167 1. INTRODUÇÃO A Insuficiência Renal (IR) é uma

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INSUFICIÊNCIA RENAL EM CÃES E GATOS
Fábio Henrique Feres Rufato1
Naiá Carla Marchi de Rezende-Lago2
Patrícia Gelli Feres de Marchi (patrí[email protected])
RESUMO
A Insuficiência Renal é uma doença grave que acomete, com freqüência, os cães e gatos de todas as idades. É
classificada em dois tipos: a insuficiência renal aguda que é um indicio da diminuição da função renal, que pode
ocorrer em períodos de horas e até dias podendo ser reversível se tratada corretamente e a doença renal crônica que
constitui a perda do néfron caracterizando assim lesões renais irreversíveis, com isso os pacientes não conseguem
melhora significativa nos quadros de uremia. Os tratamentos sintomáticos e auxiliares minimizam os danos
ocasionados nos rins. Um dos tratamentos indicados para controle é a hemodiálise e a diálise peritoneal.
Palavras-chave: Insuficiência Renal, Hemodiálise e Diálise Peritoneal, cães, gatos
ABSTRACT
Renal failure is a serious disease that frequently infects dogs and cats of all ages. It is classified into two types: acute
renal failure which is an evidence of decreased renal function, which can occur over periods of hours and even days
can be reversible if treated correctly and chronic kidney disease that is the loss of kidney nephron featuring thus
irreversible lesionsThus patients fail to significant improvement in the frames of uremia. Symptomatic treatments and
auxiliary minimize damage in the kidneys. One of the treatments to control is the hemodialysis and peritoneal dialysis.
Keywords: Renal insufficiency, Hemodialysis and Peritoneal Dialysis, dogs, cats
1. INTRODUÇÃO
A Insuficiência Renal (IR) é uma doença
grave que acomete, com freqüência, cães e gatos de
todas as idades.
A IR é a perda da função da unidade estrutural
dos rins, os néfrons. Pode ser primária, quando os
néfrons vão se degenerando com o passar do tempo ou
secundária a algum agente agressor. Doenças
congênitas podem ocorrer raramente, assim o animal já
nasce com perda parcial ou total da função renal. Além
disso, pode ser aguda ou crônica.
O gradual aumento da disfunção renal
compromete também a capacidade funcional de outros
órgãos, resultando no aparecimento da síndrome
urêmica. O diagnóstico é feito através de exames de
sangue como função renal e hemograma associados
com ultrassonografia abdominal e urinálise.
Muitos animais conseguem manter a doença
controlada por anos, mesmo apresentando algumas
crises no decorrer. Mas, infelizmente, muitos não
conseguem reverter o quadro e são levados a óbito.
O sistema urinário é formado por um par de
rins (responsáveis pela filtração sanguínea e formação
da urina entre outros), ureteres (responsáveis em
transportar a urina dos rins até a bexiga urinária),
bexiga urinária (onde ocorre o armazenamento da
urina) e uretra (pela qual a urina é excretada para o
meio externo) (DYCE et al., 1996).
Os rins são glândulas de consistência firme,
cor vermelho-acastanhada e apresentam alteração em
forma e tamanho, de acordo com a espécie animal.
Ficam localizados em região abdominal comprimidos
na parte superior do abdome, um em cada lado da
coluna vertebral. Raramente são simétricos, podendo
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ocorrer variação de tamanho e posicionamento. O rim
direito fica localizado mais cranialmente devido sua
fixação em uma depressão do fígado, e o rim esquerdo,
na falta dessa localização, tende a ficar mais caudal
(DYCE et al., 1996).
Segundo Ellenport (1986), os rins são
relativamente de tamanho grande, podem variar de
1/150 a 1/200 do peso corporal do animal, sendo o rim
esquerdo de cães normalmente mais pesado que o
direito. Ambos são palpáveis através da parede
abdominal.
São órgãos com bastante vascularização,
recebendo cerca de 20% do débito cardíaco (SENIOR,
2001). O hilo fica localizado no centro da borda medial
e é responsável pela entrada dos vasos sanguíneos,
nervos renaise ureteres(ELLENPORT, 1986).A
nutrição sanguínea ocorre através da artéria renal, um
ramo da aorta abdominal, que pode conduzir mais de
um décimo do débito total do ventrículo esquerdo
(DYCE et al., 1996).
Os rins são responsáveis pela filtração e
eliminação de materiais inaproveitáveis que são
ingeridos através da alimentação ou produzidos pelo
metabolismo normal do organismo, bem como pelo
controle do volume e da composição dos líquidos
corpóreos. Essa função reguladora mantém um
ambiente estável para a sobrevivência e manutenção
das atividades celulares (GUYTON; HALL, 2002).
Desempenham suas funções ao filtrar o
plasma e remover substâncias do filtrado em
quantidades que dependem da necessidade do
organismo. Retiram a substância do filtrado e excretam
através da urina, enquanto devolvem ao sangue
substâncias necessárias. Dentre as substâncias
excretadas estão à uréia ,formada através do
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metabolismo dos aminoácidos, a creatinina, através da
creatina dos músculos, o acido úrico, formado através
dos ácidos nucléicos e os produtos decorrentes da
degradação da hemoglobina como a bilirrubina. Ainda,
eliminam toxinas ingeridas pelo corpo, como fármacos
e aditivos alimentares (GUYTON; HALL, 2002).
Verlander (2008) incluem a secreção de
hormônios que regulam a pressão arterial sistêmica e a
produção de eritrócitos.
Todas essas funções são desempenhadas pela
unidade funcional do rim: o néfron, quepor sua vez é
composto pelos glomérulos, local onde ocorre a
filtração sanguínea, a reabsorção de substâncias
filtradas e a excreção dos componentes plasmáticos,
pelos túbulos, onde uma grande parte do filtrado é
reabsorvido e não excretado na urina, pelos capilares
peritubulares e tecido intersticial. Essa reabsorção tem
grande importância para que não ocorra a perda total de
sais como sódio, potássio e bicarbonato e glicose
(VERLANDER, 2008).
Á medida que a quantidade de nefrons diminui, a
função renal fica comprometida e a insuficiência renal aum
enta (FREITAS, 2007).
Em virtude de todas essas funções renais,
afecções relacionadas aos rins levam a diversas
alterações no organismo animal, levando a múltiplos
sinais clínicos.
A Insuficiência Renal Aguda (IRA) é um
indício da diminuição da função renal, que pode
ocorrer em períodos de horas e até dias. Leva a
diminuição da função dos rins, como incapacidade de
excretarem resíduos metabólicos, regularem o
equilíbrio hídrico, ácido-báse e também eletrolítico do
organismo (MEAK, 2003).
A azotemia acontece quando houver perda da
função renal fazendo com que ocorra uma elevação da
creatinina e da uréia para níveis acima dos
considerados normais. Essa azotemia pode ocorrer de
três formas diferentes: azotemiapré-renal, renal
primária e pós-renal (SENIOR, 2001).
A azotemiapré-renal pode proceder de
qualquer alteração que leve a diminuição da perfusão
renal como desidratação e alterações cardíacas, entre
outras, ou devido à produção exacerbada de uréia
decorrente de vários fatores, como por exemplo,
hemorragia gastrointestinal (MEAK, 2003). Fatores
alimentares, como excesso de proteína na alimentação.
A figura 5 demonstra o catabolismo protéico (uma das
formas da uréia ser originada) e a excreção da uréia
pelos rins.
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Figura 5. Catabolismo protéico e
excreção da uréia.
Fonte: Kerr (2003)
Para correção da diminuição da perfusão
renal, um dos tratamentos consiste na administração de
fluidoterapia, levando assim ao aumento da perfusão
sanguínea no rim melhorando rapidamente a
azotemiapré-renal (MEAK, 2003).
A azotemia renal primária ocorre devido à
perda da função renal por ocorrência de um dano no
parênquima renal. Pode ser de forma aguda ou crônica.
Animais que apresentam IRA sofrem uma perda da
função renal de forma rápida e desenvolvem azotemia
agudamente. Já animais que apresentam DRC, tem
azotemia prolongada, o que leva a alterações clínicas
conhecidas como síndrome urêmica (SENIOR, 2001).
A azotemia pós-renal é caracterizada pela
diminuição da excreção de urina, caracterizada pela
obstrução uretral, ruptura vesical ou doenças renais
inflamatórias como a nefrite (POLZIN et al.).
A insuficiência renal ocorre quando há
agressão e diminuição da função de aproximadamente
75% dos néfrons(NELSON e COUTO, 1998).
Segundo Nelson e Couto (1998), toxinas
tubulares renais (Quadro 1) são responsáveis por 2025% dos casos de IRA. Os autores também
descreveram que aproximadamente um terço dos cães
com IRA apresentam uma afecção (Quadro 2) que
predispõe a isquemia renal. É provável que cães que
apresentem IRA devido à isquemia renal tenham
alguma patologia pré-existente como nefropatias ou
distúrbios que levam a lesão renal.
Quadro 1. Lista parcial de agentes nefrotóxicos
potenciais em cães e gatos.
Terapêuticos
Aminoglicosídeos,
cefalosporinas,
nafcilina,
polimixinas,
sulfonamidas,
tetraciclinas, anfotericina B,
tiacetarsamida,
piroxicam,
ibuprofeno, fenilbutazona e
naprofeno
Metais pesados
Chumbo, mercúrio, cádmio e
cromo
Compostos
Etilenoglicol, tetracloreto de
orgânicos
carbono,
clorofórmio,
pesticidas,
herbicidas,
solventes
Pigmentos
Hemoglobina, mioglobina
Agentes
Contrastes radiográficos
intravenosos
Quimioterápicos Cisplatina,
metotrexato,
doxorrubicina
Anestésicos
Metoxiflurano
Diversos
Hipercalcemia, veneno de
serpente
Fonte: Nelson e Couto 1998.
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Quadro 2. Lista parcial de causas potenciais de
isquemia renal em cães e gatos.
Desidratação
Hemorragia
Hipovolemia
Anestesia profunda
Hipotensão
Sepse
Administração de AINE, formação normal de
prostaglandina reduzida
Hipertermia
Hipotermia
Queimaduras
Traumatismo
Trombose vascular renal ou formação de
microtrombos
Reações transfusionais
Fonte: Nelson e Couto 1998.
Os sinais clínicos de IRA são inespecíficos e
incluem letargia, depressão, inapetência, vômito, e
diarreia. Na maioria dos casos as alterações na urina
(aumento ou diminuição) não são observadas pelo
proprietário, sendo mais frequentemente observadas às
alterações clínicas (MEAK, 2003).
No exame físico os achados incluem depressão,
hipotermia e ulcerações em boca, mas podem variar de
acordo com a causa que leva a IRA, como por
exemplo, animal pode apresentar aumento em
temperatura devido doenças infecciosas como a
leptospirose. Na palpação abdominal podem ser
observadas alterações como aumento do e da
sensibilidade dos rins (MEAK, 2003).
Os animais afetados com essa patologia
apresentam aumento da uréia, creatina e fósforo;
acidose metabólica; hipercalemia; densidade urinária
normal, sendo de 1,008a 1,029 em cães e nos gatos de
1,008 a 1,034 (AIELLO, 2001).
No hemograma são encontradas alterações
inespecíficas podendo incluir leucocitose com ou sem
desvio a esquerda e monocitose. O aumento do
hematócrito e das proteínas plasmáticas são
característicos da desidratação (MEAK, 2003).
O tratamento é instituído para cada caso
específico que leve a IRA. É recomendado o uso de
fluidoterapia para todos os casos, o uso de Ringer com
Lactato é bastante satisfatório ao menos que o animal
apresente hipercalemia. Neste caso, a recomendação é
o uso de soro fisiológico (AIELLO, 2001).
O uso de bicarbonato junto com a fluidoterapia
tem grande efeito nos casos em que o animal apresenta
acidose metabólica. Deve-se monitorar a pressão
venosa central e a produção urinária para que não
ocorra a superidratação, também deve-se administrar a
terapia diurética para promover o fluxo urinário se o
animal apresentar hidratação boa e a produção urinária
for menor que 20mL/Kg/dia. Uma droga bastante
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eficiente é a furosemida com dosagem de 2mg/Kg, com
aplicação intravenosa (AIELLO, 2001).
Recomenda-se a utilização da hemodiálise caso a
produção urinária não se estabeleça com a medicação
(AIELLO, 2001).
A Doença Renal Crônica (DRC) constitui em
perda do néfron caracterizando assim lesões renais
irreversíveis, com isso pacientes com DRC não
conseguem melhora significativa. Inicialmente, o
organismo cria respostas adaptativas e compensatórias
na tentativa de manter a função renal. Porém, o esforço
repetitivo é cessado pela falta de sucesso destas
respostas (POLZIN et al.).
É típico que a função renal de pacientes com DRC
se mantenha estável por semanas a meses. Apesar
disso, existem pacientes que perdem a função renal
gradativamente por meses ou até anos. Mesmo com
prognóstico desfavorável em pacientes que apresentam
essa patologia, é possível encontrar pacientes que
sobrevivem por anos, com boa qualidade de
vida(POLZIN et al.).
Devido à perda da função excretora, os rins
começam a reter a uréia, creatinina, fósforo e outras
substâncias que deveriam ser excretadas pelos
glomérulos. A falha dos rins em não conseguir executar
a função renal normal leva a diminuição da síntese de
eritropoetina e calcitriol, levando assim o paciente a
apresentar
anemia
não
regenerativa
e
hiperparatireoidismo secundário renal (MEAK, 2003).
O prognóstico muitas vezes é desfavorável devido
o tratamento não ser capaz de corrigir as lesões
irreversíveis que levam a alteração da função normal
dos rins acometidos com DRC, mas é possível
controlar as alterações clínicas e químicas com o
tratamento sintomático. A DRC foi, por muito tempo,
considerada uma patologia de cães mais idosos.
Atualmente, tem se mostrado bastante variável,
acometendo também cães e gatos jovens. A
hemodiálise tem se mostrado como uma excelente
altenativa de tratamento para pacientes com esta
patologia, melhorando a sobrevida dos mesmos.
Porém, o acesso a este recurso, infelizmente, ainda é
pequeno (POLZIN et al.).
É uma patologia que pode ocorrer de duas formas
distintas, podendo ser de forma familiar ou congênita
(característica de algumas raças, como demonstrado na
Tabela 9) ou adquirida (POLZIN et al.).
Existe uma grande dificuldade para identificação
da causa que leve a IR, baseando-se em três fenômenos
relacionados à evolução das afecções. Primeiro: os
diversos componentes do néfron que apresentam as
funções interdependentes; segundo: as anormalidades
morfológicas
e
funcionais
dos
rins
que
podemapresentar sinais clínicos muito parecidos em
todas as três patologias descritas anteriormente.
Terceiro: após a maturação do néfron, não se pode
formar outros no lugar dos acometidos em uma
agressão (POLZIN et al.).
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Lesões irreversíveis em alguma parte do néfron
podem ocasionar lesões nas partes adjacentes deste.
Em caso de lesões, ocorre a formação de fibrose como
tentativa de reparo (POLZIN et al.).
Tabela 9. Raças com nefropatias congênitas ou
familiares.
Raça
Nefropatia
FELINOS
Gato abissínio
Amiloidose renal
Gatos com pelos longos
Nefropatia policística
idiopática
CANINOS
Basenji
Disfunção tubular renal
Beagle
Cairnterrier
Cocker spaniel
Agenesia renal unilateral
Nefropatia policística
Fibrose tubulointestinal,
Hipoplasia cortical renal
Glomeruloesclerose
Fibrose tubulointestinal
Displasia renal
Atrofia glomerular
Displasia renal
Displasia renal
Doberman
Elkhound norueguês
Lhasaapso
Samoieda
Shittzu
Softcoatedwheatenterrier
Welshcorgipembroke
Telangiectasia
Fonte: Meak, 2003.
Os sinais clínicos iniciais da doença renal crônica
incluem polidipsia, poliúria e vômitos, com o passar do
tempo e à medida que a patologia progride, o animal
acometido começa a apresentar anorexia, perda de
peso, desidratação, úlcera oral e diarreia, havendo a
persistêcia dos vômitos (AIELLO, 2001).
Animais com DRC apresentam aumento da uréia,
creatinina sérica e fósforo, anemia não regenerativa
moderada a grave, acidose metabólica e hipertensão, na
medida em que a função renal diminui (Figura 6). Nos
exames radiográficos consta osteoporose (devido ao
aumento do fósforo circulante que impede que o fígado
converta a vitamina D, levando a diminuição da
absorção do cálcio pelos rins), no exame de urina a
densidade fica diminuída entre (1,008 a 1,012), sendo
que a normal é de 1,015 a 1,045 (AIELLO, 2001).
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Figura 6. Esquema mostrando a relação da DRC com a
hipertensão arterial.
Fonte: Polzinet al.
Como descrito anteriormente, a DRC é uma
patologia com características irreversíveis. Sendo
assim, o tratamento visa controlar a qualidade de vida
do animal e retardar a progressão da doença, se
possível. Para que isso ocorra é indicado controlar dos
sinais clínicos da uremia, manter os equilíbrios hídrico,
eletrolítico e acido-básico, proporcionar nutrição
adequada ao animal e minimizar a progressão da IR por
meio do tratamento dos distúrbios intercorrentes como
infecções no trato urinário e hipertensão (MEAK,
2003).
A restrição da proteína na alimentação de animais
que apresentam DRC consiste no controle dos sinais
clínicos causados pela uremia por meio da redução da
quantidade de resíduos nitrogenados que são formados
através do catabolismo protéico (MEAK, 2003).
Os níveis protéicos recomendados para cães e gatos
são
de
2-2,2 g/Kg/dia
e
3,3-3,5 g/Kg/dia
respectivamente (MEAK, 2003).
Também se recomenda restrição da dieta do fósforo
que ameniza os sinais da uremia e poderia evitar a
progressão da patologia por meio da neutralização de
um hiperparatireoidismo secundário renal (MEAK,
2003).
A restrição de sódio é indicada para controle da
hipertensão. Mas para obter uma redução de sódio tem
que ser feita a redução gradativamente (2-4 semanas)
para que ocorra uma adaptação renal. A diminuição
repentina do sódio pode levar a alterações como
hipovolemia (MEAK, 2003).
Podem ser encontradas rações comercias com
níveis adequados de proteína, fósforo e sódio para
pacientes com alterações renais (AIELLO, 2001).
Devido à disfunção tubular que é apresentada por
pacientes com DRC, o animal não consegue produzir
adequadamente urina concentrada e apresenta poliúria.
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O equilíbrio hídrico deve ser controlado pela oferta de
água abundante ou submeter o animal a fluidoterapia
para evitar a desidratação (MEAK, 2003).
Recomenda-se, segundo Aiello (2001), a
administração de bicarbonato via oral para controle da
acidose metabólica se o animal não estiver
apresentando vômito. Também deve-se administrar via
oral vitamina D para compensar a perda pela urina.
Para o controle do vômito e úlcera gástrica
recomenda-se o uso de antagonista de receptores H2
(cimetidina) (AIELLO, 2001).
O tratamento da anemia através da transfusão
sanguínea e da utilização de eritropoetina só será feito
se o hematócrito (HT) for menor que 25% em gatos e
30% em cães, ou quando ocorrem sinais clínicos de
fadiga, depressão e desconforto respiratório (MEAK,
2003).
Para controle da hipertensão recomenda-se o
uso de dietas com baixa quantidade de sódio, uso de
anti-hipertensivos e uso de β-bloqueadores como o
maleato de enalapril na dose de 0,25 - 0,5 mg/Kg, a
cada 12-24 horas, para manter a pressão normal
(sistólica < 160 mmHg, diastólica < 90 mmHg)
(MEAK, 2003).
A terapia se dirige apenas aos sintomas, sendo q
ue o tratamento nem sempre é eficaz. No entanto, os re
centes progressos da medicina permitem a possibilidad
e de um dia
poder fazer um transplante renal, como se faz em
humanos (FREITAS, 2007).
A perda grave da função renal representa uma
ameaça ao organismo e com isso exige a retirada dos
produtos tóxicos e a restauração do volume e da
composição dos líquidos corpóreos. Para que essa
retirada seja feita sem o funcionamento normal dos
rins, deve-se utilizar a hemodiálise ou a diálise
peritoneal (GUYTON; HALL, 2002).
A diálise e hemodiálise não tratam a falência
renal, elas apenas substituem a função exercida pelos
rins afetados (CALLAS, 2009).
A hemodiálise é uma técnica que constitui a
substituição da função renal, compreende uma
purificação do sangue removendo as várias substâncias
relacionadas à azotemia, ajuste dos eletrólitos e do
equilíbrio ácido-básico (ÁVILA et al.).
O principio básico do funcionamento do aparelho
de hemodiálise consiste em que o sangue passe os
eletrólitos e as substâncias indesejáveis do organismo
para o meio chamado dialisato ou solução de diálise
(ÁVILA et al.).
Na hemodiálise, o sangue passa através de uma
máquina que funciona como um rim artificial para
depurá-lo, ou seja, ocorre a retirada da toxina
diretamente do sangue, através do uso de uma
circulação extracorpórea. O sangue é retirado do corpo,
passando por alguns processos de filtração e retorna ao
organismo do animal livre das toxinas e impurezas
(BERNSTEIN; KLAINE, 2004).
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O acesso vascular temporário com cateter de
duplo-lúmen, (Figura 7) inserido na veia jugular
externa, é eficiente em promover fluxo sanguíneo
adequado para HD e apresenta baixa incidência de
complicações, podendo ser indicado como forma de
acesso vascular para HD em cães com IR
(MELCHERT et al.).
A hemodiálise também é indicada em casos de
intoxicações medicamentosas e venenos de animais
peçonhentos, evitando que o animal apresente alguma
lesão renal decorrente desta toxicidade (BERNSTEIN;
KLAINE, 2004).
Figura 7. Esquema de cateter de duplo-lúmen inserido
na veia jugular interna utilizado para hemodiálise.
Fonte:Denadai, 2005
Já na diálise peritoneal, é usado um processo de
filtração similar ao da hemodiálise, mas o sangue é
depurado dentro do organismo animal não sendo
necessário equipamento de filtração extracorpórea.
Coloca-se no interior do abdome, um fluido específico
chamado de dialisato que contemelevada concentração
de glicose,(Figura 8). Assim, as toxinas se difundem no
sangue (maior concentração de toxinas) para o banho
de diálise peritoneal dentro do abdome (menor
concentração de toxinas) e em seguida, este liquido é
drenado e descartado (BERNSTEIN; KLAINE, 2004).
A diálise peritoneal requer implante de um cateter
no abdome, utiliza equipamentos facilmente
encontrados e de baixo custo comparado comos
equipamentos da hemodiálise. É também um método
dialítico. É um processo mais demorado, porém,
bastante eficiente (BERNSTEIN; KLAINE, 2004).
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Figura 8. Esquema de diálise em humanos,
demonstração de cateter em abdome.
Fonte: Denadai, 2005.
Existe uma importância no controle do tempo em
que o paciente fica fazendo uma sessão de hemodiálise,
se for por um período muito demorado existe a
possibilidade de uma grande parte de soluto ser retirada
do organismo, já se ocorrer de forma muito rápida não
terá a retirada correta de substâncias indesejáveis
(ÁVILA et al.). As complicações decorrentes deste
tratamento serão descritas posteriormente.
A diálise peritoneal é conhecida como o processo
de transferir água e soluto de um compartimento para
outro através de uma membrana semipermeável.
(ÁVILA et al.).
As trocas de solutos se fazem através da membrana
peritoneal que é altamente vascularizada e responsável
pela separação do fluido da camada peritoneal e do
compartimento extracelular, com isso ocorre o
transporte de uréia, creatinina e de outras substâncias
responsáveis pela azotemia (ÁVILA et al.).
Segundo ÁVILA et al. (2008) a dose preconizada
para preenchimento da cavidade peritoneal com a
solução de diálise é de 30 a 40 mL/Kg de peso vivo em
cães, com trocas sucessivas a cada 30 min.
O tempo de tratamento depende de cada animal,
sendo que cada tipo de membrana peritoneal é diferente
de acordo com o número de vasos sanguíneos, sendo
que o tempo de tratamento tem que ser o suficiente
para obter normalização do clearance de creatinina
(normal de 2mL/Kg/min) (ÁVILA et al.).
Porem muitos fatores influenciam para que
pacientes necessitados tenham a chance de realizar a
HD, como distância de um centro especializado,
educação e condições socioeconômicas. O futuro deste
tratamento depende consciência e aceitação de
proprietários e médicos veterinários da HD como uma
efetiva terapia para cães e gatos (SANTOS, 2006).
Os fatores que afetam o clearance peritoneal estão
relacionados com o tamanho da partícula que será
filtrada, fluxo sanguíneo, aumento de idade do animal,
ligação da partícula à proteína, fluxo do dialisato em
relação ao tempo, entre outros (ÁVILA et al., 2008).
E os fatores que favorecem são o aumento do
volume do dialisato, fármacos que levam a
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vasodilatação e o tempo do dialisato não ultrapassar
30-45 min (ÁVILA et al., 2008).
Segundo ÁVILA et al. 2008 as indicações da
utilização da diálise e hemodiálise são:
 Animal incapaz de reverter a
síndrome urêmica;
 Níveis séricos de uréia e creatinina
maiores que 240mg/dL e 10mg/dL;
 Quadro clínico relacionado a IR
resistente a terapia medicamentosa
por mais de 24 horas;
 Distúrbios metabólicos graves, como
acidose metabólica, hipercalemia e
hipercalcemia;
 Animal não respondendo aos
diuréticos, fluidos e vasos dilatadores
(Oliganúria) levando a um aumento
da sobrecarga hídrica;
 Hipotermia ou hipertermia;
 Intoxicações por medicamentos ou
venenos;
A única contra indicação da diálise é quando o
paciente passou por cirurgia de laparotomia. As
complicações incluem hipoalbubinemia, peritonite,
edema de membros, hipocalemia (diminuição da
concentração do íonpotássio no sangue), hipercalemia
(aumento da concentração do íonpotássio no sangue),
hiponatremia
(diminuição
do
sódio)
e
hipomagnesemia(concentração inferior de magnésio no
sangue) (ÁVILA et al., 2008).
Também ocorrem complicações no sistema
respiratório (devido aanticoagulação de forma não
adequada durante a hemodiálise podendo levar a um
tromboembolismo), alterações hematológicas (podem
levar à anemia, devido a diminuição da eritropoiese, á
sangramento intestinal devido a uremia e à hemólise) e
alterações gástricas (náusea, vômito e anorexia devido
a hipotensão, desvio de sangue para o trato
gastrointestinal e alto fluxo ao iniciar a diálise)(ÁVILA
et al., 2008).
Vantagens da diálise: leva ao aumento na
sobrevida em casos de doenças associadas, 60% de
êxito no tratamento da azotemia e ser seguro em
animais de pequeno porte devido a não utilização de
circuito extracorpóreo, não levando com isso à
hipotensão( ÁVILA et al., 2008).
Desvantagem da diálise: a implantação
cirúrgica do cateter pode levar a obstrução conforme a
utilização (dias de tratamento), compra da solução de
diálise e também podem ocorrer infecções (ÁVILA et
al., 2008).
Vantagens da hemodiálise: tem grande vantagem de
acordo com o tempo levando uma rápida correção da
azotemia e corrigindo o desequilíbrio ácido-básico.
Desvantagens da hemodiálise: não é seguro em
animais de pequeno porte devido o circuito ser
extracorpóreo podendo levar a hipotensão, tem que ter
disponibilidade e custo elevado na manutenção dos
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equipamentos, o paciente tem que ficar internado e
deve ser feito por veterinário treinado.
A insuficiência renal é uma enfermidade bastante
freqüente na rotina da clínica de pequenos animais e de
difícil tratamento devido às limitações terapêuticas e as
características da doença.
Com os tratamentos convencionais e a implantação
de recursos como a hemodiálise e a diálise peritoneal
tem se conseguido um aumento na sobrevida dos
animais e assegurando-lhes acima de tudo boa
qualidade de vida. Esses tratamentos são indicados nos
casos de IRA para controle da doença. E nos casos de
DRC para controle das alterações que a falta da função
renal podem levar ao organismo.
O presente trabalho se propôs mostrar técnicas
novas para auxilio do tratamento de alterações renais,
com o intuito de aumentar assim a sobrevida dos cães e
gatos que são acometidos com essa afecção.
2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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