Imagem da Semana: Tomografia computadorizada (TC) e radiografia Imagem 01. Radiografia simples do tórax, incidência postero-anterior. Imagem 02. Tomografia computadorizada (TC) do tórax sem meio de contraste, corte axial ao nível supra- carinal, janela pulmonar. Análise da imagem Imagem 01. Radiografia simples do tórax, incidência póstero-anterior. Presença de consolidações alveolares com limites pouco definidos nos 2/3 superiores dos pulmões (linha amarela). Infiltração peri-broncovascular na base pulmonar direita (linha vermelha). Leve espessamento e/ou pequeno derrame pleural junto ao seio costofrênico lateral direito (seta). Aorta uniformemente alongada. Diagnóstico Pneumonias causadas por fungos afetam principalmente pacientes imunocomprometidos, em todas as idades. Os sintomas mais comuns são febre, tosse e dispneia. TC com “sinal do halo” é extremamente sugestiva dessa infecção. O diagnóstico é baseado em exames laboratoriais, antígenos específicos, como a galactomanana, cuja detecção serve como marcador diagnóstico de aspergilose pulmonar e exames de imagem. As bactérias são os agentes etiológicos responsáveis por aproximadamente 50% dos casos de pneumonia comunitária (PAC). A sintomatologia inclui febre alta, calafrios, tosse, expectoração purulenta, dispneia e dor pleurítica. O aspecto radiológico usual consiste em consolidação alveolar com limites indefinidos, podendo ser visualizado broncograma aéreo. O diagnóstico pode ser confirmado com análise de culturas do escarro, mas comumente se institui terapêutica empíricamente. Aproximadamente 1/3 das PAC são de origem viral. Os sintomas mais comuns são tosse com escarro mucoso, dispneia e insuficiência respiratória, precedidos de sintomas gripais. As radiografias do tórax normalmente apresentam comprometimento intersticial pulmonar, padrão reticular ou reticulonodular. Estima-se que 30% da população mundial esteja infectada pelo agente etiológico da tuberculose, embora nem todos venham a desenvolver a doença. É frequente a presença de tosse produtiva persistente, febre, sudorese, falta de apetite e emagrecimento. Na fase inicial da forma pós-primária os exames de imagem evidenciam opacidades pulmonares focais nodulares/lineares e/ou consolidações heterogêneas, predominantes nos segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores e apicais dos lobos inferiores; com a progressão da doença escavação única ou múltipla pode ser observada. O diagnóstico é confirmado pela associação dos sintomas com exames de imagem e pesquisa de BAAR no escarro. Discussão do caso A infecção pulmonar fúngica é uma das principais causas de aumento da morbimortalidade em pacientes imunocomprometidos. O agente etiológico mais frequentemente encontrado é o Aspergillus sp (60% dos casos). Podem também ser identificados outros fungos, como os dos gêneros Paracoccidioides, Mucor, Fusarium, Rhizopus, Petriellidium, Cryptococcus, Histoplasma e Coccidioides. A incidência de aspergilose pulmonar invasiva varia de 3% a 56%, de acordo com a população estudada, sendo encontrada tipicamente em indivíduos imunocomprometidos devido à baixa virulência do fungo. As manifestações clínicas incluem sinais e sintomas comuns a outras doenças pulmonares infecciosas, como tosse, muitas vezes com escarro, hemoptise, dispneia e dor torácica. Febre persistente a despeito do uso de antibióticos de amplo espectro constitui, geralmente, o primeiro sinal clínico. Assim, é necessária alta suspeição diagnóstica em pacientes de alto risco, a fim de se indicar a investigação adicional apropriada. A dificuldade em se estabelecer um diagnóstico definitivo deve ser contrabalançada com a necessidade de instituição precoce da terapia. Na maioria dos casos, a combinação da antigenemia, TC e radiografias simples do tórax, no contexto clínico apropriado, deverão permitir o diagnóstico e o tratamento precoces. As lesões causadas pela infecção, na sua forma angioinvasiva, são vistas nas radiografias simples de tórax comumente como opacidades nodulares de limites imprecisos. A TC evidencia nódulos circundados por halo de atenuação em vidro fosco, que traduzem hemorragia ("sinal do halo"). Os nódulos com sinal do halo e consolidações cuneiformes com base pleural representam áreas localizadas de necrose pulmonar. Em estágios mais tardios, a TC pode mostrar o ¨sinal do crescente aéreo¨, que corresponde a espaço com ar separando o nódulo fúngico da parede de cavidade pulmonar. A detecção de galactomanana, polissacarídeo da parede do Aspergillus sp., contribui como marcador diagnóstico na ausência de cultura. Esse exame tem sensibilidade e especificidade de 89,7% e 98,0%, respectivamente. Além de facilitar o diagnóstico precoce, a antigenemia seriada com galactomanana pode ajudar na avaliação da resposta ao tratamento. Esse pode ser feito com anfotericina B ou voriconazol e sua duração pode ser determinada pela normalização da antigenemia, assim como a resolução do quadro clínico e radiológico. Aspectos relevantes - Pneumonias fúngicas são comuns e graves em pacientes imunocomprometidos, exigindo diagnóstico e tratamento precoces. - O contexto clínico do paciente é muito importante, pois os sintomas manifestados pela doença são comuns a outras infecções pulmonares. - Galactomanana é um polissacarídeo da parede do Aspergillus sp., que contribui como marcador diagnóstico da infecção. - A combinação da antigenemia, radiografias simples e TC do tórax é suficiente para estabelecimento de diagnóstico e instituição de tratamento. Referências - Uchoa SMP. Capítulo 5 - Aspergilose: do diagnóstico ao tratamento. J. bras.pneumol. [Internet]. 2009 Dec [cited 2016 Apr 04] ; 35( 12 ): 1238-1244. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180637132009001200012&lng=en. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132009001200012. - Marchiori E, Junior ASS. Curso de diagnóstico por imagem do tórax. Capítulo III – Manifestações radiológicas pulmonares nos portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida. J Pneumol 25(3) – mai-jun de 1999. Autores Responsáveis Débora Faria Nogueira, acadêmica do 10º período de Medicina da FM-UFMG E-mail: [email protected] Alexandre Valente Tobias, acadêmico do 7º período de Medicina da FM-UFMG E-mail: [email protected] Brunno Freitas da Costa, acadêmico do 7º período de Medicina da FM-UFMG E-mail: [email protected] Thiago Andrade dos Santos, acadêmico do 7º período de Medicina da FM-UFMG E-mail: [email protected] Orientador José Nelson Mendes Vieira, Radiologista, Professor do Departamento de Anatomia e Imagem da Faculdade de Medicina da UFMG. E-mail: [email protected] Revisores Fabio M. Satake, Cairo Mendes, Raíra Cezar, André Guimarães, Laio Bastos e Profª. Viviane Parisotto.