Opinião de Paulo Rosa, economista, sobre a

Propaganda
Periodicidade: Semanal
Temática:
Energia
Vida Económica
Classe:
Economia/Negócios
Dimensão:
244
16­12­2016
Âmbito:
Nacional
Imagem:
S/Cor
Tiragem:
26000
Página (s):
36
PAULO ROSA
O custo de produção do shale Oil
o preço do petróleo passa agora por aqui
Quando Donald Trump foi eleito para a presidência dos EUA a 8 de
novembro as cotações das empresas de energias renováveis EDP EDPR as
alemãs RWE e E ON as espanholas Iberdrola e Endesa e elétricas americanas
entre outras caíram imediatamente em reação à pouca simpatia de Trump por
energias verdes Isto numa altura em que o mercado vive um rally Trump
impressionante de final de ano algo que não se verificava nos últimos anos O
mercado acionista está entusiasmado com o impulso que Donald Trump promete
dar à economia norte americana e por arrasto à economia mundial através do
aumento da despesa pública e da descida de impostos prolongando o ciclo de
crescimento da economia dos EUA que dura há oito anos
Aas expectativas em torno da subida das taxas de juro nos EUA e da evolução
da sua política monetária também animaram o mercado num mês que costuma
ser bem mais calmo
O preço do petróleo também subiu mas a principal razão não foi o facto de
Trump ter convidado o presidente da Exxon Mobil para Secretário de Estado Foi
o acordo entre os países da OPEP para reduzir a produção em 1 2 milhões de
barris diários no final de novembro e em 1 8 milhões de barris a partir de janeiro
Segundo os analistas historicamente a taxa de cumprimento do que é acordado
nas reuniões da OPEP situa se entre os 50 e os 80
Há sempre um país que fura o acordo tradicionalmente entre os que
produzem barato na casa dos 5 a 15 dólares por barril como a Arábia Saudita e
países da península arábica para não perderem quota de mercado
Devido à indexação das receitas do petróleo às despesas públicas dos países
como na Argélia ou em Angola os países produtores sentem se mais confortáveis
com preços altos apesar do risco de perda da quota de mercado Dado que o
último acordo foi realizado entre membros da OPEP e outros países como a
Rússia a probabilidade de incumprimento é ainda maior
A perda de quota de mercado dá se nomeadamente para o Shale Oil
petróleo de xisto cujos poços podem ser reabertos com facilidade e sem
investimentos avultados A OPEP há muito que deixou de ser um fixador de
preço e está neste momento entre a espada e a parede porque ao reduzir a
produção para tentar pressionar o preço em alta os países que formam o cartel
correm o risco de perder quota de mercado e receitas
Aliás o fixador do preço de mercado passou a ser o custo de produção do
Shale Oil nomeadamente dos produtores norte americanos que ronda hoje
em dia valores entre os 50 dólares e os 55 dólares por barril À medida que os
progressos tecnológicos vão avançando os custos de produção vão diminuindo e
o preço do petróleo também Por absurdo se os custos de produção do petróleo
de xisto norte americano e também das Oil Sands petróleo betuminoso do
Canadá e da Venezuela descesse para 20 USD barril então o preço do petróleo
baixaria para esses valores
Para Portugal país importador de petróleo é sempre negativa a subida do
preço A subida sistemática dos preços dos combustíveis nas últimas semanas e
mesmo meses é causada não só pelo aumento do preço do barril de petróleo mas
também pela subida do dólar em relação ao euro mais acentuada após a eleição
de Donald Trump
A economia portuguesa é muito sensível ao preço do petróleo apesar de existir
um crescente peso das energias renováveis O Orçamento do Estado para 2017
baseia se numa previsão de 51 3 dólares por barril No Orçamento de Estado
para 2017 o Governo prevê que um preço acima dos 20 estimados tenho
um impacto negativo de 0 2 pontos percentuais no PIB Atualmente o Brent de
Londres que serve de referência para Portugal cota bem acima nos 56 dólares
Caso o preço do barril continue a subir ainda mais os impactos negativos no
PIB na balança comercial e na dívida pública serão consideráveis Porém se o
petróleo voltar à casa dos 40 ou mesmo 30 dólares o impacto pode não ser muito
positivo pode não ser muito relevante porque a economia portuguesa tem um
crescimento bastante anémico e que provavelmente continuará no próximo ano
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