II Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho Florianópolis, de 15 a 17 de abril de 2004 GT História da Publicidade e da Propaganda Coordenação: Prof. Adolpho Queiroz (UMESP) A DIFUSÃO DA CULTURA PUBLICITÁRIA POR MEIO DE UMA AGÊNCIA EXPERIMENTAL Amanda Fontoura Zanotto1 Após a Revolução Industrial, os processos de produção de massa e o contínuo aperfeiçoamento das técnicas mercadológicas, inclusive o marketing e a promoção de vendas, o que encontramos hoje é um cenário mundial expressivamente consumista. Compra-se de tudo por todos os motivos e por nenhum. Apenas compra-se. Devido a grande variedade de produtos e serviços similares que se encontram no mercado o principal desafio para o administrador e profissional de marketing não é apenas encontrar um produto certo, que esteja de acordo com as necessidades de uma demanda latente, mas manter um público consumidor fiel à sua marca. Encontra-se no mercado atual uma diversidade hiperbólica de produtos e serviços muito parecidos entre si, com padrões de qualidade e tecnologia, aspectos, formatos, e sabores semelhantes, e com preços dos mais variados. Por outro lado, o público consumidor é mais exigente nas suas escolhas, está mais informado e exige os direitos que a eles confere o Código de Defesa do Consumidor. Sendo assim, é importante que o empresário compreenda que a comunicação de seu produto ou serviço não pode mais ser realizada de maneira isolada. Ela necessita de uma ação integrada, compreendendo todas as facetas de seu negócio: atendimento, vendas, publicidade, relações públicas, promoção, entre outros. “O marketing moderno exige mais que simplesmente desenvolver um bom produto, determinar corretamente o seu preço e coloca-lo em locais acessíveis ao consumidor. A empresa que quiser contar com um programa contínuo e estruturado de marketing deve considerar que todos os seus produtos, serviços, marcas e ações comunicam algo e, assim, ela precisa construir um relacionamento duradouro com o consumidor, baseado em valores reais e em comunicações eficientes”. (PINHO; 2001; p.15) Muitas empresas já aderiram a esta nova mentalidade do mercado e incorporaram à suas atividades um mix comunicacional que visa o bom relacionamento com seu público, não apenas por meio de seus produtos, mas também de sua marca, criando 1 Professora e Coordenadora do curso de Comunicação Social da Unipar/ Umuarama, mestranda em Comunicação pela Unimar/ Marília. e agregando valores quase humanos a ela em busca de uma resposta positiva, e estão colhendo seus frutos. Mas o que se percebe em mercados menores, regionais, onde a publicidade ainda é produzida pelo próprio dono do negócio é uma resistência a essas novas tendências por pura falta de conhecimento. Uma das principais dificuldades que o publicitário encontra nessas regiões, particularmente na cidade de Umuarama, região Noroeste do Estado do Paraná é a falta de conhecimento ou a concepção errônea que o empresário tem das atividades ligadas a esta área. O empresário acredita que se ele produzir um filme publicitário (roteiro próprio) e veicular num canal de televisão que costuma assistir seu retorno será certo, afinal de contas o preço deste espaço é muito caro para não dar em nada. Quando o tão esperado retorno não acontece não existe mais investimento, ou melhor, desperdício de verba. Outro caso, muito comum, quando o empresário procura uma agência de propaganda e despreza todas as ações propostas por ela alegando que uma pesquisa de mercado iria demorar muito, que a concorrência ele conhece muito bem e o seu público consumidor então, nem se fale. E acaba “conduzindo” o processo de comunicação da agência. Mais uma vez, o retorno não foi o esperado, seu dinheiro foi jogado no lixo e seu discurso limita-se a ironizar: “Já trabalhei com Agência e sei muito bem como funciona”. Muito comum também é a falta de preparo, estrutura e ética nesses mercados.Infelizmente, a falta de uma cultura publicitária não é o único fator que dificulta a ação do publicitário. Muitas vezes, num mercado novo, quem chega primeiro dita as regras. Muitos “publicitários” acostumaram erroneamente seus clientes, resultando num mercado viciado em má conduta, onde o profissional é visto como oportunista e de pouca confiança, pois está de olho na comissão que é concedida pelos veículos que é paga pelo anunciante. Dentro deste cenário quase desolador vimos que uma nova proposta nasce a partir de pequenas ações em busca de um mercado mais bem politizado. A experiência que registra a Experimental, Agência-Escola de Propaganda é um trabalho de catequização do mercado onde está inserida. A Experimental tem como missão garantir o desenvolvimento técnico na sua área de atuação, visando proporcionar aos acadêmicos uma formação profissional de qualidade e que esteja de acordo com as necessidades do cenário onde está inserido. Para isso, é preciso que inicialmente, crie-se uma demanda mais bem preparada para receber esses futuros profissionais. E por meio dos projetos e clientes atendidos por ela, busca, pacientemente, cooperar para que este modelo vigente possa mudar, propondo uma reflexão sobre as práticas atuais de mercado criando uma ativação do desenvolvimento socioeconômico e cultural da cidade de Umuarama. Sua ação não se limita apenas ao desenvolvimento de campanhas para empresas privadas, ela se concentra em vários setores da economia exercendo seu papel social por meio das atividades voltadas para as instituições e centros de apoio da cidade e, por meio de um processo de pós-venda, procura saber qual o feedback produzido pelas suas campanhas bem como o índice de satisfação do cliente/ empresa atendido. A Experimental, atualmente é uma unidade auto-suficiente que está envolvida em projetos que visam difundir a nova cultura administrativa e comunicacional por meio de ações integradas idealizadas e produzidas pelos próprios alunos do curso de Publicidade e Propaganda. Bibliografia PINHO, J.B. Comunicação em Marketing. 5ª. Ed.Campinas: Papirus, 2001.