MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 42 Notas sobre primitivas Seja f uma função real de variável real de…nida num intervalo real I: Chama-se primitiva de f no intervalo I a uma função F cuja derivada seja f: Exemplos 1. F (x) = x2 é uma primitiva de f (x) = 2x; pois 0 F 0 (x) = x2 2. F (x) = x2 = 2x: 25 é uma primitiva de f (x) = 2x; pois F 0 (x) = x2 0 25 = 2x: 3. Sendo a 2 R, F (x) = ax é uma primitiva de f (x) = a; pois F 0 (x) = (ax)0 = a: 4. F (x) = ex + 3 é uma primitiva de f (x) = ex ; pois F 0 (x) = (ex + 3)0 = ex : 5. F (x) = arctan x é uma primitiva de f (x) = 1 , pois 1 + x2 F 0 (x) = (arctan x)0 = 6. F (x) = ln (1 + x2 ) é uma primitiva de f (x) = F 0 (x) = ln 1 + x2 7. F (x) = xn+1 (n 6= n+1 1 : 1 + x2 2x ; pois 1 + x2 0 = 2x : 1 + x2 1) é uma primitiva de f (x) = xn ; pois 0 F (x) = xn+1 n+1 0 = xn : É fácil perceber que a primitiva de uma função não é única. Basta observar os exemplos 1 e 2 atrás e imaginar muitas situações análogas. As proposições seguintes caracterizam o conjunto das primitivas de uma função num intervalo. Proposição 1 Se, num dado intervalo, uma função f tem uma primitiva F; então f tem, nesse intervalo uma in…nidade de primitivas. MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 43 Demonstração: Se F é uma primitiva de f; 8k 2 R, F + k também é primitiva de f; pois (F + k)0 = F 0 + 0 = f: Proposição 2 Se, num dado intervalo I, F e G são primitivas de uma mesma função f; então F e G diferem por uma constante nesse intervalo, isto é existe k 2 R tal que F (x) G (x) = k: Demonstração: Como, 8x 2 I; (F (x) então F (x) G (x))0 = F 0 (x) G0 (x) = f (x) f (x) = 0; G (x) é constante em I: (é sabido que se uma função tem derivada nula num intervalo então é constante nesse intervalo). A proposição 2 motiva a seguinte de…nição: De…nição: Integral inde…nido de uma função f é o conjunto de todas as suas primitivas. Dada uma primitiva F de f; o integral inde…nido de f representa-se da seguinte forma: Z f (x) dx = F (x) + k; k 2 R: A expressão Z f (x) dx lê-se "integral de f (x) relativamente a x" e a partícula, embora possa assumir um signi…cado preciso, serve simplesmente para indicar a variável relativamente à qual se está a integrar. Nem sempre existe primitiva de uma função f num intervalo I: Quando existe diz-se que a função é primitivável ou integrável em I: O teorema seguinte dá uma condição su…ciente para uma função ter primitiva, apesar de nem sempre ser possível determiná-la analiticamente. Teorema 1 Se f é contínua num intervalo real I; então f é primitivável em I: (O intervalo I pode ser todo o conjunto R) Este teorema garante apenas que as funções contínuas são primitiváveis. Não diz que funções não contínuas não são primitiváveis. Das propriedades das derivadas podem-se inferir propriedadespara as primitivas: Proposição 3 Sejam f e g funcões primitiváveis num intervalo I e k uma constante arbitrária. Então: MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 44 1. kf é primitivável e sendo F uma primitiva de f , kF é primitiva de kf: Em notação integral tem-se Z kf (x) dx = k Z f (x) dx: 2. f + g é primitivável e sendo F uma primitiva de f e G uma primitiva de g, F + G é primitiva de f + g: Em notação integral Z Z Z f (x) + g (x) dx = f (x) dx + g (x) dx: Demonstração: 1. (kF )0 = kF 0 = kf 2. (F + G)0 = F 0 + G0 = f + g O primeiro resultado permite que constantes "atravessem" o sinal de integral, o que facilita o cálculo de muitas primitivas, como veremos na secção seguinte. O segundo resultado é facilmente generalizado à soma de qualquer número de funções e permite decompor a primitiva de uma função que inclua somas na soma de várias primitivas o que, novamente, facilita muitos cálculos. Exemplo: Z (x5 + 2x4 = Z = Z # 2: da Prop.3 # 1: da Prop.3 = # Ex. 7 da pg.42 3x3 + 4x2 5 x dx + Z 5 x dx + 2 1 6 2 5 x + x 6 5 5x + 6) dx = 4 2x dx Z 4 x dx Z 3 3 3x dx + Z 3 4 4 3 x + x 4 3 3 Z x dx + 4 2 4x dx Z 2 x dx Z 5 5x dx + Z Z x dx + 6 dx = Z 6 dx = 5 2 x + 6x + k: 2 Proposição 4 Se f é uma função primitivável num intervalo I, a 2 I e b 2 R, existe uma única primitiva F de f veri…cando a condição F (a) = b: Demonstração: Se g (x) é uma primitiva de f; então a função F (x) = g (x) também primitiva de f (proposição 1) e F (x) = g (a) g (a) + b é g (a) + b = b; o que prova a existência de F nas condições do enunciado. Se houver duas funções satisfazendo essas condições, a sua diferença é uma constante (proposição 2) e, como no ponto a essa diferença é 0, as duas funções têm de ser a mesma. Esta proposição permite resolver os chamados "problemas de valor inicial" ou "problemas de Cauchy", dos quais, de seguida, damos um exemplo. MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 45 Exemplo: Determinar a primitiva F da função f (x) = 2x que veri…ca a condição F (2) = 5, (ou que para x = 2 tem o valor 5 ou, ainda, cujo grá…co passa no ponto de coordenadas (2; 5)). Sendo g (x) = x2 uma primitiva de f (x) = 2x (ex. 1 da pg. 42), pela demonstração anterior, a função F (x) = x2 g (x) + 5 = x2 22 + 5 = x2 + 1 é a primitiva procurada. Alternativamente o problema pode-se resolver determinando o integral inde…nido Z f (x) dx e depois calculando a constante k de modo a obter F nas condições requeridas: Z Sendo F (x) = 2xdx = x2 + k; F (2) = 5 ) 22 + k = 5 ) k = 1; pelo que F (x) = x2 + 1: Primitivas imediatas Designam-se por primitivas imediatas aquelas que podem ser calculadas a partir de derivadas já conhecidas e por "inversão" das regras de derivação. A partir da seguinte tabela de derivadas podemos inferir uma tabela análoga para primitivas. Derivadas Se x é uma variável: Se u é uma função: (x )0 = x (u )0 = u 1 ; 2R 1 0 u; 2R (ex )0 = ex (eu )0 = eu u0 (ax )0 = ax ln a; a 2 R+ (au )0 = ax ln a u0 ; a 2 R+ 1 (ln x) = x 0 u0 (ln u) = u 0 (sen x)0 = cos x (sen u)0 = cos u u0 (cos x)0 = (cos u)0 = sen x 1 cos2 x 1 (cot x)0 = sen2 x 1 (arcsen x)0 = p 1 x2 1 (arccos x)0 = p 1 x2 1 (arctan x)0 = 1 + x2 1 (arccot x)0 = 1 + x2 (tan x)0 = sen u u0 u0 cos2 u u0 (cot u)0 = sen2 u u0 (arcsen u)0 = p 1 u2 u0 0 p (arccos u) = 1 u2 0 u (arctan u)0 = 1 + u2 u0 (arccot u)0 = 1 + u2 (tan u)0 = MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 46 Primitivas Se x é uma variável: Z x +1 x dx = + k: ( 6= 1) +1 Z ex dx = ex + k: Z ax ax dx = + k: (a 2 R+ ) ln a Z Z 1 1 x dx = dx = ln jxj + k: x Z cos xdx = sin x + k: Z sin xdx = cos x + k: Z 1 dx = tan x + k: 2 Z cos x 1 2 dx = cot x + k: Z sin x 1 p = arcsin x + k: 2 1 x Z 1 p dx = arccos x + k: 2 1 x Z 1 dx = arctan x + k: 2 Z 1+x 1 dx = ar cot x + k: 1 + x2 Se u é uma função de x: Z u +1 u u0 dx = + k: ( 6= 1) +1 Z eu u0 dx = eu + k: Z ax au u0 dx = + k: (a 2 R+ ) ln a Z 0 u dx = ln juj + k: u Z cos u u0 dx = sin u + k: Z sin u u0 dx = cos u + k: Z u0 dx = tan u + k: 2 Z cos u0 u 2 dx = cot u + k: Z sin0 u u p = arcsin u + k 2 1 u Z u0 p dx = arccos u + k: 2 1 u Z u0 dx = arctan u + k: 2 Z 1 + u0 u dx = ar cot u + k: 1 + u2 Há outras primitivas que podem ser calculadas a partir destas, mediante pequenas manipulações envolvendo, por exemplo: os resultados da proposição 3, que permitem tirar constantes "fora" do integral e decompor uma primitiva numa soma de duas ou mais primitivas; produtos e divisões por constantes de modo a encontrar valores em "falta", mas sem alterar a função; operações com as funções, como dividir o numerador de uma função racional pelo seu denominador, quando o grau do numerador é maior ou igual ao grau do denominador. utilização de identidades trigonométricas. Exemplos: 1. Z (3x 1 5) dx = 3 4 Z 3 (3x 5)4 dx = 1 (3x 5)5 (3x 5)5 +k = +k 3 5 15 MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas Z 47 Z 2 x2 + 1 1 x +1 1 dx = dx = 2 2 2 x +1 x +1 x +1 1 dx = x arctan x + k: 2 x +1 Z Z Z 1 1 3 3. dx = 3 dx = 3 dx = 2 2 3 2 2 + 3x 2 + 3x 2 1+ x 2 r 3 3 Z r r 3 3 2 2 0 1 dx = arctan x + k: =v ! u r 2 u3 2 2 t 3 @1 + x A 2 2 x2 2. dx = x2 + 1 Z Z = 1dx Z 1 + cos 2 4. Sabendo que cos2 = ; torna-se fácil calcular o integral seguinte: 2 Z Z Z 1 + cos 2x 1 cos 2x 2 cos xdx = dx = + dx = 2 2 2 Z Z cos 2x 1 1 1 dx + dx = x + sin 2x + k = 2 2 2 4 Determinar primitivas imediatas pode ser, por vezes, complicado, por implicar várias manipulações, como podemos ver no exemplo seguinte: Z Z 1 + 2 sin x 1 2 sin x 5. dx = + dx = 1 + cos x 1 + cos x 1 + cos x Z Z 2 sin x 1 = dx + dx = 1 + cos x cos x + 1 Z Z 1 cos x sin x = dx 2 dx = (1 + cos x) (1 cos x) 1 + cos x Z 1 cos x = dx 2 ln j1 + cos xj = 1 cos2 x Z 1 cos x = dx 2 ln j1 + cos xj = sin2 x Z Z 1 cos x = dx 2 ln jcos x + 1j = 2 dx + sin x sin2 x 1 = cot x + 2 ln jcos x + 1j + k sin x Primitivação por partes O método de primitivação por partes permite transformar o cálculo de primitivas não imediatas no cálculo de primitivas imediatas ou de primitivas já conhecidas. Pela fórmula de derivação do produto de duas funções, sabe-se que, sendo u e v duas funções de x; (uv)0 = u0 v + uv 0 MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 48 Desta fórmula sai que Z 0 Z (u0 v + uv 0 ) dx , Z Z 0 , uv = u vdx + uv 0 dx , Z Z 0 , uv dx = uv u0 vdx (uv) dx = A última fórmula é, então, utilizada para o cálculo de primitivas não imediatas, habitualmente envolvendo o produto de duas funções. Para a aplicar é necessário escolher, entre as duas funções, uma para ser derivada, que tomará o lugar de "u" e outra para ser primitivada tomando o lugar de "v 0 ": Exemplos: 1. Z xex dx: Fazendo u = x e v 0 = ex ; tem-se u0 = 1 e v = ex : Assim Z Z x x xe dx = |{z} xe 1ex dx = |{z} |{z} uv 0 uv x = xe u0 v x e +k 2. Por vezes o método também se usa quando só está envolvida uma função, considerando para função v 0 a função constante 1. Z Z ln xdx = ln x:1 dx 1 e v = x: Assim x Z Z 1 ln x:1 dx = ln x x x dx = | {z } | {z } x |{z} uv uv 0 0 Z uv = ln x x 1dx = Fazendo u = ln x e v 0 = 1; tem-se u0 = = ln x x 3. Para n 2 N, Z x+k xn ln xdx: Neste caso, u = ln x, v 0 = xn ; u0 = Z 1 xn+1 ev= x n+1 xn+1 x ln x dx = ln x | {z } n + 1} 0 | {z n uv uv n+1 x = ln x n+1 xn+1 = ln x n+1 Z 1 xn+1 dx = |x n{z+ 1} u0 v Z 1 xn dx = n+1 xn+1 dx (n + 1)2 MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 49 Para facilitar a aplicação do método pode ser usado um esquema no qual …gurem as várias funções implicadas no processo como, por exemplo, o seguinte: u ! u0 j v0 v 4. Z arctan xdx A escolha de u e v 0 é indicada no esquema seguinte: ! u0 = u = arctan x 1 1 + x2 j v0 = 1 v=x Então, Z arctan xdx = Z = x arctan x x dx = 1 + x2 Z 1 2x = x arctan x dx = 2 1 + x2 1 = x arctan x ln (x2 + 1) + k 2 5. Em certos casos é necessário, no cálculo da mesma primitiva, usar mais de uma vez o processo de primitivação por partes: Z ex (x2 8x + 5) dx Fazemos uma primeira escolha das funções u e v 0 : u = x2 ! u0 = 2x 8x + 5 8 j v = ex Fica: Z ex (x2 x v 0 = ex Z 8x + 5) dx = e (x 8x + 5) ex (2x Z Para calcular ex (2x 8) dx repetimos o processo 2 u = 2x 8 ! 8) dx u0 = 2 j v = ex v 0 = ex MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 50 Então: Z ex (x2 8x + 5) dx = Z x = e (x 2 x 2 8x + 5) = ex (x2 8x + 5) = ex (x2 10x + 15) + k = e (x 8x + 5) ex (2x x e (2x ex (2x 8) dx = 8) Z 2ex dx = 8) + 2ex + k = Primitivação por substituição Este método baseia-se na regra de derivação da função composta e permite, mais uma vez, transformar primitivas não imediatas em primitivas imediatas ou já conhecidas. Seja f (x) uma função que pretendemos primitivar e suponhamos que F (x) é uma primitiva de f (x) num determinado intervalo real. Se substituirmos x por uma função bijectiva u (t) ; como (F (u (t)))0 = F 0 (u (t)) u0 (t) = f (u (t)) u0 (t) ; temos que Z 0 Z f (u (t)) u0 (t) dt , Z , F (u (t)) = f (u (t)) u0 (t) dt: (F (u (t))) dt = Assim a função F (u (t)) pode ser calculada integrando, em ordem a t a função f (u (t)) u0 (t) : Como u (t) é bijectiva, de x = u (t) ; obtemos t = u t por u 1 (x) ; …camos com F (u (u 1 1 (x) : Substituindo em F (u (t)) a variável (x))) = F (x) ; que é a primitiva pretendida. Exemplos: 1. Z p 1 ex 1 dx: p 1; tem-se que x = ln (t2 + 1) ; pelo que, neste caso, a função 2t u (t) = ln (t2 + 1) e u0 (t) = 2 : t +1 Vamos então efectuar a substituição e integrar, em ordem a t; a função f (u (t)) u0 (t) : Z Z Z 1 2t 2 1 dt = dt = 2 dt = 2 arctan t + k: t t2 + 1 t2 + 1 t2 + 1 p Para obter a primitiva pretendida, basta agora substituir t por u 1 (x) = ex 1 e Fazendo t = ex …ca: Z p 1 p x dx = 2 arctan ex e 1 1 + k: MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 51 Nota: Para não sobrecarregar os cálculos, muitas vezes não se refere explicitamente a função u (t) ; pois de facto o que interessa é ter x escrito em função de t e t em função de x: Para indicar a derivada de u (t) ; comete-se um abuso de linguagem escrevendo x0 : No caso anterior ter-se-ia: 2. Z dx dt ou simplesmente 2 p x e 1 t = 6 6 6 6 x = ln (t2 + 1) 6 4 2t x0 = 2 t +1 ex dx ex + e x Vamos efectuar a a substituição x = ln t e resumimos a informação necessária ao procedimento na seguinte tabela: 2 6 x = ln t 6 6 6 t = ex 6 4 1 x0 = t Z Z t 1 2t 1 t 1 dt = dt = dt = ln (t2 + 1) + k: 1 2 2 t+t t t +1 2 t +1 2 x Substituindo t por e ; obtém-se: Z 1 ex dx = ln (e2x + 1) + k: x x e +e 2 Z Primitivação de funções racionais Chama-se função racional uma função que pode ser de…nida pelo quociente de dois polinómios. Exemplos: 1. f (x) = 2. f (x) = x5 x3 2x + 5 1 x6 + 1 x2 + 1 a (x) em que a (x) e b (x) b (x) são polinómios. Quando o grau de a (x) é maior ou igual que o grau de b (x) a função racional Uma função racional é, portanto, representável por um cociente pode ser representada na forma a (x) r (x) = q (x) + b (x) b (x) MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 52 em que o grau de r (x) é menor que o grau de b (x) : De facto, dado que efectuando a divisão de a (x) por b (x) se obtém a (x) = q (x) b (x) + r (x) ; em que o grau de r (x) é menor que o grau de b (x) ; então a (x) q (x) b (x) + r (x) r (x) = = q (x) + b (x) b (x) b (x) O problema de primitivar funções racionais arbitrárias reduz-se assim ao de primitivar funções racionais em que o grau do numerador é menor que o grau do denominador pois Z Z Z Z r (x) r (x) a (x) dx = q (x) + dx = q (x) dx + dx b (x) b (x) b (x) Z em que q (x) dx é a primitiva de um polinómio e o grau de r (x) é menor que o grau de b (x) : Para primitivar essas funções, vamos decompô-las na soma de funções racionais mais simples, cujas primitivas se inserem na classe das primitivas imediatas. Consideramos, então uma função racional da forma p (x) , em que o grau de p (x) é menor q (x) que o grau de q (x) : Há dois casos fundamentais: Caso 1 q (x) decompôe-se num produto de factores de grau 1: q (x) = (x a1 ) (x a2 ) : : : (x an ) Caso 2 q (x) tem factores de grau 2 sem raízes. Vamos analisar cada um desses casos: Caso 1: Este caso tem dois subcasos: (i) a1 ; a2 ; : : : ; an são todos diferentes. Neste caso: p (x) A1 A2 = + + q (x) x a1 x a2 + An x an em que Ai = Exemplo: (ai p (ai ) ai 1 ) (ai a1 ) : : : (ai x+4 = x 5x + 6 (x x+4 2) (x 2 3) = ai+1 ) : : : (ai 7 x an ) 6 3 x 2 p (x) ; para além das parcelas q (x) correspondentes às raizes simples, a cada um desses factores correspondem k parcelas at )k : Na decomposição de (ii) Existem factores da forma (x da forma: Exemplo: A1t A2t + + x at (x at )2 1 x (x 2 1) = 1 x 1 x 1 + 1 (x 1)2 + Akt (x ai )k MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 53 Caso 2: Novamente há dois subcasos: (i) Cada factor quadrático é simples. Neste caso a cada factor de grau dois, sem raizes reais, ax2 + bx + c, corrsponde uma parcela da forma: Bx + C ax2 + bx + c Exemplo: x2 x2 2x + 5 2x + 5 = = x3 1 (x 1) (x + x2 + 1) x 4 3 1 + 1 x 3 11 3 x + x2 + 1 k (ii) Existem factores quadráticos múltiplos, isto é, da forma (ax2 + bx + c) . A cada um desses factores correspondem k parcelas da forma: B1 x + C1 B2 x + C2 + + ax2 + bx + c (ax2 + bx + c)2 Exemplo: x+2 2 = 3 x x (x2 + 1) 2x +1 x2 + Bk x + Ck (ax2 + bx + c)k 2x + 1 2x + 2 (x2 + 1) (x2 + 1)3 Em geral, para determinar as constantes que aparecem nos numeradores, usa-se o chamado p (x) à soma das método dos coe…cientes indeterminados, que consiste em igualar q (x) fracções correspondentes aos factores do denominador, de acordo com os casos explicitados acima, e efectuar os cálculos para determinar as constantes que têm de …gurar nos numeradores, o que passa em geral por resolver um sistema (exemplo 1 abaixo), ou então atribuir valores de modo a obter os resultados pretendidos (exemplo 2 abaixo). Exemplos: 1. Vamos decompor a função racional 1 (1 + x) (x2 1 (1 + x) (x2 x + 1) numa soma de fracções simples: A Bx + C + 2 , x + 1) 1+x x x+1 1 A (x2 x + 1) + (Bx + C) (1 + x) , = (1 + x) (x2 x + 1) (1 + x) (x2 x + 1) , A (x2 = x + 1) + (Bx + C) (1 + x) = 1 , (A + B) x2 + ( A + B + C) x + (A + C) = 0x2 + 0x + 1 8 > > A+B =0 > > > < , A+B+C =0 > > > > > : A+C =1 1 , A = ;B = 3 1 2 ;C = 3 3 1 Portanto (1 + x) (x2 1 1 2 x+ 3 = 3 + 23 x + 1) 1+x x x+1 MTDI I - 2007/08 - Notas sobre primitivas 2. Vamos decompor 54 x numa soma de fracções simples: 1)2 (x + 1) (x x A B C = + , 2 2 + x 1 (x 1) x+1 1) (x + 1) (x , x = A (x2 x= 1) + B (x + 1) + C (x 1 ) 4C = 1)C= x = 1 ) 2B = 1 ) B = x=0) Portanto 1 2 1)2 1 4 1 4 A+B+C =0)A= 1 1 1 x 2 4 = 4 + + x 1 (x 1)2 x + 1 1)2 (x + 1) (x 3. Cálculo de uma primitiva por decomposição em fracções simples: Z 2x (x + 1) dx = (x2 1)2 Z x =2 dx = (x 1)2 (x + 1) 1 1 1 Z = 4 + 2 4 dx = 2 2 + # x 1 x + 1 (x 1) ex. 1 Z 1 1 2 1 = + dx = 2 2 x 1 (x 1) x+1 = 1 ln jx 2 1 1j x 1 ln jx + 1j 2 1 4. Cálculo da primitiva de uma parcela correspondente a um factor quadrático: Z Z Z x+2 1 2x 4 1 2x 1 3 dx = dx = dx = x2 x + 1 2 x2 x + 1 2 x2 x + 1 Z Z 1 2x 1 3 = dx dx = 2 2 2 x x+1 x x+1 ! Z Z 1 2x 1 1 dx = = dx 3 2 2 x2 x + 1 x 12 + 34 0 1 p Z Z 2 p 1B 2x 1 4 3 C 3 = dx + 3 dxA = @ 2 2 2 x x+1 3 2 p2 x p1 +1 3 3 = 1 2 = 1 ln jx2 2 ln jx2 p x + 1j + 2 3 arctan x + 1j p 3 arctan 1 2 p x p 3 3 1 2 p x p 3 3 =