UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE RADIOLOGIA ASPERGILOSE E CANDIDÍASE PULMONAR EM PACIENTES IMUNOCOMPROMETIDOS – ESTUDO COMPARATIVO DOS ACHADOS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO Carolina Althoff Souza Dissertação submetida ao Corpo Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos básicos para obtenção do Grau de Doutor em Medicina. Área de Concentração: Radiologia. Linha de Pesquisa: Tomografia Computadorizada do Tórax. Orientadores: Prof. Dr. Edson Marchiori Prof. Dr. Nestor L. Müller Prof. Dr. Dante L. Escuissatto Rio de Janeiro 2006 ii Ficha Catalográfica Althoff Souza, Carolina Aspergilose e Candidíase Pulmonar em pacientes imunocomprometidos: estudo comparativo dos achados de Tomografia Computadorizada de Alta Resolução / Carolina Althoff Souza. - - Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2006. ix, 92 f. : il. ; 31 cm. Orientadores: Edson Marchiori, Nestor L. Müller e Dante L. Escuissato Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Departamento de Radiologia, 2006. Referências bibliográficas: f. 75 - 87 1.Tomografia Computadorizada por Raios X. 2. Diagnóstico por imagem. 3. Pneumonia – Diagnóstico – Tese. I. Marchiori, Edson; Müller, Nestor L; Escuissato, Dante L; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Radiologia. III. Aspergilose e Candidíase Pulmonar em pacientes imunocomprometidos: estudo comparativo dos achados de Tomografia Computadorizada de Alta Resolução iii UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE RADIOLOGIA ASPERGILOSE E CANDIDÍASE PULMONAR EM PACIENTES IMUNOCOMPROMETIDOS – ESTUDO COMPARATIVO DOS ACHADOS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO Carolina Althoff Souza Orientadores: Prof. Dr. Edson Marchiori Prof. Dr. Nestor L. Müller Prof. Dr. Dante L. Escuissatto Banca Examinadora: Dr. Hilton Augusto Koch (Presidente) Dra. Bianca Gutfillen Dr. Alberto Domingues Vianna Dra. Maria Lúcia de Oliveira Santos Dr. Miguel Abdon Aidê Rio de Janeiro 2006 iv DEDICATÓRIA À minha mãe, por seu amor e dedicação incondicionais. Quem primeiro me ensinou que educação e aprendizado são os valores mais importantes. Ao meu pai, por sua simplicidade e alegria. Quem primeiro me ensinou que sorrindo a vida é melhor. Às minhas irmãs, minhas eternas companheiras. À Lúcia e Heloísa, exemplos de força, determinação e sucesso. À Clarissa, irmã especial, por sua pureza e ingenuidade. v AGRADECIMENTO ESPECIAL Ao Prof. Nestor Müller, meu mestre, amigo e maior incentivador, pela confiança depositada e por todas as oportunidades oferecidas. Pelo seu bom senso e simplicidade. Exemplo maior de profissionalismo, dedicação e sucesso. Minha mais sincera gratidão. vi AGRADECIMENTOS Ao Prof. Edson Marchiori, meu orientador, pelo seu estímulo e paciência. Para sempre grata pela confiança e pela oportunidade de realizar este trabalho. Ao Dr. Tomaz Franquet, por ter cedido parte dos casos usados neste trabalho. Aos meus colegas de Fellowship Clínico em Radiologia do Tórax no Vancouver General Hospital, em Vancouver, Canadá, Dra. Elsie Nguyen, Dra. Ana-Maria Bilawich e Dr. Jeffrey Kanne, pela compreensão e ajuda nos momentos de conclusão deste trabalho. Aos amigos do Vancouver General Hospital, especialmente Dr. Jonathan Dodd, Dr. Sheik Adnan, Dr. Paul O’Sullivan e Dra. Helena O’Dywer, pela companhia e estímulo. Pessoas que mesmo a distância não nos vai afastar. Ao Dr. John Mayo, médico radiologista do Vancouver General Hospital, pelo estímulo e confiança como orientador do meu Fellowship Clínico em Radiologia do Toráx. À Jenny Silver, secretária do Departamento de Radiologia do Vancouver General Hospital, pela ajuda na formatação deste trabalho e especialmente pela sua amizade, boas conversas e conselhos. À Wendy Westman, secretária do Departamento de Radiologia do Vancouver General Hospital, pela amizade e carinho. Sempre pronta a ajudar. À Cristina Romero, secretária do Departamento de Radiologia do Vancouver General Hospital, pelas sugestões na formatação deste trabalho e ajuda nos assuntos administrativos. Pela sua alegria e bom humor. vii Aos meus orientadores durante o programa de Residência Médica no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em especial ao Dr. Arnolfo de Carvalho Neto, Dr. Ênio Rogacheski e Dr. Sérgio Mazer, que me fizeram aprender a amar a Radiologia. Ao Dr. Dante L. Escuissato, quem me ensinou os primeiros passos na Radiologia do Tórax e ajudou a despertar em mim a paixão por esta especialidade. Ao Dr. Emerson Leandro Gasparetto, colega de Residência Médica, por sua amizade e estímulo nos primeiros passos deste trabalho. À Dra. Isabela Silva, pelos bons conselhos durante a conclusão deste trabalho. Aos novos e bons amigos de Vancouver, minha família lá, pela companhia e amizade. Brasileiros, mexicanos, indianos, iranianos, irlandeses e canadenses que me mostraram a beleza da diversidade cultural e o valor da amizade. Aos amigos de turma da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná, sempre presentes, ainda que distantes, pela amizade sincera nos momentos de dificuldade, pelos momentos de alegria e descontração. Em especial ao Dr. Alexandre Nakao Odashiro e Dr. Lisandro Sakata, doutorandos no mesmo período que eu, pela troca de estímulo e experiência durante a elaboração de nossas dissertações. Às minhas amigas de escola no Brasil, Desirée, Patricia, Juliana e Raquel, que nem o tempo e a distância são capazes de afastar. À minha fé em Deus, que me faz forte e capaz de seguir o meu caminho. viii RESUMO O objetivo deste estudo foi comparar os achados de tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) na aspergilose e candidíase pulmonar em pacientes imunocomprometidos. O estudo incluiu 54 pacientes imunocomprometidos (32 homens, 22 mulheres; 10 a 68 anos, média 40 anos) com diagnóstico de aspergilose (n = 32) ou candidíase (n = 22) pulmonar. Diagnóstico foi obtido por cultura de escarro, cultura de lavado broncoalveolar, biópsia transbrônquica, biópsia cirúrgica ou autópsia. Imagens de TCAR foram avaliadas quanto a presença e distribuição de nódulos, consolidação e opacidades em vidro fosco. Presença de sinal do halo e escavação foram registradas separadamente. Comparação entre os achados nas duas doenças foi realizada usando o teste exato de Fisher e valores de p menores que 0,01 foram considerados estatisticamente significantes. Nódulos foram o achado mais comum, sendo visto em 84% (27/32) dos pacientes com aspergilose e em 95% (21/22) dos pacientes com candidíase (p > 0,3, teste exato de Fisher). Nódulos centrolobulares foram mais comuns na aspergilose (26/27, 96%) do que na candidíase (11/21, 52%) (p < 0,001) e nódulos randômicos mais comuns na candidíase (10/21, 48%) do que na aspergilose (1/27, 4%) (p < 0,001). Presença do sinal do halo, escavação e opacidades em vidro fosco foi similar nos dois grupos de doença. Aspergilose e candidíase pulmonar em imunocomprometidos se apresentam com achados de TCAR semelhantes. Nódulos centrolobulares e consolidação são mais comuns na aspergilose e nódulos randômicos na candidíase. Presença de sinal do halo e escavação não são úteis no diagnóstico diferencial. ix ABSTRACT The purpose of this study was to compare the high resolution computed tomography (HRCT) findings of pulmonary aspergillosis and candidiasis in immunocompromised patients. The study included 54 immunocompromised patients (32 men, 22 women; 10 to 68 years, median 40 years) with diagnosis of Aspergillus (n=32) or Candida (n= 22) pulmonary infection obtained by sputum culture, bronchoalveolar lavage culture, transbronchial biopsy, surgical biopsy or autopsy. HRCT images were assessed for the presence and distribution of nodules, consolidation and ground-glass opacities. Presence of the CT halo sign and cavitation were also recorded and the overall distribution of abnormalities was assessed. Comparison was performed using the Fisher exact test. Nodules were the most common finding, being seen in 84% (27 of 32) of patients with aspergillosis and 95% (21 of 22) of patients with candidiasis (p > 0.3, Fisher exact test). Centrilobular nodules were more common in patients with aspergillosis (26 of 27, 96%) than in those with candidiasis (11 of 21, 52%) (p < 0.001) and random nodules more common in candidiasis (10 of 21, 48%) than in aspergillosis (1 of 27, 4%) (p < 0.001). Presence of the CT halo sign, cavitation and ground-glass opacities was similar in both groups. Pulmonary aspergillosis and candidiasis in immunocompromised patients manifest with similar HRCT findings. Centrilobular nodules and consolidation are more common in aspergillosis. The presence of halo sign or cavitation is not helpful in the differential diagnosis. x LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ABPA: aspergilose broncopulmonar alérgica CMV: citomegalovírus DECH: doença do enxerto-contra-hospedeiro DNA: deoxyribonucleic acid DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica ELISA: enzyme-linked immunosorbent assay GM: galactomannan HEPA: high-efficiency particulate air LBA: lavado broncoalveolar LLA: leucemia linfocítica aguda LLC: leucemia linfocítica crônica LMA: leucemia mielóide aguda LMC: leucemia mielóide crônica LH: linfoma de Hodgkin MIP: maximum intensity projection PACS: picture archiving and communication system PCR: polymerase chain reaction SIDA: síndrome da imunodeficiência adquirida TC: tomografia computadorizada TCAR: tomografia computadorizada de alta resolução TMO: transplante de medula óssea Tx: transplante UH: unidades Hounsfield xi SUMÁRIO Ficha Catalográfica ............................................................................................. ii Folha de Aprovação ............................................................................................ iii Dedicatória........................................................................................................... iv Agradecimento Especial...................................................................................... v Agradecimentos .................................................................................................. vi Resumo ............................................................................................................... viii Abstract ............................................................................................................... ix Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos ........................................................... x Sumário ............................................................................................................... xi 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ....................................................................... 1 2. REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 3 2.1. Aspergillus sp e Candida sp - Considerações Gerais ............................ 3 2.2. Aspergilose e candidíase pulmonar no paciente imunocomprometido 4 2.2.1. Histórico..................................................................................................... 4 2.2.2. Patogênese................................................................................................ 6 2.2.3. Epidemiologia............................................................................................ 8 2.2.4. Fatores de Risco........................................................................................ 9 2.2.5. Quadro Clínico........................................................................................... 12 2.2.6. Aspectos Diagnósticos.............................................................................. 14 2.2.7. Aspectos de Imagem................................................................................. 22 2.2.8. Achados Anatomopatológicos................................................................... 27 2.2.9. Diagnóstico Diferencial da Aspergilose e Candidíase Pulmonar.............. 29 2.2.10. Profilaxia ................................................................................................. 30 2.2.11. Tratamento............................................................................................... 32 2.2.12. Prognóstico.............................................................................................. 36 3. PACIENTES, MATERIAL E MÉTODO............................................................ 38 4. RESULTADOS............................................................................................... 41 5. DISCUSSÃO .................................................................................................. 66 6. CONCLUSÕES............................................................................................... 74 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 75 Anexos.....………………………………………………………................................ 88 1 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS A incidência de infecções fúngicas oportunistas em pacientes imunocomprometidos aumentou significativamente nas últimas décadas. A incidência crescente está diretamente relacionada ao avanço no tratamento de diversas doenças, destacando-se o uso de agentes anti-neoplásicos, drogas imunossupressoras e antibióticos de amplo espectro, e realização cada vez mais freqüente de transplante de medula óssea (TMO) e de órgãos sólidos. Defeitos no sistema imune permitem que fungos causem infecções invasivas graves, agravando o prognóstico destes pacientes. A despeito do desenvolvimento de novas drogas anti-fúngicas e medidas de controle ambiental, a mortalidade associada à infecção fúngica invasiva permanece alta. O pulmão é um dos órgãos mais comumente afetados e infecção fúngica pulmonar uma das principais causas de morbidade e mortalidade em pacientes imunocomprometidos. O grande desafio no manejo das pneumonias por fungos envolve a dificuldade de obtenção de diagnóstico definitivo contraposto à necessidade de instituição precoce da terapia. A tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) do tórax tem se mostrado eficaz neste contexto, sendo utilizada na avaliação de pacientes imunocomprometidos com suspeita de doença fúngica pulmonar e se tornando cada vez mais parte integral na tomada de decisões terapêuticas. A grande maioria das infecções fúngicas pulmonares em pacientes imunocomprometidos são causadas por Aspergillus sp e Candida sp. Apesar de vários estudos recentes abordarem os aspectos clínicos e de imagem da aspergilose pulmonar, pouca atenção tem sido voltada ao estudo dos achados tomográficos da candidíase pulmonar. Estudo comparativo entre os achados de TCAR do tórax nas duas formas de infecção não está descrito na literatura até o presente momento. O objetivo deste estudo foi caracterizar os achados de TCAR do tórax nas infecções pulmonares por Aspergillus sp e Candida sp em pacientes imunocomprometidos e comparar as anormalidades encontradas, a fim de 2 determinar se diferenciação destas duas doenças é possível com base em achados tomográficos. 3 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. Aspergillus sp e Candida sp – Considerações Gerais Aspergillus são fungos filamentosos de distribuição universal, normalmente presentes no solo. Podem ser encontrados em algumas plantas e alimentos18 e estudos recentes apontam água como fonte adicional destes fungos2. Construção civil e demolições aumentam consideravelmente a quantidade de Aspergillus sp no ar, e várias epidemias de aspergilose pulmonar em hospitais têm sido descritas em períodos de construção94. O gênero Aspergillus inclui aproximadamente 200 espécies das quais cerca de 20 são potencialmente patogênicas. Apenas espécies capazes de crescer a temperaturas de 35 a 37ºC causam doença invasiva em humanos. Aspergillus fumigatus, um fungo termotolerante que cresce em temperatura de até 50ºC, é o mais comum, seguido pelas espécies A. flavus, A. niger, A. nidulans e A. terreus24. Durante a reprodução, Aspergillus liberam no meio ambiente inúmeros esporos ou conídias, que medem cerca de 3 a 5µm. Seres humanos constantemente inalam estes esporos, diretamente do ar ou de colonização da nasofaringe. Aspergillus sp são saprófitas comuns do trato respiratório alto18, mas uma vez presentes nas vias aéreas inferiores são fagocitados e destruídos por macrófagos alveolares67. Espécies de Candida, principalmente Candida são albicans, comensais comuns da orofaringe, trato gastrointestinal, vagina e pele de indivíduos saudáveis. Existem mais de 80 espécies de Candida, mas apenas um pequeno número pode causar doença em humanos. A mais comum é a C. albicans; outras espécies com potencial patogênico incluem C. tropicalis, C. pseudotropicalis, stellatoidea 90,104 C. parapsilosis, C. krusei, C. lusitanie e C. . Aspergillus sp e Candida sp têm baixa patogenicidade em seres humanos e raramente são causa de infecção em hospedeiros 4 imunologicamente competentes86,104. Doença ocorre quando há um desequilíbrio na interação hospedeiro-patógeno, com os mecanismos de proteção do hospedeiro sendo vencidos pela virulência do patógeno. Vários são os mecanismos de defesa contra infecções fúngicas invasivas. As barreiras cutâneo-mucosas são a primeira linha de defesa, e quando íntegras garantem que fungos normalmente presentes na superfície corporal permaneçam fora do organismo. Acidez e hiperplasia celular são fatores de proteção importantes nestes locais. Neutrófilos agem como segunda linha de defesa, fagocitando organismos que por ventura tenham ultrapassado a barreira cutâneo-mucosa e impedindo a invasão de tecidos profundos. Uma vez ultrapassada a barreira cutâneo-mucosa, e a ação dos neutrófilos, a principal linha de defesa contra infecção invasiva é mediada por células, dependendo da ativação de macrófagos e linfócitos T48. Muita atenção tem sido voltada para anormalidades na defesa do hospedeiro, mas igualmente importante são fatores que aumentam a virulência do patógeno. Vários trabalhos recentes, baseados em experimentos in vitro e em animais, demonstram a importância de móleculas de adesão e de várias proteínas e enzimas produzidas pelos fungos que facilitam a colonização da superfície corporal e permitem ruptura de barreiras epiteliais e invasão tecidual24,48,67,90. 2.2. Aspergilose e Candidíase Pulmonar no Paciente Imunocomprometido 2.2.1. Histórico A importância clínica das infecções fúngicas passou a ser reconhecida no início da década de 70, quando os primeiros casos de doenca fúngica disseminada grave começaram a ser diagnosticados. Em um estudo de 30,447 pacientes realizado entre 1980 e 1990, foi observado um aumento de 5 90% para 175% na incidência de infecção fúngica nosocomial8. No mesmo período, Banerjee e cols.6 documentaram um aumento nos casos de candidemia de 219% para 487% em hospitais-escola e de 75% para 370% em outros hospitais. Fraser e cols.36 descreveram um aumento de 20 vezes na incidência de candidemia quando compararam o período compreendido entre 1976 - 1979 com 1988 - 1989. O risco de infecção invasiva aumentou para todos os sítios anatômicos, sendo o pulmão um dos mais afetados, e responsável pelas mais sérias repercussões clínicas. Investigações epidemiológicas em populações de risco demonstram considerável mudança no espectro microbiológico nestas últimas décadas36,48. Entre os anos 80 e 90, o aumento no número de infecções fúngicas deveu-se principalmente a espécies de Candida, isoladas em até 86% dos casos8,36,48. A partir do início da década de 90, observou-se aumento no número de infecções invasivas por espécies de Aspergillus97. Em um estudo realizado entre 1988 e 1997 com 140 pacientes com pneumonia fúngica, Aspergillus sp foi encontrado em 67% dos pacientes e Candida sp em 14%18. Outro estudo demonstrou aumento na incidência de aspergilose pulmonar invasiva em pacientes submetidos a transplante de medula óssea de 7% em 1992 para 17% em 199881. Atualmente, Aspergillus sp é a principal causa de doença invasiva grave em pacientes imunossuprimidos18,81,104,110. O desafio atual e para os próximos anos está relacionado ao aumento na prevalência de novas espécies patogênicas de Aspergillus e Candida, o que traz repercussões terapêuticas importantes pois muitas destas espécies apresentam susceptibilidade variável ou resistência intrínseca a anti-fúngicos tradicionais. 6 2.2.2. Patogênese 2.2.2.1. Patogênese da Aspergilose Pulmonar Aspergillus podem causar diferentes formas de doença pulmonar dependendo da resposta imunológica do hospedeiro. Infecção ocorre quase sempre associada a uma anormalidade pulmonar prévia ou a defeitos no sistema imunológico34,104. Aspergiloma, também conhecido como bola fúngica ou aspergilose saprofítica, é resultado da colonização de cavidades pré-existentes em indivíduos imunocompetentes, tipicamente cavidades secundárias à tuberculose34. Aspergilose broncopulmonar alérgica consiste em uma reação de hipersensibilidade à presença de Aspergillus nas vias aéreas, ocorrendo principalmente em pacientes com asma. Aspergilose crônica necrotizante ou aspergilose semi-invasiva é um tipo incomum de infecção que afeta pacientes com imunossupressão leve, como aqueles com diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), idade avançada, desnutrição, alcoolismo, corticoterapia e antibioticoterapia prolongada31,33,34,73. Traqueobronquite por Aspergillus consiste em uma forma incomum de aspergilose invasiva restrita à traquéia e aos brônquios, encontrada principalmente em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) e transplantados pulmonares. As manifestações de imagem quando presentes são sutis e o diagnóstico requer broncoscopia com biópsia24,47,88. Aspergilose pulmonar invasiva é caracterizada por invasão tecidual limitada às pequenas vias aéreas ou associada à invasão vascular, sendo esta última a forma mais grave de doença pulmonar por Aspergillus34,93,104,125. Doença invasiva de vias áereas é responsável por cerca de 15% dos casos de aspergilose pulmonar invasiva73. Quando a função dos macrófagos alveolares é inadequada, conídias inaladas não eliminadas dos alvéolos se proliferam e dão origem a hifas. Hifas podem causar invasão tecidual, especialmente se a ação de neutrófilos também estiver comprometida67. A partir da luz, Aspergillus invadem a 7 parede das vias aéreas e podem invadir arteríolas pulmonares adjacentes, causando trombose, necrose tecidual e disseminação. Mais de 90% dos casos de aspergilose invasiva se iniciam ou são limitados aos pulmões104. O período de incubação entre a exposição ao Aspergillus e o desenvolvimento de aspergilose invasiva não é conhecido. 2.2.2.2. Patogênese da Candidíase Pulmonar Na maioria dos indivíduos saudáveis colonizados por Candida, a flora polimicrobiana normal da pele, trato gastrointestinal e trato genital feminino limita a proliferação fúngica, auxiliando na prevenção de infecções. Quando presente, infecção geralmente se manifesta como processo superficial e localizado, como dermatite, vaginite ou úlcera oral leve91. Mudança no comportamento de Candida sp de comensal para fungo oportunista com capacidade de invasão ocorre como resultado de um desequilíbrio na relação hospedeiro-patógeno. A maioria dos casos de candidemia se origina da flora endógena do paciente. A densidade da colonização por Candida, ou seja, o número de organismos presentes em um determinado local, é um importante fator de risco para invasão tecidual e disseminação hematogênica48,91. Na presença de candidemia, doença invasiva pode ocorrer em virtualmente qualquer órgão. Rim é o órgão mais freqüentemente afetado, seguido pelo fígado e baço. Candidíase pulmonar pode ser adquirida de duas formas: por disseminação hematogênica ou por aspiração de fungos presentes nas vias aéreas11,111. Apesar de presença de Candida na orofaringe e trato respiratório ser bastante comum, pneumonia primária por aspiração de material contaminado raramente se desenvolve121. Em um estudo realizado em dois grandes centros com casos comprovados por autópsia, a freqüência de pneumonia primária foi de 0,2 e 0,4%46. Nestes pacientes, candidíase 8 laríngea ou traqueal são comuns, mas raramente há envolvimento de outros órgãos28. Disseminação hematogênica é a origem mais comum da pneumonia por Candida. Nestes casos, candidíase de vias aéreas é menos freqüente, mas quase sempre há envolvimento de múltiplos órgãos, geralmente fígado, baço e rins28,111. Em um estudo de 20 casos de candidíase pulmonar diagnosticadas por autópsia, somente três pacientes tinham doença limitada aos pulmões11. 2.2.3. Epidemiologia Fungos raramente causam doença pulmonar invasiva na população geral. Em certos grupos de risco, no entanto, a incidência de infecção pulmonar fúngica grave está aumentando20,22,86,97,104,113. Apesar de mais comumente adquiridas no ambiente hospitalar, podem ser adquiridas na comunidade em pacientes de alto risco18,97. Aspergillus é atualmente o agente etiológico mais comum, responsável por cerca de 60% das pneumonias fúngicas18,110. A incidência de aspergilose pulmonar invasiva varia de 3% a 56% de acordo com a população de risco estudada20,22,97,113,126. Entre os pacientes de maior risco estão aqueles com leucemia aguda, com incidência entre 5 e 24%24,26,70 e receptores de TMO alogênico, com incidência entre 4 e 13%24,70,80,92. Aspergillus fumigatus é a espécie que mais freqüentemente causa doença invasiva. No entanto, estudos recentes demonstram um aumento na incidência de outras espécies, principalmente A. terreus, A. versicolor e A. ustus54,84,100,101. Em uma série, Aspergillus não-fumigatus foram isolados em 25% dos casos de aspergilose pulmonar invasiva101. Esta mudança no espectro microbiológico tem importante repercussão clínica pela resposta limitada que Aspergillus não-fumigatus podem apresentar a anti-fúngicos tradicionais. 9 Apesar de Candida ser responsável pela maioria das infecções fúngicas em humanos e causa comum de infecção disseminada em pacientes graves, candidíase pulmonar é relativamente rara109. Em um estudo de 1,295 autópsias de pacientes com neoplasia, a incidência de candidíase pulmonar foi de 2,1%46. C.albicans é a espécie mais comum, isolada em cerca de 50 a 60% dos casos8,75. Porém, a partir da introdução dos anti-fúngicos triazóis na década de 90, tem se observado uma redução na proporção de C. albicans e aumento na prevalência de espécies nãoalbicans. Entre estas destacam-se a C. glabrata, C. krusei, C. tropicalis e C. parapsilosis75. Em um estudo recente, dos 349 episódios de infecção por Candida, C. albicans foi isolada em 67,3%, e C. glabrata (45,6%), C. tropicalis (18,4%), C. parapsilosis (16,6%) e C. krusei (9,6%) foram responsáveis pelo restante dos casos111. Considerável variação geográfica existe na distribuição e na prevalência de resistência entre as diferentes espécies de Candida103,111. C. tropicalis apresenta maior virulência em pacientes neutropênicos e quando presente na superfície mucosa está mais comumente associada à infecção invasiva do que C. albicans48. 2.2.4. Fatores de Risco Doença pulmonar fúngica invasiva ocorre quase exclusivamente associada à imunossupressão. Para cada grupo de pacientes imunossuprimidos fatores de risco específicos são reconhecidos. Neutropenia e imunossupressão prolongada são os maiores fatores de risco para aspergilose pulmonar invasiva27,70,97,108. Pacientes com neutropenia prolongada, definida como menos de 100 neutrófilos/L por mais de 10 dias, são os de maior risco. Tanto quanto o número de células, a duração da neutropenia é determinante, com doença invasiva raramente presente em pacientes neutropênicos por menos de 10 dias41. Entre estes, pacientes com neoplasias hematológicas, principalmente leucemia aguda e receptores de TMO, são particularmente susceptíveis, e grande parte da 10 experiência com aspergilose pulmonar invasiva vem de estudos realizados nesta população22,80,81,87,102,126. No TMO, os pacientes permanecem neutropênicos por períodos longos, desde a fase pré-transplante quando são submetidos a quimioterapia agressiva para ablação da medula, até algum tempo após o procedimento, quando há pega do enxerto e aumento no número de células. Recuperação completa da função imune pode levar até um ano, mesmo após transplante bem sucedido. Durante todo o período de neutropenia o risco de aspergilose pulmonar invasiva está aumentado. Presença de doença do enxerto-contrahospedeiro (DECH) é um fator de risco adicional, em que se somam danos diretos da doença, como quebra de barreira mucosa, e necessidade de terapia imunossupressora. Pacientes pós-TMO com DECH e em tratamento com altas doses de corticoesteróides são um dos principais grupos de risco para aspergilose pulmonar invasiva80,81,104. Na DECH crônica, a susceptibilidade à infecção fúngica permanece alta durante todo o período de tratamento imunossupressor80,104. Outros fatores de risco específicos para aspergilose pulmonar invasiva em pacientes pós-TMO incluem infecção por citomegalovírus (CMV), idade avançada e história prévia de aspergilose invasiva21,24,70,80,92,97. Pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos, principalmente receptores de transplante de pulmão, também apresentam risco aumentado de aspergilose pulmonar invasiva97,99. Em uma série de 85 pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos, incidência significativamente maior de aspergilose pulmonar invasiva foi observada em receptores de pulmão, quando comparado a receptores de coração, rim e fígado (p < 0,05)97. Exposição direta ao meio-ambiente e colonização das vias aéreas por Aspergillus sp pode explicar a maior incidência de aspergilose pulmonar invasiva em transplantados pulmonares. Nesta população são considerados como riscos adicionais transplante de pulmão único, rejeição crônica tardia, colonização de vias aéreas por Aspergillus sp e infecção por CMV84,86,97,104,113. Em receptores de transplante cardíaco, infecção por CMV também tem sido apontada como risco adicional para aspergilose pulmonar 11 invasiva104. No transplante hepático, o risco de infecção fúngica invasiva, mais comumente por Aspergillus, está relacionado principalmente a terapia imunossupressora pós-transplante. Fatores de risco adicionais incluem tempo de cirurgia, necessidade de re-transplante e infecção por CMV19,115. Terapia imunossupressora prolongada com corticoesteróides causa inibição da função dos neutrófilos e disfunção de linfócitos T, aumentando significantemente o risco de pneumonia fúngica oportunista. Os pacientes mais susceptíveis são aqueles em tratamento imunossupressor póstransplante e para doenças auto-imunes1,27,38,104,108. Corticoterapia de longa data para tratamento de DPOC e asma também aumenta o risco de aspergilose pulmonar invasiva108. Outras drogas imunossupressoras têm sido apenas ocasionalmente associadas à pneumonia fúngica oportunista1,17,68,75,104,114. Apesar de imunossupressão ser considerada praticamente mandatória para ocorrência de pneumonia fúngica invasiva, alguns raros casos de aspergilose pulmonar invasiva foram descritos em pacientes imunocompetentes57,98. Em pacientes com câncer de órgãos sólidos, além da redução no número e atividade dos neutrófilos secundária ao tratamento quimioterápico, presença de catéteres intravasculares permanentes e necessidade de internações prolongadas aumentam o risco de infecções por fungos. Apesar de Pneumocystis e Cryptococcus serem os principais causadores de infecção fúngica na SIDA, tais pacientes também apresentam relativo aumento no risco de pneumonia por Aspergillus e Candida. Pacientes nos estágios terminais da doença, neutropênicos ou recebendo corticoterapia são os mais susceptíveis24,75,104. Candidíase pulmonar está invariavelmente associada à imunossupressão grave em pacientes criticamente doentes. Entre os principais fatores de risco destacam-se neutropenia, presença de catéter venoso central, nutrição parenteral total, ulceração mucosa grave e tratamento com antibióticos de amplo espectro. Catéter urinário e dreno 12 torácico são fatores de risco adicionais8,36,48. Como colonização por Candida precede a maioria dos casos de infecção disseminada, colonização de múltiplos sítios é considerado fator de risco independente111,120,124. Doentes internados por longos períodos em unidades de terapia intensiva, como politraumatizados, queimados graves ou submetidos a cirurgias de grande porte, pacientes com neoplasias hematológicas, neutropenia induzida por quimioterapia, TMO e SIDA estão entre os mais susceptíveis. Usuários de drogas endovenosas também devem ser considerados grupo de risco para candidíase pulmonar6,8,11,27,36,48,58,121,122. Em pacientes submetidos a TMO, candidíase pulmonar está fortemente relacionada à presença de Candida no trato gastrointestinal e em catéteres endovasculares. Hiperproliferação no trato gastrointestinal, associada por exemplo ao uso de antibióticos de amplo espectro, é causa importante de candidemia secundária à translocação de fungos para a corrente sangüínea. Presença de DECH, idade avançada, transplante alogênico e neutropenia prolongada, da mesma forma que para aspergilose pulmonar invasiva, são fatores de risco adicionais para candidíase pulmonar nestes pacientes69,121. Pacientes diabéticos constituem outro grupo de risco para infecção fúngica oportunista, especialmente por espécies de Candida. Hiperglicemia altera a função dos neutrófilos além de causar alterações na superfície do fungo que dificultam sua opsonização e fagocitose48. 2.2.5. Quadro Clínico As manifestações clínicas das infecções fúngicas pulmonares invasivas são inespecíficas, com sinais e sintomas comuns a outras doenças pulmonares infecciosas. Por causa da resposta inflamatória alterada, pacientes imunocomprometidos podem apresentar manifestações sutis ou atípicas. Além disso, infecção concomitante por outros patógenos e 13 complicações pulmonares não-infecciosas freqüentemente são vistas no mesmo paciente e podem confundir o diagnóstico clínico. Febre persistente a despeito do uso de antibióticos de amplo espectro está presente na maioria dos pacientes, sendo geralmente o primeiro sinal clínico. Apesar de presente em até 80% dos casos, febre pode estar ausente, especialmente em pacientes recebendo corticoesteróides. Leucocitose é observada em cerca de 50% dos casos; associação de febre e leucocitose, no entanto, está presente em menos de 25% dos pacientes48. Aspergilose angioinvasiva pode se manifestar de forma insidiosa ou agudamente. Dor pleurítica associada ao surgimento de infiltrações pulmonares periféricas na radiografia de tórax é uma forma comum de apresentação. Sinais e sintomas respiratórios como tosse, muitas vezes com escarro, hemoptise, dispnéia e dor torácica, apesar de inespecíficos, devem levantar suspeita em pacientes de alto risco e indicam investigação adicional imediata. Em uma série de pacientes neutropênicos com aspergilose angioinvasiva, tosse foi observada em 92%, dor torácica em 76% e hemoptise em 54% dos casos15. Aspergilose invasiva de vias aéreas tipicamente se apresenta com dispnéia, tosse não-produtiva e chiado de peito. Pacientes com candidíase pulmonar tipicamente apresentam início súbito de sintomas respiratórios, com tosse produtiva, dor torácica e taquipnéia46. Em pacientes criticamente doentes, presença de endoftalmite sugere fortemente o diagnóstico de candidíase disseminada85. No entanto, está presente em apenas 37% dos pacientes e raramente ocorre em neutropênicos graves devido à resposta inflamatória inadequada. Lesões cutâneas avermelhadas menores de 1cm, localizadas ou disseminadas, também são consideradas características de candidíase disseminada, estando presentes mesmo em pacientes neutropênicos48. 14 2.2.6. Aspectos Diagnósticos 2.2.6.1. Hemocultura O valor da hemocultura no diagnóstico da aspergilose pulmonar invasiva é limitado. Apesar de presente na corrente sangüínea de pacientes com doença invasiva, crescimento de espécies de Aspergillus em hemoculturas é infreqüente e quando presente pode ser confundido com outros hialohifomicetos, principalmente espécies de Fusarium42,61,104. Resultados falso-positivos são comuns devido à contaminação de amostras. Em um estudo realizado por Kontoyiannis e cols.61, mesmo em pacientes com neoplasias hematológicas e alto risco de aspergilose pulmonar invasiva, hemoculturas positivas quase sempre representaram contaminação. Além disso, aspergilemia não ocorre apenas na doença invasiva. Em um estudo recente, hemoculturas foram positivas em pacientes com aspergilose semiinvasiva, aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) e mesmo em casos de aspergiloma104. Candida sp é a quarta causa de infecção sangüínea nosocomial em pacientes graves, com mortalidade que supera a relacionada à sepsis bacteriana111. Na presença de uma única hemocultura positiva para Candida, a chance de infecção invasiva é de cerca de 60 a 70%, enquanto presença de repetidas hemoculturas positivas é virtualmente diagnóstica de candidíase disseminada. Deve ser enfatizado, no entanto, que aproximadamente metade dos pacientes com candidíase invasiva comprovada apresentam hemoculturas negativas48. Apesar de válida no diagnóstico de candidíase disseminada, hemoculturas auxiliam pouco no diagnóstico de doença pulmonar por Candida, pois refletem invasão de múltiplos órgãos, com ou sem envolvimento dos pulmões. 15 2.2.6.2. Microscopia Direta e Cultura 2.2.6.2.1. Aspergillus sp Microscopia direta e cultura são formas eficazes de demonstrar a presença de Aspergillus em infecções do trato respiratório. A sensibilidade e a especificidade destes testes variam de acordo com a forma e o sítio de obtenção da amostra estudada. Ao exame microscópico direto, espécies de Aspergillus tipicamente são vistas como hifas septadas, ramificadas em ângulo agudo de aproximadamente 45º. Esta morfologia característica permite diferenciação com Mucorales, agente responsável pela mucormicose, mas não distingue Aspergillus sp de Fusarium sp ou Penicillinum sp. Detecção de Aspergillus sp ao exame micológico direto é facilitada pelo uso de calcofluor branco. Ao microscópio fluorescente, elementos do fungo corados com esta substância são bem individualizados do meio circundante e facilmente detectáveis. A simplicidade, rapidez e confiabilidade deste método torna-o apropriado para uso rotineiro3. Espécies patogênicas de Aspergillus crescem facilmente em meios de cultura. Esporos se desenvolvem em cerca de 36 a 48 horas de incubação e, após este período, torna-se possível identificação da maioria das espécies patogênicas24. Identificação da espécie tem importância terapêutica devido às diferenças de susceptibilidade aos anti-fúngicos. Para amostras de escarro e lavado broncoalveolar (LBA) a sensibilidade do estudo micológico é de cerca de 30% e 50%, respectivamente10,12,96. Em pacientes com broncopneumonia por Aspergillus a sensibilidade do LBA é maior do que em pacientes com a forma angioinvasiva da doença. Brown e cols.10 encontraram LBA positivo em 8 dos 10 pacientes com TCAR compatível com aspergilose invasiva de vias aéreas, mas apenas em 2 dos 11 casos de aspergilose angioinvasiva. No entanto, 16 amostras positivas para Aspergillus nem sempre indicam infecção18,29,101,122,123. Estudo micológico de material obtido por biópsia apresenta maior sensibilidade e especificidade. A sensibilidade da biópsia pulmonar guiada por tomografia computadorizada se aproxima dos 70%, sendo ainda maior para biópsia cirúrgica, cerca de 90%12,96,122,123. 2.2.6.2.2. Candida sp Ao exame micológico direto, espécies de Candida têm forma de micélia, com pseudohifas e ocasionalmente hifas verdadeiras. Pseudohifas são células alongadas, medindo de 3 a 5µ de largura e alinhadas formando pequenas cadeias de células, com aspecto de contas. Pseudohifas se afilam na junção destas células, o que as difere das hifas verdadeiras, que têm formato tubular e bordos paralelos. Estes organismos são bem demonstrados com colorações apropriadas, incluindo ácido periódico de Shiff, Gram e impregnação pela prata Gomori-Grocott. Imunohistoquímica pode ser utilizada para detectar Candida em tecidos obtidos por biópsia. Espécies de Candida quase sempre podem ser facilmente diferenciadas de outros fungos, como Aspergillus, pela presença de hifas e pseudohifas. No entanto, diferenciação entre as várias espécies de Candida não é possível com base em características morfológicas. Espécies de Candida crescem em meios de cultura após 3 dias de incubação a 25ºC formando colônias esbranquiçadas características. Este aspecto é comum a todas as espécies, não permitindo diferenciação entre elas90,91,104,120. Estudo micológico do escarro ou de material obtido por LBA tem baixa especificidade na diferenciação de infecção por Candida, colonização ou contaminação da amostra. No entanto, quando um grande número de organismos é identificado ao exame direto, a probabilidade de infecção é maior. Linder e cols.71 demonstraram que presença de mais de 10 organismos por campo em secreção obtida por LBA esteve quase sempre 17 associada à cultura positiva, enquanto em casos de menos de 10 organismos por campo, raramente a cultura foi positiva. Em um estudo de 36 pacientes com candidíase pulmonar confirmada por autópsia, a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo de cultura de escarro foi de 85%, 60%, 42% e 93%, respectivamente, e para cultura de LBA estes valores foram de 71%, 57%, 29% e 89%, respectivamente62. 2.2.6.3. Diagnóstico Sorológico 2.2.6.3.1. Aspergilose Diagnóstico sorológico de infecção por Aspergillus se baseia na detecção de galactomannan (GM), um polissacarídeo presente na parede celular do fungo e liberado nos fluidos biológicos na vigência de infecção. O método ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) apresenta alta sensibilidade e especificidade, permitindo detecção de níveis muito baixos de GM circulante. ELISA é mais sensível que o teste de aglutinação no látex, que requer níveis até 10 vezes maiores de GM no soro. Testes sorológicos para detecção de GM normalmente são positivos dias antes dos resultados de cultura, permitindo confirmação do diagnóstico mais precocemente. Além disso, exames seriados são úteis na avaliação da resposta ao tratamento77. Apesar de promissores, testes para detecção de GM circulante têm algumas limitações importantes. Até agora, sua eficácia diagnóstica só foi avaliada em pacientes com câncer e no TMO, sendo desconhecida sua validade em pacientes com outras formas de imunocomprometimento. Resultados falso-positivos ocorrem, principalmente em prematuros e crianças pequenas, tornando seu uso inapropriado na população pediátrica. Em um estudo com adultos neutropênicos graves, o índice de falso-positivos chegou a 14%76. Falso-positivos podem ser resultado da detecção de GM 18 normalmente presente em alguns alimentos e antibióticos de uso parenteral. Além disso, testes atualmente disponíveis são específicos para determinadas espécies de Aspergillus, podendo não identificar algumas das espécies emergentes76. Detecção de GM em outros fluidos corporais, como LBA, líquido pleural ou líquido céfalo-raquidiano, é tecnicamente possível, mas seu uso não foi ainda validado. Em um estudo recente, Becker e cols.9, demonstraram alta sensibilidade e especificidade na detecção de GM em LBA de pacientes hematológicos com aspergilose pulmonar invasiva. Estudos adicionais são necessários para confirmar estes achados. Apesar da alta sensibilidade e especificidade, testes sorológicos freqüentemente são positivos em fases mais avançadas da doença, não sendo úteis no diagnóstico precoce. Kami e cols.55, relataram uma média de 25,8 dias e 25,6 dias para obtenção de resultados positivos em pacientes neutropênicos com aspergilose pulmonar invasiva. Neste estudo, a TCAR do tórax estabeleceu o diagnóstico cerca de 10,3 ± 11,3 dias antes dos resultados laboratoriais. Detecção de anticorpos anti-Aspergillus no soro tem pouca utilidade no diagnóstico de aspergilose pulmonar invasiva pois, quando presentes, podem significar infecção atual ou exposição prévia a saprófitas das vias aéreas. A despeito da resposta imune inadequada, anticorpos antiAspergillus podem ser detectados em até um terço dos pacientes imunossuprimidos com câncer26,42,61. Mais recentemente, atenção tem sido voltada para métodos de diagnóstico molecular baseados na detecção de DNA do antígeno. Estes testes utilizam técnica de PCR (polymerase chain reaction) que apresenta alta sensibilidade para detecção de Aspergillus no soro ou no LBA. De acordo com vários estudos, a sensibilidade pode chegar a 100%56,106. A especificidade, no entanto, pode ser bem menor, já que a técnica não permite diferenciação entre colonização e infecção. Críticas ao uso de PCR incluem o risco de resultados falso-positivos por contaminação de amostras por fungos presentes no meio ambiente. Os exame deve ser realizado 19 idealmente antes do início da terapia anti-fúngica. Estudos recentes propõem o uso de PCR em tempo real (real-time PCR), com a vantagem de reduzir o número de falso-positivos secundários à colonização e contaminação, e por fornecer informação quantitativa56. Além disso, PCR poderia ser usado no controle do tratamento demonstrando desaparecimento do DNA do fungo após terapia bem sucedida. No entanto, estudos são necessários para validar este achado. Apesar de promissoras, técnicas de PCR têm alto custo e ainda pouca disponibilidade, não sendo exame rotineiro na prática clínica. 2.2.6.3.2. Candidíase Uma variedade de testes para detecção de anticorpos, antígenos e componentes da membrana celular na corrente sangüínea foram desenvolvidos para auxiliar no diagnóstico de infecção disseminada por Candida. Mannan, um componente da parede celular do fungo, liberado no sangue de pacientes com candidíase invasiva, pode ser detectado por uma série de métodos48. Em um estudo retrospectivo baseado em resultados de autópsia, o método ELISA para detecção de mannan apresentou especificidade de 100%, com sensibilidade de 65%23. Apesar da alta especificidade, a baixa sensibilidade limita o uso rotineiro deste método. Técnica de PCR também pode ser utilizada para a detecção de DNA de espécies de Candida, com as mesmas vantagens e desvantagens que as descritas para o diagnóstico de aspergilose48. 2.2.6.4. Diagnóstico na Prática Clínica O maior desafio no diagnóstico das infecções fúngicas pulmonares é diferenciar colonização de infecção. A dificuldade em se estabelecer diagnóstico definitivo, que requer estudo histopatológico, deve contrabalanceada com a necessidade de instituição precoce da terapia. ser 20 2.2.6.4.1. Diagnóstico da Aspergilose Pulmonar Invasiva A despeito dos diferentes métodos diagnósticos disponíveis, o diagnóstico precoce da aspergilose pulmonar invasiva continua sendo um desafio. Diagnóstico definitivo só pode ser obtido por exame micológico direto, cultura ou estudo anatomopatológico de espécime de biópsia pulmonar ou de material obtido de sítios estéreis, como líquido pleural4,104,117. A impossibilidade de realizar procedimento invasivo em todos os pacientes, muitos deles criticamente doentes e com distúrbios hematológicos graves, e a demora na obtenção de resultados de cultura ressalta a importância de critérios que indiquem tratamento na ausência de diagnóstico definitivo. Neste contexto, análise dos fatores de risco é fundamental, e quando associada a dados clínicos, permite a categorização do diagnóstico de aspergilose pulmonar invasiva em provável e possível4,104. Identificação de Aspergillus sp por exame direto ou cultura de material obtido das vias aéreas, como escarro ou LBA, indica provável aspergilose pulmonar invasiva. Detecção de GM no LBA, apesar de não utilizado de rotina, também pode ser considerado como diagnóstico provável4. No entanto, uma vez que espécies de Aspergillus nas vias aéreas podem representar apenas saprófitas, culturas positivas devem ser interpretadas com cautela, na dependência da doença de base e do contexto clínico. Em pacientes de alto risco, como submetidos a TMO com imunossupressão grave ou com evidência de aspergilose invasiva em outro local, cultura positiva é fortemente sugestiva de aspergilose pulmonar invasiva e indica tratamento. Já em pacientes com fibrose cística, doença vascular do colágeno ou com doença pulmonar crônica, cultura de material das vias aéreas positiva indica mais provavelmente colonização, achado freqüente nestas populações101,104. Em receptores de transplante de pulmão, colonização do trato respiratório é vista em mais da metade dos pacientes, fazendo com que isolamento de Aspergillus das vias aéreas nestes casos seja menos relevante13. Em receptores de órgãos sólidos, pacientes com SIDA e naqueles recebendo corticoesteróides, todos considerados grupos de 21 risco intermediário para aspergilose pulmonar invasiva , culturas positivas de sítios não-estéreis devem ser analisadas em conjunto com dados clínicos adicionais101. Possível aspergilose pulmonar invasiva se baseia na presença de critérios clínicos, como sintomas e exames radiológicos suspeitos, e impossibilidade de fazer um diagnóstico definitivo101,104. No entanto, apesar de apropriados para o uso em pesquisa, há controvérsia sobre a utilização destes critérios na prática clínica e na decisão de tratamento. Em um estudo recente de 22 pacientes com aspergilose pulmonar invasiva comprovada por autópsia, apenas 2 tiveram diagnóstico definitivo antes da morte, enquanto 6 tiveram diagnóstico provável e 13 possível. Com base nestes dados, os autores concluíram que tal categorização do diagnóstico não deveria ser usada isoladamente na tomada de decisões117. Em termos práticos, terapia anti-fúngica deve ser iniciada sempre que houver suspeita de aspergilose pulmonar invasiva. Atraso na instituição do tratamento não se justifica mesmo na ausência de critérios que estabeleçam diagnóstico definitivo ou provável. 2.2.6.4.2. Diagnóstico da Candidíase Pulmonar O grande desafio no diagnóstico da candidíase pulmonar é diferenciar colonização de infecção invasiva. Por ser um comensal comum das vias aéreas, cultura de material obtido deste local freqüentemente demonstra espécies de Candida, especialmente em pacientes hospitalizados e imunossuprimidos. Colonização e contaminação de secreções respiratórias são, na verdade, muito mais comuns que qualquer uma das duas formas de candidíase pulmonar. A baixa especificidade e o baixo valor preditivo positivo de culturas de escarro e de LBA impedem que tais exames sejam usados no diagnóstico definitivo. No entanto, dado o alto valor preditivo negativo, pode- 22 se dizer que na ausência de culturas de escarro e LBA positivas, a possibilidade de pneumonia por Candida é baixa62,122. Hemoculturas seriadas positivas indicam candidíase disseminada, com invasão de múltiplos órgãos e possivelmente dos pulmões. Em pacientes com sinais de doença pulmonar não-responsiva a antibióticos e candidemia, Candida pode ser o patógeno envolvido, mas diagnóstico definitivo não pode ser estabelecido. No entanto, se não há evidência de envolvimento de outros órgãos, candidemia indica com maior probabilidade pneumonia por Candida18. Diagnóstico confirmação definitivo de anatomopatológica candidíase com pulmonar demonstração de invasiva Candida exige em espécimes de biópsia de tecido pulmonar ou evidência histológica de invasão111. 2.2.7. Aspectos de Imagem 2.2.7.1. Radiografia Simples de Tórax O estudo radiográfico convencional do tórax tem utilidade limitada no diagnóstico das infecções fúngicas pulmonares. A incidência de exames iniciais normais no momento do aparecimento dos sintomas é alta, chegando a 25%63. Quando presentes, achados radiográficos são inespecíficos. Além disso, sobreposição de outros processos patológicos comuns, como infecções de outra etiologia, edema pulmonar ou reação a drogas, pode obscurecer ou confundir os achados radiográficos28. Na aspergilose pulmonar invasiva, os achados radiográficos iniciais mais comuns são nódulos únicos ou múltiplos, e áreas de consolidação com distribuição periférica. Derrame pleural é relativamente freqüente. Radiografias seriadas na grande maioria dos casos demonstram progressão das lesões com aumento no número e tamanho dos nódulos e 23 desenvolvimento de extensas áreas de consolidação. Escavação pode ser vista, geralmente cerca de 2 a 3 semanas após os achados iniciais. Lesão escavada com ar em forma de crescente, similar à encontrada no aspergiloma, pode ser vista nas fases mais tardias da doença24,69. Buff e cols.11, descreveram os achados radiográficos de 20 casos de candidíase pulmonar comprovados por autópsia. Em todos, foi encontrada doença de espaço aéreo, associada a padrão intersticial em 11 casos. Em 8 dos 20 pacientes, observou-se doença parenquimatosa bilateral sem distribuição segmentar ou lobar específica; em oito, as lesões tiveram distribuição lobar e bilateral. Derrame pleural foi observado em 5 pacientes. Consolidações subpleurais extensas, escavação e linfonodopatia mediastinal não foram encontradas. Em uma outra série de 15 casos comprovados por autópsia, todos demonstraram doença de espaço aéreo, com distribuição variável. Escavação foi observada em 2 pacientes58. Padrão miliar ou nodular não foi encontrado em nenhum dos dois estudos anteriores, mas foi descrito por Pagani e Libshitz95. Dubois e cols.28, avaliaram a correlação dos achados radiográficos e anatomopatológicos de 25 pacientes com candidíase pulmonar e não encontraram padrão de imagem característico que permitisse distinção entre pneumonia de origem primária e hematogênica ou diferenciação de candidíase com outras infecções oportunistas. Ainda, os autores concluíram que muitas das anormalidades encontradas no estudo anatomopatológico eram muito pequenas para serem vistas em radiografias. Nestes pacientes, grande parte das anormalidades observadas resultaram de doenças associadas. 24 2.2.7.2. Tomografia Computadorizada de Alta Resolução do Tórax TCAR do tórax é a melhor modalidade de imagem no estudo das infecções oportunistas em pacientes imunocomprometidos. Vários são os estudos que demonstram a superioridade da TCAR sobre a radiografia convencional na detecção e caracterização das anormalidades do parênquima pulmonar35,51,52,63-65,74,126. TCAR tem maior sensibilidade na detecção de anormalidades iniciais, muitas não aparentes em radiografias convencionais28. Com freqüência, achados de TCAR são suficientemente característicos para permitirem diagnóstico presumptivo precoce e imediata instituição da terapia, melhorando a sobrevida63-65. Em um estudo realizado entre 112 pacientes neutropênicos febris com pneumonia, o uso da TCAR reduziu o tempo do diagnóstico em 5 dias quando comparado ao uso isolado de radiografia convencional52. A TCAR tem ainda maior sensibilidade na avaliação da extensão do envolvimento pulmonar, e tem papel importante no acompanhamento da atividade da doença e na resposta ao tratamento. Nos casos em que estudo histopatológico está indicado, a TCAR determina com precisão os sítios mais apropriados para obtenção de amostras cirúrgicas ou pode servir para guiar procedimentos de biópsia por agulha63,74. 2.2.7.2.1. TCAR na Aspergilose Pulmonar Invasiva As manifestações de imagem da aspergilose invasiva diferem de acordo com o tipo de invasão visto à histologia. Aspergilose angioinvasiva e aspergilose invasiva de vias aéreas apresentam algumas manifestações tomográficas características, embora possa haver sobreposição de achados em um mesmo paciente. 25 Aspergilose invasiva de vias aéreas se manifesta à TCAR com um padrão de bronquiolite e broncopneumonia, com nódulos centrolobulares, muitas vezes associados a opacidades em árvore em brotamento. Consolidação com distribuição peribrônquica é outro achado característico. Raramente, consolidação com distribuição lobar é observada31,34,73. Em uma série de 9 pacientes, consolidação peribrônquica multifocal e bilateral foi observada em 3 casos, nódulos centrolobulares menores de 5mm em 2 casos, consolidação lobar em 1 caso e opacidades em vidro fosco em 1 caso73. Tipicamente, aspergilose angioinvasiva se manifesta com nódulos únicos ou múltiplos dispersos pelo pulmão e áreas de consolidação subpleural, refletindo disseminação hematogênica e infarto pulmonar. Greene e cols.45, em uma série de 235 casos de aspergilose pulmonar angioinvasiva, encontraram pelo menos uma lesão nodular em 94% dos pacientes. Em um segundo estudo entre pacientes neutropênicos febris, nódulos foram observados em 20 dos 21 casos analisados87. O sinal do halo, considerado característico da aspergilose angioinvasiva, é definido como um halo de opacidade em vidro fosco circundando a totalidade ou quase totalidade de um nódulo. Este é um achado precoce e transitório, tipicamente presente nas primeiras duas semanas da doença e que tende a desaparecer após instituição da terapia45,64,65,79,126. Por ser considerado virtualmente diagnóstico no contexto clínico apropriado4, o sinal do halo deve ser claramente definido. Margens mal definidas podem ser confundidas com halo de atenuação em vidro fosco, erro comum especialmente em exames sem colimação fina. A TCAR permite identificação precisa do halo de menor atenuação, evitando erros na detecção deste sinal. Durante a fase de resolução da doença, nódulos ou áreas de consolidação podem sofrer escavação, dando origem ao sinal do crescente de ar. Este achado é menos comum que o sinal do halo. Em um estudo, o sinal do crescente de ar foi encontrado em 8% dos pacientes com aspergilose angioinvasiva, enquanto o sinal do halo foi visto em 35% deles52. 26 Em exames de imagem, a aparência do sinal do crescente de ar se assemelha àquela do aspergiloma ou bola fúngica; no entanto, a patogênese é totalmente distinta. Na aspergilose angioinvasiva, fragmentos de pulmão infartado (seqüestro pulmonar) se separam do parênquima adjacente resultando em uma cavidade contendo ar em forma de crescente. Escavação geralmente é vista de 2 a 3 semanas após o início da terapia anti-fúngica, geralmente coincidindo com a fase de resolução da neutropenia em pacientes hematológicos34,39,40,64,65. Portanto, apesar de característico, o sinal do crescente de ar não auxilia no diagnóstico precoce da aspergilose angioinvasiva. Nos casos de resposta satisfatória ao tratamento, a resolução destas lesões segue o padrão de cicatrização do infarto pulmonar, desaparecendo a partir da periferia e dando origem a cistos de parede fina ou escaras lineares em proximidade com a pleura65. Quando a retomada da quimioterapia é necessária por doença de base recidivante, a TCAR auxilia no diagnóstico de recidiva da aspergilose pulmonar invasiva, ocorrência relativamente comum nestes casos82. Em um estudo prospectivo publicado recentemente, Sonnet e cols.116 avaliaram a utilidade da angiografia por TCAR multislice (16 canais) no diagnóstico da aspergilose angioinvasiva. Imagens axiais e reconstruções MIP (maximum intensity projection) foram utilizadas para avaliar a presença de oclusão vascular associada a lesões parenquimatosas focais em 10 pacientes imunossuprimidos. Um total de 14 lesões focais foram detectadas; em 4 das 5 lesões com diagnóstico histológico de angioinvasão, oclusão vascular foi observada na angiografia por TC, enquanto que vasos patentes foram observados em todas as 9 lesões em que aspergilose foi excluída. Os autores concluíram que a angiografia por TC multislice pode ser um método não-invasivo eficaz no diagnóstico precoce da aspergilose angioinvasiva mas que estudos com maior número de pacientes são necessários para confirmar estes achados. 27 2.2.7.2.2. TCAR na Candidíase Pulmonar Poucos são os dados na literatura referentes aos achados de TCAR na candidíase pulmonar. De forma geral, dois padrões de doença podem ser vistos, dependendo da origem da infecção. Nos casos de invasão a partir das vias aéreas (chamada pneumonia primária) observa-se um padrão de broncopneumonia, com áreas de consolidação peribrônquica, geralmente bilateral e assimétrica, ou múltiplos nódulos com margens irregulares. Doença de origem hematogênica resulta em um padrão miliar ou múltiplos nódulos maiores com distribuição randômica, representando colônias de fungos ao redor de vasos sangüíneos62,121,126. Nódulos com halo de atenuação em vidro fosco podem ser observados em alguns casos. A variedade de achados de TCAR na infecção pulmonar por Candida reflete a diversidade de padrões histológicos, bem como o estágio da doença. Franquet e cols.32, avaliaram os achados de TCAR do tórax em uma série de 17 pacientes pós-TMO com diagnóstico confirmado de candidíase pulmonar. Nódulos foram a anormalidade mais comum, presentes em 88% dos pacientes, sendo múltiplos e com tamanho entre 3 e 30mm. Dos 15 pacientes com nódulo, sinal do halo foi observado em 5 (33%). Outras anormalidades incluíram consolidação multifocal, áreas de atenuação em vidro fosco e nódulos com padrão de árvore em brotamento, este último refletindo a presença de bronquiolite. 2.2.8. Achados Anatomopatológicos 2.2.8.1. Aspergilose Pulmonar Invasiva Na aspergilose invasiva de vias aéreas, estudo anatomopatológico demonstra presença de Aspergillus além da membrana basal das vias aéreas, imediatamente adjacente ao parênquima pulmonar33,34,73. Estes 28 achados correspondem à bronquiolite necrotizante, tipicamente com infiltração neutrofílica e hemorragia peribronquiolar, compatíveis com broncopneumonia, e graus variáveis de pneumonia em organização73. Evidência de angioinvasão pode estar presente, mas de forma muito menos extensa do que a observada na aspergilose angioinvasiva51,73. Achados anatomopatológicos na aspergilose angioinvasiva incluem nódulos com necrose central, medindo de 1 a 3 cm e circundados por halo de hemorragia, e áreas de infarto pulmonar hemorrágico com distribuição subpleural. O sinal do halo visto em exames de TCAR reflete a presença de necrose de coagulação ou hemorragia circundando um nódulo de necrose79. Com freqüência, uma artéria trombosada pode ser observada na periferia das lesões. Ao estudo histológico, há invasão e oclusão de artérias pulmonares de pequeno e médio calibre por hifas, levando à formação de nódulos necróticos e áreas de infarto hemorrágico34,83. 2.2.8.2. Candidíase Pulmonar Pneumonia primária por Candida resulta em um padrão histológico de broncopneumonia, freqüentemente associado à necrose e hemorragia intraalveolar46. Macroscopicamente, as lesões têm distribuição bilateral e assimétrica, tipicamente predominando nos lobos inferiores28. Na série de Franquet e cols.32, estudo histopatológico de áreas de opacidades em vidro fosco e consolidação vistas à TCAR demonstrou necrose alveolar com exsudato inflamatório, com ou sem sinal de organização; nódulos centrolobulares mal-definidos refletiram acúmulo bronquiolar e peribronquiolar de macrófagos, hemácias e fibrina. O sinal do halo nestes casos, correspondeu a exsudato inflamatório e hemorragia ao redor dos nódulos. Nos casos de disseminação hematogênica para os pulmões, observam-se randômica, nódulos tipicamente bem circunscritos, simétrica. bilaterais, Histologicamente, com distribuição estes nódulos 29 representam focos de pulmão necrótico e colônias de organismos ao redor de vasos sangüíneos28. Na série de Franquet e cols.32, em alguns pacientes, a parte central do nódulo correspondeu a necrose coagulativa secundária ao crescimento de pseudohifas no lúmen de vasos trombosados. O halo de vidro fosco observado à TCAR correspondeu a uma mistura de hemorragia e edema ao redor da área de infarto. Em outros casos, nódulos representaram granulomas bem definidos ou presença de organismos com reação inflamatória local. Êmbolos micóticos ocorrem tipicamente em crianças com catéter endovenoso, resultando em extensas áreas de infarto hemorrágico que podem sofrer escavação58. 2.2.9. Diagnóstico Diferencial da Aspergilose e Candidíase Pulmonar A maioria das infecções fúngicas pulmonares resultam em manifestações semelhantes àquelas descritas na aspergilose pulmonar invasiva e na candidíase pulmonar, e diferenciação não é possível com base em achados de imagem20. Em um estudo de pacientes com criptococose pulmonar comprovada, achados de TCAR incluíram nódulos únicos, nódulos múltiplos que progrediram para confluência e escavação, broncopneumonia bilateral, áreas de consolidação segmentar ou uma associação dos achados acima59. Mucormicose ou zigomicose, uma forma grave de infecção fúngica, causa invasão vascular com trombose e infartos hemorrágicos, levando a manifestações clínicas, patológicas e radiológicas indistingüíveis daquelas da aspergilose angioinvasiva. Fungos da classe dos Zygomycetes, dos quais Rhyzopus e Mucor são os mais comuns, são os agentes responsáveis e afetam principalmente pacientes hematológicos com neutropenia e pacientes diabéticos20,83. Apesar de considerado característico da aspergilose angioinvasiva e de ser usado como critério diagnóstico em pacientes de alto risco, o sinal do halo pode estar associado a nódulos hemorrágicos de outras etiologias, bem 30 como com nódulos não-hemorrágicos. Este achado tem sido descrito em infecções por outras espécies de fungos, como candidíase, mucormicose e actinomicose, em infecções bacterianas, principalmente por Pseudomonas aeruginosa e Legionella, em infecções virais por herpes simplex vírus e CMV e em condições não-infecciosas, como embolia séptica, granulomatose de Wegener, sarcoma de Kaposi, carcinoma bronquioloalveolar30,66 e metástases hemorrágicas, como as de angiosarcoma34,37,60,66,105. Em pacientes submetidos a transplante, sinal do halo foi descrito associado à doença linfoproliferativa pós-transplante16. Como na bronquiolite por Aspergillus, nódulos centrolobulares e opacidades em árvore em brotamento são vistos em diversas condições associadas disseminação à inflamação endobrônquica, bronquiolar, infecções incluindo por tuberculose Mycobacterium com avium- intracellulare e Mycoplasma e em pneumonias virais34,51,69,126. Consolidação peribrônquica (broncopneumonia por Aspergillus) não pode ser distinguida por exames de imagem da broncopneumonia causada por outros patógenos30,31,34,73. Da mesma forma, diversos estudos demonstram que candidíase pulmonar apresenta manifestações tomográficas indistingüíveis das de outras doenças fúngicas oportunistas, pneumonias virais e bacterianas53. 2.2.10. Profilaxia 2.2.10.1. Profilaxia da Aspergilose Pulmonar Invasiva A incidência crescente de infecções graves por Aspergillus aumentou a preocupação com medidas profiláticas em populações de alto risco. Medidas de controle ambiental, como lavagem das mãos e eliminação de plantas ornamentais, reduzem a exposição a Aspergillus presentes no ambiente hospitalar. Técnicas de filtração do ar, como a HEPA (high- 31 efficiency particulate air), e ventilação com fluxo laminar são altamente eficazes na eliminação de esporos, e estão sendo amplamente utilizadas em unidades de transplante, principalmente em unidades de TMO21,97. Porém, tais filtros têm mostrado pouca eficácia no controle de contaminação do ar e na prevenção de epidemias relacionadas à construção civil, reformas ou demolições21. Considerável controvérsia existe em relação à profilaxia medicamentosa para aspergilose pulmonar invasiva. Fluconazol está definitivamente contra-indicado por não ter ação contra espécies de Aspergillus. Estudos utilizando itraconazol, um triazol com ação contra fungos filamentosos, incluindo algumas espécies de Aspergillus, apresentam resultados conflitantes43,49,89. Estas variações na ação do itraconazol se deve à sua baixa biodisponibilidade quando administrado por via oral97. A alta toxicidade renal contra-indica o uso profilático de anfotericina-B endovenosa. Anfotericina-B lipossomal, que apresenta menos efeitos colaterais, não apresentou eficácia na profilaxia da aspergilose pulmonar invasiva, assim como sua formulação inalatória7,49. Novos agentes anti-fúngicos, como voriconazol e caspofugin, devido ao amplo espectro de ação e perfil farmacocinético satisfatório, podem vir a ter um papel importante na prevenção de infecções fúngicas invasivas. No entanto, até o momento, estudos só comprovam eficácia terapêutica, não havendo dados disponíveis sobre o uso profilático destes agentes25,50,78. Pacientes com história de aspergilose pulmonar invasiva prévia e com indicação de quimioterapia adicional ou TMO apresentam alto risco de recidiva da infecção. Uso de anti-fúngico profilático (profilaxia secundária) reduz o número de recidivas nestes pacientes. No entanto, não há consenso quanto a droga mais eficaz nestes casos82,92. 32 2.2.10.2. Profilaxia da Candidíase Pulmonar Como na maioria dos casos colonização precede candidíase disseminada e doença invasiva, controle da colonização é uma medida profilática importante. Neste contexto, retirada de cáteter venoso central contaminado está indicada sempre que possível. Espécies de Candida, pela habilidade de se aderirem a corpos estranhos e fibrina, facilmente contaminam pontas de catéter, se incorporando a trombos organizados e tornando sua erradicação praticamente impossível90,91,120,124. Profilaxia medicamentosa para candidíase pulmonar se baseia na profilaxia da candidíase disseminada. Alguns grupos de pacientes apresentam risco suficiente para que profilaxia com anti-fúngicos seja instituída e, nestes casos, redução da mortalidade é observada. Por outro lado, uso inapropriado de anti-fúngicos profiláticos em populações de baixo risco causa seleção de organismos resistentes, sendo terminantemente contra-indicados. Entre os grupos de alto risco estão pacientes recebendo quimioterapia para leucemia aguda, pacientes pós-TMO, e alguns pacientes submetidos a transplante de fígado e de pâncreas19,111. Nos pacientes hematológicos, fluconazol está indicado durante todo o período de neutropenia. Nos transplantados hepáticos e de pâncreas, fluconazol97 ou anfotericina-B devem ser administrados no período pós-operatório precoce. O risco de candidíase disseminada em transplantes de outros órgãos sólidos não é suficientemente alto para que profilaxia seja indicada111. 2.2.11. Tratamento 2.2.11.1. Tratamento da Aspergilose Pulmonar Invasiva Anfotericina-B endovenosa é o tratamento de escolha para aspergilose pulmonar invasiva e sua eficácia no aumento da sobrevida já foi 33 comprovada em vários estudos7,49,119. A dose recomendada é de 1 a 1,5mg/kg/dia. A maior desvantagem deste anti-fúngico está em seus efeitos colaterais freqüentes e muitas vezes graves. Febre, náuseas e, mais raramente, espasmo brônquico, ocorrem na maioria dos pacientes durante a infusão da droga119. O principal fator limitante no tratamento com anfotericina-B é a toxicidade renal, que ocorre em metade dos pacientes; destes, cerca de 10% precisam de hemodiálise. Formulações lipídicas da anfotericina-B, dentre as quais se destaca a anfotericina-B lipossomal, apresentam o mesmo efeito terapêutico mas com menos efeitos colaterais. Anfotericina-B tem ação limitada no tratamento de aspergilose pulmonar invasiva causada por A. terreus7. Voriconazol, um triazol de amplo espectro lançado recentemente, apresenta uma série de vantagens sobre a anfotericina-B. Em um grande estudo clínico randomizado comparando as duas drogas, pacientes recebendo voriconazol apresentaram maior índice de resposta ao tratamento (53%, comparado com 32% para anfotericina-B) e maior taxa de sobrevida (71%, comparado com 58%)50. Além disso, voriconazol é muito mais bem tolerado que a anfotericina-B, mesmo em suas formulações lipídicas. Alterações visuais, como borramento da visão, fotofobia e alteração na percepção das cores, são os efeitos adversos mais comuns, ocorrendo em cerca de 30% dos pacientes. No entanto, estes efeitos são transitórios e não indicam parada do tratamento. Outros efeitos colaterais incluem reações cutâneas, alteração nos testes de função hepática, confusão mental e alucinações. Voriconazol está disponível em formulações oral (com biodisponibilidade > 90%) e endovenosa. A dose por via oral é de 100 a 200mg/dia. A dose recomendada para uso endovenoso é de 6mg/kg no primeiro dia, seguido de 4mg/Kg/dia; seu uso está contra-indicado na presença de disfunção renal grave por causa do veículo utilizado na infusão (ciclodextrina)25,50,78. A eficácia do itraconazol oral ou endovenoso, este ainda não amplamente disponível, no tratamento da aspergilose pulmonar invasiva varia entre 39 e 71%. Para as formulações orais, a principal limitação é a 34 biodisponibilidade variável que exige monitorização dos níveis séricos. Apesar da solução oral ter melhor biodisponibilidade quando comparada à cápsula, não apresenta boa tolerância gástrica26. Caspofugin, um anti-fúngico de amplo espectro recém lançado no mercado, tem uso aprovado como terapia de salvamento em pacientes nãoresponsivos à anfotericina-B ou itraconazol, mas seu uso como droga de primeira linha ainda não foi avaliado78. Tratamento cirúrgico na aspergilose pulmonar invasiva, ou embolização quando possível, está indicado nos casos de hemoptise maciça. Pacientes que apresentam alto risco de hemoptise, como aqueles com lesões próximas a vasos de grande calibre, também são candidatos a tratamento cirúrgico. Alguns autores justificam intervenção de emergênica nestes casos, mesmo na presença de neutropenia15,112. Excisão cirúrgica de lesão pulmonar única tem sido proposta como alternativa à profilaxia secundária com anti-fúngicos em pacientes com indicação de retomada da quimioterapia ou TMO. No entanto, estudos comparativos não foram realizados neste contexto clínico e a decisão deve ser feita individualmente para cada caso. 2.2.11.2. Tratamento da Candidíase Pulmonar O tratamento da pneumonia por Candida depende do tipo de envolvimento pulmonar. Na forma primária ou broncopneumônica, está indicado o uso de anfotericina-B endovenosa. O tratamento da candidíase pulmonar secundária, ou hematogênica, é direcionado ao tratamento da candidíase disseminada109. Durante anos, anfotericina-B foi o anti-fúngico de primeira linha no tratamento da candidíase disseminada. Fluconazol, um derivado triazólico, surgiu como resultado de intensa pesquisa de agentes anti-fúngicos com a mesma eficácia mas menos efeitos tóxicos que a anfotericina-B. Os primeiros 35 resultados de estudos comparativos entre as duas drogas apareceram na década de 90. Estudos randomizados mais recentes demonstraram resultados semelhantes em vários grupos de pacientes, incluindo aqueles com neutropenia109. Flucitosina, um derivado pirimidínico com ação anti-metabólica, apresenta atividade contra Candida, tendo boa absorção gastrointestinal e poucos efeitos colaterais. Sua maior desvantagem é o desenvolvimento de resistência durante o curso do tratamento e a necessidade de monitorização de susceptibilidade fúngica e dos níveis séricos. Atualmente, flucitosina não é utilizada como terapia de primeira escolha, podendo ser indicada em associação ao fluconazol ou anfotericina-B em infecções graves109. Anfotericina-B e fluconazol são atualmente os anti-fúngicos de escolha no tratamento da candidíase disseminada. A decisão da melhor droga deve ser ponderada para cada caso, de acordo com as condições clínicas do paciente, espécie isolada e susceptibilidade terapêutica. Triazóis apresentam menos efeitos adversos e administração mais conveniente, porém podem ter ação reduzida contra certas espécies. Anfotericina-B, apesar da maior toxicidade, apresenta maior eficácia em alguns casos7,46,49,103. O índice de resistência de C. albicans ao fluconazol é de aproximadamente 5% na maioria das séries. O aumento na prevalência de C. albicans resistente ao fluconazol observado nos últimos anos parece estar fortemente relacionado ao uso prévio de anti-fúngicos azóis8,111. Em um estudo prospectivo realizado entre pacientes com câncer e candidíase invasiva, 95% das C. albicans apresentaram susceptibilidade a triazóis; a resistência ao fluconazol foi de 3,4% e ao itraconazol de 4%. No mesmo estudo, espécies não-albicans foram isoladas em mais da metade dos pacientes e apresentaram susceptibilidade reduzida aos triazóis, com índice de resistência de 9,4% ao fluconazol e de 10,8% ao itraconazol111. C. glabrata, atualmente a espécie não-albicans mais comum, facilmente desenvolve resistência a triazóis e C. krusei tem resistência intrínsica a ambas as drogas. Estes dados, somados aos de outros estudos, aumentam 36 a preocupação com a eficácia do tratamento empírico com fluconazol e enfatizam a importância dos estudos de susceptibilidade in vitro104,111. Formulações lipídicas da anfotericina-B também foram aprovadas para o tratamento da candidíase invasiva comprovada, sendo indicadas como alternativa aos casos de refratariedade ou intolerância às formulações nãolipídicas. O alto custo e o pequeno número de estudos randomizados em pacientes com candidíase invasiva impedem seu uso como terapia de primeira linha109. Testes de susceptibilidade de espécies de Candida ao fluconazol, itraconazol e flucitosina são eficazes, mas testes efetivos para anfotericina-B ainda não estão disponíveis. No entanto, de forma geral, a maioria das espécies de Candida não apresentam resistência a esta droga. Dentre as medidas não-medicamentosas no tratamento da candidíase invasiva está a retirada de catéteres endovenosos, indicada sempre que possível, principalmente em pacientes não-neutropênicos111. Redução da imunossupressão é um adjuvante importante no tratamento das infecções fúngicas invasivas. Em pacientes neutropênicos, especialmente em receptores de TMO, fatores de crescimento hematopoiéticos são amplamente utilizados, pois promovem a recuperação no número de neutrófilos e melhoram o prognóstico. Em pacientes em terapia imunossupressora, principalmente com corticoesteróides, a dose deve ser reduzida sempre que possível. 2.2.12. Prognóstico O desenvolvimento de anti-fúngicos de maior espectro contra espécies de Aspergillus melhorou significantemente o prognóstico de pacientes com aspergilose pulmonar invasiva50. No entanto, a mortalidade permanece alta, com valores que variam de 40 a 100%13,24,26,44,49,70,84,97. O risco de morte depende da doença de base e da extensão da aspergilose. Os grupos com maiores índices de mortalidade são receptores de TMO 37 alogênico, transplantados hepáticos e pacientes com SIDA. Resultados de um estudo recente demonstraram mortalidade geral por aspergilose pulmonar invasiva de 58%, enquanto em pacientes pós-TMO a mortalidade chegou a 86,7%70. Aspergilose angioinvasiva é atualmente a causa mais comum de morte por doença infecciosa em pacientes com neoplasias hematológicas70,80. Vários outros fatores têm sido associados ao aumento da mortalidade por aspergilose invasiva em determinados grupos de risco: presença de DECH e corticoterapia em altas doses no TMO alogênico, doença hematológica recidivante, não recuperação da neutropenia, doença de base terminal, e aumento dos títulos de GM na primeira semana do diagnóstico. Presença de aspergilose disseminada e infecção do sistema nervoso central pioram muito o prognóstico, com mortalidade próxima a 80%. Aumento no tamanho das lesões pulmonares detectado por TCAR durante os primeiros dias não parece se correlacionar com pior prognóstico. Avaliação da progressão da doença só deve ser considerada após 7 a 10 dias do início da terapia14,118. Apesar de ser menos comum que bacteremia, candidemia é a principal causa de morte por infecção hematogênica em pacientes graves. Os índices de mortalidade variam entre 29% e 88%, dependendo da doença de base e da extensão do envolvimento sistêmico48. Pacientes com alterações do sistema imunológico estão entre os com maior risco de morte. Como o envolvimento pulmonar está geralmente associado à doença disseminada, o prognóstico da pneumonia por Candida está relacionado aos fatores prognósticos da candidíase disseminada. Em uma estudo entre 140 pacientes com câncer e pneumonia fúngica, a mortalidade por candidíase pulmonar foi de 70%, sendo maior que a observada nas pneumonias por outras espécies de fungos18. 38 3. PACIENTES, MATERIAL E MÉTODO Foi realizado estudo observacional descritivo através da análise retrospectiva de exames de TCAR do tórax de 54 pacientes, 32 com diagnóstico de aspergilose, e 22 com candidíase pulmonar. A população do estudo foi selecionada através da revisão de arquivos de Radiologia, Patologia e Microbiologia do Vancouver General Hospital, Universidade de British Columbia, Vancouver, Canadá e do Hospital de Sant Pau, Universidade Autônoma de Barcelona, Barcelona, Espanha. Todos os exames de TCAR de pacientes com diagnóstico radiológico de infecçcão fúngica pulmonar realizados no período de janeiro de 1997 a julho de 2002 foram acessados. Através da revisão de arquivos médicos eletrônicos, casos com diagnóstico confirmado foram considerados para o estudo, sendo incluídos apenas pacientes com confirmação diagnóstica dentro de no máximo 10 dias da data do exame tomográfico (n=54). Foi considerado diagnóstico confirmado a presença de um ou mais dos seguintes achados: cultura de escarro ou de material de LBA positiva para Aspergillus sp em paciente com fatores de risco maiores101,104; cultura de escarro ou de material de LBA positiva para Candida sp na presença de hemocultura positiva4,117; cultura ou vizualização direta do fungo ou evidência histológica de infecção invasiva em espécimes de biópsia transbrônquica, biópsia cirúrgica ou autópsia. Informações adicionais obtidas a partir da revisão de prontuários médicos incluíram: sexo, idade e data de nascimento, doença de base, história de transplante de medula óssea ou de órgãos sólidos, uso de medicação imunossupressora no momento do diagnóstico, intervalo entre a data da TCAR e o exame microbiológico e evidências clínicas e/ou laboratoriais de complicações pulmonares associadas. Pacientes com evidência de infecção bacteriana ou viral concomitante, diagnosticadas por hemocultura, cultura de escarro, de LBA ou de catéteres, foram excluídos do 39 estudo, assim como aqueles com evidência clínica de doenças pulmonares não-infecciosas. Aprovação da Comissão de Ética foi obtida nas duas instituições envolvidas no estudo; em nenhuma das duas instituições informação consentida dos pacientes incluídos foi exigida por se tratar de um estudo observacional retrospectivo. Exames de TCAR foram obtidos com diferentes tipos de aparelhos tomográficos (Somaton Plus 4 CT, Siemens, Alemanha; Toshiba 900 CT ou Toshiba Asteion CT, Toshiba Medical Systems, Tóquio, Japão ou HiLight, General Electric Medical Systems, Wisconsin, EUA). Em todos os casos os protocolos de exame foram semelhantes, com imagens obtidas em posição supina, em inspiração máxima, usando colimação de 1 ou 2mm a intervalos de 10mm, incluindo toda a extensão dos pulmões. Em 2 casos, exames foram obtidos em aparelhos com multidetectores (16 canais) com cortes contínuos reconstruídos com 1mm de espessura. As imagens foram fotografadas com janelas para demonstração do parênquima pulmonar (largura, 1000 a 1500UH; nível -600 a -700UH) e para partes moles do mediastino (largura, 400UH; nível 20 a 40UH). Os exames estavam disponíveis em filmes em 52 pacientes e em workstations através do programa PACS (picture archiving and communication system) em 2 pacientes. Dois radiologistas com treinamento em radiologia do tórax analisaram os exames de todos os pacientes baseados em critérios pré-estabelecidos e os resultados foram registrados em um protocolo padrão (Anexo 1). Nos casos de discordância, os achados foram estabelecidos por consenso. Em cada um dos exames foi estudada a presença de nódulos, consolidação e opacidades em vidro fosco. A definição de cada um destes achados se baseou no glossário de termos da Sociedade Fleishner5. Nódulos, definidos como opacidades focais arredondadas, foram classificados como segue: quanto ao tamanho, em menores que 10mm ou iguais ou maiores que 10mm em diâmetro; quanto ao número, em menos de 40 5, de 5 a 10 ou mais de 10; quanto à distribuição, em centrolobulares (quando localizados no centro do lóbulo pulmonar secundário) ou randômicos (quando de localização difusa, incluindo localização perivascular e subpleural); quanto à distribuição no eixo craniocaudal, como predominando nas regiões superiores ou inferiores dos pulmões (em relação à carina) ou como randômicos, quando difusamente distribuídos e ainda se unilaterais ou bilaterais. Pequenas opacidades centrolobulares ramificadas foram classificadas como opacidades em árvore em brotamento e registradas separadamente. Consolidação, cuja definição é aumento homogêneo da atenuação pulmonar com obscurecimento dos vasos e paredes brônquicas subjacentes, foi classificada como unilateral, bilateral, de distribuição peribroncovascular (localizada ao redor de brônquios e vasos pulmonares), subsegmentar (envolvendo menos de um segmento pulmonar) ou nãosegmentar (envolvendo dois ou mais segmentos pulmonares) e quanto à distribuição craniocaudal, como envolvendo predominantemente as regiões superiores ou inferiores dos pulmões (em relação à carina) ou de distribuição randômica. Presença de opacidade em vidro fosco, definida como aumento da atenuação pulmonar sem obscurecimento dos vasos ou brônquios subjacentes5, foi classificada em focal ou multifocal, unilateral ou bilateral e quanto à distribuição craniocaudal, como predominantemente envolvendo as regiões superiores ou inferiores dos pulmões (em relacão à carina) ou ambos (randômica). Foi ainda registrada a presença de opacidades em vidro fosco circundando um nódulo, formando o sinal do halo tomográfico e escavação em nódulos ou áreas de consolidação. Os dados clínicos e de imagem foram compilados em um banco de dados (Microsoft Office Word e Excel 2003®), separadamente para os casos de aspergilose e candidíase pulmonar (Anexos 2 a 5). Análise estatística dos dados de imagem foi realizada usando teste exato de Fisher. Foram considerados estatisticamente significantes valores de p < 0,01. 41 4. RESULTADOS 4.1. Dados Clínicos e Epidemiológicos Dos pacientes incluídos no estudo, 32 (59,3%) eram do sexo masculino e 22 (40,7%) do sexo feminino, com idades variando entre 10 e 68 anos (média = 40 anos). A distribuição quanto ao sexo e idade para os pacientes com aspergilose e candidíase pulmonar é demonstrada nos Gráficos 1 e 2. Gráfico 1. Sexo dos pacientes com aspergilose e candidíase pulmonar ASPERGILOSE CANDIDÍASE 34% 50% 50% 66% sexo masculino sexo feminino Gráfico 2. Idade dos pacientes com aspergilose e candidíase pulmonar 7 6 5 4 3 2 1 0 10 a 20 21 a 30 31 a 40 ASPERGILOSE 41 a 50 51 a 60 61 a 71 CANDIDÍASE 42 Todos os pacientes tinham alguma forma de imunossupressão, incluindo 25 receptores de TMO (por leucemia mielóide aguda [LMA] = 10; leucemia linfocítica aguda [LLA] = 4; leucemia mielóide crônica [LMC] = 2; leucemia linfocítica crônica [LLC] = 1, linfoma = 3; aplasia de medula = 2, mieloma múltiplo = 2; mielodisplasia = 1), 18 com leucemia (LMA = 11; LLA = 3; LMC = 2; LLC = 2), quatro com linfoma (não-Hodgkin = 3; doença de Hodgkin = 1), três receptores de transplante de órgãos sólidos (transplante pulmonar = 2; transplante renal = 1), dois pacientes recebendo drogas imunossupressoras e/ou corticoesteróides (asma grave = 1; granulomatose leptomeníngea = 1), um paciente com tumor de Wilms em quimioterapia e um paciente com anemia de Fanconi (Gráfico 3). Gráfico 3. Doença de base dos pacientes com aspergilose e candidíase pulmonar TMO 12 leucemia 12 linfoma 2 Tx 13 6 2 3 imunosspressores 2 anemia de Fanconi 1 tumor de Wilms 1 0 5 10 ASPERGILOSE 15 20 25 CANDIDÍASE Dos 54 pacientes, 32 (59,2%) tiveram diagnóstico de infecção pulmonar por Aspergillus e 22 (40,7%) de infecção por Candida. Diagnóstico foi obtido por cultura de escarro em 2 pacientes com candidíase, cultura de LBA em 18 pacientes, biópsia transbrônquica em 10, biópsia cirúrgica em 14 e através de achados de autópsia em 10 (Tabela 1). 43 Os exames de TCAR do tórax foram realizados tanto antes como depois do diagnóstico microbiológico, com intervalo entre a data da TCAR e a data do diagnóstico variando de 0 a 10 dias (média = 4dias) (Anexos 2 e 3). Tabela 1. Método diagnóstico na aspergilose e candidíase pulmonar MÉTODO DIAGNÓSTICO ASPERGILOSE CANDIDÍASE TOTAL CULTURA de ESCARRO - 2 2 CULTURA de LBA 11 7 18 BIÓPSIA TRANSBRÔNQUICA 7 3 10 BIÓPSIA CIRÚRGICA 8 6 14 AUTÓPSIA 6 4 10 4.2. Achados de Tomografia Computadorizada de Alta Resolução 4.2.1. Achados de TCAR na Aspergilose Pulmonar (Anexo 4) Todos os 32 pacientes com diagnóstico de aspergilose pulmonar apresentaram anormalidades ao estudo das TCAR. Nódulos foram identificados em 27 pacientes (84,3%), consolidação em 27 pacientes (84,3%) e opacidades em vidro fosco em 14 pacientes (43,7%) (Tabela 2, Gráfico 4). Nódulos apresentaram distribuição centrolobular em 26 dos 27 (96%) pacientes; apenas 1 paciente apresentou nódulos randômicos (4%) (Gráfico 5). Em 4 casos opacidades em árvore em brotamento estavam presentes, sempre associadas a nódulos centrolobulares (12,5%) (Figura 1). 44 Figura 1. Broncopneumonia por Aspergillus Reconstrução coronal de TCAR do tórax demonstra múltiplos nódulos pequenos centrolobulares (setas finas) e opacidades em árvore em brotamento (cabeças de seta) envolvendo ambos os pulmões. Consolidação peribrônquica é vista no lobo superior esquerdo (seta espessa). O paciente era um homem de 68 anos com linfoma não-Hodgkin e diagnóstico de infecção por Aspergillus foi obtido por cultura de LBA. 45 Quanto ao tamanho, nódulos menores que 10mm em diâmetro foram vistos em 24 dos 27 pacientes (88,8%). Nódulos iguais ou maiores que 10mm foram vistos em 11 pacientes (40,7%), estando associados a nódulos menores em 8 casos (Figura 2 e 3). Nos 3 pacientes em que todos os nódulos eram maiores que 10mm, pelo menos um apresentava o sinal do halo. Quanto ao número, em 23 dos 27 pacientes (85,2%) mais de 10 nódulos foram identificados. Na maioria dos pacientes, nódulos foram vistos em ambos os pulmões (24 de 27, 88,8%). Em 10 pacientes nódulos envolveram predominantemente os lobos superiores e em 1 paciente predominantemente os lobos inferiores (Gráficos 6 e 7). Figura 2. Broncopneumonia por Aspergillus TCAR do tórax em um paciente masculino de 10 anos, neutropênico febril após TMO por LMA demonstra inúmeros nódulos centrolobulares pequenos (setas finas) e opacidades em árvore em brotamento (cabeça de seta). Dois nódulos maiores que 10 mm são vistos no lobo superior direito (setas espessas). Outros cinco nódulos maiores que 10mm e opacidades em vidro-fosco como a demonstrada no segmento anterior do lobo superior direito foram vistos no restante do exame. Diagnóstico de aspergilose pulmonar foi obtido por autópsia realizada 10 dias após este exame. 46 Figura 3. Broncopneumonia por Aspergillus TCAR do tórax em dois níveis em um paciente masculino de 41 anos, neutropênico após TMO por LMA demonstra um padrão de broncopneumonia, com múltiplos nódulos centrolobulares (setas finas), opacidades em árvore em brotamento (seta curva) e consolidação peribrônquica (cabeça de seta). Alguns nódulos apresentam discreta escavação central (seta espessa). O diagnóstico de aspergilose pulmonar foi obtido por cultura de LBA. 47 Consolidação foi vista em 27 dos 32 pacientes com aspergilose (84,3%), sendo multifocal em 15 (55,5%) e com distribuição peribrônquica em 22 casos (81,5%), não-segmentar em 6 (22,2%) e subsegmentar em 2 (7,4%); em dois pacientes, tanto consolidação peribrônquica quanto subsegmentar foram identificadas e em um, consolidação peribrônquica e não-segmentar estavam presentes (Figuras 2 a 5, Gráfico 5). Figura 4. Broncopneumonia por Aspergillus TCAR do tórax em um paciente de 35 anos, receptor de TMO por aplasia de medula óssea, demonstra consolidação peribrônquica no lobo inferior direito e na língula. Opacidade em vidro fosco multifocal também foi obervada (seta). Os achados são compatíveis com broncopneumonia e o diagnóstico de infecção por Aspergillus foi obtido por cultura de LBA. 48 Figura 5. Consolidação subsegmentar na aspergilose pulmonar TCAR do tórax em um paciente masculino com LMC em quimioterapia demonstra consolidação focal subsegmentar e opacidade em vidro fosco no segmento posterior do lobo superior direito. Consolidação peribrônquica foi o único achado adicional no restante dos pulmões. O diagnóstico de aspergilose pulmonar foi confirmado por biópsia cirúrgica. Consolidação envolveu menos de 25% do parênquima pulmonar em 22 pacientes (81,5%), 25% a 50% em 3 pacientes (11,1%) e mais de 50% em 2 pacientes (7,4%), sendo bilateral em 16 casos (59,2%) (Gráfico 8). Em 17 dos 27 pacientes (63%), consolidação predominou nos lobos superiores e em 2 pacientes (7,4%) nos lobos inferiores. No restante dos 8 pacientes (29,6%) não houve predominância craniocaudal. Opacidade em vidro fosco foi vista em 14 dos 32 pacientes (43,7%), sendo bilateral em 13 deles e multifocal em todos os casos (Figuras 2 a 6, Gráfico 5). Doze dos 32 pacientes com aspergilose (37,5%) apresentaram o sinal do halo (Figuras 6 e 7). Escavação foi identificada em 5 pacientes (15,6%). Em 2 casos, escavação foi vista em tomografias de controle dias após o primeiro exame, sendo que um destes casos apresentou o sinal do crescente de ar (Figuras 7 a 9). 49 Figura 6. Aspergilose pulmonar TCAR do tórax em um paciente feminino de 27 anos com LMA mostra nódulo único no ápice pulmonar direito associado ao sinal do halo e opacidade em vidro fosco mutifocal (setas). Nódulos pequenos são vistos bilateralmente (setas finas) O diagnóstico de infecção por Aspergillus foi confirmado por biópsia cirúrgica. 50 Gráfico 4. Freqüência dos achados de TCAR na aspergilose e candidíase pulmonar 84,3% 95,4% nódulo 84,3% consolidação 50,0% 43,7% vidro fosco 63,6% 37,5% 31,8% sinal do halo escavação 15,6% 4,5% 0% 10% 20% 30% CANDIDÍASE 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% ASPERGILOSE Figura 7. Aspergilose angioinvasiva TCAR do tórax em um paciente masculino de 64 anos com LMA em quimioterapia (A) demonstra opacidade nodular com o sinal do halo e consolidação subsegmentar em cunha no lobo inferior direito. O diagnóstico de aspergilose angioinvasiva foi confirmado por biópsia cirúrgica. TCAR de controle realizada 12 dias após o primeiro exame (B), demonstra escavação da lesão nodular e opacidade linear no local da área de consolidação prévia. 51 Figura 8. Aspergilose pulmonar TCAR do tórax em um paciente masculino de 71 anos com LMC em quimioterapia demonstra múltiplos nódulos pequenos centrolobulares (cabeças de seta) em ambos os pulmões, opacidade em vidro fosco (seta fina) e consolidação não-segmentar com escavação central (seta espessa). O diagnóstico de aspergilose pulmonar foi obtido por cultura de LBA. Figura 9. Aspergilose angioinvasiva com sinal do crescente de ar TCAR do tórax em um homem de 22 anos com LLA (A) mostra extensa consolidação envolvendo a quase totalidade do lobo superior esquerdo e circundada por um halo de opacidade em vidro fosco. Exame de controle realizado dias após (B) demonstra escavação em formato de crescente, formando o sinal do crescente de ar. O diagnóstico de aspergilose angioinvasiva foi confirmado por autópsia. 52 4.2.2. Achados de TCAR na Candidíase Pulmonar (Anexo 5) Todos os 22 pacientes com diagnóstico de candidíase pulmonar apresentaram anormalidades ao estudo das TCAR. Nódulos foram vistos em 21 pacientes (95,4%), consolidação em 11 pacientes (50%) e opacidades em vidro fosco em 14 pacientes (63,6%) (Tabela 2, Gráfico 4). Em 11 dos 21 (52,3%) pacientes, nódulos apresentaram localização centrolobular e em 10 (47,6%), distribuição randômica (Figura 10). Apenas um paciente (4,7%) apresentou opacidades em árvore em brotamento, curiosamente associadas a nódulos randômicos (Figura 11). Nódulos menores que 10mm em diâmetro foram vistos em 19 dos 21 pacientes (90,4%). Destes, 11 apresentaram exclusivamente nódulos pequenos, enquanto em 8 pacientes, nódulos maiores que 10mm também estavam presentes. Nos outros 2 casos todos os nódulos (quatro em cada) eram maiores que 10mm (Figuras 12 e 13). Em 1 paciente, um nódulo de 8mm foi a única anormalidade identificada. Quanto ao número, menos de 10 nódulos foram vistos em 52,3% (11 de 21) dos casos. Distribuição bilateral foi vista em 17 dos 22 pacientes (77,2%), geralmente sem predominância craniocaudal. Em apenas 3 casos nódulos envolveram predominantemente os lobos inferiores e em um, os lobos superiores (Tabela 2; Gráficos 5 a 7). Dos 11 casos de candidíase com consolidação, em 10 (90,9%) esta foi multifocal, com distribuição peribrônquica em 9 (81,8%) (Figura 14). Os outros dois pacientes apresentaram consolidação não-segmentar, em um caso como o único achado e no outro, associada a nódulos randômicos (Figura 15). A porcentagem de envolvimento do parênquima pulmonar foi de menos de 25% em 6 (54,5%), de 25 a 50% em 4 (36,4%) e mais de 50% em 1 (9,1%) paciente. Consolidação bilateral foi vista em 8 (72,7%) casos, sem predominância craniocaudal na maioria (7/11, 63,6%) (Tabela 2, Gráfico 8). Opacidade em vidro fosco foi encontrada em 14 dos 22 pacientes (63,6%), sendo multifocal em 12 e bilateral em 7 e sempre associada a outros achados. O sinal do halo foi identificado em 7 dos 22 (31,8%) 53 pacientes com candidíase. Escavação foi vista em apenas 1 paciente, associada à consolidação peribrônquica (Tabela 2, Gráfico 5, Figuras 15 a 18). Figura 10. Candidíase pulmonar com nódulos randômicos TCAR do tórax em um paciente de 28 anos com LMA em quimioterapia demonstra inúmeros pequenos nódulos com distribuição randômica (setas), em um padrão sugestivo de candidíase por disseminação hematogênica. O diagnóstico de candidíase pulmonar foi confirmado por biópsia cirúrgica. Figura 11. Candidíase pulmonar com opacidades em árvore em brotamento TCAR do tórax em um paciente masculino de 52 anos, receptor de TMO por LMA demonstra inúmeros nódulos randômicos no lobo inferior direito (cabeças de seta) e opacidades em árvore em brotamento no lobo inferior esquerdo (setas). O diagnóstico de candidíase pulmonar foi obtido por biópsia cirúrgica. 54 Figura 12. Candidíase pulmonar com nódulos randômicos e sinal do halo TCAR do tórax em dois diferentes níveis em um paciente masculino de 34 anos com LMA em quimioterapia demonstra inúmeros nódulos randômicos menores que 10mm (setas). Em alguns deles, um tênue halo de vidro fosco pode ser observado, formando o sinal do halo (cabeças de seta). O diagnóstico de candidíase pulmonar foi confirmado por biópsia transbrônquica. 55 Figura 13. Candidíase pulmonar com nódulos grandes TCAR do tórax em dois diferentes níveis em um paciente feminino de 64 anos com LMC em quimioterapia mostra duas opacidades nodulares maiores que 10mm nos lobos superior esquerdo e inferior direito (setas). Os únicos achados de imagem neste caso foram quatro opacidades nodulares maiores que 10mm. O diagnóstico de candidíase pulmonar foi obtido por cultura de LBA e hemocultura. 56 Figura 14. Candidíase pulmonar com consolidação peribrônquica TCAR do tórax em um paciente masculino de 26 anos com doença de Hodgkin em quimioterapia mostra consolidação peribrônquica, em um padrão sugestivo de broncopneumonia. Diagnóstico de infecção por Candida sp foi confirmado por cultura de LBA e hemocultura. Figura 15. Candidíase pulmonar com o sinal do halo e vidro fosco multifocal TCAR do tórax em um paciente de 28 anos receptor de TMO por LMA mostra opacidade em vidro fosco multifocal (cabeças de seta) e um nódulo de 5,5cm no segmento superior do lobo inferior direito com o sinal do halo (seta curva). Consolidação é vista na periferia do lobo superior direito (seta). O diagnóstico de candidíase pulmonar foi obtido por biópsia cirúrgica. 57 Figura 16. Candidíase pulmonar com nódulos centrolobulares e vidro fosco TCAR do tórax em um paciente masculino de 28 anos receptor de TMO por LMA demonstra inúmeros nódulos centrolobulares em ambos os pulmões (cabeças de seta) e opacidade em vidro fosco multifocal e bilateral (setas). O diagnóstico de candidíase pulmonar foi obtido por biópsia cirúrgica. Figura 17. Candidíase pulmonar com o sinal do halo TCAR do tórax em dois diferentes níveis em um paciente feminino de 34 anos, receptor de TMO por LMC, demonstra múltiplos nódulos com o sinal do halo (setas). Opacidade em vidro fosco é vista no segmento apical do lobo superior direito (cabeça de seta). O diagnóstico de candidíase pulmonar foi obtido em autópsia realizada dois dias após este exame. 58 Figura 18. Candidíase pulmonar com escavação TCAR do tórax em um paciente masculino de 23 anos, receptor de TMO por LMA, demonstra consolidação peribrônquica multifocal à direita (setas finas), a maior delas com escavação central (asterisco). Pequenos nódulos centrolobulares são identificados no segmento superior do lobo inferior direito (seta espessa). O diagnóstico de broncopneumonia por Candida albicans foi obtido por biópsia transbrônquica. 4.3. Comparação dos Achados de TCAR na Aspergilose e Candidíase Pulmonar Nódulo foi o achado tomográfico mais comum, ocorrendo com freqüência semelhante na aspergilose e na candidíase pulmonar (84,3% e 95,4% respectivamente, p > 0,3). No entanto, nódulos centrolobulares foram significantemente mais comuns em pacientes com aspergilose (p < 0,001) enquanto nódulos com distribuição randômica ocorreram com maior freqüência em pacientes com candidíase (p < 0,001) (Tabela 2, Gráfico 5, Figuras 19 e 20). Nas duas formas de infecção nódulos foram, em sua maioria, menores que 10mm em diâmetro, sem diferença estatística entre os dois grupos: 88,8% e 90,4%, respectivamente (p = 1,0). A porcentagem de pacientes com nódulos exclusivamente menores que 10mm, exclusivamente 59 maiores que 10mm ou com associação de ambos os tamanhos é demonstrada no Gráfico 6. O número de nódulos foi significantemente maior na aspergilose pulmonar, com mais de 10 nódulos identificados em 85,2% dos casos em contraste com 47,6% dos casos de candidíase (p = 0,01) (Tabela 2, Gráfico 7). Apesar de mais comum em pacientes com aspergilose (14,8%) do que em pacientes com candidíase (4,7%), presença de opacidades em árvore em brotamento não diferiu estatisticamente nos dois grupos (p = 0,3) (Tabela 2, Figura 21). Gráfico 5. Distribuição dos achados de TCAR na aspergilose e NÓDULOS peribrônquica VIDRO FOSCO centrolobular CONSOLIDAÇÃO candidíase pulmonar randômico 96% 52,3% 4% 47,6% 81,5% 81,8% 22,2% 18,2% nãosegmentar subsegmentar 7,4% 0% 0% 14,3% focal 100% 85,7% multifocal 0% 20% CANDIDÍASE 40% 60% 80% ASPERGILOSE 100% 60 Tabela 2. Comparação entre os achados de TCAR na aspergilose e candidíase pulmonar NÓDULOS Centrolobular AB Randômico < 10mm > 10mm Menos de 5 5 a 10 Mais de 10 CONSOLIDAÇÃO Peribrônquica Não-segmentar Subsegmentar Extensão <25% 25-50% >50% VIDRO FOSCO Focal Multifocal SINAL DO HALO ESCAVAÇÃO ASPERGILOSE (n = 32) 27 (84,3%) 26 04 01 24 11 02 02 23 27 (84,3%) 22 06 02 22 03 02 14 (43,7%) 14 12 (37,5%) 05 (15,6%) ABREVIATURA: AB árvore em brotamento; p * = valor estatisticamente significante CANDIDÍASE (n = 22) 21 (95,4%) 11 01 10 19 10 04 07 10 11 (50%) 09 02 06 04 01 14 (63,6%) 02 12 07 (31,8%) 01 (4,5%) p 0,3 0,0004* 0,3 0,0004* 1,0 0,7 0,3 0,03* 0,01* 0,01* 1,0 1,0 1,0 0,1 0,1 1,0 0,1 0,4 0,4 0,7 0,3 61 Figura 19. Aspergilose pulmonar com nódulos centrolobulares TCAR do tórax em um paciente masculino de 48 anos pós-transplante pulmonar direito por deficiência de alfa-1 antitripsina. Inúmeros nódulos centrolobulares (setas) e opacidades em árvore em brotamento (cabeças de seta) são vistos no pulmão transplantado em um padrão característico de bronquiolite infecciosa. O pulmão esquerdo nativo demonstra achados de enfisema panlobular grave. O diagnóstico de aspergilose pulmonar foi obtido por repetidas culturas de LBA. Figura 20. Candidíase pulmonar com nódulos randômicos TCAR do tórax em um paciente masculino de 42 anos, receptor de TMO por LLA mostra múltiplos nódulos bem definidos com distribuição randômica (setas). Estes achados são compatíveis com doença de origem hematogênica e o diagnóstico de candidíase pulmonar foi confirmado em autópsia realizada 4 dias após este exame. 62 Figura 21. Broncopneumonia por Aspergillus TCAR do tórax em um paciente de 68 anos com linfoma não-Hodgkin demonstra consolidação peribrônquica multifocal (setas sinuosas), nódulos centrolobulares (setas retas) e opacidades em árvore em brotamento (cabeças de seta). O diagnóstico de broncopneumonia por Aspergillus foi confirmado por cultura de LBA. Gráfico 6. Tamanho dos nódulos na aspergilose e candidíase pulmonar 70% 60% 59,2% 52,3% 50% 38,2% 40% 30% 29,6% 20% 11,2% 9,5% ASPERGILOSE CANDIDÍASE 10% 0% < 10mm > 10mm ambos 63 Gráfico 7. Número de nódulos na aspergilose e candidíase pulmonar CANDIDÍASE ASPERGILOSE 7,4% 7,4% 19,1% 47,6% 33,3% 85,2% menos 5 5 a 10 mais de 10 Consolidação foi estatisticamente mais comum em pacientes com aspergilose pulmonar (84,3%) do que em pacientes com candidíase (50%, p = 0,01) (Tabela 2, Gráfico 5). Nas duas formas de infecção, no entanto, a distribuição da consolidação foi semelhante, com consolidação peribrônquica sendo vista na maioria dos pacientes (81,5% na aspergilose e 81,8% na candidíase, p = 1,0). Nenhum dos pacientes com candidíase apresentou consolidação subsegmentar (Figuras 22 e 23). A porcentagem de envolvimento do parênquima pulmonar por consolidação não diferiu nos dois grupos, envolvendo na maioria dos casos menos de 25% dos pulmões (Tabela 2, Gráfico 8). Gráfico 8. Porcentagem de envolvimento do parênquima por consolidação na aspergilose e candidíase pulmonar ASPERGILOSE 11,1% CANDIDÍASE 7,4% 9,1% 36,4% 81,5% <25% 25-50% >50% 54,5% 64 Figura 22. Consolidação peribrônquica em infecção por Aspergillus e Candida Exames de TCAR to tórax em um paciente masculino de 42 anos, receptor de TMO por mieloma múltiplo (A) e em um paciente masculino de 32 anos em quimioterapia para LMA (B), demonstram consolidação peribrônquica (setas) em um padrão de broncopneumonia. Diagnóstico de infecção por Aspergillus foi obtido no primeiro caso por cultura de LBA, enquanto no segundo caso, broncopneumonia por Candida foi diagnosticada em espécime obtido por biópsia transbrônquica. Figura 23. Consolidação não-segmentar em infecção por Aspergillus e Candida TCAR do tórax em um paciente masculino de 34 anos com LLA (A) e em um paciente masculino de 42 anos receptor de TMO por LLA (B) mostram consolidação não-segmentar circundada por opacidade em vidro fosco. Cultura de LBA diagnosticou aspergilose e candidíase pulmonar, respectivamente. 65 O sinal do halo foi observado com freqüência semelhante na aspergilose e na candidíase (37,5% e 31,8%, respectivamente; p = 0,7) (Figura 24). Da mesma forma, presença de lesão escavada, opacidade em vidro fosco, e a distribuição das anormalidades dentro do parênquima pulmonar não diferiram estatisticamente nos dois grupos de doença (Tabela 2). Figura 24. Sinal do halo em infecção por Aspergillus e Candida TCAR do tórax em um paciente masculino de 60 anos receptor de TMO por mieloma multíplo (A), e em um paciente masculino de 25 anos em quimioterapia por LMA (B), demonstram nódulo único com halo de vidro fosco, resultando no sinal do halo tomográfico. Estes casos foram diagnosticados como infecção por Aspergillus e Candida, respectivamente. 66 5. DISCUSSÃO 5.1. Aspectos Gerais Infecção fúngica pulmonar é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em pacientes imunocomprometidos40. Espécies de Aspergillus e Candida são atualmente os agentes mais comuns. Entre 1980 e 1990, espécies de Candida eram responsáveis por cerca de 86% dos casos48. A partir da década de 90, com o uso rotineiro de profilaxia em pacientes de alto risco, o número de casos de candidíase diminuiu. Concomitantemente, houve um aumento nos casos de aspergilose e atualmente espécies de Aspergillus são responsáveis por cerca de 60% das infecções fúngicas pulmonares nesta população18,104. Pacientes com leucemia aguda e receptores de transplante de medula óssea são os grupos de maior risco para aspergilose pulmonar invasiva. Outras formas de imunossupressão, incluindo o uso prolongado de corticoesteróides e transplante de órgãos sólidos também são importantes fatores de risco1,18,24,104,108. Candidíase pulmonar ocorre tipicamente em imunocomprometidos criticamente doentes, principalmente naqueles com leucemia ou linfoma, com catéteres intravasculares, em pacientes recebendo antibacterianos de amplo espectro e em diabéticos48. As causas de imunossupressão nos pacientes estudados vão de encontro com os dados da literatura referentes aos principais grupos de risco para infecção fúngica pulmonar invasiva. Dos pacientes incluídos, 25 (46%) eram receptores de TMO e 18 (33%) tinham algum tipo de neoplasia hematológica, mais comumente leucemia aguda (n = 13). Dois casos de aspergilose e dois casos de candidíase ocorreram em pacientes com linfoma. Três pacientes com aspergilose eram receptores de órgãos sólidos e um estava recebendo altas doses de corticoesteróides para asma grave. Aspergillus pode causar diferentes formas de doença pulmonar, variando em gravidade de acordo com a resposta imune do hospedeiro47. Pacientes imunocomprometidos são susceptíveis à aspergilose invasiva, que se manifesta em estudos de imagem com achados distintos, dependendo da 67 forma de invasão vista à histologia. Na aspergilose invasiva de vias aéreas, fungos são identificados além da membrana basal das vias aéreas, imediatamente adjacente ao parênquima pulmonar. Estes achados correspondem a bronquiolite necrotizante e broncopneumonia, e se manifestam nos estudos de TCAR como nódulos centrolobulares, opacidades em árvore em brotamento e consolidação peribrônquica33,34,73. Na aspergilose angioinvasiva, fungos invadem pequenas artérias causando trombose, necrose hemorrágica e infarto pulmonar, vistos nos estudos de TCAR como nódulos únicos ou múltiplos, tipicamente circundados por um halo de atenuação em vidro fosco (sinal do halo) e consolidação subpleural em cunha34,39,64,65. No presente estudo, 43,7% (14/32) dos pacientes com aspergilose apresentaram achados de TCAR característicos da forma invasiva de vias aéreas (broncopneumonia por Aspergillus) enquanto 25% (8/32) apresentaram achados de aspergilose angioinvasiva. O restante dos pacientes (31,3%, 10/32), apresentaram sobreposição de achados das duas formas de infecção. Aspergilose angioinvasiva, no entanto, tem sido descrita como a forma mais comum de infecção por Aspergillus em imunocomprometidos, sendo aspergilose de vias aéreas descrita como responsável por cerca de 15% dos casos73. A causa desta discrepância entre a literatura e o presente estudo, em que broncopneumonia por Aspergillus foi mais comum que a forma angioinvasiva da doença, está mais provavelmente relacionada a viés de seleção. Apesar de todos os pacientes com diagnóstico radiológico de infecção fúngica terem sido considerados para o estudo, apenas aqueles com diagnóstico microbiológico foram incluídos. Diagnóstico microbiológico por LBA é mais facilmente obtido em pacientes com aspergilose invasiva de vias aéreas do que na aspergilose angioinvasiva10. Além disso, na prática clínica, a maioria dos pacientes com diagnóstico tomográfico de aspergilose angioinvasiva são tratados empiricamente, sem confirmação microbiológica, dada a necessidade de instituição precoce da terapia. Apesar de candidíase disseminada ser comum em pacientes imunocomprometidos, infecção pulmonar é relativamente rara48. Duas formas de doença pulmonar por Candida têm sido descritas com base em sua 68 patogênese e achados de histologia. A forma mais comum resulta de disseminação hematogênica, sendo vista em estudos de imagem como nódulos miliares ou múltiplos nódulos maiores e bem circunscritos com distribuição randômica. Estes nódulos representam focos de pulmão infartado e colônias de organismos ao redor de pequenos vasos sangüíneos28. A segunda forma de candidíase pulmonar (pneumonia primária) é causada por aspiração de secreção orofaríngea contaminada e resulta em um padrão de broncopneumonia, histologicamente associada a necrose e hemorragia intraalveolar46. Estudos de imagem demonstram consolidação multifocal, tipicamente de localização peribrônquica32,62,126. No presente estudo, achados característicos de pneumonia primária, incluindo nódulos centrolobulares e consolidação peribrônquica, foram vistos em 50% (11/22) dos pacientes enquanto nódulos randômicos, sugerindo infecção hematogênica, foram identificados em 45,5% (10/22) dos pacientes. Em um paciente, consolidação não-segmentar focal foi o único achado. 5.2. Aspectos de Imagem Vários autores descreveram os achados de TCAR nas infecções fúngicas pulmonares em pacientes imunocomprometidos31,32,34,64,65,72,87. No entanto, não há estudos na literatura comparando os achados de TCAR na aspergilose e na candidíase pulmonar. Nódulos têm sido descritos como o achado mais característico de infecção fúngica pulmonar34,63. No estudo de Escuissato e cols.30, analisando os exames de TCAR em 111 receptores de TMO com infecção pulmonar, nódulo foi o único achado útil na diferenciação de doença fúngica, viral e bacteriana, sendo significantemente mais comum em infecção por fungos (incluindo aspergilose e candidíase). Em um segundo estudo de pacientes neutropênicos febris, nódulos foram observados em 20 dos 21 casos de infecção fúngica e em nenhum caso de bacteremia ou infecção viral87. Greene e cols.45, em uma série de 235 pacientes com aspergilose invasiva, encontraram pelo menos uma lesão nodular em 94% dos pacientes. Nos 17 casos de candidíase pulmonar analisados por Franquet e cols.32, nódulo foi o 69 achado mais freqüente, presente em 88% dos pacientes. Os resultados do presente estudo corroboram os da literatura, tendo sido nódulo o achado tomográfico mais comum, presente em 88% de todos os pacientes. Pelo menos uma lesão nodular foi encontrada em 84% dos casos de aspergilose e em 95% dos pacientes com candidíase. Apesar da freqüência de nódulos ter sido semelhante em pacientes com aspergilose e candidíase (p = 0,3), houve diferença significativa na distribuição dos nódulos. Nódulos centrolobulares foram mais comuns na aspergilose (p < 0,001) enquanto nódulos randômicos ocorreram com maior freqüência na candidíase pulmonar (p < 0,001). Dados na literatura referentes à distribuição de nódulos em infecções fúngicas pulmonares variam consideravelmente. Em uma série de 20 pacientes (15 com aspergilose e 5 com candidíase)107, nódulos apresentaram distribuição centrolobular em 92% (12/13) dos casos. No entanto, múltiplos nódulos pequenos centrolobulares foram observados em apenas 38% (8/21) dos pacientes da série de Escuissato e cols.30 e em 41% (7/17) dos casos de candidíase descritos por Franquet e cols.32. No presente estudo, diferença estatisticamente significante também foi observada em relação ao número de nódulos, com mais de 10 nódulos presentes em 86% dos casos de aspergilose e em 48% dos casos de candidíase (p = 0,01). Quanto ao tamanho, nódulos menores que 10mm predominaram em ambos os grupos de pacientes (p = 1,0). Entre os pacientes com aspergilose, 89% apresentaram nódulos menores que 10mm, sendo que em 59% todos os nódulos eram menores que 10mm. Entre os pacientes com candidíase, 90% apresentaram nódulos menores que 10mm, sendo em 52% dos casos exclusivamente menores que 10mm. Estes dados diferem dos de Escuissato e cols.30, em que 62% dos pacientes apresentaram nódulos grandes (maiores que 10mm), sendo este o único achado tomográfico útil na diferenciação de infecção fúngica de infecções bacteriana e viral. Dos 22 pacientes com infecção fúngica e nódulos descritos por Franquet e cols.35, 86% apresentaram nódulos maiores que 10mm. No entanto, pacientes com pequenas opacidades nodulares centrolobulares e opacidades em árvore em 70 brotamento foram excluídos deste estudo. Dos casos de candídíase estudados por Franquet e cols.32, 60% dos pacientes com nódulos apresentaram nódulos maiores que 10mm. Apesar de especulativo, dada a ausência de correlação histológica, a alta incidência de nódulos centrolobulares na presente série (77%, 96% na aspergilose e 52% na candidíase), na maioria dos casos menores que 10mm, poderia ser explicada pela predominância de casos de aspergilose invasiva de vias aéreas e de pneumonia primária por Candida. Múltiplos nódulos pequenos centrolobulares, muitas vezes com opacidades em árvore em brotamento, e consolidação peribrônquica são característicos destas formas de infecção31,32,34,72. Consolidação é outro achado freqüente nas infecções fúngicas pulmonares45,47,96,72. Aspergilose invasiva de vias aéreas, ou broncopneumonia por Aspergillus, se apresenta caracteristicamente como consolidação peribrônquica31,73. Na aspergilose angioinvasiva, consolidação segmentar ou lobar é mais comum, tipicamente com localização periférica representando infarto pulmonar. Em um estudo de 9 casos de aspergilose invasiva de vias aéreas comprovados por biópsia, 67% dos pacientes apresentaram consolidação, mais comumente bilateral e peribrônquica73. Em uma série de 5 pacientes neutropênicos com diagnóstico comprovado de aspergilose angioinvasiva, consolidação segmentar associada a opacidades em vidro fosco foi o achado mais comum, presente em 80% dos casos125. Em um outro estudo de 21 pacientes imunocomprometidos com infecção fúngica pulmonar (sendo 17 por Aspergillus, 3 por Candida e 1 por ambos), consolidação foi observada em 52% dos casos. Consolidação também está descrita como uma das manifestações da candidíase pulmonar, mais especificamente da pneumonia primária por Candida62,126. Na série de pacientes com candidíase de Franquet e cols.32, consolidação foi identificada em 65% dos pacientes, tendo distribuição lobular ou subsegmentar em 73% dos casos. No presente estudo, consolidação foi significantemente mais comum na aspergilose (84%) do que na candidíase pulmonar (50%) (p = 0,01). Nos dois grupos, consolidação foi predominantemente peribrônquica em mais de 80% dos pacientes. Este achado também pode refletir o maior 71 número de casos de formas broncopneumônicas de aspergilose e candidíase pulmonar na presente série. O sinal do halo, definido como um halo de atenuação em vidro fosco circundando a totalidade ou quase totalidade de um nódulo, tem sido considerado característico da aspergilose angioinvasiva e, no contexto clínico apropriado, suficiente para o diagnóstico presuntivo e instituição do tratamento45,64,65,72,79. A incidência do sinal do halo nestes pacientes tem sido descrita como próxima de 40%87,105,125. No estudo de Escuissato e cols.30, sinal do halo foi observado em 47% dos casos de infecção fúngica, sendo significantemente mais comum nestes pacientes do que em pacientes com infecção bacteriana e viral (p < 0,01). Em contrapartida, em um estudo das lesões nodulares de origem infecciosa nas TCAR em imunocomprometidos, o sinal do halo foi visto com freqüência semelhante não permitindo diferenciação entre pneumonia fúngica, viral ou bacteriana (p = 1,2)35. No presente estudo, sinal do halo foi visto em 35% de todos os pacientes, não diferindo significantemente entre pacientes com aspergilose (37%) e candidíase (32%) (p = 0,7). Sinal do halo tem sido descrito em outras infecções fúngicas, como naquelas causadas por mucormicose e actinomicose. Além disso, infecções bacterianas e virais e uma série de doenças não-infecciosas podem apresentar o sinal do halo37,60,66,105 . Escavação também tem sido descrita como característica da aspergilose angioinvasiva, ocorrendo no entanto em fases mais tardias da doença, como resultado de trombose vascular e infarto do parênquima. Em alguns casos, após o início da terapia antifúngica, fragmentos de pulmão infartado podem se separar do parênquima pulmonar adjacente (seqüestro pulmonar) resultando em escavação, tipicamente com um crescente de ar (o sinal do crescente de ar)34,39,50. Dois pacientes desta série apresentaram escavação em tomografias de controle dias após o exame inicial, em um deles com o típico sinal do crescente de ar. Lesão escavada foi vista no exame de TCAR inicial em 5 (16%) pacientes com aspergilose. Em um destes casos, múltiplos pequenos nódulos com escavação central foram vistos em associação a nódulos centrolobulares, opacidades em árvore em brotamento e consolidação peribrônquica multifocal, em um padrão de 72 broncopneumonia por Aspergillus. No único caso de lesão escavada entre os pacientes com broncopneumonia candidíase, por os achados de TCAR Candida, incluindo nódulos foram os centrolobulares de e consolidação multifocal, com escavação presente em uma área de consolidação peribrônquica. Escavação não tem sido descrita na literatura radiológica como achado da aspergilose invasiva de vias aéreas ou da candidíase pulmonar62,73,126. No entanto, considerando as alterações anatomopatológicas com invasão tecidual e necrose, estas formas de infecção podem certamente estar associadas a escavação. Opacidade em vidro fosco é um padrão comum de anormalidade do parênquima pulmonar visto em exames de TCAR. No entanto, é um achado de baixa especificidade, sendo encontrado em diversas doenças e refletindo diferentes alterações histológicas. Nas infecções fúngicas, vidro fosco tem sido descrito em associação a necrose coagulativa e hemorragia, infiltrado inflamatório não-especifíco, necrose alveolar e dano alveolar difuso32,34,53. A incidência de vidro fosco em infecções fúngicas encontrada na literatura varia de 9 a 35%, ocorrendo sempre em associação a outros achados32,73,107. Dos pacientes analisados no presente estudo, 52% apresentaram opacidades em vidro fosco, quase sempre multifocal e nunca como achado isolado. A freqüência de vidro fosco não diferiu significativamente entre as duas formas de infecção (p = 0,1). CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo do presente estudo foi comparar os achados de TCAR do tórax em pacientes imunocomprometidos com aspergilose e candidíase pulmonar. Nenhum estudo anterior tinha comparado os achados de imagem destas duas doenças. O diagnóstico microbiológico de infecção por Aspergillus ou Candida e os exames de TCAR do tórax foram realizados seguindo critérios bem estabelecidos na literatura médica. 73 Os resultados deste estudo demonstram manifestações de imagem semelhantes na aspergilose e na candidíase pulmonar. Nódulos foram o achado mais comum, ocorrendo com freqüência semelhante em ambas as doenças. No entanto, nódulos randômicos foram significantemente mais comuns na candidíase (p < 0,001). Na aspergilose pulmonar, nódulos foram mais comumente centrolobulares (p < 0,001) e em número maior que 10 (p = 0,01). Consolidação foi também significantemente mais freqüente em pacientes com aspergilose (p = 0,01). A alta incidência de nódulos centrolobulares e consolidação nestes pacientes pode estar relacionada ao maior número de casos de aspergilose invasiva de vias aéreas do que de casos de aspergilose angioinvasiva na presente série. Não foi encontrada diferença significativa entre os demais achados, incluindo o sinal do halo e presença de escavação, que auxilie no diagnóstico diferencial de aspergilose e candidíase pulmonar. O presente estudo tem várias limitações. É um estudo retrospectivo e inclui pacientes em diferentes estágios de infecção, o que pode ter influenciado na freqüência de alguns achados, como o sinal do halo e escavação. O pequeno número de pacientes com espécimes de biópsia limita a correlação radiológico-patológica. Na ausência de análise histológica, classificação da aspergilose e candidíase em seus subtipos é mera especulação. No entanto, esta é a realidade neste contexto clínico onde biópsias são raramente realizadas dadas às condições clínicas desfavoráveis e à presença de trombocitopenia nos pacientes. 74 6. CONCLUSÕES Com base no estudo comparativo dos achados de tomografia computadorizada de imunocomprometidos alta com resolução do aspergilose tórax pulmonar de 32 pacientes e 22 pacientes imunocomprometidos com candidíase pulmonar, pode-se concluir que: 1. Aspergilose e candidíase pulmonar em pacientes imunocomprometidos apresentam achados semelhantes nos estudos de TCAR do tórax. 2. Nódulos, consolidação e opacidades em vidro fosco são achados de imagem comum às duas formas de infecção. 3. Nódulos centrolobulares e consolidação são estatisticamente mais comuns na aspergilose pulmonar. 4. Nódulos randômicos são estatisticamente mais comuns na candidíase pulmonar. 5. O sinal do halo e presença de escavação não são achados úteis no diagnóstico diferencial entre aspergilose e candidíase pulmonar. 75 7. 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Protocolo de interpretação dos exames de TCAR ASPERGILLUS ( ) CANDIDA ( PACIENTE N° ______________ ID _______ ) SEXO m ( ) f ( ) DOENÇA DE BASE _________________________________________ DATA Dx ____/____/____ ( )LBA ( ) Bx transbrônquica ( ) Bx cirúrgica ( ) autópsia DATA da TCAR ____/____/_______ INTERVALO DX/HRCT _______________ ACHADOS DE TCAR: NÓDULOS sim ( ) não ( ) DIMENSÃO ( ) < = 10mm NÚMERO ( ) >10mm ( ) menos 5 DISTRIBUIÇÃO ( ) unilateral ( ) 5 a 10 ( ) mais 10 ( ) bilateral ( ) simétrica ( ) assimétrica ( ) LLSS ( ) LLII ( ) randômica LOCALIZAÇÃO ( ) centrolobular ( ) randômica SINAL HALO sim ( ) não ( ) ESCAVAÇÃO sim ( ) não ( ) CONSOLIDAÇÃO sim ( ) não ( ) ( ) focal ( ) multifocal LOCALIZAÇÃO ( ) PBV ( ) não-segmentar DISTRIBUIÇÃO ( ) unilateral ( ) bilateral DISTRIBUIÇÃO ( ) LLSS ( ) LLII ( ) subsegmentar ( ) simétrica ( ) assimétrica ( ) randômica EXTENSÃO ( )<25% ( ) 25 to 50% ( ) >50% VIDRO FOSCO sim ( ) não ( ) ( ) focal ( ) multifocal DISTRIBUIÇÃO ( ) unilateral ( ) bilateral ( ) simétrica ( ) assimétrica DISTRIBUIÇÃO ( ) LLSS ( ) LLII ( ) randômica 89 Anexo 2. Dados epidemiológicos, doença de base e diagnóstico dos pacientes com aspergilose pulmonar 1 2 3 IDADE SEXO 54 M 27 F 51 F DOENÇA DE BASE 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 26 M 24 F 64 F 68 M 34 M 39 F 49 F 41 M 37 M 53 M 52 M 64 M 60 M 14 F 23 M 36 M 48M LMA (QT) LMA (QT) Granulomatose leptomeníngea (corticóide/ciclosporina/metotrexate) Tx pulmonar - FC (D+ 42) LLA (QT) LLC (QT) LINFOMA NH LLA (QT) LINFOMA NH LMA (QT) LMA pós-TMO (D+ 20) LMC (QT) LLC (QT) LMA (QT) LMA (QT) Tx renal (6 meses) Aplasia MO pós-TMO (D+ 60) LMA (QT) Mielodisplasia pós-TMO (D+ 100) Tx pulmonar-defic. α1-antitripsina (D+64) 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 47 F 37 F 64 M 55 M 37 F 35 M 19 F 60 M 71 M 42 M 10 M 22 M LMA pós-TMO(D+ 100), DECH LMA pós-TMO (D+ 34) ASMA GRAVE - corticóide LMA (QT) LLC pós-TMO (D+160), DECH Aplasia MO pós-TMO, DECH Anemia de Fanconi MM pós-TMO (autólogo) LMC pós-TMO MM pós-TMO LMA pós-TMO LLA pós-TMO INTERVALO TC/DIAGN 5 dias 10 dias 1 dia DIAGNÓSTICO Autópsia Bx cirúrgica Cultura LBA 1 dia 3 dias 0 dias 3 dias 2 dias 10 dias 4 dias 4 dias 6 dias 4 dias 8 dias 10 dias 3 dias 0 dias 7 dias 1 dia 0 dias Bx cirúrgica Bx cirúrgica Bx TB Cultura LBA Cultura LBA Cultura LBA Bx TB Cultura LBA Bx cirúrgica Bx TB Bx cirúrgica Bx cirúrgica Bx cirúrgica Bx TB Bx TB Bx TB Cultura LBA 3 dias 2 dias 7 dias 10 dias 3 dias 4 dias 10 dias 10 dias 10 dias 4 dias 10 dias 10 dias Autópsia Bx cirúrgica Autópsia Bx TB LBA+autópsia Cultura LBA Cultura LBA Autópsia Cultura LBA Cultura LBA Autópsia Autópsia ABREVIATURAS: LMA - leucemia mielóide aguda; QT - quimioterapia; Tx - transplante; FC - fibrose cística; LLA - leucemia linfocítica aguda; LLC - leucemia linfocítica crônica; NH - não-Hodgkin; TMO transplante de medula óssea; LMC - leucemia mielóide crônica; MO - medula óssea; DECH - doença do enxerto-contra-hospedeiro; MM - mieloma múltiplo; TC - tomografia computadorizada; Bx - biópsia; LBA - lavado broncoalveolar; Bx TB - biópsia transbrônquica. 90 Anexo 3. Dados epidemiológicos, doença de base e diagnóstico dos pacientes com candidíase pulmonar 1 2 3 IDADE SEXO 38 F 26 M 48 F 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 64 F 28 M 34 F 42 F 25 M 27 F 32 M 34 M 32 M 28 M 42 M 28 M 23 M 52 M 20 F 47 F 52 F 48 F 24 F DOENÇA DE BASE LINFOMA NH (QT) LINFOMA Hodgkin (QT) LINFOMA NH pós-TMO (6meses), DECH LMC (QT) LMA (QT) LMC pós-TMO (D+ 135), DECH LLA LMA (QT) TUMOR WILMS (QT) LMA LMA (QT) LMA pós-TMO (D+ 180), DECH LMA pós-TMO LLA pós-TMO LMA pós-TMO LMA pós-TMO LMA pós-TMO Hodgkin pós-TMO LMA pós-TMO LMA pós-TMO LLA pós-TMO Hodgkin pós-TMO INTERVALO TC/DIAGN 1 dia 1 dia 1 dia 1 dia 2 dias 4 dias 1 dia 3 dias 1 dia 2 dias 1 dia 2 dias 3 dias 5 dias 4 dias 1 dia 1 dia 4 dias 2 dias 2 dias 3 dias 1 dia DIAGNÓSTICO Cultura LBA + hemo Cultura LBA + hemo Cultura escarro + hemo Cult LBA + hemo Bx cirúrgica LBA+autópsia Cultura LBA + hemo Cult escarro + hemo Cultura LBA + hemo Bx TB Bx TB Cultura LBA + hemo Bx cirúrgica Autópsia Bx cirúrgica Bx TB Bx cirúrgica Autópsia Cultura LBA + hemo Bx cirúrgica Autópsia Bx cirúrgica ABREVIATURAS: NH - não-Hodgkin; TMO - transplante de medula óssea; DECH - doença do enxertocontra-hospedeiro; LMC - leucemia mielóide crônica; LMA - leucemia mielóide aguda; LLA - leucemia linfocítica aguda; Bx TB - biópsia transbrônquica; hemo - hemocultura; cult - cultura; LBA - lavado broncoalveolar; Bx - biópsia. 91 Anexo 4. Achados de TCAR nos pacientes com aspergilose pulmonar NÓDULOS = 27 <10mm >10mm - 5 24 11 2 CONSOLIDAÇÃO = 27 Focal multifo PBV 12 15 22 VIDRO FOSCO = 14 Focal multifo UNI 0 14 1 HALO = 12 ESCAVAÇÃO = 5 5-10 2 + 10 23 CL 26 AB 4 nSeg 6 sSeg 2 UNI 11 BIL 16 BIL 13 LLSS LLII 4 RAND 10 RAND 1 BIL 24 LLSS 17 LLII 2 UNI 3 LLSS LLII RAND 1 10 16 RAND 8 ABREVIATURAS: CL - centrolobular; AB - árvore em brotamento; RAND - randômico; BIL - bilateral; UNI - unilateral; LLSS - lobos superiores; LLII - lobos inferiores; PBV - peribroncovascular; nSeg - não segmentar; sSeg – subsegmentar; multifo – multifocal. 92 Anexo 5. Achados de TCAR nos pacientes com candidíase pulmonar NÓDULOS = 21 <10mm >10mm - 5 19 10 4 CONSOLIDAÇÃO = 11 focal multifo PBV 1 + 10 7 10 nSeg sSeg 9 2 VIDRO FOSCO = 14 focal multifo UNI BIL 2 10 5-10 12 5 7 CL 11 UNI - RAND BIL 1 BIL 3 LLSS LLII 1 AB 8 10 LLSS 2 17 LLII 2 UNI 4 LLSS LLII 3 1 RAND 7 RAND 3 10 HALO = 7 ESCAVAÇÃO = 1 ABREVIATURAS: CL - centrolobular; AB - árvore em brotamento; RAND - randômico; BIL - bilateral; UNI - unilateral; LLSS - lobos superiores; LLII - lobos inferiores; PBV - peribroncovascular; nSeg - não segmentar; sSeg - subsegmentar; multifo - multifocal. RAN 17 93 Anexo 6. Prova da publicação da dissertação no Journal of Thoracic Imaging CE: jeyasri ED: veena Op: vp RTI:200074 ORIGINAL STUDY 1 3 5 7 9 11 Pulmonary Invasive Aspergillosis and Candidiasis in Immunocompromised Patients—A Comparative Study of the High-resolution CT Findings Carolina Althoff Souza, MD,* Nestor L. Müller, MD, PhD,* Edson Marchiori, MD, PhD,w Dante L. Escuissato, MD, PhD,z and Tomás Franquet, MDy 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 Abstract: The purpose of this study was to compare the highresolution computed tomography (CT) findings of pulmonary invasive aspergillosis and candidiasis in immunocompromised patients. The study included 54 immunocompromised patients (32 men, 22 women; 10 to 68 y, median 40 y) with a diagnosis of Aspergillus (n = 32) or Candida (n = 22) pulmonary infection obtained by sputum culture, bronchoalveolar lavage culture, transbronchial biopsy, surgical biopsy, or autopsy. Highresolution CT images were assessed for the presence and distribution of nodules, consolidation and ground-glass opacities. A presence of the CT halo sign and cavitation was also recorded and the overall distribution of abnormalities was assessed. A comparison was made using the Fisher exact test. Nodules were the most common finding in 84% (27 of 32) of patients with aspergillosis and 95% (21 of 22) of patients with candidiasis (P>0.3, Fisher exact test). Centrilobular nodules were more common in patients with aspergillosis (26 of 27, 96%) than in those with candidiasis (11 of 21, 52%) (P<0.001) and random nodules more common in candidiasis (10 of 21, 48%) than in aspergillosis (1 of 27, 4%) (P<0.001). Presence of the CT halo sign, cavitation, and ground-glass opacities was similar in both groups. In summary, pulmonary aspergillosis and candidiasis in immunocompromised patients manifest with similar high-resolution CT findings. Centrilobular nodules and consolidation are more common in aspergillosis. The presence of halo sign or cavitation is not helpful in the differential diagnosis. Key Words: pulmonary aspergillosis, pulmonary candidiasis, fungal pneumonia, high-resolution computed tomography, lung diseases (J Thorac Imaging 2006;00:000–000) 47 49 51 53 55 57 59 From the *Department of Radiology, Vancouver General Hospital, University of British Columbia, Vancouver, Canada; wDepartment of Radiology, University Hospital of the Federal University of Rio de Janeiro; zDepartment of Radiology, University Hospital of the Federal University of Paraná, Brazil; and yDepartment of Radiology, Hospital de Sant Pau, Universitat Autónoma de Barcelona, Spain. Reprints: Dr Carolina Althoff Souza, MD, Department of Radiology, Vancouver General Hospital, 899 W. 12th Avenue, Vancouver, Canada V5Z 1M9 (e-mail: [email protected]) Copyright r 2006 by Lippincott Williams & Wilkins J Thorac Imaging Volume 00, Number 00, ’’ 2006 F ungal pneumonias are an important cause of morbidity and mortality in immunocompromised patients. Most of them are due to Aspergillus and Candida species. Several studies have shown that high-resolution computed tomography (HRCT) is helpful in the evaluation of immunocompromised patients with suspected pneumonia.1–3 The HRCT manifestations of invasive pulmonary aspergillosis have been described in several studies.3–7 The manifestations of pulmonary candidiasis on HRCT have been recently described by Franquet et al.8 Histologically, pulmonary candidiasis tends to involve small blood vessels and to have a random distribution and seldom results in invasion and occlusion of large vessels, a finding commonly seen in invasive aspergillosis.9 We therefore postulated that they may have distinct patterns of abnormalities on HRCT. The purpose of our study was to compare the HRCT findings of pulmonary aspergillosis and candidiasis in immunocompromised patients. 61 63 65 67 69 71 73 75 77 79 81 METHODS The study included 54 patients with proved Aspergillus or Candida pulmonary infection seen at the Vancouver General Hospital, University of British Columbia, Vancouver, Canada and at the Hospital de Sant Pau, Universitat Autónoma de Barcelona, Barcelona, Spain, between January 1995 and July 2002. Ethical approval was obtained from the local Institutional Review Boards at the 2 institutions. There were 32 cases of pulmonary aspergillosis and 22 cases of pulmonary candidiasis, affecting patients between 10 and 68 years of age (median = 40 y), including 32 men and 22 women. All 54 patients had some form of immunosuppression, including acute myeloid leukemia (n = 21), acute lymphoblastic leukemia (n = 7), chronic myeloid leukemia (n = 4), chronic lymphocytic leukemia (n = 3), non-Hodgkin lymphoma (n = 4), Hodgkin disease (n = 3), multiple myeloma post hematopoietic stem cell transplantation (n = 2), myelodysplasia post hematopoietic stem cell transplantation (n = 1), bone marrow aplasia (n = 2), Fanconi anemia (n = 1), chemotherapy for Wilm tumor (n = 1), chemotherapy for leptomeningeal granulomatosis (n = 1), long-term high-dose steroids 1 83 85 87 89 91 93 95 97 99 101 103 Althoff Souza et al 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 for severe asthma (n = 1), and post lung (n = 2) and renal (n = 1) transplantation. Diagnosis was obtained by sputum culture in 2 patients with pulmonary candidiasis, bronchoalveolar lavage culture in 18 (11 with aspergillosis and 7 with candidiasis), transbronchial biopsy in 10 (7 with aspergillosis and 3 with candidiasis), surgical biopsy in 14 (8 with aspergillosis and 6 with candidiasis), and on autopsy in 10 (6 with aspergillosis and 4 with candidiasis). The interval between diagnosis and the HRCT examination ranged from 0 to 10 days (median 4 d). Patients with clinical or laboratorial evidence of concomitant bacterial or viral infection or noninfectious pulmonary complications were excluded. These data were obtained by retrospective review of medical records. The HRCT examinations were performed with different scanners (Somaton Plus 4 CT scanner, Siemens, Erlangen, Germany; Toshiba 900 CT scanner or Toshiba Asteion CT scanner, Toshiba Medical Systems, Tokyo, Japan; or GE Lightspeed scanner, General Electric Medical Systems, WI) using similar protocols. The HRCT scans were obtained in supine position at end inspiration throughout the lungs, and reconstructed with high spatial frequency algorithm. In 52 patients, the examination was performed with 1.0 to 2.0 mm collimation at 10 mm intervals and in 2 patients the acquisition was volumetric with 1 mm reconstruction. Images were available in hard copy or PACS (picture archiving and communication system) with a window width of 1500 HU and level of 700 HU. The HRCT images were assessed for the presence of nodules, consolidation, and ground-glass opacities.10 Nodules were classified as centrilobular or random in distribution; centrilobular branching linear opacities were recorded separately as tree-in-bud opacities. According to their size, nodules were classified as smaller than 10 mm, as equal to or larger than 10 mm and according to their number, as less than 5, from 5 to 10, and more than 10. Airspace consolidation, defined as opacity obscuring the underlying vessels, was classified as being mainly peribronchovascular (consolidation surrounding pulmonary vessels and bronchi), subsegmental (involving less than 1 pulmonary segment), and nonsegmental (involving 2 or more adjacent segments or the entire pulmonary lobe).10 The extent of consolidation was classified as involving less than 25%, from 25% to 50%, or more than 50% of the lung parenchyma. Presence of nodules surrounded by a halo of ground-glass attenuation (CT halo sign) and presence of cavitation were recorded separately. Groundglass opacities, defined as areas of hazy increased attenuation without obscuration of underlying vessels,10 were classified as focal or patchy. The overall distribution of abnormalities was classified as involving predominantly the lower or upper lung zones (divided at the level of the tracheal carina) or as random in distribution when involving equally both lung zones. Two observers analyzed each one of the examinations, blinded to the final diagnosis, and reached a decision regarding the findings by consensus. 2 J Thorac Imaging Volume 00, Number 00, ’’ 2006 A comparison between the HRCT findings in patients with pulmonary Aspergillus and Candida infection was made using the Fisher exact test. 61 63 RESULTS 65 The HRCT scans demonstrated parenchymal abnormalities in all 54 patients (Table 1). Nodules were identified in 84% (27 of 32) of patients with aspergillosis and in 95% (21 of 22) of patients with candidiasis (P>0.3, Fisher exact test). Centrilobular nodules were significantly more common in patients with aspergillosis (26 of 27, 96%) than in those with candidiasis (11 of 21, 52%) (P< 0.001). Random nodules were significantly more common in candidiasis (10 of 21, 48%) than in aspergillosis (1 of 27, 4%) (P< 0.001) (Fig. 1). No significant difference was observed in the frequency of tree-in-bud opacities in the 2 diseases (Fig. 2). Nodules larger than 10 mm in diameter were found in 13 of 27 patients (48%) with aspergillosis and were associated with small nodules (<10 mm) in 10 cases. In the 3 patients in whom all nodules were larger than 10 mm, at least one nodule had the CT halo sign. Of the 22 patients with candidiasis and nodules, 19 had nodules smaller than 10 mm; 8 of these 19 patients also had nodules larger than 10 mm. In 2 patients, all nodules were larger than 10 mm. In 1 patient, the only abnormality was a single 8-mm well-defined nodule. Twenty-three of 27 (86%) patients with aspergillosis and 10 of 21 (48%) patients with candidiasis (P = 0.01) had more than 10 nodules (Table 1). Consolidation was more common in aspergillosis (27 of 32, 84%) than in candidiasis (11 of 22, 50%) 67 69 71 73 75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 TABLE 1. Comparison of the HRCT Findings in Pulmonary Aspergillosis and Candidiasis Features Nodules Centrilobular Tree-in-bud Random < 10 mm >10 mm Less than 5 5 to 10 More than 10 Consolidation Peribroncovascular Nonsegmental Subsegmental Extent <25% 25% to 50% >50% Ground-glass Focal Patchy Halo sign Cavitation Aspergillosis (n = 32) Candidiasis (n = 22) P 27 (84%) 26 04 01 24 11 02 02 23 27 (84%) 22 06 02 21 (95%) 11 01 10 19 10 04 07 10 11 (50%) 09 02 — 0.3 0.0004* 0.3 0.0004* 1.0 0.7 0.3 0.03* 0.01* 0.01* 1.0 1.0 1.0 22 03 02 14 (44%) — 14 12 (37%) 05 (16%) 06 04 01 14 (64%) 02 12 07 (32%) 01 (4%) 0.1 0.1 1.0 0.1 0.4 0.4 0.7 0.3 95 97 99 101 103 105 107 109 111 113 115 117 *P statistically significant. r 2006 Lippincott Williams & Wilkins AQ1 J Thorac Imaging Volume 00, Number 00, ’’ 2006 High-resolution CT Findings 1 61 3 63 5 65 7 67 9 69 11 71 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 FIGURE 1. Pulmonary candidiasis in a 28-year-old man with acute myeloid leukemia on chemotherapy. The HRCT scan shows multiple small nodules in a random distribution (arrows). The diagnosis was obtained by surgical lung biopsy. (P = 0.01). In aspergillosis, consolidation was peribronchovascular in 22 (81%) (Fig. 3), nonsegmental in 6 (22%) (Fig. 4), and subsegmental in 2 (7%) patients (Table 1). In 2 of these patients, both peribronchovascular and subsegmental consolidation were present and in 1, both peribronchovascular and nonsegmental consolidation were seen. Consolidation was found in 50% (11 of 22) of cases of candidiasis, being peribronchovascular in 9 (82%) and nonsegmental in 2 (18%) patients (Fig. 5). The percentage of parenchymal involvement in the 2 diseases is summarized ion Table 1. Ground-glass opacities were found in 44% of patients with aspergillosis (14 of 32) and in 64% of patients with candidiasis (14 of 22) (P>0.1). In all but 2 35 73 75 FIGURE 3. Pulmonary aspergillosis in a 35-year-old man hematopoietic stem cell transplant recipient due to bone marrow aplasia. The HRCT scan shows peribronchovascular consolidation within the right lower lobe and lingula. Focal ground-glass opacity is noted in the left lower lobe (arrow). The findings are consistent with Aspergillus pneumonia. The diagnosis of pulmonary aspergillosis was confirmed by 4 consecutive cultures of BAL. 77 79 81 83 85 patients with candidiasis, the ground-glass opacities were patchy in distribution (Table 1). The CT halo sign was found in 37% of patients with aspergillosis (12 of 32) and in 32% patients with candidiasis (7 of 22) (Fig. 6). Cavitation was noted in 16% (5 of 32) patients with aspergillosis (Fig. 7) and in only 1 (4%) patient with candidiasis (Fig. 8) (Table 1). The overall distribution of the abnormalities had no zonal predominance. 87 89 91 93 95 37 97 39 99 41 101 43 103 45 105 47 107 49 109 51 53 55 57 59 FIGURE 2. Pulmonary aspergillosis in a 68-year-old man with non-Hodgkin lymphoma. High-resolution multidetector computed tomography (MDCT) scan shows bilateral centrilobular nodules (straight arrows) and tree-in-bud opacities (arrowheads); peribronchovascular consolidation is noted in the left lung (curved arrows). This pattern is consistent with Aspergillus bronchiolitis and bronchopneumonia (airway invasive aspergillosis). The diagnosis was confirmed by culture of bronchoalveolar lavage (BAL). r 2006 Lippincott Williams & Wilkins 111 FIGURE 4. Pulmonary aspergillosis in a 34-year-old male with acute lymphoid leukemia on chemotherapy. HRCT shows nonsegmental consolidation in the right upper lobe surrounded by ground-glass opacity. A single 9-mm nodule is also noted (arrow). The findings are consistent with Aspergillus pneumonia. The diagnosis of pulmonary aspergillosis was confirmed by culture of BAL. 3 113 115 117 J Thorac Imaging Althoff Souza et al Volume 00, Number 00, ’’ 2006 1 61 3 63 5 65 7 67 9 69 11 71 13 73 15 17 19 21 FIGURE 5. Pulmonary candidiasis in a 42-year-old man with acute lymphoid leukemia post hematopoietic stem cell transplant. The HRCT scan shows nonsegmental consolidation in the right upper lobe. Ground-glass opacity is noted in the periphery of the lesion. The diagnosis of pulmonary candidiasis was confirmed by culture of BAL. 23 25 27 29 31 33 35 DISCUSSIONS Between 1980 and 1990, Candida species were isolated in up to 86% of immunocompromised patients with fungal pneumonia.11 In the 1990s, with the widespread use of prophylaxis in high-risk patients, the number of cases of candidiasis decreased; concomitantly, there was an increase in the frequency of pulmonary aspergillosis. Currently, approximately 60% of the fungal pneumonias in immunocompromised patients are caused by Aspergillus species.12,13 Patients with acute leukemia and hematopoietic stem cell transplant recipients are the 37 FIGURE 7. Angioinvasive aspergillosis in a 22-year-old man with acute myeloid leukemia. HRCT shows a large cavitating mass within the left upper lobe with the air-crescent sign. Nodules of varying sizes are noted around the lesion and in the right upper lobe (arrows). The diagnosis of angioinvasive aspergillosis was confirmed on autopsy. groups at highest risk. Other forms of immunosuppression, including prolonged use of steroids and solid organ transplantation, also increase the risk of invasive pulmonary aspergillosis.12,14 Pulmonary candidiasis typically affects immunosuppressed critically ill patients, especially those with indwelling catheters, patients receiving broadspectrum antibiotics, and those with diabetes. Although disseminated candidiasis is common in these groups of patients, pulmonary disease is relatively rare.11 The HRCT findings of pulmonary aspergillosis in immunocompromised patients have been described by several groups of investigators.1,2,4–6,15 The manifestations in these patients may be classified into airway invasive, when Aspergillus organisms are identified deep into the airway basement membrane, and angioinvasive, 75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 95 97 39 99 41 101 43 103 45 105 47 107 49 109 51 53 55 57 59 FIGURE 6. Pulmonary aspergillosis and candidiasis with the CT halo sign. The HRCT scans in a 60 year-old man with multiple myeloma post hematopoietic stem cell transplant (A) and in a 25-year-old man with acute myeloid leukemia (B) show single nodule surrounded by a halo of ground-glass attenuation, resulting in the CT halo sign. These cases were proved on autopsy and surgical biopsy to be caused by Aspergillus and Candida infections, respectively. 4 111 113 FIGURE 8. Pulmonary candidiasis in a 23-year-old man post hematopoietic stem cell transplant for acute myeloid leuke115 mia. HRCT shows multiple nodules of varying sizes within the right upper lobe (arrows), the largest one with central cavitation. The diagnosis of C. albicans infection was obtained AQ3117 by thoracoscopic biopsy. r 2006 Lippincott Williams & Wilkins AQ1 J Thorac Imaging 1 when there is invasion and occlusion of small arteries leading to hemorrhagic necrosis and lung infarct. On HRCT, airway invasive aspergillosis typically manifests with multiple centrilobular nodules, tree-in-bud opacities, and peribronchovascular consolidation, which reflect the presence of bronchiolitis and bronchopneumonia.4,5,7 Angioinvasive aspergillosis is characterized by the presence of single or multiple nodules, typically surrounded by a halo of ground-glass attenuation (CT halo sign). Pleural-based wedge-shaped consolidation may be seen secondary to pulmonary infarct.1,4,15,16 After the initiation of antifungal therapy, fragments of infarcted lung may separate from the adjacent parenchyma (pulmonary sequestra) resulting in a cavity with an air crescent (the air-crescent sign).16 In our series, 44% of the patients had typical findings of airway invasive aspergillosis and 25% had features characteristic for angioinvasive disease. In 31% of cases, HRCT demonstrated superimposed findings of airway and angioinvasive aspergillosis. Candida may cause 2 different forms of pulmonary infection. The most common form results from hematogenous spread and manifests with miliary nodules or multiple larger nodules in a random distribution.8,17,18 The second form results from aspiration of contaminated oropharyngeal secretions and results in bronchopneumonia, often histologically associated with necrosis and intra-alveolar hemorrhage. HRCT typically shows patchy bilateral consolidation in a peribronchovascular distribution. In a recent study including 17 hematopoietic stem cell transplant recipients with pulmonary candidiasis, multiple nodules varying in size from 3 to 30 mm were the most common abnormality, being present in 88% of cases. Consolidation was found in 65% of cases.8 In our series, nodules were found in 95% of the cases of candidiasis. They were centrilobular in distribution in 11 and random in 10 patients, suggesting primary pneumonia and hematogenous disease, respectively. Consolidation was present in 50% of patients, most commonly being peribronchovascular in distribution (Table 1). When comparing the HRCT findings in aspergillosis and candidiasis, the frequency of nodules was found to be similar in both diseases (P = 0.3). However, random nodules were significantly more common in Candida infection (P< 0.001). In aspergillosis, nodules were most commonly centrilobular (P< 0.001) and more than 10 in number (P = 0.01). Consolidation was also significantly more frequent in aspergillosis (P = 0.01). The highest frequency of centrilobular nodules and consolidation in patients with aspergillosis likely reflects the predominance of cases of airway invasive disease over angioinvasive disease in our series. The CT halo sign has been considered virtually diagnostic of angioinvasive aspergillosis in the appropriate clinical setting.1,3 This is an early and transient finding, usually present in the first two weeks of the disease with a reported prevalence of 35% to 40%.2,3,19,20 The prevalence of the halo sign in our patients with aspergillosis (37%) was similar to that described in the 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 AQ2 59 r Volume 00, Number 00, ’’ 2006 2006 Lippincott Williams & Wilkins High-resolution CT Findings literature. However, it was not significantly different than the prevalence found in patients with candidiasis (32%, P = 0.7). The CT halo sign has been described in association with other fungal infections (mucormycosis and actinomycosis) as well as bacterial (Pseudomonas and Legionella) and viral infections (herpes simplex virus and cytomegalovirus). Noninfectious causes of CT halo sign include Wegener granulomatosis, Kaposi sarcoma, bronchioloalveolar carcinoma, and hemorrhagic metastasis.4,20–22 The size of the nodules, the presence of cavitations, and the overall distribution of parenchymal abnormalities were not significantly different between the 2 diseases. Our study had several limitations. It was retrospective and included patients in different stages of disease, which may have influenced the frequency of findings such as halo sign and cavitation. The unavailability of histologic specimens in all patients limited the pathologic-radiologic correlation. In the absence of histologic analysis, classification of invasive aspergillosis and candidiasis into their subtypes is a matter of speculation. However, it reflects the clinical practice where biopsies are rarely obtained because of the poor clinical conditions of the affected patients. In summary, invasive pulmonary aspergillosis and candidiasis in immunocompromised patients manifest with similar HRCT findings. Nodules were the most common feature in both diseases. When random in distribution candidiasis was more likely, whereas centrilobular nodules and consolidation suggested aspergillosis. The presence of the CT halo sign and cavitation was not helpful in the differential diagnosis. 61 63 65 67 69 71 73 75 77 79 81 83 85 87 89 91 93 REFERENCES 1. Kuhlman JE, Fishman EK, Burch PA, et al. Invasive pulmonary aspergillosis in acute leukemia: the contribution of CT to early diagnosis and aggressive management. Chest. 1987;92:95–99. 2. Mori M, Galvin JR, Barloon TJ, et al. 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