56º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 56º Congresso Brasileiro de Genética • 14 a 17 de setembro de 2010 Casa Grande Hotel Resort • Guarujá • SP • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 978-85-89109-06-2 272 Suscetibilidade e farmacogenética da hanseniase em pacientes no Estado do Pará Pinto, PD1; Ferreira, AM1; Alencar, DO1; Salgado, CG2; Santos, S1; Hutz, MH3; Ribeiro-dos-Santos, A1 Laboratório de Genética Humana e Médica/Laboratório de Antropologia Molecular, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará 2 Laboratório de DermatoImunologia, UEPA/UFPA/MC 3 Departamento de Genética, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [email protected] 1 Palavras-chave: Hanseniase, Poliquimioterapia, Suscetibilidade, Farmacogenética, GSTM1, CYP2E1, SLC11A1 O Brasil é o segundo país do mundo em número de casos registrados e em prevalência de hanseníase, particularmente o estado do Pará atinge níveis elevados. O tratamento indicado ao paciente com hanseníase é a poliquimioterapia (PQT - rifampicina, dapsona, clofazimina). Entretanto, é comum a observação de efeitos adversos em resposta a utilização desses medicamentos que podem ocorrer em função da presença de polimorfismos genéticos. Os genes GSTM1 e CYP2E1 que traduzem enzimas de metabolização de Fase I e II desempenham um papel fundamental no metabolismo celular, bem como na modificação e eliminação de compostos eletrofílicos reativos, como fármacos e xenobióticos. O SLC11A1 (N-RAMP1) constitue um gene da família SLC (Solute Carrier Family) que codifica uma proteína transmembranar, que funciona como transportador de metal de transição divalente (Fe+2 e Mg+2, entre outros). Está envolvido no mecanismo de resistência de algumas bactérias como o Micobacterium leprae. Polimorfismos em genes que participam de mecanismos de detoxificação celular, ou como proteínas carreadoras de soluto na membrana podem influenciar o mecanismo de resposta ao tratamento da hanseníase, assim como a suscetibilidade as suas formas clinicas. No presente trabalho, investigou-se os possíveis efeitos dos polimorfismos nos genes GSTM1, CYP2E1 e SLC11A1 em 140 pacientes com Hanseníase, selecionados de acordo índice bacilar (IB) do hospital Marcelo Cândia e do município de Dom Eliseu (PA). As amostras de DNA foram extraídas pela técnica fenol-clorofórmio e posteriormente quantificadas, em seguida foram analisadas utilizando-se de técnicas básicas de biologia molecular, como reação em cadeia da polimerase, e também análise em gel de poliacrilamida e agarose. As análises estatísticas foram feitas com o programa SPSS 8.0. O resultado da comparação entre os alelos GSTM1*1 (presença) e GSTM1*0 (ausência) demonstraram significância (p=0,0276) em relação ao índice bacilar elevado (IB), assim como o alelo GSTM1*0 demonstrou ser um fator de proteção (OR<1). Em relação aos genes CYP2E1 (INSERÇÃO) e SLC11A1 (TGTG-3’UTR) não se observou significância para a suscetibilidade da hanseníase. Os polimorfismos presentes em genes de reação de Fase II, dificultam a eliminação dos fármacos utilizados na PQT, deixando-os mais tempo na circulação sanguínea e em contato com os patógenos dessa doença. Isto pode levar ao desenvolvimento de resistência a tais fármacos, ocasionando uma elevação do índice bacilar para níveis críticos, principalmente naqueles pacientes multibacilares. Genes de reação Fase I, tornam as moléculas mais eletrofílicas, deixando-as mais reativas e passiveis de conjugação com moléculas orgânicas ( facilita a eliminação). Desta forma, os resultados encontrados em relação ao gene GSTM1 podem sugerir sua importância pré-clínica (avaliação farmacogenética), na formulação de tratamentos individualizados, a fim de ser obter uma farmacoterapêutica eficaz e com menos reações adversas. Fonte financiadora: CNPq, PIBIC/CNPq