mundial, aconteceu um decréscimo no movimento de
anúncios criando uma crise no setor da publicidade que passa a se recuperar somente a
partir de 1945. O rádio ainda era o principal veículo de propaganda e as radionovelas,
programas de auditório, humorísticos e radiojornais são os programas que mais recebem
patrocínio de grandes empresas.
O destino do rádio e sua utilização na comunidade foram modificados diretamente
em função dos interesses econômicos, resultado de um desenvolvimento cumulativo
envolvendo necessidades comunicacionais de uma sociedade em fase crítica de
transformação social, o rádio surgiu, inicialmente, como representação possível de
projetos educativos.
O rádio é o veículo de comunicação que ainda tem grande popularidade e
receptividade entre as grandes camadas urbanas e rurais, essa posição é reforçada pela
comunicação oral com seus ouvintes, que captam a sua mensagem em receptores
individuais e transportáveis. Também, passa credibilidade aos seus ouvintes e, muitas
vezes, essa vantagem se extrapola para o terreno publicitário.
Nos anos 60 e 70, por motivos do aumento da concorrência e número de produtos no
mercado, as mensagens publicitárias tinham que ser ousadas, mas não podiam deixar de lado
a ética.
A propaganda acompanha o rádio no anúncio de promoções, eventos, shows,
prêmios dados aos ouvintes, entre outros, fazendo com que haja um maior
envolvimento do ouvinte com o veículo através de sua participação. Historicamente, o
rádio é o meio em que a propaganda mais se difundiu em nosso século.
Sant’Anna (2000, p. 218) afirma que:
O rádio é uma fonte de diversão e entretenimento e,
em grau menor, de informação e cultura, um veículo
de apelo popular, que tem o poder de atingir
grandes massas rapidamente, tanto nas capitais,
como nas cidades do interior, dado a partir do
grande número de emissoras existentes em todo o
País e o elevado número de receptores em uso.
No entanto, esta preferência popular não foi o suficiente para fazer dele o meio
predileto dos publicitários e anunciantes. Ao longo dos anos o rádio tem sofrido
preconceito das classes sociais mais favorecidas, dos grupos mais informados da
sociedade, por ser considerado como meio tecnologicamente ultrapassado, sem as
novidades do mundo moderno da eletrônica e da cibernética. Com uma colocação nada
favorável na divisão do mercado publicitário, o rádio nacional se transformou num
veículo de segunda categoria. Hoje o rádio tenta se reposicionar no mercado publicitário,
sendo a saída mais indicada para os anunciantes afugentados pelo alto custo de espaço
publicitário na televisão.
A atual supremacia publicitária da televisão atrapalha bastante o veículo, desde o
início da popularização da TV. A partir dos anos 60, com o crescimento do número de
emissoras instaladas no País, “o rádio perdeu gradativamente os seus anunciantes, mas
conservou o carisma e o público, apesar de ser o meio de comunicação de massa mais
defasado hoje em dia” (SILVA, 1983, p. 138).
1.3.2 Os comerciais televisivos
Em 1950 foi inaugurada a primeira emissora de Televisão Brasileira e também a
primeira da América Latina, a TV Tupi (canal 4) em São Paulo. A Televisão trouxe um
novo impulso para a já sofisticada publicidade brasileira, criando mais um veículo para a
divulgação de produtos e de campanhas.
Com relação às industrias e bens de consumo, começou-se uma nova era
eletrônica, importando filmes em latas, devido à falta de profissionais experientes em
televisão, eram produzidos ligeiros programas, comerciais ao vivo, eles adaptavam o
modelo estrangeiro ao modelo brasileiro, mas também era em que as demonstradoras
(garotas-propagandas), ganhavam seu espaço anunciando produtos, tinham muito
prestigio, e mais sucesso do que muitos locutores do rádio.
Começou então um estilo de anúncios longos que existe até hoje, havia uma
preocupação de que quanto mais se falava, mais se convencia o público, mas falar
demais nem sempre é seguro, pois as pessoas perdem tempo em ler com atenção um
anúncio na rua enquanto está passando, anúncios devem ser breves e que chamem
atenção, mesmo nesta época achava-se anúncios curtos, rápidos no entendimento,
interessantes, esses sempre existiram, e quanto menor e mais interessante for, é
sempre bem vindo.
A profissionalização das áreas envolvidas com a publicidade e a propaganda no
Brasil surgiu a partir do momento em que as empresas norte-americanas chegaram em
nosso país, exigindo assim uma nova ética para a publicidade, neste sentido,
desenhistas, fotógrafos, áreas de criação e gráficas ganharam um novo impulso técnico e
profissional para atender as necessidades das agências.
Fundou-se em 1951, pela necessidade de formar profissionais da área, a primeira
Escola Superior de Propaganda. Com professores escolhidos entre os profissionais mais
qualificados e empenhados a orientar e visar o lado prático. Com tudo isso a escola
formou incontáveis publicitários. Sendo que, grande parte foi aproveitada por agências e
veículos de comunicação, que hoje estão nos altos escalões da publicidade.
A Escola Superior de Propaganda foi o sinal da maturidade da profissão no Brasil.
Surgir em São Paulo foi importante, pois as iniciativas no campo da publicidade ainda
estavam com o Rio de Janeiro e também importante por diversificação das industrias.
A partir de 1954, teve início uma fase da profissionalização e maior racionalização
do trabalho. Novos anunciantes de produtos de consumo em massa acorreram à
televisão, aumentando a concorrência entre as três emissoras - Tupi, Paulista e Record.
A renda com a publicidade justificou, rapidamente, a organização de estúdios onde cada
Garota Propaganda ficava em seu próprio set e a câmera ia passando de um em um.
Assim, eram apresentados quatro a cinco comerciais por intervalo. As Garotas
Propaganda tornaram-se um dos pontos fortes da televisão. A publicidade ao vivo era a
mais cara da TV e nem mesmo o filme publicitário conseguiu apagar o brilho da Garota
Propaganda nesse período. Foi preciso haver uma mudança no conceito da comunicação
para que isso ocorresse.
O desenvolvimento tecnológico do início dos anos 60 possibilitou o uso normal do
videotape, o desenvolvimento da telenovela diária, a montagem de uma infra-estrutura
empresarial nos moldes modernos. Toda a programação se modificou na linguagem e no
visual. A magia em torno da Garotas Propaganda foi rapidamente transferida para as
novas estrelas do vídeo, as heroínas das novelas de televisão.
Conforme Sant’Anna (2000, p. 80):
A publicidade tem experimentado um grande
crescimento. As verbas se multiplicam de ano para
ano. Segundo a opinião geral dos homens de
negócios, a publicidade constitui uma força
importante e crescente na venda competitiva, na
apresentação de novos produtos e para estabelecer
a aceleração da marca e a identidade da empresa.
A propaganda hoje, é responsável pelo sustento de boa parte da mídia e é
inseparável do setor de negócios e de produção, sua maturidade e capacidade de
adequar-se às novas realidades que se constituíram através de todo o século XX é que a
transforma em um dos bons setores de negócios do país. O exigente público brasileiro,
acostumado com a alta qualidade e profissionalismo que se imprimiu às peças
publicitárias veiculadas na mídia, é também responsável pela exigência de profissionais
cada vez mais qualificados e preparados para atuarem neste setor.
O final do século XX marcou uma nova configuração econômica no mundo, a
globalização, que irá obrigar o mercado a posicionar-se de forma diferenciada e este fato
exige das agências uma reestruturação em termos de ganhos e de atendimento a seus
clientes. Este fato, permite um salto na criatividade publicitária nacional.
1.3.3 A publicidade impressa
Grande parte da história da publicidade está ligada à imprensa. O jornal, foi,
cronologicamente, o primeiro grande veículo publicitário. "A imprensa constitui um meio
de publicidade que se dirige essencialmente ao indivíduo isolado. Os anúncios de
imprensa atingem, aproximadamente, todas as pessoas cujo padrão de vida está acima
do nível de subsistência e que constituem, pois, um mercado proveitoso para o
anunciante". (SANT’ANNA, 2001, p. 208).
Em 1900 o veículo jornal ainda era a mídia tradicional, tendo as revistas ilustradas
como alternativas. No Rio de Janeiro os mais importantes veículos de comunicação eram
o Jornal do Brasil, Jornal do Commércio, O País, Gazeta de Notícias e, a partir de 1901,
no Correio da Manhã.
Segundo Martins (1997, p. 24), os primeiros reclames ilustrados com desenhos e
litogravuras surgiram em 1875 nos jornais Mequetrefe e O Mosquito, no final do século
XIX. Os tapumes de construções serviam para exibir letreiros e cartazes anunciando
produtos e serviços. Começavam a surgir painéis públicos.
No início do século XX a propaganda firmava-se pela criatividade e pelo linguajar
mais apurado e persuasivo. Os artistas e poetas começaram a atuar dentro dos jornais
diários, fazendo propaganda, de acordo com Carrascoza (1999). Nas primeiras décadas
do século já havia agências e departamentos de propaganda em grandes empresas.
Os títulos, slogans, layouts, desenhos, material para tipografia e os textos da
publicidade eram produzidos pela própria redação dos jornais ou por desenhistas mais
destacados da época.
Os anúncios progrediram com a arte e a linguagem da imprensa e da comunicação
de massa e se tornaram peças artísticas que utilizavam técnicas sofisticadas.
Nas classes de padrão de vida mais folgado é hábito a leitura de revistas. Elas são
por isso mesmo mais seletivas do que os jornais, no que se refere ao sexo, categoria
sócio-econômica e vocação, do leitor.
As revistas têm mais expansão geográfica, circulando geralmente em todo o
território nacional, o que as torna especialmente adequadas para as “campanhas de
marca”. Elas têm algumas vantagens sobre os jornais, como vida mais longa, são lidas
com mais vagar, têm maior porcentagem de leitores por número, são mais seletivas,
porém, as revistas não têm a maleabilidade dos jornais. Os anúncios têm que ser
preparados com muita antecedência e representam grave desperdício nas campanhas
estritamente locais.
A publicidade nas revistas cresceu com o tempo. Um exemplo disto era a revista O
Cruzeiro (1928-75). Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, percebeu muito
cedo a importância da publicidade nas vendas (CADENA, 2002). A revista anunciava
cosméticos, roupas, automóveis e a publicidade era organizada de acordo com as
respectivas editorias. Cosméticos eram anunciados na parte da revista direcionada para
mulheres; os automóveis com as matérias lidas pelos homens, e assim por diante.
Chateaubriand conhecia o poder sensacionalista da junção da imagem com a notícia.
1.3.4 O futuro da publicidade no Brasil e a Internet
Atualmente a mídia está em pleno processo de globalização e a Internet é mais do
que nunca um mercado promissor e em constante crescimento, não apenas por sua
diversidade mas também por sua agilidade em contatos com clientes, fornecedores e
novos negócios de interesse às propostas de sua empresa. Diferente dos outros meios de
comunicação, a Internet permite ao usuário interagir intimamente com a sua empresa,
aprender detalhes sobre os seus produtos e serviços e exercer um papel ativo na
experiência de marketing.
A Internet é o meio, por excelência, da publicidade boca-a-boca, a forma mais
eficiente, mais credível e mais vantajosa de promover um produto ou serviço. Reúne,
simultaneamente, o marketing direto, relações públicas e publicidade. Desta forma,
pode-se dizer que nela se centralizará toda a atividade das empresas e das organizações
para divulgar, promover e vender os seus produtos.
A publicidade online é um meio de promoção com vantagens cada vez mais
apelativas. Através deste tipo de publicidade é possível selecionar a quem direcionar a
promoção da sua empresa, bem ou serviço. Uma das grandes vantagens de uma
campanha publicitária na Internet é a grande possibilidade de segmentação do público
alvo, evitando a dispersão da comunicação.
O público consumidor está mudando, talvez pelo fato das pessoas permanecerem
mais em casa e, também, pelo fato de dedicarem mais tempo em frente ao computador.
O homem dos dias atuais é um consumidor seletivo, que dá valor às marcas, é
individualista e desconfiado. Com um mercado cada vez mais competitivo as empresas
querem destacar seus produtos e serviços, tentando unir o anúncio com o marketing
direto, e a Internet é uma das maiores ferramentas com esse potencial.
A rede tem um público qualificado, de alto poder aquisitivo e muitas vezes
formador de opinião, o que é essencial para qualquer esforço de construção de imagem
corporativa. A globalização trouxe com ela profundas transformações no mercado
publicitário, com o alinhamento de contas, também no Brasil, pelas agências
multinacionais.
As possibilidades da internet trouxeram novas equações comercias que criam o tão
aguardado mercado global. Há uma evolução de critérios, graças à maior popularização
das conexões em banda larga no Brasil, novos formatos vão aparecer, outros deixar de
existir. Mas, o processo só tende a acrescentar qualidade e valorizar a internet para os
anunciantes e usuários, desde que a criação publicitária assuma o compromisso de
construir este novo modelo de comunicação com respeito e responsabilidade.
Atualmente, o computador para a publicidade e a propaganda, é ferramenta
imprescindível, principalmente nas áreas de criação e produção gráfica, uma vez que, é
através dele que se coloca em prática, princípios estéticos de acordo com a individual
percepção. A maneira de se comunicar com a sociedade, ou seja, com o mercado, está
sempre de acordo com as características do momento econômico, histórico e social. O
homem, destinatário final de toda mensagem, publicitária ou não, evolui de acordo com
o ambiente em que vive.
1.4 Ilustração na publicidade
Sabe-se que o desenho é um dos meios de comunicação mais antigos, desde à
pré-história os homens se comunicam por meio de desenhos. Os sentimentos,
acontecimentos, emoções e vontades dos homens da pré-história eram ilustrados nas
cavernas.
Segundo César (2001, p. 219), “a pré-história fez história com rabiscos”.
O desenho sempre foi uma poderosa forma de
comunicação. Antes da fotografia, a realidade era
retratada com pigmentos de cores e traços de lápis.
E mesmo com a fotografia, a ilustração não perdeu
lugar. Enfraqueceu muito, é verdade, a partir da
década de 90. Mas nos anos 60, 70 e 80, assim
como a fotografia, as ilustrações eram muito
solicitadas para completar um texto (CÉSAR, 2001,
p. 219.
No Brasil, a imprensa só obteve permissão oficial de funcionamento com a chegada
da família real ao país, no início do século XIX. A importância do desenho pode ser
constatada já nas primeiras publicações, que ilustrava os títulos, as situações cotidianas,
as propagandas e, principalmente a charges políticas.
Nessa época toda revista ou jornal tinha um grande caricaturista e o principal
ingrediente da imprensa nacional era o humor crítico contido nos traços dos artistas
gráficos. A sociedade vive um momento extremamente sensorial. Suas reações são, com
uma freqüência inacreditável, resultado de estímulos visuais.
Uma imagem fala muito mais que mil palavras e os publicitários já aprenderam a
fazer uso deste recurso. Cada foto, cada imagem, encerra em si mesma um discurso. A
imagem é prova, a palavra não. Muito mais que confirmação de um texto, a imagem tem
poder persuasivo.
Com a informatização, o cargo de ilustrador ficou ameaçado, os ilustradores
perderam seus lugares nas agências. Alguns ilustradores encararam o computador como
um aliado nas suas tarefas, e acompanharam a nova tecnologia, passando a fornecer
ilustrações digitais. Outros mais conservadores insistiram e insistem até hoje a trabalhar
com a pura arte sem nenhuma intervenção dos computadores. Porém mesmo com o
mercado bastante reduzido os ilustradores sobrevivem. Devido ao fato de que ainda há
casos em que a melhor alternativa é a ilustração.
Alguns tipos de Ilustração:
Ilustração técnica
Ilustração editorial
Caricaturas
Ilustração de moda
História em quadrinhos
Ilustração hiper-realista
Ilustração de estilo
A imagem é uma maneira de falar. Uma imagem bem-escolhida e manipulada é o
melhor vendedor que existe. A publicidade cada vez mais condiciona comportamentos e
cria necessidades (AAKER, 1996).
O setor de publicidade no Brasil passou por muitas transformações nos últimos
anos, incluindo aí um forte processo de desnacionalização. Poucas agências nacionais
conseguiram sobreviver sem se associar a uma agência estrangeira, enfrentando a
exigência de alinhamento de contas internacionais instalada pelas empresas
multinacionais. A população brasileira acompanhou as mudanças acarretadas pela
globalização, que mudou os processos de produção e a forma de distribuição.
1.4.1 Valor da ilustração
Segundo Sant’Annna (2000, p.180) “a ilustração é, como o texto, uma maneira de
expressar alguma mensagem, logo, deve ser estudada no momento de determinado o
tema.”
A presença de ilustrações/imagens acompanhando os textos, desde os primórdios
de seu aparecimento, tinha a finalidade de enfeitar ou esclarecer, ilustrar/informar para
educar ou criar e propiciar prazer estético.
A ilustração para adquirir o fator de credibilidade deve mostrar o resultado da ação
de um produto, a utilidade de um serviço, a importância de uma idéia, ajudando a
persuadir muitos receptores, mesmo se estas ilustrações estabelecerem, não uma prova
científica ou o começo de uma prova, mas apenas aquilo que se mostra a primeira vista
uma prova de verdade que se quer transmitir. “Enquanto a maioria das pessoas acredita
no que está impresso, uma maioria ainda mais esmagadora acredita no que vê”
(Sant’Anna, 2000, p, 180).
Como fator de compreensão, a ilustração tem como objetivo principal dedicar-se a
facilitar o entendimento de um texto, logo, deve ser uma parábola, um metamorfose das
coisas. Sant’Anna lembra o provérbio “uma boa foto vale mais do que mil palavras”, a
ilustração em certos casos pode ter como finalidade reduzir consideravelmente a
extensão de um texto.
A linguagem adotada pela propaganda brasileira entre os anos de 1975 e 1984
sofreu forte influência da arte do século XX, notadamente os anúncios publicados em
revistas.
A imagem ganha também estatuto de arte pelo aprimoramento de suas qualidades
estéticas, além disso, solidifica sua posição como parte integrante das diferentes
manifestações da linguagem visual, possui características próprias e instala-se no texto,
entendido como um todo de sentido.
Para uma ilustração de um anúncio obter um resultado positivo para a publicidade,
essa tem de servir para reforçar os valores de atenção, de memorabilidade, de
compreensão e de credibilidade do texto, e só surti o efeito desejado quando consegue
aumentar o rendimento do texto não ilustrado, pois a ilustração apesar de ser um forte
auxiliar na publicidade pode no entanto se tornar inútil e até prejudicial e mal utilizada
(LIZIANE, 1995).
O segundo elemento de atenção em uma ilustração seria a forma exterior. O
movimento da ilustração pode ser dado por dois fatores, ou pelo assunto, ou pela
direção da ilustração. Com relação ao fator de memorização do anúncio, a ilustração
proporciona uma maior identificação do produto/serviço, distinguindo assim o produto
dos concorrentes, e inscrevendo-se na memória do receptor, auxiliando as associações
de idéias ulteriores.
A ilustração tem uma importância muito grande para a publicidade, ela assume
varias funções, que se usadas devidamente, devem aumentar consideravelmente os
resultados de uma campanha publicitária. Ela aparece na publicidade, visando dar um
caráter de verdade, auxiliar na recepção da peça. No entanto, a ilustração não deve
somente dar brilho à palavra, pois estaria na condição de texto de apoio. Ela,
juntamente com a linguagem verbal, forma um texto, ou seja, o fenômeno apreendido
pelo receptor constitui-se pelo enlace visual e verbal.
1.4.2
Função da ilustração
A ilustração tem um grande poder de fazer aparecer idéias, lembranças e
experiências semelhantes. Pela sua capacidade natural de estimular sensações e
emoções, ou identificar o leitor com a situação pintada, a ilustração tem a vocação de
despertar o desejo pelo objeto anunciado. Deve relacionar-se com o produto e com os
serviços que este presta. Sozinho, isto é, sem o apoio do texto, torna-se pouco eficaz. O
seu valor varia conforme o suporte publicitário empregado. É maior o anúncio e no
cartaz, menor nos outros meios. A ação da ilustração exerce-se pela vista e pela
memória sobre as necessidades, os desejos, etc.
A ilustração tem a função de:
Ampliar o índice de atenção ao anúncio.
Tornar o anúncio mais aprazível à vista.
Instigar a leitura do texto.
Instigar o desejo pelo produto/serviço anunciado.
Engrandecer o produto/serviço anunciado.
Demonstrar ou reforçar afirmações feitas no texto.
Identificar o produto ou a marca.
Formar atmosfera apropriada (SANT’ANNA, 2002).
As ilustrações não têm somente valor sugestivo mas também de documentário.
Num processo em que boa parte dos elementos visual e verbal estabelece uma via de
acesso ao subconsciente do destinatário, é comum na peça publicitária a busca pelo
poético, pelo lúdico. Assim, há uma natural aproximação do discurso publicitário à obra
artística, naturalmente, com o equilíbrio entre a criatividade e a adequação que cada
caso exige.
Um modelo de criatividade apresentado por Sant’Anna (2001), segue a seguinte
metodologia, ordenando o processo criativo em sete etapas:
Conhecimento – familiarização com os fatos e compreensão da situação do que
vai ser anunciado, seja produto, serviço ou empresa;
Definição – determinação de objetivos a serem alcançados, incluindo os objetivos
de marketing e propaganda e as metas de propaganda;
Criatividade – liberação da mente para poder criar, através de estímulos que levem
a idéias, de idéias que levem a associações (por contigüidade, semelhança, sucessão e
contraste), e assim por diante;
Brainstorm – inspiração a partir de todos os dados, informações e referências que
possam, em seu cruzamento associativo, gerar soluções criativas originais e aplicáveis
às necessidades de comunicação do cliente;
Seleção – definição de idéias que se enquadrem nos objetivos, selecionando- as de
acordo com sua adequação, inventividade, aplicabilidade;
Interpretação – preparação da forma como a idéia será apresentada, moldando-a
ao conteúdo selecionado na etapa anterior;
Comprovação – validação da idéia, já com sua forma e conteúdo definidos,
verificando por que, onde, quando, quem, o que e como sobre o que se anuncia.
Apesar de não ser uma forma de arte, a propaganda se apropria das técnicas
artísticas a fim de dar atratividade ao seu discurso, a peça publicitária está interligada à
arte. Por conta de seu feitio, essencialmente criativo, faz com que a função poética da
linguagem se sobreponha à função referencial. No processo de criação publicitária, as
múltiplas referências do profissional de criação vêm à tona, sejam elas cinematográficas,
literárias, musicais ou de outras formas de expressão artística.
A ilustração tem função estética quando chama a atenção para a forma ou
configuração visual. Essa configuração pode ser representada por efeitos plásticos
provocados por linha, cor, gesto, mancha, sobreposição de pinceladas, transparências,
luz, brilho, enquadramento, contrastes. Segundo Sant’Anna (2001), “a função estética
não se identifica com a de ornamentação, seu papel é sensibilizar o seu público através
de
efeitos
estéticos”.
A ilustração também tem função lúdica, nesse caso, a imagem inclui a brincadeira e o
humor. Olhar uma obra de arte ou uma imagem da mídia pode passar pelo gosto
individual, considerá-la bonita ou feia, gostar ou não.
Cada indivíduo possui diferenciadas percepções, advindas de suas vivências
pessoais e culturais, influenciando o desenvolvimento da compreensão dos diferentes
textos disponíveis em seu meio.
1.5 O Reforço das Marcas
A tecnologia empregada nos processos de produção e comercialização dos
produtos acabou por torna-los, de uma forma geral, muito parecidos, fazendo com que
as marcas ganhassem valores se tornando o grande patrimônio de uma empresa.
Segundo a AMA – American Marketing Association, “marca é um nome, termo, sinal,
símbolo ou desenho, ou uma combinação dos mesmos, que pretende identificar os bens
e serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e diferenciá-los daqueles dos
concorrentes”. (PINHO, 1996).
Segundo Aaker (1998, p.7):
Uma marca é um nome diferenciado e/ou símbolo
(tal como um logotipo, marca registrada, ou
desenho de embalagem) destinado a identificar os
bens ou serviços de um vendedor ou de um grupo
de vendedores e a diferenciar esses bens e serviços
daqueles dos concorrentes. Assim, uma marca
sinaliza ao consumidor a origem do produto e
protege, tanto o consumidor quanto o fabricante,
dos concorrentes que oferecem produtos que
pareçam idênticos.
Assumindo a característica de distinção entre um produto e outro, e agregando
valores intangíveis ao produto, a marca assumiu um valor que, até bem pouco tempo,
era imensurável. O produto em si, a embalagem, o nome da marca e toda estratégia de
comunicação realizada na divulgação do produto formam um conjunto que representa a
síntese de uma marca. Estão entre eles os valores estéticos, emocionais, racionais e
físicos do produto em si e das relações mentais estabelecidas entre os consumidores e o
objeto representado por ela.
Para Sampaio (1999, p. 220): "A marca é, hoje, o único valor intelectual que a
legislação reconhece como sendo uma propriedade eterna, pois até as patentes e os
direitos autorais têm um prazo de validade limitado, e as marcas permanecem sendo de
seus proprietários até que eles a vendam ou a deixem morrer por maus-tratos".
1.6 As Mascotes na Publicidade
A Mascote é um recurso criativo capaz de atrair a atenção de todas as faixas
etárias. Pode ser utilizado em campanhas políticas, campanhas de vacinação, festas
municipais e institucionais, educação no trânsito, campanhas de lançamento de produtos
e onde mais se desejar.
A publicidade descobriu que os produtos deveriam ser associados a idéias,
experiências agradáveis e imagens, para evocar sentimentos e produzir emoções,
assumindo a tarefa de instruir o consumidor através da propaganda a fazer suas
escolhas e conseqüentemente, formar novos hábitos, influindo assim, no estilo de vida
da sociedade, falando de um produto com palavras e imagens, empregando recursos
variados, como harmonia, ritmo, clareza, beleza e precisão, procurando fazer dele um
objeto único e original.consolidando sua marca de forma eficaz e duradoura, a fantasia é
um investimento garantido de retorno para sua empresa.
Sabe-se que os personagens de marca, os conhecidos mascotes, são uma
ferramenta muito eficaz de comunicação, com uma forte intenção lúdica que se adequa à
proposta do produto, que pode ser simplesmente anunciado ou se transformar em objeto
de desejo.
Vem de décadas a criação de mascotes para a publicidade. No período pós-guerra,
publicitários e ilustradores já focavam seus esforços na criação de bonecas de cerâmica
que tinham como objetivo identificar-se com uma marca determinada. Foi a forma de
dinamizarem as marcas, de aproximá-las do consumidor num período marcado
pela explosão de consumo que prenunciaria nossos dias atuais. Esse período foi marcado
pelo surgimento de importantes mascotes, como o tigre Tony, dos cereais matinais
Kellogg’s no início dos anos 50. A personagem torna-se porta-voz da marca. A
mensagem anunciada passa a não ser dita mais pela marca, mas por uma terceira
pessoa (a personagem), agregando a si mais credibilidade, fator decisivo na criação de
um estado psicológico menos defensivo por parte do público.
Os estudos da linguagem apontam a prosopopéia como a figura pela qual se
dá vida, voz e ação a objetos inanimados. Personificação. O radical Prosop, do grego,
significa “rosto, face”.
Esse é justamente o principal objetivo das mascotes de marca. Personificar, dar
um rosto à imagem do anunciante e, se possível, ao seu principal
benefício/característica. Fundamental na criação da mascote é a associação entre ela e a
marca que representa. A associação deve ser imediata.
Publicidade é uma mescla de arte e técnica. Sendo assim, é necessário ao
publicitário além da criatividade, o conhecimento e domínio de softwares gráficos para o
desenvolvimento de seu trabalho, sendo fundamental que a imagem seja muito
ilustrativa, principalmente por ela ter que atender a um púbico muito grande e
diversificado. Milhões de dólares são investidos anualmente em marketing para construir
e manter um dos maiores patrimônios que uma empresa pode ter, a sua marca.
Diversos fatores influenciam a criação e uso de mascotes, inclusive uma avaliação
precisa se esta é, ou não, uma estratégia adequada, uma vez que uma mascote
demanda grandes investimentos, cuidados e regularidade de exibição, sob pena de
perder notoriedade, ligação com a marca ou sua própria personalidade. A exigência
constante de padrões de conduta que garantam a qualidade do produto e de sua
imagem, muitas vezes coincide com as estratégias de valorização que a empresa aplica à
sua marca.
A publicidade se ocupa de convencer, aliciar, incitar à ação, ela tende a privilegiar a edição, tendo em
vista seu potencial de atratividade, sendo assim, para convencer, a publicidade se vale da argumentação e da
persuasão. Ela gira muito em torno da marca, do slogan e do texto publicitário.
Não se tem o ano preciso em que a imagem da mascote foi introduzida ao
marketing das empresas, mas raras são as organizações que hoje em dia não possuem
este mecanismo.
Os personagens ajudam a empresa, instituição ou determinado órgão a comunicar
uma mensagem de uma forma mais fácil, mais suave, alegre e participativa,
principalmente as informações relacionadas com conscientização, prevenção de doenças
e direitos e deveres do cidadão. difícil não lembrar de determinadas figuras e deixar
associá-las imediatamente a esta ou aquela empresa, a um festival cultural, uma
campanha de saúde (MONTIGNEAUX, 2003).
O uso de mascotes implica na necessidade de abordagens uniformes, consistentes
e de interação contínua com o público, adotando a personagem como ícone, ou símbolo,
tão precioso quanto o próprio logo da empresa.
A aplicação de uma mascote deve, portanto, avaliar se a tática se enquadra nas
estratégias de comunicação traçadas. Isso inclui investimentos em campanhas
publicitárias, divulgação em pontos-de-venda, ações de marketing específicas para o
trade e patrocínios culturais.
O uso da prosopopéia está embasado não tanto na forma, que dá vida a animais
ou objetos inanimados, mas no conteúdo destas personagens. O resultado positivo se
deve aos investimentos na produção, compra de novos equipamentos e treinamento de
funcionários, e ainda, na logística.
A mascote estabelece uma relação com o cliente, estreitando a relação com o
público e fazendo com que ele veja as condutas da empresa de uma maneira simpática.
1.6.1 Mascotes nos esportes
As Olimpíadas movimentam milhões de dólares em publicidade. É um modo de
fazer propaganda diferente que o expectador tem se acostumado a ver em grandes
eventos televisivos.
A Mascote Olímpico foi adotado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Inverno
de 1968, em Grenoble, na França. A partir daí, tornou-se símbolo dos Jogos Olímpicos,
atuando como embaixador e mensageiro da amizade além de personificar a cultura ou a
fauna da região onde se realizam os jogos.
A cada Olimpíada é adotada uma logomarca. Assim como as mascotes, elas trazem
símbolos e ilustrações referentes a cada cidade em que estão sendo sediadas. Na
Logomarca das Olimpíadas de 2004, há uma ilustração estilizada dos ramos utilizados
pelos primeiros competidores como premiação (MOURA, 2005).
Realizada em Moscou na URSS em 1980, de 9 de julho a 3 de agosto com a
participação de 81 países esta olimpíada foi boicotada pelos EUA por motivos políticos,
sendo assim, mais uma vez a grande vencedora foi a União Soviética. Decidida a fazer
um memorável evento a URSS organizou com maestria esta olimpíada e preparou
inesquecíveis cerimônias de abertura e encerramento. Na memória de muitas pessoas
deve ter ficado guardada a imagem da mascote dos jogos de Moscou que era um ursinho
chamado Misha. Com sua imagem cativante ele conquistou o coração de muitos e
chegou até a viajar pelo espaço junto a dois cosmonautas.
Por princípios, o Comitê Olímpico não permite a exposição de marcas que não
sejam as relativas aos jogos. Porém, grandes patrocinadores do evento se valem da
compra dos direitos publicitários fazendo um caminho inverso. Em seus produtos,
aplicam a programação visual dos jogos. E nos intervalos da programação, exibem
inúmeras campanhas relacionando seus produtos aos esportes e aos atletas
patrocinados. Para as cerca de 50 mil empresas atualmente consideradas multinacionais,
as olimpíadas são uma importante vitrine de propaganda de marcas e produtos.
A Copa do Mundo de 2006 terá três mascotes, que foram gerados por computador.
Eles vivem num lugar, no espaço chamado Atmozona. E são fãs muito grande do futebol.
Eles foram batizados de Ato (amarelo), Nik (azul) e Kaz (roxo). Essas mascotes servirão
para a comercialização de mais de 300 produtos. O Comitê Organizador japonês acredita
que isso poderá render US$ 1,2 bilhão.
1.6.2 Mascotes e o público infantil
A partir dos anos 80, vem ocorrendo, nas sociedades de consumo ocidentais, uma
verdadeira ofensiva publicitária na televisão dirigida aos jovens. Hoje, dentro da família,
eles se tornaram os principais consumidores e, em conseqüência, os atores e alvos
privilegiados das mensagens publicitárias.
Para atingir esse público, diversas estratégias foram desenvolvidas como
intensificação da quantidade de mensagens durante as férias escolares, aumento do
nível sonoro dos anúncios, e, mais sutilmente, patrocínio de programas infantis, com
propagandas divulgadas antes e depois dos programas em questão. De modo geral, as
mensagens publicitárias têm sido concebidas como verdadeiros programas infantis. Os
anúncios, recreativos, curtos e ritmados, muitas vezes são elaborados como desenhos
animados. São pequenas aventuras, quase todas cômicas, que podem até passar em
episódios.
Em conseqüência, os publicitários se interessam cada vez mais por esse público,
lançando personagens animados, são as mascotes que humanizam sua marca. As
crianças se identificam com os heróis das mensagens e estabelecem com eles uma
relação afetiva.
Graças à mídia, a publicidade vem agindo cada vez mais e tentando de todas as
formas influenciar seu público infanto-juvenil, de modo que venham a consumir seus
produtos. Sendo essa clientela detentora de grande poder, tenta-se atrair e conquistar
esse público de todas as formas possíveis e inimagináveis, utilizando-se cada vez mais
da tecnologia, usando do poder das cores e desenhos cada vez mais atrativos.
Com propagandas, anúncios, outdoors, cartazes mais atrativos e personagens
animados, a publicidade procura atrair e fazer das crianças, consumidores com voz e
poder de compra. As imagens de infância são obscurecidas por uma adultização precoce
que institui modos de ser através da textualidade presente na marca apresentada pelas
campanhas publicitárias. De maneira aquilo que elas vêm não conseguem esquecer e
vivem implorando, muitas vezes obrigando seus pais a comprar um certo brinquedo ou
produto.
É através da publicidade que o público é incentivado a comprar ou possuir um
produto, seja ele benéfico ou não. Sendo a publicidade transformadora de opiniões do
público adulto, mais delicado se torna o assunto no que se refere ao público infantil.
As crianças são um alvo publicitário fácil de convencer. Na televisão e nas revistas
infantis em quadrinhos elas vêem com a mesma atenção o que é programa ou matéria
editorial e o que é anúncio. O mundo fantasioso da infância consome com a mesma
intensidade um comercial e um desenho animado, o que vem provocando debates
paralelos sobre o que é ou não validamente ético fazer para seduzir as crianças.
É necessário reconhecer que os modelos de consumo a que as pessoas são
submetidas pela publicidade encorajam abertamente a busca pelo prazer imediato. O ato
de comprar, deve proporcionar no momento um sentimento de goze e de prazer. Essa
lógica de consumo aumentou o poder da criança, poder que vem da mídia televisiva que
desenvolve
um
nível de informação suscetível de orientar seus desejos, guiar e aumentar suas escolhas
diante dos adultos.
A criança está sendo, cada vez mais, considerada responsável pelos mecanismos
de consumo. Trata-se de uma população fortemente influenciadora, participante das
decisões de compra de produtos e serviços que lhe dizem respeito diretamente ou que
fazem parte do conjunto familiar. A criança não se contenta apenas em escolher os
objetos para seu próprio uso, ela influencia também, o consumo de toda a família.
A criança vem sendo utilizada como influenciadora de seus pais na escolha de
produtos que não lhe são diretamente destinados, como por exemplo, certas marcas de
sabão em pó, que usam a imagem da criança para levar a mãe a comprar aquele
determinado produto (MONTIGNEAUX, 2003).
Para se obter uma aceitação do público em relação aos produtos lançados as
empresas se utilizam de vários artifícios, que levem o público-alvo a consumir o tal
produto. As propagandas direcionadas às crianças, são mais atrativas, para chamar mais
atenção e induzi-las a querer determinado produto. Para isso os objetos ganham vida e
fala. Colheres que vão dançando até o copo de geléia, e assim a marca vai ganhando
vida e personalidade por meio da tecnologia digital e de computação gráfica para
humanizar sua relação com o seu público e divulgar os novos produtos, aliando sua
imagem a uma mascote.
Os próprios produtos infantis expandem cada vez mais os seus mercados. Desde
brinquedos tecnológicos aos próprios computadores, monstros eletrônicos, pijamas,
artigos escolares, guloseimas, tudo anunciado diretamente para as crianças, com verbas
que estão crescendo na proporção do mercado que elas vão ampliando.
As marcas que se dirigem a crianças vêem-se cada vez mais obrigadas a reforçar a
relação emocional, apostando na comunicação através de mascotes como meio de
diferenciação e de memorização dos valores que preconizam.
1.6.3 A imortalidade das mascotes
O poder destes ícones está essencialmente na capacidade de personificação das
marcas e dos produtos, que deixam de ser abstratos e passam a conseguir refletir os
seus benefícios, refletindo uma maior interação com o público-alvo e a criação de uma
relação emocional com as marcas. Uma mascote sempre é alvo atrativo, ele pode variar
desde um animal até um ser inanimado, mas na maioria dos casos sempre chama a
atenção.
Conforme Cadena (2002), o ninho da Nestlé e o clérigo da aveia Quaker, pela
ordem, são as logomarcas mais antigas do mundo que hoje identificamos num piscar de
olhos, já fizeram a cabeça de nossos bisavôs ou tataravôs. São símbolos que perduram
no inconsciente coletivo de várias gerações.
O ninho com passarinhos de bico aberto da Farinha Láctea Nestlé, marca original
de 1867 que os brasileiros conheceram no início do século XX, não é exatamente uma
mascote, mas, é um elemento vivo com uma simbologia atrelada ao conceito de
alimentação de berço. A empresa diversificou a sua linha de produtos, mas o ninho ainda
é o seu carro-chefe.
Já o clérigo de chapéu, fraque e colete da boa aveia Quaker, mascote criada em
1877 que os brasileiros conheceram nos anos 20 em embalagens nas cores vermelha e
preta, simbolizava a pureza do alimento. Quakers eram cristãos protestantes de rígida
moral, engajados no movimento de libertação dos escravos. Puritanos identificados pelo
traje clerical que o produto acabaria perenizando.
Sucesso também de outras mascotes mais novas que apaixonam consumidores,
como o tigre da Kellogg’s, desenhado em 1950, ou o similar da Esso, criado em 1959.
Outras mascotes como a gotinha da Esso, o soldado Flit, do inseticida do mesmo
nome, o Speedy Alka-Seltzer, o leão da Metro e, para citar uma mascote nacional, o bom
e simpático elefante da Cica, desenhado e licenciado por Mauricio de Souza em 1968.
Uma mascote não bem aceita pelo público foi aquela que representa a voracidade
do poder público, a crueldade do Estado com o cidadão: a mascote em forma de um
Leão de dentes afiados criada por encomenda da Receita Federal nos anos 70.
São inúmeros personagens como o Zé Gotinha, uma gota gigante que simboliza a
prevenção de doenças através da vacinação e que é amigo da criançada, o Urubu, do
Flamengo, que simboliza o time e a torcida deste clube de futebol carioca, o Frango de
Capacete, que lembra a empresa Sadia e o seu principal produto (PINHO, 1996).
Nos anos 60, com o auge do rock-and-roll, o pacifismo e a revolução sexual, foi
criado a mascote Ronald McDonald, conhecido hoje por crianças do mundo inteiro. Além
de ser reconhecido imediatamente, também o é sua ligação com a rede de fast-food.
Como exemplo, temos, também, os coelhos mascotes da marcas de pilhas
Energizer e Duracell. Não só transmitem os valores da marca, mas representam o
principal benefício do produto – pilhas de longa duração. Uma disputa obrigou as
empresas a uma separação de mercados: nos Estados Unidos o coelho é usado pela
Energizer, que foi a primeira a utilizar sua imagem no país.
No mercado Europeu, ocorreu o inverso, sendo a imagem da mascote atribuída a
Duracell. O coelho da Energizer foi introduzido ao mercado em 1989, enquanto o da
Duracell já estrelava comercias europeus desde 1974.
A cerveja Brahma veiculou intensa campanha publicitária mostrando uma
tartaruga viciada em cerveja que embarcava para a Coréia e o Japão para torcer pelo
Brasil durante a Copa do Mundo de 2002, levando na bagagem nada menos que um
caminhão de cerveja.
Tomando como outro exemplo de um produto de consumo, a Assolan, uma lã de aço, que no começo de
2002, resgatou sua marca numa categoria que tem um concorrente que é sinônimo e se apresentou, primeiro para
o consumidor e depois para o próprio varejo brasileiro, como sendo uma opção. Entre as alterações
promovidas pela nova estratégia está a criação da mascote de Assolan, em janeiro de
2003, começou-se a trabalhar a idéia de tornar a Assolan a melhor opção, com um
trabalho criativo no qual aparece a mascote cantando, interagindo com o consumidor,
uma embalagem com olhos, vida e personalidade (CADENA, 2005).
Além de sedimentar uma marca e seus produtos a mascote tem a função de
alegrar e seduzir o público com suas performances.
O conjunto de valores que as marcas representam é mais evidente no caso de
produtos onde as mascotes em forma de bonecos ou desenhos animados ganharam vida
própria se sobrepondo à simples logotipia. A publicidade vem tentando cada vez mais,
conquistar o público com produtos e propagandas miraculosas, levando ao desejo de
consumir.
A propaganda é, portanto, uma forma institucionalizada de evasão,
consensualmente autorizada, socialmente legitimada e eticamente permitida, então,
cabe à empresa considerar as obrigações éticas e morais na hora de criar um
personagem para a associação de sua marca. Porém, seu poder de persuasão também
tem limites e o excesso de exposição também pode gerar um impacto negativo junto à
opinião pública.
2 A CARACTERIZAÇÃO E O USO DAS MASCOTES
2.1 Apresentação geral das mascotes
A mascote se inspira na visão dinâmica da marca, apresentando o personagem
como a transposição da identidade da marca sob uma forma inteligível para a criança. O
personagem é colocado no centro do relacionamento marca-criança e melhora o sistema
de comunicação da marca ao aproximá-la da criança.
As mascotes são uma parte absorvente do universo da criança. Têm por origem
domínios extremamente diversos. Saem das histórias contadas pelos pais e pelos avós,
dos filmes, dos desenhos animados, do universo dos desenhos em quadrinhos ou dos
produtos de grande consumo.
E esses podem assumir diversas formas podem aparecer como uma representação
física humana, como é o caso da mascote do produto de higiene bucal Cepacol, o Bnd
Boca, a garotinha “nhac” da margarina Cleybom, do garoto Yoco dos produtos lácteos da
Nestlé, podem assumir forma de extraterrestres como o provedor Terra vem utilizando
em suas campanhas bem sucedidas, podem ainda assumir a forma do próprio produto
correspondem a essa definição o achocolatado Toddynho, o chocolate Milkibar, a esponja
da aço Assolan, e por fim eles podem assumir a forma de animais, que são os casos aqui
analisados.
As crianças designam a marca a parti das mascotes: “São os cereais do galo
(Kellog’s Corn Flakes) etc.
Sejam tigres, touros, dinossauros macacos, elefantes, etc., as marcas utilizam com
freqüência animais em representação dos produtos. Hoje, o valor simbólico do animal é
largamente utilizado, em especial no domínio da comunicação e da publicidade. Mesmo
que a criança não tenha consciência aguda do peso simbólico, uma mensagem implícita
é enviada para ela pelo único fato de ter retirado a imagem deste ou daquele animal.
A utilização de animais sensibiliza em geral os mais jovens. No universo das
histórias em quadrinhos e dos desenhos animados, abundam os exemplos.
A análise física dos personagens traduz os sentimentos e os caracteres profundos
que os animam.
Os animais estão fortemente conotados às imagens que sugerem: poder,
fidelidade, agilidade, rapidez, assistência, pureza, etc.
2.2 Metodologia
O sucesso de uma pesquisa vem da sua definição metodológica, ou seja, do
estabelecimento das etapas a serem cumpridas para que se alcance os resultados
desejados. Nesse sentido, constituem etapas fundamentais a delimitação do objeto de
estudo, sua amostra, bem como os tipos de pesquisas a serem adotados.
2.2.1 Tipos de pesquisa
Nosso estudo consiste numa pesquisa qualitativa que, segundo Alves (2003)
consiste em conhecer a situação ou fenômeno em sua extensão, procurando levantar
variáveis e seus significados para que se construa um quadro teórico. Dentro dessa
concepção, estabelecemos dois tipos de pesquisa: exploratória e explicativa.
De acordo com Mattar (2001) a pesquisa exploratória permite o levantamento do
assunto a ser estudado, com a devida delimitação dos autores e obras que
fundamentarão o estudo, assim como o reconhecimento do objeto de estudo e sua
familiarização. Já a pesquisa explicativa tem como preocupação central identificar os
fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência de fenômenos, suas
causas e seus efeitos.
Em nosso estudo procuramos saber o que faz as mascotes serem tão atraentes,
que características peculiares elas apresentam para conseguir empatia e adesão do
consumidor etc.
2.2.2 Universo e amostra
As mascotes na publicidade constituem o nosso universo de estudo. Mas, em se
tratando de um universo muito amplo, procuramos delimitar a abrangência da pesquisa
numa amostra mais palpável do ponto de vista da análise. Conforme Desandes (1994)
uma boa amostragem é aquela que possibilita abranger a totalidade do problema
investigado, ou seja, constitui a essência do que se quer investigar. Portanto, nossa
amostra consiste nos mascotes mais conhecidos e utilizados pela indústria de alimentos.
Nosso levantamento prévio apontou para aquelas mascotes que melhor representam as
principais características das mascotes utilizadas pela publicidade de um modo geral.
Nesse caso, utilizamos a mostra por conveniência de mascotes constituídas por desenhos
animados e representativas da indústria de alimentos. As mascotes aqui analisadas
serão: o frango da Sadia, o elefante da Cica, o tigre da Kellog’s e o coelho do
achocolatado.
2.3 Análise
2.3.1 Frango da Sadia – Lequetreque
2.3.1.1 Origem
Criado em 1971, pela agencia de publicidade DPZ, para dar apoio publicitário a
diversos produto Sadia, especialmente o frango defumado lançado naquele ano, ele foi
apresentado como “o frango mais veloz do mundo”. Permaneceu por 11 anos ausente
das campanhas publicitária da Sadia, porém mesmo com esse grande intervalo de
tempo, o frango de Sadia não perdeu seu carisma e sua personalidade. Em 1983 uma
elaborada estratégia de marketing foi iniciada, empunhando a bandeira daquele
inesquecível e carismático personagem. Com a logística da Factotum, empresa
especializada em concursos promocionais é lançado o “Grande Concuro Personagem
Sadia” que propiciou o recebimento de cerca de um milhão de cartas com sugestões.
Finalmente, o personagem é batizado com o nome de “Lequetreque”, o nome
escolhido foi resultado de muitas horas de julgamento e ponderações, original, inédito,
ritmado, fácil, dando idéia de vivacidade e agilidade, brasileiro e ate com um pouco de
musicalidade.
A Sadia a parti da criação da mascote “Lequetreque” passa a transmitir sua
imagem de qualidade e pureza através de um mensageiro inesquecível. A imagem do
frango surgia, primeiro, em desenhos animados, tomando um banho refrescante antes
de ir para a mesa do consumidor. Com o passar do tempo, a mascote Sadia se
transformou em um ídolo com forte carisma, presente em todas as campanhas da
marca.
2.3.1.2 Traço
O traço é constituído por vários pontos. Os sentidos e a orientação desses pontos,
portanto, da linha, irão sugerir impressões diferentes. É a orientação da linha, assim
como a sua espessura, que definirá o contorno e as formas do personagem.
No caso do Lequetreque, a forma oval que ele assume traduz a distinção, a
agilidade e a feminilidade que a marca Sadia deseja transmitir para seus clientes.
2.3.1.3 Personificação
A cor predominante no Lequetreque é o branco que representa nesse caso
juventude, higiene, simplicidade e paz.
Seus pés dão idéia de estabilidade e permitem equilibrar melhor o corpo com
relação a outra extremidade representada pela cabeça (a dosagem certa entre reflexão e
ação), suas pernas visivelmente longas em relação ao seu corpo transmitem agilidade,
outro componente no Lequetreque que passa essa qualidade e o seu único acessório, um
óculos de motoqueiro, que traduz velocidade.
2.3.1.4 Representação
A mascote Sadia como já vimos tem um nome próprio “Lequetreque”, esse fato
ajuda na memorização do mesmo além de aumentar sua capacidade de conquista com
os receptores.
O Lequetreque é um personagem-sinal: este personagem está presente nas gamas
de produtos as mais variadas ou mais complexas. Cada uma das gamas de produtos se
singulariza por promessas específicas das quais o personagem está totalmente
dissociado. Esta fortemente associado, de forma visual, ao nome da marca (ligado ao
seu logotipo).
2.3.2 Elefante da Cica – Jotalhão.
2.3.2.1 Origem
Criado em 1962, Jotalhão rapidamente foi "convidado" para fazer parte de
anúncios para vários produtos de TV e embalagens do produto culinário da Cica o extrato
de tomate.
Trinta anos atrás era publicada na Folha de São Paulo, na seção de histórias em
quadrinhos, uma tira do Cebolinha onde o personagem perguntava à sua amiguinha
Mônica, que puxava um elefante pela tromba: "Não sei, não... mas acho que sua mãe
pediu foi massa de tomate!...
Brincava-se, nessa tira, com o engano da Mônica. A mãe pedira um extrato de
tomates que tinha a marca de um elefante no rótulo e a menina confundira tudo.
Mas a tira de gozação não passou despercebida pelo publicitário Enio Mainardi, da
agência de publicidade Proeme, justamente a detentora das contas da CICA, a produtora
do extrato de tomates. E ligou para o Mauricio de Sousa (criador da Turma da Mônica),
solicitando autorização para apresentar uma campanha de publicidade para a CICA em
cima da idéia da história em quadrinhos, ele concordou sugeriu alguns cuidados com o
uso do personagem e a campanha, logo, estava pronta para ser apresentada aos
diretores da Cica. Foi dado inicio a um grande trabalho de alicerçar o personagem,
transformá-lo num simpático símbolo da empresa, naqueles tempos, ao lado da Mônica.
Vieram, então, nos anos seguintes, desdobramentos da primeira campanha que
levaram a todos os cantos do país, principalmente através da televisão, dezenas de
filmes comerciais de animação que marcaram época.
O nome do Jotalhão, fora buscado na sua origem, nas tirinhas publicadas
inicialmente no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, a pedido do jornalista Alberto Dines.
Daí o "J" do nome.
2.3.2.2 Traço
O tratamento gráfico do Jotalhão é muito simples suas formas arredondadas lhe da
um aspecto quase de bebê. O número de cores é muito limitado e chapadas, sem
graduação. Esse personagem se dirige, pelo seu estilo gráfico, a criança de idades entre
3 e 6 anos.
Suas linhas curvas estão associadas à doçura, à graça, à feminilidade, à alegria,
uma certa euforia, pode nesse caso transmitir também uma certa ingenuidade.
2.3.2.3 Personificação
A cor verde do elefante faz referencia a cor da marca (CICA), a cor verde também
transmite natureza, esperança e bondade presentes no produto e no personagem. Esses
detalhes gráficos não são gratuitos. Apresentam a capacidade da criança em decodificar
através dos personagens uma parte da identidade (pelo menos visual) da marca. Dessa
maneira, o personagem melhora os níveis de reconhecimento e de memorização da
marca e permite uma melhor atribuição da marca ao produto (laço entre marca e
produto).
As formas gerais curvas demonstram quanto o personagem procura conter e
rechaçar sua agressividade. As formas angulosas traduzem certa agressividade.
2.3.2.4 Representação
Suas fraquezas lhe dão uma grande humanidade, o torna atraente, simpático e
muito próximo da criança.
2.3.3 Tigre da Kellog’s (Tony)
2.3.3.1 Origem
O tigre da Kellogg’s não pode ser classificado com uma mascote centenário, como
é o caso do boneco de pneus com olhos, braços e pernas da Michelin desenhado em
1898, ou mesmo do clérigo de chapéu, fraque e colete da aveia Quaquer mascote criado
em 1877, porém o tigre Tony já acompanha a marca Kellogg’s a 55 anos, desenhado
pela primeira vez em 1950.
2.3.3.2 Traço
Os desenhos pretos no corpo do tigre Tony assumem a forma de triângulos, essa é
uma forma mais agressiva que sugere o movimento e a ligeireza.
Tony não possui linhas finas porém pode-se reparar que suas linha não são tão
grossas quanto a de personagens direcionados para crianças de menos idade (Jotalhão,
o pequeno ursinho azul da Nestlé, etc).
2.3.3.3 Personificação
A representação física de Tony, do Sucrilhos, na embalagem (costas largas,
corpulento, ele ocupa toda a largura da face da frente) exprime fielmente a escolha
tipográfica feita para a marca (tipografia espessa, bem plantada e larga, um pouco
apertada na moldura etc.). As rascunhas “picantes” do Tony, o tigre, evocam o crocante
dos sucrilhos. O nariz (focinho no caso) por sua forma, é um símbolo fálico. A presença
do nariz ou a sua evocação pode ser reforçada pela presença de vestuário, ou de um
boné que constituem atributos viris. A cor predominante no Tony o laranja passa a
sensação de alegria, vitória, prazer e sucesso.
2.3.3.4 Representação
O personagem propõe um relacionamento muito forte com a criança. O seu olhar é
frontal, o tom direto e intenso. A criança e interpelada por Tonny que utiliza na
embalagem uma identificação baseada na introjeção (a criança faz seu atributo principal
– a energia – que representa o personagem).
Tonny desempenha o papel do guia, de técnico ou de mentor. Ele demonstra certa
autoridade sobre a criança. Exprime valores como o esforço, a competição, o
desempenho ou a vontade de se superar. O benefício é claramente a energia, a que está
contido no produto, representado pelo personagem e de que a criança se apropria pelo
consumo do produto.
Tony se dirige a criança no presente, portanto, está junto o tempo todo. O
personagem é colocado num imaginário de ação através de uma encenação de uma
temática ligada ao esporte. A criança transfere a energia que o tigre lhe evoca para o
produto e a promessa implícita.
O tigre Kellogg’s é um Personagem-Produto, ele está associado exclusivamente a
um único produto. Neste caso, o produto dispõe geralmente de uma marca e de um
personagem específico. Esse fato causa algumas vantagens e desvantagens: Vantagens:
Exprime de maneira pertinente os atributos do produto, permite a segmentação eficaz do
mercado, desenvolve um relacionamento satisfatório com a criança (dimensão afetiva).
Inconvenientes: visibilidade e número de contatos mais limitados com a criança (suporte
= 1 produto), investimentos no personagem deve ser suportados só pelo produto a
utilização do personagem se torna mais delicada sobre outros produtos ou mercados.
O “reflexo” de Tony é interessante, visto que o personagem possui na realidade
dois níveis de leitura para a criança:
Por um lado, ele transmite a imagem de uma criança bem jovem ( de 3 à 6 anos)
através do traço gráfico e de certos detalhes corporais: o desenho é relativamente
simples, as forma gerais são doces e toda a aspereza é descartada (ele não possui
dentes nem garras). Ele retoma em certos detalhes o modo de representação utilizado
pelas crianças mais jovens, quando estas se desenham a si mesmas: o desenho tem
quatro dedos, não tem pescoço (ou, pelo menos, é invisível) e, enfim, as proporções da
cabeça são relativamente importantes ao comparar com o resto do corpo;
Por outro lado, o personagem transmite à criança a imagem de um rapaz de mais
idade (entre 8 e 11 anos). Esse segundo discurso é visível tento pelo grafismo do
personagem (atitude, corpulência etc.) quanto pelo modo de relacionamento mantido
com a criança. Trata-se, neste caso, de uma criança que conseguiu um certo domínio
corporal, expresso pela ação.
Tony se beneficia de um nível muito bom de aceitação entre as mães. A sua
representação exclui todo o traço de agressividade e transmite a imagem de uma criança
obediente cujas qualidades pessoais (esforço, melhoria constante dos seus dons, etc...)
são fortemente valorizadas. Ao se identificar com o herói, a criança procurará
desenvolver suas próprias qualidades.
Finalmente, a marca propõe a criança um projeto de desempenho (poder enfrentar
os desafios) através de um programa de conduta preciso (consumir Sucrilhos todas as
manhãs), o qual a criança deve subscrever (adesão da criança à autoridade
representada pelo personagem).
Tony exprime valores como esforço, espírito de competição, desempenho maior ou
vontade de se superar.
2.3.4 Coelho do achocolatado (Quicky)
2.3.4.1 Origem
Muitas crianças não gostam do sabor do leite, mas necessitam de o beber pois é
fundamental para o seu crescimento saudável. Juntar o sabor a chocolate não bastou
para a Nesquicky, se tornou necessário à criação de algo que tivesse um significado para
eles, que conseguisse falar a sua linguagem e tivesse as suas atitudes. A partir daí foi
criado nos finais da década de 70 o Quicky no mercado americano para tornar o ato de
“beber leite” mais divertido e único para as crianças. Estas se apropriaram rapidamente
do Coelho que, através da sua personalidade, se tornou um verdadeiro amigo de
aventuras.
Em 1989, foi decidido pela Nestlé que para o desenvolvimento mundial da marca
seria necessária uma abordagem uniforme e consistente e que, como tal, todos os
mercados deveriam adotar o Quicky como mascote da marca. Esta alteração permitiu
não só elevadas sinergias internacionais na comunicação como também uma
conseqüente redução de custos de produção media e promocional.
2.3.4.2 Traço
A mascote Quicky apresenta em sua totalidade cores em degradê, isso é uma forte
característica de desenhos direcionados para crianças de mais idade (pré-adolecentes),
suas linhas não são grossas reforçando a idéia de um personagem juvenil.
2.3.4.3 Personificação
A cor predominante do quicky é o marrom como o chocolate.Quicky utiliza as suas
grandes orelhas para manifestar suas emoções, no caso, quando se apresentam direitas,
quebradas, enroladas... Poderíamos falar, verdadeiramente, no caso da “linguagem de
orelhas”.
2.3.4.4 Representação
Quicky é o parceiro de jogo da criançada. Ocupa o lugar do amigo. O personagem
se coloca como o interlocutor único da criança, marcando o seu relacionamento com uma
boa cumplicidade. Intervem de igual para igual diante da criança como amigo.
Exprime valores como, por exemplo, o prazer imediato da posse de objetos ou da
prática de atividades que provocam satisfação visível. É a gulodice, aliada ao gosto do
chocolate, que constitui o principal benefício proposto pela marca.
Nesquicky, propõe um relacionamento muito forte com a criança. Como podemos
ver também, esse relacionamento é estabelecido pelo regime de tutoria, através do
personagem da marca, à volta de um projeto de performance, o qual a criança deverá
subscrever, se bem que no caso da Nesquicky o relacionamento tem lugar pelo regime
do prazer compartilhado no qual o personagem como a marca “amigo”.
A mascote da Nesquicky assume as características de um Personagem – gama,
este esta presente num conjunto de produtos homogêneos. Quicky está presente nos
produtos a base de chocolate. Ele permite explorar melhor o potencial de consumo dos
personagens emblemáticos. Ele se apóia não só nas promessas do produto, mas
também, fortemente, sobre o capital e os valores da merca.
Vantagens: visibilidade e número de contatos mais importante com a criança,
investimentos no personagem, podendo ser suportados por uma gama de produtos mais
importante, permite a utilização e exploração de um personagem de maneira coerente e
duradoura (duração da vida do personagem > vida do produto), custos reduzidos no
lançamento de um novo produto, desenvolve uma relação satisfatória com a criança
(dimensão afetiva).
Inconvenientes; os novos produtos devem respeitar a homogeneidade da gama
existente (unidade da promessa de produto), pressupõe grande coerência na exposição
gráfica do personagem nas embalagens.
Qicky é sempre coerente quanto aos produtos à base de chocolate: cereais,
caramelos de leite, barras de chocolate com leite e com cereais. Essa estratégia reforça a
legitimidade do personagem sobre os produtos e apresenta uma grande coerência com a
representação física do coelho (cor marrom) e o projeto que ele propõe a criança (o
prazer compartilhado).
O Quicky personifica a marca Nesquik e para as crianças ele é a marca,
permitindo-lhes, através do seu imaginário, inserir o coelho no mundo onde reina a
aventura e a fantasia. Ao conseguir transportá-las para um mundo imaginário de
divertimento, torna-se o seu aliado nas suas aventuras, quando Quicky pratica o vôo
com asa-delta, o surfe ou a patinagem sobre rodas, isso contribui evidentemente para
lhe dar uma imagem de modernidade e de dinamismo. Mas essas práticas esportivas
apreciadas pelos juniores e pré-adolescentes suscitam da sua parte um interesse real
pelo personagem que lhes pareceria, somente pela expressão gráfica, um pouco infantil
demais.
O Quicky tem uma personalidade própria: é vivo e dinâmico, divertido, possuidor
de um entusiasmo contagiante, generoso, aventureiro, cheio de recursos e, sobretudo,
“apaixonado” por Nesquik. Finalmente, o Quicky constitui uma forte vantagem
competitiva como importante elemento diferenciador da marca.
CONCLUSÃO
Após uma substancial análise sobre as mascotes na publicidade, mais
especificamente das mascotes constituídas por desenhos animados e representativas da
indústria de alimentos, pode-se concluir que, além de sedimentar uma marca e seus
produtos a mascote tem a função de alegrar e seduzir o público com suas performances.
As mascotes são utilizadas pela publicidade na grande maioria das vezes para
atingir o público-alvo criança, que consistem uma fatia da sociedade com grande poder
de decisão de compra, esse poder se da devido a vários motivos, principalmente pelo
novo relacionamento entre a criança e sua família.
Com isso, vem ocorrendo nas
sociedades de consumo ocidentais, uma verdadeira ofensiva publicitária na televisão
dirigida aos jovens. As mascotes aparece como sendo o melhor elo de comunicação e
relacionamento satisfatório e durável com seus jovens consumidores.
As grandes empresas tomaram ciência disso e passaram a investir fortemente
nesse público, de várias formas e a mais eficaz por evidencia foi o uso das mascotes. As
crianças se identificam com as mascotes e estabelecem com eles uma relação de
afetividade.
As mascotes assumem varias formas de representação (humana, animal,
extraterrestre, do produto, etc), no entanto a forma mais inteligível para a criança
(principal foco) é sem dúvida a representação animal. E podem ser utilizados em
diferentes aplicações, como em embalagens, publicidade e ou promoções.
O poder destes ícones está essencialmente na capacidade de personificação das
marcas e dos produtos, que deixam de ser abstrato e passam a conseguir refletir os seus
benefícios, refletindo uma maior interação com o público-alvo de uma relação emocional
com as marca.
O uso da mascote implica na necessidade de abordagens uniformes, consistentes e
de interação contínua com o público, adotando a personagem como ícone, ou símbolo,
tão precioso quanto à própria logo da empresa.
Por fim, as mascotes assumem características cognitivas que obedecem as
exigências da marca, e a função afetiva que responde às exigências da criança.
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