O Marketing e a Sua Utilização na Resolução dos Problemas Sociais: Uma Visão Econômica Autoria: José Jamil Adum Resumo Este trabalho tem o objetivo de demonstrar como a utilização dos canais de marketing e a manipulação por profissionais da área de marketing, tem grande responsabilidade na economia e no desenvolvimento econômico de uma nação. Desde a questão cultural e ética, e social, até a questão educacional pode amplamente influenciar consumidores, manipular toda uma sociedade, em favor do que chamam de crescimento econômico sustentado. Objetiva ainda a compreensão do marketing, a sua importância para as organizações, o seu impacto nos consumidores, a atividade social como forma de estratégica de marketing, assim como a ciência econômica sendo, uma das mais antigas artes, consegue impor aos seres humanos necessidades, e estuda a forma pela qual os mesmos e a sociedade fazem escolhas e tomam decisões, para que os recursos disponíveis, sempre escassos, possam contribuir da melhor maneira para satisfazer as necessidades individuais e coletivas da sociedade. Palavras-chave: Marketing, governo, sociedade Abstract This work has the objective of demonstrate how the utilization of the marketing channels and manipulation by professionals of the marketing area, have high responsibility in the economy and in the nation economic development. Since the ethic and cultural management and social, even the educational management can widely to influence the consumer, manipulate all one society, in favor on what they call growing economic supported. Still objective the marketing comprehension, and its importance for the organizations, its consumer impact, the social activity as a marketing strategic form, thus as the economic science being, one of the most ancient art, can impose the human being necessities, and study the way by the own and the society make their choices and get decisions for the dispensable resources always lean can contribute in the best manner to satisfy the necessities individuals and community of the society, Keys-words : Marketing, government, society 2. Introdução Podemos dizer que não há uma nação no mundo que não passe pelos chamados “problemas sociais”. Em alguns, estes problemas decorrem do alto grau de desenvolvimento de suas economias e da própria cultura; em outras, os problemas sociais existem pela ausência ou insignificância de seus níveis de desenvolvimento, ou ainda por este desenvolvimento estar se dando às custas da maioria dos membros da sociedade. Creio ser, para nós, economistas, o objetivo final e “romântico” da profissão, senão a solução, pelo menos a minimização desses problemas, envolvendo como Kotler e Roberto(1992) destacam, uma série de mudanças sociais: “Alteração da forma de viver das pessoas e grupos pela transformação de práticas negativas e prejudiciais em prática produtivas, pela mudança de valores e atitudes nas comunidades em sociedades inteiras, e 2 pela criação de novas tecnologias sociais que suscitem as mudanças desejadas e elevem a qualidade de vida das pessoas”. É facilmente constatada, no fim do século passado e início deste, uma certa aceleração e intensificação das mudanças sociais. Ideologias antes intocáveis, como o Marxismo, hoje passam por revisões; sistemas políticos autoritários são questionados, muitas vezes em direção à democratização; alguns países do terceiro mundo passam por transformações das ordens sociais vigentes, estimulados pelas comunicações em escala mundial. Existem retrocessos, como o golpe de Fugimore no Peru, as crises de xenofobia da Europa, mas, de um modo geral, mais pessoas em mais sociedades estão ansiosas por mudanças sociais, mudanças econômicas, modo e estilo de vida, sistemas sociais, crenças e valores. Como Kotler e Roberto(1992) frisaram, três maneiras distintas podem ser mencionadas como formas de execução das mudanças sociais: a que se origina de processos autoritários, carregadas de violência física e intelectual, e creio ser esta merecedora da nossa mais veemente repulsa; a que ocorre de forma espontânea, no curso de vida, sem planejamento ou intervenção humana racional; e por fim, aquela elaborada, estruturada e planejada por seres humanos, visando atingir objetos e metas específicas, conciliando, nas sociedades democráticas, governo e cidadãos para viabilizar o verdadeiro desenvolvimento da cidadania. O marketing hoje permeia quase todas, senão todas as atividades humanas e desempenha um papel importante na integração das relações sociais e nas relações de troca, estando presente em atividades lucrativas como produção de bens de consumo, fornecimento de produtos e serviços industriais e agrícolas, passando por serviços de saúdes e política, e até na aquisição da “vida eterna”, sendo então, instrumento “sine qua non” de políticas de mudança social. Este último aspecto do marketing é que deu origem ao conceito de marketing social de Kotler e Roberto(1992): “...o desafio do marketing social e gerar mudança social para a melhora da vida...”, e digo, mais uma vez, ser esta melhoria de vida a intenção “macro” de um economista. É aí que entra a base ou objeto principal deste trabalho, ou seja, indicar o marketing como instrumento de viabilização das tais mudanças sociais planejadas. Propomos fazer isso aqui através de um confronto da ciência econômica com o instrumento do marketing. Buscaremos primeiramente, investigar seus métodos, variáveis, prioridades, conceituações envolvendo seus processos sociais e institucionais determinantes, incluindo ainda questões ligadas ao desenvolvimento econômico. Em seguida, o trabalho se voltará para uma discussão acerca da interação dos assuntos ( marketing x economia ), centrando a análise na identificação de formas concretas de utilização do marketing como um instrumento positivo para contribuir na resolução dos problemas sócio-econômico. Este trabalho pretende, sobretudo, responder os principais questionamentos envolvendo o marketing e seus instrumentais e estratégias. 3. O marketing: importância, críticas, e o marketing social. A maior parte de nossas vidas, nós, integrantes do mundo civilizado ( e capitalista !!), estamos, de uma forma ou de outra, em interação com aquilo a que chamam de marketing. Seja no café da manhã, ao tomarmos o nosso “Nescau”, seja na Faculdade, ao pleitearmos nossas currículo a quem possa interessar. Sendo assim, o que viria a ser o marketing, assunto tão abrangente, individual e universal ao mesmo tempo, presente nos mais diversos momentos da vida e que por vezes passa totalmente despercebido? 3.1 Entendendo Marketing 3 Enis(1983) aponta 03 motivos para se estudar o marketing: 1- “ ...deve-se estudar Marketing porque esta é uma atividade humana fundamental. Todos estão empenhados em Marketing... “, por isso, necessitam conhecê-lo e entende-lo...” – do mesmo modo que precisam ter conhecimento de poesia, literatura, física, biologia, psicologia e ciência política.” 2- “...o impacto societal das atividades de grande marketing é grande... Os valores e atitudes de orientados para o negócio – e as reações pertinentes – propendem a permear uma sociedade industrializada. Muitas instituições sociais – por exemplo, igreja, governo, educação e recreação são afetadas por marketing. Ademais as atividades de marketing proporcionam emprego a uma proporção significante da força de trabalho em uma sociedade industrializada.” 3- “...a administração eficaz das atividades de marketing é absolutamente essencial ao sucesso de quase todas as organizações. Note que dissemos organizações. Não apenas as empresas com fim lucrativos, mas também hospitais e escolas, partidos políticos e sindicatos trabalhista, museus e igrejas e, até mesmo a máfia, exercem atividades de marketing.” Cientes da complexidade do assunto, é necessário, que alcancemos um entendimento de melhor nível acerca de marketing, que examinamos alguns conceitos-chave, encontrados em Kotler e Armstrong(1993). O primeiro destes conceitos seria o de NECESSIDADE HUMANA, estado em que nos encontramos em algum tipo de privação. Seres humanos vivem administrando suas necessidades, desde as mais básicas e comuns (fisiológicas, por exemplo), até as extremamente complexas, por vezes inconsistentes, e que não raro deixam de ser satisfeitas. Dentro desse conceito de necessidades podemos inserir um outro que seria o de DESEJO, necessidade torneada por inúmeros meios ou modos de sana-las e que se expressa através dos “objetos” que satisfaz essa necessidade. Um exemplo para clarear a questão: as pessoas têm sede em qualquer lugar do mundo. Isso é uma necessidade. Contudo, pelas complexas razões culturais e individuais peculiares, irão desejar “objetos” diferenciados de saciar essa sede. Um terceiro conceito-chave para a compreensão do marketing seria o da DEMANDA. Pela limitação dos recursos, os seres humanos têm de optar, na infinidade de seus desejos, por aqueles que forneçam o máximo de satisfação possível em troca desses recursos. Quando realizarem essa opção, os desejos passam a ser demanda. Ou seja, a demanda é a concretização de um desejo. Ainda outros quatro conceitos-chave são necessários aqui. O de PRODUTO, que seria qualquer “objeto” que possa ser utilizado para satisfazer uma necessidade ou desejo (entendase por objeto, não apenas objetos físicos, mas também pessoas, lugares, organizações atividades, idéias, serviços,...). O de TROCA, que seria o ato de se obter um objeto desejado oferecendo algo como retorno. De TRANSAÇÃO, a concretização da troca, quando há troca de valores entre as partes, envolvendo regras tempo e lugar. E por último, o conceito de MERCADO, que seria o “agrupamento” de pessoas que demandam um mesmo produto para que possam satisfazer suas necessidades e desejos. Esse “agrupamento” não se deve ser entendido ao seu sentido restrito, mas num sentido amplo ( um mercado pode “agrupar” pessoas residentes no Brasil, na França, no Japão e na África do Sul ). Definidos os conceitos-chave, podemos agora tentar chegar à resposta – onde se mostram nítidas as presenças dos conceitos acima descritos – da pergunta inicial. O que vem a ser o marketing? Kotler(2001) em seu livro “Marketing para o século XXI”, em uma de suas definições diz que “ o marketing é definido como a ciência e a arte de encontrar e manter clientes e desenvolver relacionamento lucrativos com eles. Kotler(2000), fala que “o marketing é visto como a tarefa de criar, promover e fornecer bens e serviços a clientes, sejam estes pessoas 4 físicas ou jurídicas. Segundo Silbiger(1997), marketing é uma mistura de arte e ciência. Esta definição é devido ao fato de há muito a aprender em aulas de marketing, mas não há estudo bastante que ensine a experiência, a intuição e a criatividade. Para Stevens et al. (2004), o marketing direciona as atividades que envolvem a criação e distribuição de produtos em segmentos de mercado identificados. Em todas as definições percebesse a presença dos conceitos-chave e nota-se a complexidade do assunto e a preocupação de suas influências sobre as relações sociais, mas isso será tratado no decorrer deste artigo. 3.2 Marketing: Indispensável às empresas Em economias modernas, o sistema de marketing atua como agente de extrema importância. Mobiliza recursos destinados à satisfação dos consumidores. Afeta a distribuição e o volume de renda, através de um aumento do dinamismo econômico pelo aumento das transações, conseqüência de um aumento de demanda, que provavelmente levará a um aumento da produção, que pode acarretar um aumento do nível de emprego e assim sucessivamente, chegando até a sobrevivência das organizações: uma empresa tem nas vendas sua fonte básica de rendimentos. Se não ocorrem vendas suficientes, não há lucro, e não havendo lucro, provavelmente terá de encerrar suas atividades. A complexidade de desejos e necessidades dos consumidores entra aqui novamente. O consumidor de hoje, influenciado por limitação de renda, decepções anteriores e pelo próprio marketing, geralmente procura produtos que possuam clara identidade e utilidade específica. Naturalmente, preferem gastar seus recursos adquirindo produtos de indústrias e empresas comerciais que procuram satisfazer suas necessidades. Daí compreender que no estágio de desenvolvimento do Capitalismo em que as economias modernas se encontram, há que se praticar marketing a todo momento, mesmo não se estando ciente de fazê-lo, não importando, no caso, o tamanho da firma , ou do mercado. O marketing é a chave para o crescimento dos países. O desenvolvimento dos sistemas de marketing, acima do desenvolvimento de outras áreas de uma empresa, possibilita integração econômica e mais eficiente utilização de todos fatores ativos e ainda da capacidade produtiva de que uma economia já disponha. Têm como área de atuação a energia econômica latente, contribuindo para que se atenda a maior necessidade. Mais do que crescimento econômico, o marketing pode servir de alavanca para o desenvolvimento econômico, desenvolvimento que significa muito mais do que crescimento industrial, elevação do PIB, e superávit comerciais 3.3 Marketing e suas críticas Pela amplitude de sua área de atuação, pela força de seu instrumental, a utilização do marketing é constantemente argüida e criticada. Como Levitt(1990) chama a atenção: “Nos dias que correm, parece impossível que as pessoas de marketing se reúnam em um ponto qualquer do mundo sem que o assunto recaia sobre os seus problemas com o público. Em todos os lugares o marketing é difamado por suas interferências atrevidas, ruidosas e manipuladoras em nossas vidas; por seus ensinamentos corruptores de ganância e hedonismo; por sua perseguição ininterrupta ao dinheiro do consumidor, não importando a conseqüência, salvo o lucro de quem vende. Paradoxalmente, essas queixas parecem elevar-se em proporções direta à prática cada vez mais ampla do conceito de marketing, isto é, a implementação quando a empresa responde, de todas as maneiras financeiramente prudentes, ao que as pessoas realmente querem e valorizam”. Na verdade, nem sempre o que se vê são estratégias corretas, coerentes, limpas. Em vários casos, elas são amplamente questionáveis, nem tanto em si mesmas, mas no contexto 5 social em que se desenvolvem, gerando, por isso, conseqüências preocupantes e significativas. Iremos analisar, a partir de agora, algumas críticas feitas aos sistemas de marketing. 3.3.1 Marketing e seus impactos sobre consumidores individuais Os principais problemas que envolvem o marketing e consumidores individuais, dizem respeito a preços elevados, práticos enganados de alta pressão, produtos de qualidade inferioridade ou produtos perigosos, obsolescência planejada e serviços de qualidade inferior voltados para os consumidores em desvantagem. Discorremos rapidamente sobre cada um deles, seguindo as idéias de Kotler e Armstrong(1993). - Preços elevados: Relacionados a três fatores que seriam o alto custo de distribuição, através de um excesso de intermediários ou de ineficiência e má administração destes, gerando aumento dos custos e, conseqüentemente, preços mais altos; elevados custos de propaganda e promoção, gerando aumento dos custos de propaganda e promoção, gerando aumento do preço final do produto devido aos elevados gastos com propagandas e promoções de vendas; e markup exagerado(entenda-se por markup a percentagem do custo ou preço de um produto que se acrescenta ao custo com o objetivo de se obter o preço de venda). Os críticos apontam abusos por parte das empresas, ressaltando que o preço de custo dos produtos é muitas vezes menor que o preço final. - Práticas enganosas: Essas práticas se expressam através de preços mais baixos do que qualquer outro concorrente, de promoção pelo exagero, em aspectos ou desempenho do produto ou ainda embalagens, que dão aos produtos “dimensão” irreais. - Vendas de alta pressão: Utilização de técnicas agressivas que visam, sobremaneira, a venda do produto. - Produtos inferiores ou perigosos: Críticas voltadas à ausência da qualidade que o produto deveria ter e que é divulgada; ou a falta de segurança de determinados produtos que podem causar danos irreparáveis. - Obsolescência planejada: Críticos afirmam que indústrias elaboram, de forma propositada, produtos que se tornem obsoletos em pouco tempo, antes que realmente necessitem de substituição. Por vezes, os profissionais de marketing são acusados de manipular conceitos já arraigados entre os consumidores no sentido de se criar novas preferências, romper com estilos, levando a compras mais freqüentes e rápidas. - Serviços de baixa qualidade para consumidores em desvantagens: Críticas ao sistema de marketing pelo o fato de atender classes sem equidade, ou seja de modo diferenciado entre elas, oferecendo às camadas mais pobres produtos de qualidade inferior a preços proporcionais maiores, sabendo das limitações dessas classes. Como se vê, a influência e o impacto negativo do marketing sobre os consumidores é facilmente detectável. Deparamos com a ocorrência de tais problemas todos os dias. Observemos agora os problemas relacionados à sociedade de maneira global. 3.3.2 Marketing e seus impacto na sociedade como um todo Ainda segundo Kotler e Armstrong(1993), as principais críticas referem-se a: - Falsos desejos e materialismo excessivo: As sociedades modernas têm sido vistas, pelos críticos de marketing, como excessivamente materialista. As pessoas se julgam pelo que possuem e não o que são. Culpa-se, em grande parte, a decisiva influência dos canais de marketing sobre essas pessoas, determinando comportamentos e ideais marcados pelo consumo; - Excesso de bens privados e escassez dos bens públicos que os viabilizam: A venda excessiva de produtos que demandam outros produtos (estes geralmente advindos do setor 6 público), que são “vendidos” na escala proporcional necessária. Um exemplo claro seria o dos automóveis: um número crescente de automóveis exige uma maior quantidade de vias de rodagem, de um maior controle de tráfegos, espaços de estacionamento, serviços policiais, produtos estes que dificilmente preenchem suas crescentes demandas. Há ainda que se considerar os “custos sociais” decorrentes da venda em massa destes bens, como no caso dos automóveis e o aumento da poluição atmosférica, acidentes, congestionamentos; - Violência contra os sentidos: Agressão visual e sonora que as pessoas sofrem a to momento, através das mais variadas formas de expressão dos canais de marketing; - Excesso de poder: As empresas possuem demasiado poder sobre a mídia de massa, delimitando a liberdade dessa mídia em agir de forma independente e objetiva. 3.4 Marketing social Analisando todo o conjunto de críticas negativas referentes ao marketing e ainda relacionando-o com o desenvolvimento econômico, torna-se premente a necessidade de soluções concretas que caminhem no sentido de se aproveitar todo o seu poder dos seus sistemas, eliminando ao máximo as conseqüências prejudiciais que atuam diretamente nas sociedades. Dessas necessidades, conjugadas com outras demandas sociais, surgiu o conceito do marketing social, marketing que considera, e equaciona, os interesses da empresa, do cliente e da sociedade como um todo, a curto e longo prazos, e, mais ainda, marketing que tenham deve ser utilizado pelo setor público das nações, visando, através de maciças campanhas, a elevação do nível de vida (econômica, social, cultural...) de seus povos. Marketing social seria o exercício da “ arte e ciência da promoção da mudança social planejada e com alvos determinados”. (Kotler e Roberto, 1992), iniciando sua ação nos micro-ambientes das empresas, passando pelos órgãos governamentais e terminando com a obtenção de resultados socialmente eficientes. O marketing social deve ser utilizado em larga escala, em escala micro, partindo das empresas e suas relações internas e externas: e chegando até aos órgãos governamentais, efetivando a transformação de cada indivíduo no espírito de voluntariedade. No que se refere ao debate sobre a responsabilidade social, ainda não existe um consenso sobre o real significado do termo. Dentro de algumas definições existem uma colocada por Certo e Peter(1993), que define responsabilidade social como, o grau em que os administradores de uma organização realizam atividades que protejam e melhorem a sociedade além do exigido para atender aos interesses econômicos e técnicos da organização. Ocorre então um dos maiores debates na literatura da administração estratégica; as empresas devem se envolver em atividades voltadas principalmente para a responsabilidade social, sim? ou não?. Existem ainda segundo Certo e Peter(1993), dois pontos de vistas, o clássico e o contemporâneo. Ao primeiro cabe o apoio para que as empresas não devam assumir qualquer responsabilidade social além de dar tanto lucro quanto for possível aos empresários da empresa. Quanto ao segundo, coloca que as empresas são responsáveis por ajudar, a manter e melhorar o bem-estar da sociedade como um todo, visto que são importantes e influentes membros da sociedade. Colocam ainda Certo e Peter(1993): - A favor da responsabilidade social: 1. É do maior interesse das empresas promover e melhorar a comunidade onde seus negócios se realizam; 2. As ações sociais podem ser lucrativas; 3. É a coisa ética a ser feita; 4. Melhorar a imagem pública da empresa; 7 5. Aumenta a viabilidade do sistema empresarial. As empresas existem porque trazem benefícios à sociedade. A sociedade pode participar ou ficar fora de seus privilégios. Essa é a “lei de ferro da responsabilidade”; 6. É preciso evitar regulamentação governamental; 7. As normas sócio-culturais a exigem; 8. As leis não podem atender a todas as circunstâncias. Assim, as empresas devem assumir responsabilidade de manter uma sociedade legal e ordenada; 9. O acionista é o maior interessado. Melhorar o preço das ações a longo prazo porque o mercado de ações procurará companhias com o menor risco e abertas ao público, e, assim, terá uma melhor relação custo-benefício; 10. A sociedade deve dar uma chance para as empresas resolver problemas sociais com as quais os governos não têm tido sucesso; 11. As empresas, para alguns grupos, são consideradas como as instituições com recursos financeiros e humanos capazes de resolver problemas sociais; 12. A prevenção de problemas é melhor do que a cura – assim, deixemos que as empresas resolvam os problemas antes que se tornem muito grandes. - Contra a responsabilidade social: 1. Pode ser ilegal; 2. Negócios mais governo é igual a monólito; 3. A ações sociais não podem ser medidas; 4. Vai contra a maximização de lucros; 5. O custo da responsabilidade social é muito grande e eleva os preços; 6. Falta aos negócios prática social para resolver problemas sociais; 7. Dilui as principais finalidades da empresa; 8. Desequilibra a balança de pagamento, porque o preço das mercadorias tem de aumentar para cobrir os custos dos programas sociais; 9. As empresas já têm poder. Tais envolvimentos tornarão as empresas muito poderosas; 10. Falta às empresas a responsabilidade para com o público. Desta forma, o público não terá controle de seu envolvimento social; 11. Tais envolvimentos de empresas não gozam de amplo apoio público. As duas posições divergem em situações em que as atividades de responsabilidade social, primeiro, não são exigidas, e segundo, não são lucrativas. No caso do ponto de vista clássico é contra a realização da atividade; enquanto que no ponto de vista contemporâneo, se coloca a favor da realização da atividade, se os custos não forem muito grandes. Como a atuação em atividades sociais podem ser utilizadas como estratégia de marketing, é necessário colocar que não devem ser usadas quando o único objetivo é mercadológico, e sim quando organização tiver consciência do seu papel na sociedade, correndo o risco de não interpretado corretamente pela a mesma e assim tornar-se uma ação ineficiente, com retornos indesejados. 4. A ciência econômica e sua abrangência Sendo uma das artes mais antigas, a economia se efetivou como ciência a partir de Adam Smith e seu livro “A riqueza das Nações”, publicado em 1776; passando por vários estágios de desenvolvimento e segmentando-se em diversas correntes como: liberalismo, marxicismo, keynesianismo dentre outras. Segundo Troster e Mochón(1999), a economia estuda a forma pela qual os indivíduos e a sociedade fazem suas escolhas e tomam decisões, para que os recursos disponíveis, 8 sempre escassos, possam contribuir da melhor maneira para satisfazer as necessidades individuais e coletivas da sociedade. De forma intuitiva, pode-se dizer que a economia se preocupa com a maneira como os indivíduos “economizam” seus recursos, isto é, como empregam sua renda de forma cuidadosa e sábia, de modo a obter o maior aproveitamento possível. Do ponto de vista da sociedade, em seu conjunto, a economia trata de como os indivíduos alcançam o nível de bem-estar material mais alto possível a partir dos recursos disponíveis. Troster e Mochón(1999), diz ainda que, a economia somente se preocupa com as necessidades que são satisfeitas por bens econômicos, ou seja, por elementos naturais escassos ou por produtos elaborados pelo homem. Se simplificarmos em muito nosso modo de viver, observaremos que nossas vidas giram em torno das necessidades pelas quais passamos e a conseqüente satisfação, em maior, menor ou nenhum grau, destas. Como afirma Napoleoni(1985), as necessidades são impostas ou sugeridas ao homem por sua vida física, por seus gostos, por sua necessidade de viver em comunidade, pelo seu intelecto, pela sua fantasia e, quem sabe, pelas fontes por meio das quais as necessidades formam-se e manifestam-se são estimuladas a produzir novas necessidades cada vez que as antigas tenham sido , em alguma medida, satisfeitas. Não há limite para este processo, nem se pode imaginar a eventualidade de que, na história, se chegue a um período no qual todas as necessidades possíveis sejam completamente satisfeitas, e no qual, por isso, o homem possa deter-se, em essência, não viver mais. Os homens têm necessidades infinitas. Alimentação, vestuário, moradia, instrução, descanso, diversão, enfim, uma gama de necessidades que se transformam em algo ainda maior quando consideramos as particularidades e especificadas dos indivíduos. ou imagem da marca, através da tecnologia, da qualidade, da rede de fornecedores ou de outras características. 4.1 A limitação dos meios disponíveis para a satisfação das necessidades De um modo geral, pela própria característica de limitação inerente à natureza humana, a obtenção de todos os meios necessários para a completa satisfação das necessidades possíveis inviável. Limitadas são as forças físicas e mentais, limitadas é vontade, o tempo de que se dispões, o espaço, a capacidade de controle de recursos, e limitados ainda são os próprios recursos necessários à satisfação. Associando-se às duas circunstâncias anteriores, chegamos à compreensão da necessidade maior do homem de agir através de escolhas. O homem deve, a todo momento optar, de acordo com suas disponibilidades, por certa linha de ação em detrimento de outras, que o levará a satisfazer determinadas necessidades também em detrimento de outras. Os princípios do resultado máximo e meio mínimo, desenvolvidos por Napolione(1985), permitirá que tenhamos um melhor entendimento das necessidades da ação através escolhas. Nas sociedades evoluídas, onde há a divisão do trabalho e um arraigado sistema de trocas, imagina-se que um indivíduo receba um salário em retribuição a uma quantidade de trabalho cedida a seu patrão. Esse salário atua ao mesmo tempo como um agente proporcionador de satisfação e limitador desta. Sendo assim, o indivíduo deverá exercer um “ato de escolha”, no sentido de quais necessidades satisfazer, procurando um “resultado máximo”. Com relação ao setor público, pelo sistema de elaboração de seu orçamento, o princípio é o mesmo, respeitando-se as características MACRO deste último. Agora, consideremos um indivíduo que deseja satisfazer determinada necessidade, alcançar determinado fim. Para isso, alguns meios podem vir a ser utilizados e esse indivíduo 9 deverá exercer outro “ato de escolha” de forma que o emprego dos meios, representado pelo dispêndio de trabalho ou pelo gasto de renda disponível, seja o menor possível. Esse indivíduo age segundo o princípio dos “meios mínimos”. Relacionando os princípios mencionados, tem-se uma visão clara da realidade das ações humanas, que no sentido da satisfação ótima de necessidades, giram em torno da escolha entre diferentes possibilidades, visando a utilização também ótima dos limitados meios. Analisamos até aqui o caráter das necessidades, infinitas e múltiplas, e a limitação dos meios para a satisfação destas. Voltemos agora nossa atenção para a definição de alguns conceitos econômicos fundamentais, necessários e suplementares ao entendimento da economia como ciência: 1) Bens econômicos: É qualquer coisa que permita satisfazer alguma necessidade e que se acha disponível em quantidade limitada; 2) Riqueza: Patrimônio e Renda. É um conjunto de bens econômicos que se acham em disponibilidade para um indivíduo (agente) econômico ou uma sociedade de sujeitos econômicos; 3) Consumo e produção: O consumo, é o ato da utilização de bens econômicos no sentido de satisfação de necessidades. Sendo assim, consumo pode ser caracterizado como a mola mestra da ciência econômica, o fator determinante de todo o processo analítico da ciência econômica. Já a produção consiste no uso dos bens econômicos no sentido de se obter, a partir deles, outros bens, que, ou ainda bens que, por sua vez, se destinarão à obtenção de outros bens, determinando uma cadeia que terminará em bens de consumo finais; 4) Poupança e investimento: poupança, é a parte de um renda que será destinada ao consumo futuro. O investimento pode ser definido como o ato pelo qual um determinado conjunto de meios de produção é destinado à produção de outros meios de produção que irão substituir aqueles que em um determinado período de tempo foram consumidos ou então se somam àqueles já existentes. Relaciona-se poupança e investimento no sentido de que um aumento da poupança interna(indivíduos, empresas e governo), permite investimento público e privado, através de seu financiamento. Inscreve-se a população a consumir em um dado momento para que no futuro a capacidade de consumo dessa mesma população seja aumentada. 5) Economia e qualidade de vida: Além de se relacionar com as mais diversas questões práticas, a Economia tem ainda a função de medir fenômenos importantes, com preços, índice de desemprego, nível de renda, etc.. Com relação à medição, um dos conceitos mais importantes é o do PNB(Produto Nacional Bruto), que procura medir um ano, fornecendo, a partir de seus valores, informações relevantes a propósito do nível de vida desse país. Entretanto, têm-se observado uma quantidade considerável de críticas relativas a seus verdadeiros significados, a certas omissões embutidas nesses processos, à excessiva atenção dada à quantidade em detrimento da qualidade. Não há que se medir o ganho em qualidade de vida ao invés de se quantificar o aumento da produção ou o crescimento da indústria? 6) Pobreza e desenvolvimento: Aos economistas resta a verdadeira necessidade de compreender a realidade dos acontecimentos econômico interrelacioná-los e partir para a ação. O desenvolvimento não se inicia com bens materiais, começa com pessoas e sua educação, organização e disciplina. Aqui temos o problema central do desenvolvimento. Se os problemas básicos envolvem esses três aspectos citados, é necessário que um processo se inicie, sabendo da característica evolutiva do problema. Como iniciar esse processo, ou acelera-lo ou viabiliza-lo? 10 5. O marketing integrado no processo de desenvolvimento econômico Definidos os ambientes do marketing e da Ciência Econômica e seus significados sociais, aprofundar-no-emos na importância do marketing social como poderosa ferramenta para a dinamização do desenvolvimento econômico, e da utilidade de indicadores sociais que possibilitem reverter o quadro caótico e paradoxal em que nos encontramos. Milone apud Souza(1993), aponta que: “ O desenvolvimento econômico passa a ser complementado por indicadores que expressam a qualidade de vida dos indivíduos: diminuição do níveis de pobreza, desemprego e desigualdade, elevação das condições de saúde, nutrição, educação e moradia.” De acordo com o explicitado acima, acentua-se a necessidade de maior atenção à melhoria da qualidade de vida das sociedades, através de uma “humanização” dos índices econômicos. A partir dessa humanização, entra em ação uma outra necessidade, a de se trabalhar, principalmente no campo das idéias, no sentido de se obter uma otimização destes índices humanizados. E o marketing é proposto aqui como uma ferramenta estratégica importante e essencial para a ascensão e afirmação de uma nova realidade para o nosso país, visando a implementação de políticas e diretrizes que levem ao fortalecimento do tecido social brasileiro. 5.1 Um retrato da sociedade brasileira O Brasil atravessou décadas de profundas mudanças que o transformou de sociedade predominantemente agrícola que era, numa sociedade industrial e urbana. Vivemos em uma Economia contraditória. Atingimos índices de crescimento econômico consideráveis, nosso parque industrial é bastante diversificado e possuidor de uma estrutura razoável, superávits comerciais e PIBS em alta, tudo isso contrastando com a proliferação de favelas, a elevação de níveis de violência, o aumento da distância entre a minoria e a absurda maioria pobre. Continuando com a contraditoriedade, os níveis de consumo têm aumentado, os consumidores têm sido considerados mais exigentes, sabedores de seus direitos, mais conscientizados, enquanto os níveis de analfabetismo continuam altos. O Brasil ficou mais dividido, com classes mais apartadas do que quando sua sociedade tinha escravos e senhores. Buarque(1990). O Brasil é um dos países mais atrasado do mundo. Isto se refere pelas deficiências crônicas no sistema de transporte, atrasado pela sua parcela de população desnutrida, pelo aumento do número de favelas, pela indiferença, ou pseudo-atenção, com que as elites brasileiras, habitantes do Brasil de 1º mundo, tratam toda a questão, atrasado pelo o fato de que a ciência e tecnologia disponíveis não estão voltados para a satisfação dos desejos reais da sua população, atrasado pelo corporativismo que controla os setores industriais mais importantes, pelo clientelismo do setor público, pela acentuada ocorrência do “egoísmo ético”. Para Smith apud Fonseca(1993), afirma que: “(...) é apenas necessário que cada inidivíduo aja de forma egoísta para que o bem de todos seja atingido, já que os melhores resultados seriam obtidos se as pessoas não pensassem de todo em termos morais, mas agissem meramente de modo egoísta.” 11 O excesso de individualismo caracteriza não apenas elites, mas a sociedade em geral, levando a atitudes voltadas para o próprio bem-estar, descaracterizados de ética, moral, e que pelo nível de egoísmo atingido, desmentem o pensamento de Smith, ou indicam onde o extremismo de suas idéias faz chegar. Consolida-se no Brasil a conformação, física e ideológica, de dois Brasis, altamente inter-relacionados mas extremamente diferentes: Um primeiro-mundista, habitado pelas elites e classes médias mais bem localizadas, de padrões de vida consideráveis, consumidores de primeira ordem, detentores do poder político e econômico. E outro, terceiro-mundista, habitado pela maioria da sociedade brasileira, de padrões de vida que variam do médio baixo ao “nenhum padrão de vida”, manipulado pelo Brasil, indispensável a este por viabilizar o processo produtivo e, conseqüentemente, a manutenção do “status quo”, principalmente através da sua força de trabalho. Este é a apartação à qual Buarque s refere e sobre a qual os índices econômicos pouco ou nada têm as dizer. Acentuando a cultura, arraigada na sociedade brasileira, do “jeitinho”, da ignorância proposta de certos fatores considerados irrelevantes mas que contam em muito para um desenvolvimento sadio e uniforme. Evidencia-se aí o Brasil como um país bastante peculiar. Potencial de sobra, qualidade de vida degenerada. Contrates evidenciados no dia-a-dia de nossas vidas. Meios capazes de promover uma verdadeira modernização convivendo com uma modernidade arcaica e decadente. Nossa sociedade de hoje reflete o salto apontado por Tofler(1980), “a humanidade de um salto de um quantum para a frente(...) A terceira onda traz consigo um modo de vida genuinamente novo, baseado em fontes de energia diversificadas e renováveis; em métodos de produção que tornam obsoletas as linhas de montagens das fábricas; em novas famílias não nucleares; numa nova instituição que poderia ser chamada a ‘cabana eletrônica”; e em escolas e companhias do futuro, radicalmente modificadas. A civilização nascentes escreve um novo código de comportamento para nós e leva-nos além da padronização, da sincronização e da centralização, além da concentração de energia, dinheiro e poder.” Novas formas de produção, a informação como determinante do processo produtivo, levaram à gênese de uma sociedade (a nossa) regida por parâmetros diferentes dos anteriores. 5.2 O marketing e desenvolvimento econômico Como foi colocado no inicio deste artigo, a ascendência do marketing sobre uma sociedade como é indiscutível e ainda a freqüência co que nos defrontamos com alguma forma de marketing em nosso dia-a-dia é assustadora. Por se tratar de um contexto de crise onde o caminho para as principais mudanças passa pela cabeça das pessoas e, daí para as suas ações, visto que em matéria de riquezas físicas o país se encontra relativamente bem, a utilização da influência do marketing no sentido de promover mudanças e efetivar o desenvolvimento econômico. 5.2.1 Ética no marketing: responsabilidade e respeito em ação Pela sua decisiva influência, o volume e o impacto das ações de marketing sobre o consumidor final justificam uma especial atenção, sob o ponto de vista da ética. Entre os profissionais de marketing a pergunta é: quais os limites éticos do marketing? A definição precisa distante, uma vez que se notam posturas discutíveis. É necessário que se as autoridades civis se encarreguem de tomar as primeiras providências no sentido de promover a ética no marketing, conduzindo julgamento de valor quanto às diversas posturas adotadas pelas estratégias de marketing das empresas. 12 Parece ainda ser necessário a formulação de um preparo mais sério e profundo do que o atual, administrado aos profissionais de marketing em formação, no sentido da aplicação de valores morais e éticos mais eficazes ao instrumental de marketing. 5.2.2 Ecologia: o ambiente em enfoque O impacto causado pelo setor industrial na deterioração do meio ambiente é muito significativo, embora tenha havido uma redução nos últimos vinte anos. Não se pode afirmar que, nos países em desenvolvimento, a questão ambiental é o setor decisivo e fundamental na definição das estratégias das empresas. Os aspectos mercadológicos e os custos possuem peso incontestavelmente maior. O que se vê é a formação de tendência, uma difusão crescente dos aspectos ambientais no meio produtivo e entre os consumidores, no sentido de institucionalização da questão, promovendo à qualidade de vida. 5.2.3 Educação: a mais urgente das necessidades As deficiências educacionais do povo brasileiro são gritantes. Além de questões quantitativas, como os índices de analfabetismo apontam, a qualidade do nosso sistema educacional também deixa muito a desejar. Quanto menor o nível educacional de uma sociedade, mais fácil é a manipulação destas no sentido de se obter aquilo que se procura. Tem sido assim no Brasil, através das elites corporativistas e do estado clientelista, perpentuando-se no poder e aproveitando-se das facilidades econômicas criadas. A falta de senso crítico, determinando em grande parte pela educação, age aí como mantendo desses vícios benefícios a uma pequena minoria. No Brasil, a deficiência do setor educacional, público principalmente, é gritante. Em dados de 1990, a percentagem de analfabetos da população brasileira acima de 15 anos foi de 17,60%, segundo o anuário estatístico do IBGE. Isso sem falar da qualidade do ensino, que é na maioria das vezes, deficiente. A quantidade de estabelecimentos de ensino apresenta defasagens, os salários pagos aos professores são baixos, contribuindo para a afirmação da baixa qualidade. Tudo isso em contraste com o ensino particular, em geral de boa qualidade. Porém voltado às minorias que possuem recursos que possibilitem a freqüência de seus filhos nessas instituições. As mudanças decorrentes da educação certamente demandam prazos longos. Há que se começar hoje a obtenção de resultados futuros. Todavia, outras estratégias de ação podem ser tomadas em conjunto e com resultados mais rápidos. 5.2.4 A curto prazo: O marketing É sabida a extrema importância dos sistemas de marketing na ativação, dinamização e evolução de uma economia, assim como também o são as fortes influências negativas desses mesmos sistemas sobre as sociedades. A discussão gira em torno da utilização dos sistemas de marketing pelas sociedades civis, empresas e governo, não no sentido de dinamizar a economia em si, mas de promover a realização do estado latente de desenvolvimento econômico. As mudanças já estão em curso. Como foi demonstrado no decorrer deste artigo, o perfil dos consumidores definitivamente não é mais o mesmo. E muitas empresas já notaram a questão e se encaminham para as políticas voltadas para a satisfação desse consumidor. Um processo começa a se instalar, um processo interativo entre sociedade-empresa-governo e esse processo de interação, onde a comunidade é de elemento chave, e o ambiente ideal para se pôr em prática o marketing ético, o marketing social, que leve a sociedade não apenas a consumir e exigir produtos qualitativa e ambientalmente saudáveis, mas a exigir e assimilar também idéias como fator de produção. 13 Fonseca(1993), discute a ética como fator de produção: “No grande tabuleiro de xadrez da sociedade humana, as regras do jogo são importantes, mas estão longe de ser tudo. É ilusão supor que o auto-interesse dentro da lei é tudo que o mercado precisa para mostrar do que ele é capaz na criação de riqueza. A qualidade dos jogadores, as variações de motivação e conduta na ação individual, afeta a natureza das regras do jogo e exerce , juntamente com elas, um papel decisivo no desempenho da economia. Tanto a constituição econômica vigente quanto o exercício da cidadania na vida prática dependem de um processo de formação de crenças e sentimentos morais sobre o qual muito pouco se sabe de um ponto de vista científico. Uma coisa, no entanto, parece certa: negligenciar esse processo e as variações a que ele está sujeito é perder de vista um dos fatores decisivos na explicação das causas da riqueza e da pobreza das nações.” 6. Conclusão Terminamos aqui a tentativa de contribuir de alguma forma, para se chegar de maneira ao “objetivo romântico” da profissão citado na introdução. Sendo assim, tiramos aqui algumas conclusões de tudo aquilo que se apresentamos aos leitores. Apesar de encontrarmos grandes distorções na sociedade, passamos por um período que apresenta evidências extremamente benéficas à evolução, ao alcance de um nível de vida mais elevado. Estado, empresas e consumidores passam por ajustes que prometem muito nesse sentido. E o marketing pode ser, e creio, deve ser, o grande impulsionador do processo. Existe ainda uma massa considerável de miseráveis, excluídos da cidadania, desprovidos de quaisquer direitos, ávidos por comida, saúde, moradia; habitantes do período curtíssimo prazo. O marketing pode ser, mais uma vez, o fator de amenização de tais problemas urgentes. Quanto ao que realmente deve ser feito, em primeiro lugar entra a atuação do Estado, tão imprescindível quanto à lubrificação, renovação e desintoxicação das máquinas envelhecidas, emperradas e viciadas que movimentam o aparelho estatal. O clientelismo tem de desaparecer, os interesses das minorias infiltradas no Estado têm de ser neutralizados. O Estado tem de atuar como fomentador do processo, constatando, planejando, aplicando, corrigindo, regulando. As autoridades civis devem atuar como instrumentos de ação do Estado, tornando realidade aquilo que planejado. As empresas devem promover tais mudanças dentro de si próprias e de seus mercados, comprando e vendendo produtos derivados da nova ordem latente, criando novos modelos de relações internas e externas, rompendo com modos de produção viciados, movimentando estes mercados num sentido de satisfação mútua. Aos consumidores, a exigência, a luta pelos seus direitos, a disponibilidade para mudanças. Aos miseráveis, como foi dito, só resta a ação rápida e eficiente de todos (Estado, empresas, consumidores), no sentido de, em primeiro lugar, satisfazer as necessidades mais afloradas dessa camada da população, e em seguida, ajusta-los à sociedade, para que participem da vida sócio-econômica do país. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ENIS, Ben. Princípios de Marketing. São Paulo: Atlas, 1983. FONSECA, Eduardo G. Vícios privados, benefícios públicos?: a ética na riqueza das nações. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. 14 KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. 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