1 ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA HÂNIA MARIA DE MENEZES SANTANA CONSUMO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA EM JUAZEIRO DO NORTE-CE JUAZEIRO DO NORTE – CE 2006 2 HÂNIA MARIA DE MENEZES SANTANA CONSUMO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA EM JUAZEIRO DO NORTE-CE Monografia apresentada à Escola de Saúde Pública do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista Farmacêutica. Orientadora: Profª. Msc. Kelly Rose Tavares Neves JUAZEIRO DO NORTE – CE 2006 em Assistência 3 HÂNIA MARIA DE MENEZES SANTANA “CONSUMO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA EM JUAZEIRO DO NORTE-CE” Curso de Especialização em Assistência Farmacêutica Aprovada em ____/____/____ BANCA EXAMINADORA: Kelly Rose Tavares Neves Mestre _________________________________________________ Msc. Maria das Graças Nascimento Silva Mestre _________________________________________________ Esp. Pollyanna Callou de Morais Dantas Especialista _________________________________________________ 4 DEDICATÓRIA A Deus, por tudo que conquistei, as bênçãos recebidas, enfim, pela pessoa que sou. 5 AGRADECIMENTOS Inicialmente agradeço a minha orientadora, Profª. Msc. Kelly Rose Tavares Neves pela paciência, pela atenção e orientação constante no transcorrer do trabalho monográfico. Agradeço às Farmácias Pague Menos por conceder liberação do trabalho durante o curso e consentir na realização da pesquisa. Ao meu esposo e aos meus filhos, pois souberam compreender a minha ausência durante toda a concretização deste trabalho. Aos meus pais pelo incentivo ao longo da vida. Aos professores do Curso de Especialização pelos ensinamentos repassados.. Aos clientes da farmácia que se propuseram a responder aos nossos questionamentos. A colega de curso Janieide Lopes Bezerra pelo apóio e incentivo nas dificuldades encontradas no decorrer do trabalho. 6 “O desejo de tomar medicamentos talvez represente o maior aspecto de distinção entre o homem e os animais”. Sir William Osler 7 RESUMO Os Antiinflamatórios Não-Esteróides - AINE encontram-se entre o grupo de fármacos mais amplamente consumidos em todo o mundo. O presente trabalho objetiva analisar o consumo de AINE em uma farmácia comunitária localizada no centro de Juazeiro do Norte –CE. Para a realização do mesmo utilizou-se pesquisa descritiva, transversal e quantitativa. À amostra foi composta por clientes acima de 17 anos que adquiriram algum AINE no local do estudo, no período de maio a agosto de 2006 no horário da manhã. Foi elaborado um questionário contendo perguntas sobre o perfil dos clientes e sobre o medicamento utilizado. A pesquisadora preenchia o questionário com as informações dos clientes. Foram colhidos 80 questionários. Deste total 90% foram do sexo feminino, 50% foram maiores de 60 anos. Com relação ao grau de instrução 71% tem ensino médio e superior, 60% possuem renda superior a 5 salários mínimos. O diclofenaco (30%) foi o AINE mais citado, seguido do lumiracoxib (16,25%). 80% consomem com prescrição médica ou odontológica. 70% afirmaram não sentir nenhuma reação adversa ao consumir o medicamento e 50% não recebeu nenhum tipo de alerta sobre ocorrência de reações adversas ao medicamento. 60% dos entrevistados afirmaram indicar o AINE a alguém. Dores nas articulações foram o principal motivo do uso relatado. Após a analise dos dados pode-se concluir que os AINE são muito utilizados para tratamento sintomático, apontando para a necessidade de orientação na farmácia comunitária dos usuários quanto ao uso racional de antiinflamatórios. Palavras Chave: antiinflamatórios não-esteróides, farmácia comunitária, consumo de medicamentos 8 ABSTRACT The Non-Steroids Antiinflamatories - NSAI are among the group of drugs most consumed in the whole world. The objective of the present suport is the analysis of NSAI usage in a communitary pharmacy located in downtown Juazeiro do Norte.In order for this survey to be done a descriptive, transversal and quantitative research was used. The research was composed of clients over 17 years old who acquired some NSAI in the study location beginning in May through August of 2006 in the morning. A questionnaire was elaborated containing questions about the clients profile and about the medication used. The researcher filled out the questionnaire with the clients information. 80 questionnaires were selected. From this total, 90% were female, 50% were over 60 years. About the education, 71% have high school and college, 60% have superior income to 5 minimal salaries. The diclofenac (30%) was the most cited NSAI, followed by lumiracoxib (16,25%). 80% consume with medical or odontological prescription. 70% affirmed that they didn't feel any adverse reaction by taking the medicine and 50% didn't get any kind of alert about the occurrence of adverse reactions to the medicine. 60% of the interviewed confirmed to indicate NSAI to someone. Joint pains were the main reason of the reported usage. After the analysis of this data, it's concluded that NSAI are very widely used for symptomatic treatment, pointing to the necessity of communitarian pharmacy to orientate the users about the rational use of antiinflamatories. Keywords: Non-steroids Antiinflamatories, communitarian pharmacy, medication consumption. 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AINE – Antiinflamatório não esteróide CENASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde CNC – Conselho Nacional de Saúde COX – Enzima Cicloxigenase OMS – Organização Mundial de Saúde OTC – Over the Counter (Sobre o Balcão) RAM – Reação Adversa ao Medicamento SOBRAVIME – Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamento SUS – Sistema Único de Saúde 10 LISTA DE FIGURAS E TABELAS FIGURA 1. Vias de transmissão da dor e locais de intervenção dos AINEs .............21 TABELA 1 Classificação química dos principais AINEs ............................................20 TABELA 2. Principais usos terapêuticos de alguns AINEs .......................................26 TABELA 3. Freqüência de AINE entre os entrevistados............................................38 TABELA 4. Sinais e sintomas que motivam o uso de AINE de acordo com os participantes...............................................................................................................40 11 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Distribuição dos entrevistados quanto ao sexo...................................33 GRÁFICO 2 – Distribuição dos entrevistados quanto à idade...................................34 GRÁFICO 3 – Distribuição quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados.........35 GRÁFICO 4 – Distribuição quanto à renda familiar dos entrevistados......................36 GRÁFICO 5 - Percentual de entrevistados segundo ao uso de AINE com e sem prescrição...................................................................................................................37 GRÁFICO 6 - Distribuição dos AINE quanto à via de administração dos AINE referidos pelos entrevistados......................................................................................41 GRÁFICO 7 - Distribuição dos entrevistados quanto a percepção de RAM..............42 GRÁFICO 8 - Distribuição dos entrevistados quanto ao alerta da ocorrência de RAM............................................................................................................................43 GRÁFICO 9 - Percentual de entrevistados quanto a indicação de AINE à alguém........................................................................................................................44 12 SUMÁRIO RESUMO LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE FIGURAS E TABELAS LISTA DE GRÁFICOS 01 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 14 2. REVISÃO DA LITERATURA......................................................................... 18 2.1 Histórico ................................................................................................... 18 2.2 Ações Farmacológicas e Mecanismo de Ação............................................ 19 2.3 Reações Adversas...................................................................................... 22 2.3.1 Reações Gastrintestinais......................................................................... 22 2.3.2 Reações Renais....................................................................................... 23 2.3.3 Reações Hepáticas.................................................................................. 23 2.3.4 Reações de Hipersensibilidade................................................................ 24 2.3.5 Reações Hematológicas........................................................................... 24 2.3.6 Outras Reações Adversas........................................................................ 25 2.4 Principais Usos dos AINEs ......................................................................... 25 03. OBJETIVOS................................................................................................ 28 3.1 Geral............................................................................................................ 28 3.2 Específicos............................................................................................... 28 04 METODOLOGIA ......................................................................................... 29 4.1 Tipo de estudo............................................................................................. 29 4.2 Descrição da área de estudo...................................................................... 29 4.3 População e amostra................................................................................. 30 4.4 Instrumento de coleta de dados.................................................................. 30 13 4.5 Aspectos Éticos.......................................................................................... 31 4.6 Procedimento de coleta de dados ........................................................... 31 4.7 Analise dos dados....................................................................................... 32 05 Resultados e discussões............................................................................ 33 5.1 Descrição dos entrevistados....................................................................... 33 5.2 Sobre os antiinflamatórios não esteróides.................................................. 37 6.CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 47 APÊNDICE................................................................................................................... 50 APÊNDICE A Questionários aplicado aos clientes.................................. 51 APÊNDICE B Termo de esclarecimento................................................... 52 APÊNDICE C Termo de consentimento.................................................... 53 APENDICE D Termo de autorização......................................................... 54 ANEXO.............................................................................................................. 55 ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética............................................. 56 14 1. INTRODUÇÃO Nas ultimas décadas têm surgido importantes avanços nos conhecimentos médicos sobre a etiologia e a fisiopatologia de diversas doenças e, paralelamente, têm sido desenvolvidos novas opções terapêuticas e novos medicamentos. O consumo de medicamentos tem demonstrado crescimento em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, o mercado farmacêutico movimenta aproximadamente 10,3 bilhões de dólares anuais e está entre os cinco maiores consumidores de medicamentos do mundo (Wilken & Bermudez, 1998). Entre os medicamentos mais amplamente consumidos em todo o mundo encontram-se os Antiinflamaórios Não-esteroides – AINE, respondendo por 70 milhões das prescrições e com mais de 30 bilhões de comprimidos comercializados anualmente nos Estados Unidos (Wolfe et al,1999). O Brasil encontra-se em nono colocado no ranking mundial de comercialização de AINE (Frutuoso, 2004). Além disso, pesquisas nacionais confirmam este grupo farmacológico como um dos mais consumidos pela população, apesar do histórico de toxicidades e de efeitos colaterais, principalmente gastrintestinais. A maioria dos AINE tem eficácia antiinflamatória similar. Eles exercem seus efeitos através da inibição da enzima cicloxigenase (COX), resultando em formação diminuída dos precursores de prostaglandinas e tromboxanos (Wannamacher & Ferreira, 1995). As suas propriedades analgésicas, antipiréticas e antiinflamatórias justificam o seu alto consumo, pois as condições envolvidas nesses casos estão presentes na vida da maioria das pessoas. Várias pesquisas estudaram a importância de fatores como sexo e idade na determinação do uso de AINE, evidenciando que as mulheres utilizam mais comumente, entretanto, a idade não é um forte preditor da utilização dos mesmos 15 (Antonov et al, 1996; Eggen 1993). Outros possíveis fatores determinantes da utilização de AINE ainda encontram-se em discussão, tais como: hábitos de vida e presença de morbidades especificas, principalmente relacionadas à dor (Porteus et al, 2005, Antonov et al, 1996). No Brasil são poucos os estudos específicos sobre a utilização destes fármacos. Estudos realizados por Ferraz et al (1996), Arrais et al (1997), Mosegui et al (1999) e, mais recentemente, Luz (2003) e Ribeiro et al (2005) merecem destaque. Um resultado importante da pesquisa realizada por Ferraz et al (1996), em uma amostra de farmácias em São Paulo, sobre a indicação de fármacos overthe-counter1 (OTC) por balconistas, foi que entre o grupo de fármacos mais sugeridos os AINE responderam por 42,85%. Em um estudo descritivo da automedicação no Brasil, Arrais et al (1997) evidenciaram que os AINE foram a terceira classe terapêutica mais relatada. Deste grupo, o diclofenaco atingiu 53%, ocupando o quinto lugar entre todos os fármacos. Mosegui et al (1999) avaliaram a qualidade do uso de medicamentos em mulheres com idade superior a 60 anos, no Rio de Janeiro. Neste estudo, os AINE fora a quinta classe terapêutica mais consumida. Entretanto, aparecem em primeiro lugar se considerar seu envolvimento em eventos de redundância, que é o uso de fármacos pertencentes a uma mesma classe terapêutica. Pesquisa realizada por Luz (2003) sobre fatores associados ao uso de AINE em população de funcionários de uma universidade do Rio de Janeiro confirma que as mulheres são as maiores usuárias de AINE bem como os indivíduos com maior carga de trabalho. 1 O termo OTC vem do idioma inglês que significa "over the counter", ou seja, "sobre o balcão". São aqueles medicamentos que podem ser comercializados sem a necessidade de prescrição médica. No Brasil, estes produtos são conhecidos como MIP, sigla que significa Medicamentos Isentos de Prescrição. 16 O estudo realizado por Ribeiro et al (2005) chama a atenção para a associação entre o uso de AINE e a presença de sintomas gastrointestinais. Alertando para a necessidade de uma maior atenção por parte dos profissionais de saúde para as possíveis reações adversas associadas ao uso desta classe terapêutica. É importante ressaltar que os antiinflamatórios, como todo medicamento, reúnem possibilidades de benefício ou de risco. Dentre os riscos, citam-se: lesão gástrica, dores abdominais, sensação de plenitude, flatus e meteorismo, constipação, diarréia, náuseas, azia, dispepsia e até ulcerações gástricas, com perfurações, hemorragia, colite e enterite regional (Bjarnason & Macpherson, 1994). Um a cada cinco ou dez consumidores de AINE sofre de úlcera segundo estatísticas Americanas. Quatro milhões de dólares é o custo estimado do tratamento de complicações gastrintestinais causadas por estes antiinflamatórios nos Estados Unidos no ano de 1991 (Chetley, 1995). Os AINE são antiagregantes plaquetários, atravessam a barreira placentária, podendo ser teratogênicos se utilizados em altas doses, e também prolongar o trabalho de parto. Medicamentos como anticoagulantes, fibrinolíticos e outros antiplaquetários, podem ter seus efeitos potencializados pelo uso simultâneo de AINE, conforme relatou Dionne & Gordon (1994). O consumo de antiinflamatórios sem prescrição médica está crescendo, não somente para doenças especificas, como artrite reumatóide ou osteoartrite, mas também para muitas outras, como fenômenos dolorosos em geral, incluindo as dores de cabeça, gripes e cólicas menstruais (www astrazeneca.com.br, 2006). Isto é preocupante, visto que a automedicação pode aumentar os riscos de interações medicamentosas e de reações adversas. Os AINE são uma classe de medicamentos bastante atraente para a indústria farmacêutica pelo seu elevado consumo e, conseqüentemente, pelo seu alto potencial de lucratividade. Nos últimos 10 anos observa-se a proliferação de novos AINE, entretanto, sem grandes avanços com relação à eficácia (Wannmacher, 17 1998). Pelo contrário, alguns destes são rapidamente retirados do mercado devido a graves efeitos adversos. É o caso, por exemplo, do rofecoxib e do benoxifeno que foram retirados do mercado devido à alta incidência de efeitos graves, incluindo óbitos. Pesquisas que envolvam o conhecimento sobre o perfil de utilização de medicamentos, perfil de prescrição, qualidade do que se usa, automedicação, vendas e custos comparativos, contribuem para a formação de uma consciência crítica entre os profissionais que prescrevem, os que dispensam medicamentos e os consumidores (Bertoldi et all, 1997). O tema proposto foi motivado pela experiência profissional da pesquisadora como farmacêutica responsável técnica por uma farmácia comunitária, onde pôde constatar um consumo bastante elevado de AINE, quando comparado com outros grupos farmacológicos, com e sem prescrição médica. No Brasil, a maior parte dos estudos sobre a utilização de AINE foi desenvolvida nas Regiões Sul e Sudeste do país, portanto, espera-se encontrar peculiaridades no consumo destes medicamentos na Região Nordeste, onde está localizado o Município de Juazeiro do Norte, devido as diferenças de indicadores sócio-econômicos, epidemiológicos e de acesso aos serviços de saúde. Portanto, tendo em vista a importância dos AINE e o seu impacto sobre a saúde da população, esta pesquisa pretende fornecer informações relevantes sobre a utilização deste grupo de medicamentos que possam servir de ferramentas para profissionais de saúde, autoridades sanitárias, instituições de saúde e pelos próprios consumidores de medicamentos. 18 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1 HISTÓRICO Os medicamentos antiinflamatórios constituem um grupo de compostos mais comumente prescrito em todo o mundo e estão entre os mais utilizados na prática da automedicação (Motola, 2004). Seu uso é muito difundido estando continuamente em crescimento. Sua comercialização mundial alcança a cifra de 2,2 bilhões de dólares, com 73 milhões de prescrições anuais em todo o mundo (Fuchs & Wannmcher, 1998). Há muito conhecido pela humanidade, a história dos compostos antiinflamatórios não esteróides (AINE) remete ao uso do extrato de casca de salgueiro e de outras plantas conhecidas por diversas culturas através dos séculos. Os assírios utilizavam extratos de folhas de salgueiro para o alívio de sintomas músculo-esquelético e os egípcios utilizavam decocção de folhas de murta e salgueiro para dores nas articulações e para o alívio da dor e da inflamação associadas a ferimentos (Jones, 2001). Em 1853 o ácido acertilsalicílico foi sintetizado. Com a demonstração dos seus efeitos antiinflamatórios foi introduzido definitivamente na medicina por Dreser em 1899 com a denominação de Aspirina (Spiraea designa o gênero da planta a partir do qual foi obtido e Saure significa ácido no vocábulo alemã). Por ter maior eficácia e menor custo, rapidamente a aspirina substituiu os produtos obtidos a partir de fontes naturais, e, passados mais de 90 anos continua sendo um dos remédios mais amplamente utilizados pela humanidade (Katzung, 2003). Compostos alternativos a aspirina foram surgindo a partir de 1941. Inicialmente a Fenilbutazona, com poderosos efeitos antiinflamatórios aprovado nos Estados Unidos para o tratamento da artrite reumatóide ou da osteoartrite (Katzung, 2003 ). 19 Novos AINE proliferaram nos últimos 10 anos, entretanto comparados à aspirina nenhum deles conseguiu sobrepujar sua eficácia, quer em estudos experimentais ou em ensaios clínicos randomizados (Fuchs & Wannmacher, 1998). Conhecidos como “coxibs”, esta nova classe de antiinflamatórios merece destaque por apresentar seletividade para a enzima ciclooxigenase 2 resultando na manutenção dos efeitos terapêuticos dos AINE com restrição de seus efeitos deletérios tradicionais (Emery, 2001). Schnitzer (2001), ressalta alguns efeitos colaterais que essa classe apresentam quando comparados com os antiinflamatórios tradicionais, principalmente a nível renal, manifestando-se por um aumento na incidência de hipertensão e edema, devendo, segundo o autor ser melhor avaliados através de ensaios clínicos bem controlados. 2.2 Ações farmacológicas e mecanismo de ação Os antiinflamatórios não-esteróides (AINE) fazem parte de um grupo heterogêneo de compostos, que mesmo não estando quimicamente relacionados, compartilham algumas ações terapêuticas como propriedades analgésica, antitérmica, antiinflamatória e antitrombótica (Goodman & Gilman, 1996). Praticamente todos os AINE são analgésicos e antipiréticos, variando o grau de atividade antiinflamatória. Como analgésicos geralmente são eficazes para dor de intensidade leve a moderada, sendo a sua principal vantagem a ausência de dependência física ou psíquica com o uso prolongado, quando comparados aos opióides. Como antitérmicos reduzem a temperatura corpórea nos estados febris. Porém devido aos seus efeitos tóxicos alguns não são convenientes para uso prolongado ou rotineiro (Goodman & Gilman, 1996). São como agentes antiinflamatórios que os AINE tem sua principal aplicação. Alguns são fortemente antiinflamatórios Exemplo: Indometacina, piroxicam, outros possuem atividade antiinflamatória moderada como: Ibuprofeno e nabumetona e ainda os que possuem ação antiinflamatória mínima o paracetamol é 20 um exemplo (Rang & Dale, 2001). A Tabela 1 destaca a classificação química dos principais AINE : Tabela 1: Classificação química dos principais AINE Derivados do ácido salicílico Ácido acetil salicílico, salicilato de sódio, trissalicilato de magnésio e colina, salsalato, diflunisal, ácido salicilsalícico, sulfasalazina, olsalazina Derivados do aminofenol, para- Paracetamol ou acetaminofeno aminofenol e anilina Derivados do ácido antracílico (fenantranos) Ácidos mefenâmico, ácido meclofenâmico Derivados do ácido enólico Oxicans (piroxicam, tenoxicam), pirazolidinodionas (fenilbutazona, oxifentatrazona) Derivados do ácido indolacético Indometacina, sulindaco, glucametacina, benzidamina, benziflex Derivados do ácido fenilacético Derivados do ácido propiônico Diclofenaco, fenclofefeno, fentiazaco, aceclofenaco Ibuprofeno, cetoprofeno, fenoprofeno, flubiprofeno, naproxeno, fenbufeno, oxaprozina Derivados da sulfoanilida Nimesulida, deflogen Derivados da quinolonas Celecoxib, rofecoxib, valdecoxib Derivados da naftilcalonas Nabumetona, proquazona Fonte: Revista Pharmacia Brasileira, 2003. O processo inflamatório consiste na resposta orgânica mais precoce diante de lesão tissular ou infecção. Este processo fisiológico envolve uma ação coordenada entre o sistema imunológico e o tecido no qual ocorreu a lesão (Tilley, Coffman, Koller, 2001). Diante de um trauma tissular, o acúmulo local de prostaglandinas, tromboxanos e outros mediadores químicos (substância P, serotonina etc) ocasionam a "sensibilização periférica" da dor, que se caracteriza por uma alteração no limiar de nociceptores, com conseqüentes hiperalgia (sensibilidade exacerbada 21 ao estímulo nóxico) e/ou alodinia (sensações não dolorosas sendo experimentadas como dor). Estes nociceptores sensibilizados enviam sinais, via fibras nervosas aferentes A delta e C, para o corno posterior da medula, onde fazem sinapses principalmente com neurônios das lâminas I,II e V e, como conseqüência, geram a "sensibilização central" da dor. A partir da medula, o estímulo doloroso ainda prossegue via trato espinotalâmico para estruturas como tálamo e córtex cerebral, onde existe muito mais a se esclarecer sobre a sensibilização dolorosa nessas áreas (Figura 1). Figura 1 – Vias de Transmissão de Dor e Locais de Intervenção dos AINES. Adptado de Gottschalk e col. Fonte: Revista Brasileira de Anestesiologia, 2002; 52: 4: 498 – 512 Antiinflamatórios Não Esteróides Inibidores da Ciclooxigenase-2 (COX-2): Aspectos AtuaisCarmen Luize Kummer, Tereza Cristina R. B. Coelho Vane (1971) foi o primeiro a propor que os efeitos terapêuticos e colaterais dos antiinflamatórios não-esteroides resultavam da inibição da enzima ciclooxigenase por estes compostos. 22 Há, pelo menos duas isozimas da COX (enzima araquidonato ciclooxigenase), a ciclooxigenase 1 (COX-1) e a ciclooxigenase 2 (COX-2). A primeira é uma enzima essencial, presente na maioria das células e tecidos que esta relacionada a inúmeras funções fisiológicas, entre estas a modulação da formação de secreções gástricas protetoras. A segunda é induzida no contesto inflamatório pelas citocinas e mediadores da inflamação (Katzung, 2003). A inibição da COX-1 é em parte responsável por alguns efeitos adversos dos AINEs, como toxicidades renal e gastrintestinal .O que não ocorre de forma acentuada com a inibição da COX-2, evidenciada através de estudos clínicos e farmacológicos onde a sua inibição é suficiente para promover efeitos analgésicos e antiinflamatórios (Katzung, 2003). 2.3 Reações adversas Os AINE compartilham vários efeitos adversos, presumivelmente devido a inibição da cicloxigenase. Quando utilizados em doenças articulares (geralmente em doses altas e por tempo prolongado), verifica-se elevada incidência de efeitos colaterais – mais frequentemente no trato gastrintestinal, porém também no fígado, rim, baço, sangue e medula óssea. Esses efeitos variam em intensidade e freqüência, dependendo do fármaco ou classe de fármacos, bem como das reações individuais de cada doente (Rang & Dale, 2001) 2.3.1 Reações Gastrintestinais Representam a principal queixa dos usuários de AINE. Compreendem: eritema e erosões , ulceração gástrica e duodenal, dispepsia, dor epigástrica, náuseas e vômitos , anorexia, flautulência, diarréia (podendo em certas ocasiões provocar constipação) e perda de sangue pelo tubo digestivo.Pacientes usuários crônico apresentam risco relativo de desenvolver complicações gastrintestinais colaterais cerca de três vezes maior em comparação aos não usuários (Rang & Dale, 2001). 23 Com exceção dos derivados do p-aminofenol, todos os outros antiinflamatórios tem tendência a produzir efeitos colaterais gastrintestinais variáveis. Entretanto tais efeitos podem ser minorados reduzindo-se a dosagem, utilizando-se apresentações de formas farmacêuticas de desintegração entérica, como também administração concomitante de alimentos ou antiácidos. A substituição do AINE inicial por outro representante, também é alternativa para redução dos efeitos gastrintestinais (Fuchs & Wannmacher, 1998). É sabido que a incidência de complicações (hemorragia/perfuração gástrica) não é igual para todos os AINE já disponíveis. Tem-se procurado explicar essas diferenças com base na “seletividade parcial” para a inibição da cicloxigenase tipo 2. Devem manter-se reservas sérias quanto a muitas dessas informações que se baseiam muitas vezes numa única determinação e em condições muito particulares de ensaio. De qualquer modo, entre os antiinflamatórios disponíveis há evidências de inibição preferencial da cicloxigenase tipo 2 , para o meloxicam e a nimesulida (infamed, 2006). 2.3.2 Reações Renais Indivíduos saudáveis, não apresentam problemas renais quando utilizam doses terapêuticas de AINE. Justifica-se provavelmente, porque a produção de prostaglandinas vasodilatadoras exerça menor papel na função renal dos mesmos.Todavia em pacientes com disfunção renal preexistente ou com comprometimento da perfusão podem desenvolver complicações renais que compreendem insuficiência renal aguda ou crônica , síndrome nefrótica, necrose papilar aguda e nefrite intersticial aguda. Esses problemas são raros e reversível com a interrupção do fármaco em uso. Exceto quanto a hipercalemia que pode ser fatal (Fuchs & Wannmacher, 1998). 2.3.3 Reações Hepáticas Em decorrência do uso de AINE podem surgir alterações transitórias (aumento de aminotransferaes séricas) até quadros fatais (Fuchs & Wannmacher, 24 1998). As reações graves são raras e imprevisíveis sugerindo que a maioria ocorra devido à hipersensibilidade ou idiossincrasia .A fenilbutazona tem sido associada a necrose hepática e hepatite granulomatosa e as substâncias sulindaco, indometacina, ibuprofeno e naproxeno podem desencadear a hepatite colestática. O uso prolongado com AINE, pode causar hepatite crônica (Fuchs & Wannmacher, 1998). O diclofenaco está associado a um transtorno hepatocelular agudo reconhecido como causa rara de lesão hepatocelular aguda ( Meylers, 2000). 2.3.4 Reações de Hipersensibilidade A intolerância demonstrada por algumas pessoas aos AINE manifesta-se por sintomas que variam da rinite vasomotora com secreções aquosas abundantes, edema angioneurótico, urticária generalizada e asma brônquica , até o edema da laringe e broncoconstriçao, hipotensão e choque (Goodman & Gilman 1996). A hipersensibilidade à aspirina é uma contra-indicação para o uso de quaisquer das substâncias AINE,pois podem provocar uma reação potencialmente fatal semelhante ao choque anafilático (Goodmas & Gilman 1996). 2.3.5 Reações Hematológicas Os derivados pirazolônicos podem causar graves desordens hematológicas como trombocitopenia, agranulocitose, anemia aplastica e anemia hemolítica. Devendo ser evitados entre idosos por ser a faixa etária que apresenta maior risco de reações com o uso de AINE (Fuchs & Wannacher, 1998). A trombocitopenia é de gravidade geralmente moderada e reversível e tem baixa letalidade, entretanto mortes por hemorragia tem sido notificadas, especialmente com a indometacina e a fenilbutazona. Pode ocorrer também leucopenia (Meyles, 2000}. Segundo Castilho et al. (1998), discrasias sanguíneas são pouco freqüentes, aparecendo manifestações clínicas em pacientes com distúrbios hematológicos ou que fazem uso de anticoagulantes. 25 2.3.6 Outras Reações Adversas O uso em doses elevadas de aspirina pode provocar o aparecimento de salicilismo, intoxicação crônica caracterizada por zumbidos, confusão, surdez para altos tons, delírios, psicoses, estupor, coma e ventilação superficial por edema pulmonar (Fuches & Wannmacher, 19980. Em pacientes predispostos (aqueles que apresentam rinite vasomotora, congestão e pólipos nasais) pode aparecer asma induzida por AINE em uma proporção de1 para 10, acompanha-se de rinorréia, hiperemia da conjuntiva e outros sintomas respiratórios altos (Fuchs & Wannmacher, 1998). As reações cutâneas aparecem particulamente com o uso do ácido mefenâmico e do sulindaco, variando de erupções leves, urticárias e reações de fotossensibilidade até doenças mais graves e potencialmente fatais (que felizmente são raras) (Rang & Dale, 2001). 2.4 Uso dos AINE Os objetivos básicos do tratamento de pacientes com inflamação são dois: primeiramente aliviar a dor, que na maioria das vezes é sua principal queixa e em segundo lugar retardar ou – teoricamente – interromper o processo responsável pela lesão tecidual (Katzung, 2003). Em quase todas as lesões produzidas no organismo humano a reação inflamatória está presente. Traumas, infecções, reações imunitárias a agentes externos e processos auto-imune acompanham-se em maior ou menor intensidade, de reações inflamatórias. Destacando que no trauma a inflamação é componente indispensável a reparação tecidual não justificando o uso de AINE. Assim como nas infecções em que a reação inflamatória representa uma defesa do organismo devendo direcionar o tratamento para a gênese do problema (ou seja uso da quimioterapia antimicrobiana específica) (Fuchs & Wannmacher, 1998). 26 A terapia antiinflamatória é indicada quando o desconforto advindo das manifestações inflamatórias (dor, edema, limitações funcional) suplanta o benefício da regeneração tecidual determinado pela reação inflamatória. O seu uso quase sempre produz alívio da dor durante um período significativo de tempo. Ressaltando que quando há dor isolada analgésicos não-opióides ou opióides podem ser suficientes ( Fuchs & Wannmacher, 1998). Designadas genericamente de doenças reumáticas, esses distúrbios compreendem artrite reumatóide, gota, osteoartrite, polimiosite, lupus eretematoso sistêmico, esclerose sistêmica progressiva, poliarterite/granulomatose de Wegener, polimialgia reumática, espondilite aquilosante e entesopatias. Nelas as articulações e tecido conjuntivo são afetados levando à disfunção e incapacitação do órgão afetado. São de natureza crônica, tendo evolução de meses ou anos . Atingem milhões de pessoas em todo o mundo acarretando ônus pessoal (dor e incapacidade funcional) e inestimável perdas econômicas.Nesses processos inflamatórios crônicos estão indicado a terapia antiinflamatória (Fuche & Wannmacher,1998). Tabela 2: Principais usos terapêuticos de alguns AINE AINE Principais usos terapêuticos Ibuprofeno Tratamento sintomático de artrite reumatóide, osteoartrite, tendinite e bursite aguda em pacientes com intolerância gastrintestinal a outros AINE Nimesulida Tratamento de curto prazo das doenças antiinflamatórias em pacientes hipersensíveis ao ácido acetilsalicílico Paracetamol Pouca atividade antiinflamatória, utilizado como analgésico e antipirético Indometacina Tratamento de artrite reumatóide e gota aguda Diclofenaco Tratamento crônico de artrite reumatóide, lesões músculo-esquléticas e inflamações oftálmicas Celecoxib Rofecoxib e Tratamento crônico da artrite, apresentando menos efeitos colaterais sobre o trato gastro-intestinal Fonte: Revista Pharmacia Brasileira, 2003. Os AINE são também indicados para reduzir a dor de intensidade leve a moderada,incluindo a da dismenorréia primária e a da enxaqueca e a febre. Alguns 27 AINE inibem o trabalho de parto prematuro, sendo considerados agentes tocolíticos. A antiadesividade plaquetária evidenciadas por aspirina e outros AINE são empregados na prevenção primária e secundária dos acidentes tromboembólicos (Fuchs & Wannmacher, 1998). A tabela 2 discrimina os principais usos terapêuticos de alguns AINE. Por apresentar eficácia similar, a escolha terapêutica de um AINE deve basear-se em certos critérios: toxicidade relativa, conveniência para o paciente , custo e experiência de emprego, ressaltando que apesar de eficazes no alívio da dor, não interferem na história natural das doenças inflamatórias Wannmacher, 1998). . (Fuchs & 28 3. OBJETIVOS 3.1 Geral: Analisar o consumo de antiinflamatórios não-esteróides (AINE) em uma farmácia comunitária na cidade de Juazeiro do Norte-CE. 3.2 Específicos: ♦ Descrever o perfil sócio-econômico dos consumidores de AINE; ♦ Avaliar o consumo de AINE com e sem prescrição médica ou odontológica; ♦ Identificar os representantes mais consumidos desta classe farmacológica; ♦ Relacionar os AINE quanto ao motivo de uso mencionado pelos usuários, quanto à via de administração; ♦ Avaliar a percepção dos consumidores a respeito das possíveis reações adversas aos AINE. 29 4. METODOLOGIA 4.1 Tipo de estudo Foi realizada uma pesquisa descritiva, transversal e quantitativa. Para Trivinos (1987) a pesquisa descritiva tem como foco essencial descrever fatos e fenômenos com a finalidade de conhecer uma determinada realidade. 4.2 Descrição da área de estudo A pesquisa foi realizada em uma farmácia comunitária, este termo é utilizado nos Estados Unidos em substituição a expressão farmácia comercial que é inconveniente, porque a farmácia não é um balcão de negócios mas um estabelecimento de saúde (Zubioli,1997), situada no centro comercial em Juazeiro do Norte-CE. O município de Juazeiro do Norte-CE está localizado ao sul do estado, distante 563 km de Fortaleza, sendo o segundo maior em número de habitantes do Ceará. No setor saúde, dispõe de quatro hospitais privados, um hospital público atendendo nas áreas de Pediatria, neonatologia, ginecologia e obstetrícia, uma unidade de emergência pública, contando também com 48 equipes do Programa Saúde da Família. Possui 49 farmácias para atender uma população de cerca de 250 mil habitantes, onde a maior parte se concentra na zona urbana. Sustentada pelo turismo religioso, a população de Juazeiro do Norte é bastante heterogênea, atraindo milhares de devotos que em dias festivos chega a ter a sua população aumentada em até oito vezes. A farmácia comunitária que foi campo da pesquisa possui um horário de funcionamento das 7:00 hs às 22:00 hs diariamente, totalizando em média um fluxo mensal de 9.000 clientes, com uma média de 300 clientes por dia. 30 Esta farmácia foi escolhida por estar localizada em um ponto privilegiado da cidade, no início do centro comercial, próxima a diversas agências bancárias, clínicas médicas e odontológicas, situando-se a poucos metros da principal praça da cidade. Próxima a um terminal de transportes coletivos com linha para as cidades vizinhas de Crato, Barbalha, Missão Velha e Caririaçu. Além dos pontos de apoio para transportes que vêm dos municípios adjacentes como Exu, Mauriti, Milagres, Cedro entre outros. 4.3 População e amostra A população de estudo foi composta pelos clientes acima de 17 anos que adquiriram medicamentos antiinflamatórios em uma farmácia comunitária de Juazeiro do Norte-CE e concordaram em participar. 4.4 Instrumento Utilizou-se como instrumento de coleta de dados um questionário (Apêndice A), que está dividido em dois blocos, o primeiro trata dos dados pessoais do entrevistado (sexo, idade e grau e instrução). No segundo bloco constam perguntas sobre o medicamento como: qual o antiinflamatório que está sendo adquirido no ato da entrevista, se é por prescrição médica ou não, o motivo do uso, a via de administração, dados sobre outros antiinflamatórios normalmente consumidos pelo entrevistado e informações sobre reações adversas aos medicamentos. 4.5 Aspectos Éticos O presente estudo teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte – FMJ (Anexo A) e seguiu as diretrizes da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). 31 Foi entregue a cada participante um Termo de Esclarecimento (Apêndice B) onde constam os objetivos da pesquisa e informa sobre os direitos garantidos pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), bem como o telefone da pesquisadora para qualquer outro esclarecimento. Aqueles que consentiram em participar assinaram o Termo de Consentimento (Apêndice C). 4.6 Procedimentos de coleta de dados Esta pesquisa foi realizada no interior da farmácia comunitária, no horário da manhã, de Segunda-feira a Sábado, com clientes maiores de 17 anos que adquiriram algum AINE com ou sem prescrição médica ou odontológica e concordaram em participar. Os dados foram coletados pela pesquisadora que preenchia o Questionário com as informações dos participantes. A pesquisadora é a farmacêutica responsável técnica pela farmácia onde foram coletados os dados, dessa forma, o requisito da Diretoria da rede de estabelecimentos farmacêuticos para autorizar a realização da pesquisa foi o compromisso de não interromper o fluxo normal da farmácia, nem constranger os clientes. Esta autorização foi oficializada (Apêndice D). Na fase de entrevistas enfrentou-se grande dificuldades pelo fato de vários clientes se negarem em participar da pesquisa, e quando aceitavam, era preciso concorrer com a pressa de muitos em retornar aos seus afazeres. Por esse motivo só foi possível obter 80 questionários preenchidos. Inicialmente ficou estabelecido que a coleta dos dados seria durante o mês de maio de 2006, mas, como nesse período havia um número reduzido de clientes que aceitaram participar, sentiu-se a necessidade de estender o prazo, que foi interrompido devido às férias da pesquisadora e retomado durante todo o mês de agosto de 2006. 32 4.7 Análise dos dados Para análise dos dados recorreu-se à interpretação estatísticas utilizando o Programa Excel (versão 2003). Respaldando as discussões na literatura científica. Os resultados foram apresentados nas formas de gráficos e tabelas. 33 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Descrição dos Entrevistados Após a aplicação de questionário a 80 clientes de uma farmácia comunitária em Juazeiro do Norte-Ce, vimos que 90% era do sexo feminino e 10% dos sexo masculino, como mostra o gráfico 1. 10% 90% Feminino Masculino GRÁFICO 1 – Distribuição dos entrevistados quanto ao sexo. Juazeiro do Norte, 2006 O sexo feminino predomina na maioria dos estudos sobre consumo de medicamentos, pois as mulheres, de acordo com a literatura, possuem maior preocupação com a sua saúde e historicamente são responsáveis pelos cuidados de saúde da sua família, além de procurar mais os serviços de saúde do que os homens. Portanto, estão mais atentas à sintomatologia das doenças e costumam procurar precocemente ajuda. As mulheres também são submetidas a uma maior pressão da classe médica e da mídia em relação a problemas específicos de cada fase da vida, como é o caso dos incômodos do período menstrual, da menopausa e a sua sintomatologia associada. Embora pudessem participar do estudo clientes acima de 17 anos, a menor idade dos entrevistados foi 20 anos. Dessa forma, 15% dos entrevistados 34 encontra-se na faixa entre 20 e 39 anos, 30% entre 40 e 59 anos, 55% acima de 60 anos. O gráfico 2 demonstra os dados. 15% 55% 30% Entre 20 e 39 Entre 40 e 59 Maiores de 60 GRÁFICO 2 – Distribuição dos entrevistados quanto à idade. Juazeiro do Norte, 2006 Entre os entrevistados, a faixa etária predominante foi acima de 60 anos, isso deve-se ao fato de que a partir dessa idade começam a surgir os sintomas de doenças inflamatórias crônicas degenerativas, então, aumenta a necessidade da utilização desse tipo de medicamento. Estudo realizado por Arrais et al (2005) observou que o consumo de medicamentos aumenta com a idade e que o mesmo é 1,4 vez maior entre as pessoas de 50 anos ou mais anos em comparação com outras faixas etárias. De acordo com NEVES (2004), o Brasil experimenta mudanças no perfil epidemiológico com o envelhecimento. Deste modo, amplia-se a necessidade de uso de medicamentos destinados ao tratamento das doenças crônico-degenerativas. Com relação ao grau de instrução, verifica-se que 25% dos entrevistados cursaram o Ensino Fundamental, 50% o Ensino Médio 21% Nível Superior e 4% Analfabetos. 35 21% 4% 25% Ensino Fundamental Ensino Médio Nível Superior Analfabeto 50% GRÁFICO 3 – Distribuição quanto ao grau de escolaridade dos entrevistados. Juazeiro do Norte, 2006 Chama atenção o alto nível de escolaridade em que os entrevistados se autodeterminaram, com 21 % de nível superior e poucos analfabetos, este, porém, não representa o nível de escolaridade no município. Entretanto, de acordo com Bertolni et al (2004) a escolaridade não está relacionada ao maior ou menor uso de medicamentos. Franco et al.(1987) evidenciaram que de modo geral, um maior nível de escolaridade está associado a um maior conhecimento e discernimento sobre o processo saúde-doença, porém é a maior renda que propicia uma maior cobertura a planos de saúde e acesso aos serviços de saúde, e consequentemente um maior consumo de medicamentos . Quanto à renda familiar, 10% dos entrevistados não quiseram revelar, 30% afirmaram ganhar entre 2 a 4 salários mínimos, 50% entre 5 e 10 salários mínimos e 10% mais de 10 salários mínimos. 36 Não opinaram 10% 10% Entre 2 a 4 salários 50% 30% Entre 5 e 10 salários Mais de 10 salários GRÁFICO 4 – Distribuição quanto à renda familiar dos entrevistados Juazeiro do Norte, 2006 A maioria dos entrevistados têm um poder aquisitivo alto em relação à população dos brasileiros. Isso pode ser devido ao tipo de clientela da farmácia, localizada no centro comercial da cidade. É provável que pessoas com poder aquisitivo menor recorram a farmácias de bairro, alem de procurarem o SUS, para ter aceso aos medicamentos. Pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde CONASS (2003) evidenciou o poder aquisitivo das pessoas como fator determinante para o uso de medicamentos, o que também foi verificado em outras pesquisas, pois observou-se que pessoas com renda familiar mensal maior que 3 salários mínimos consomem mais medicamentos que aqueles com renda familiar igual ou inferior a 3 salários mínimos. Entretanto, sabe-se que grande parte da população brasileira não tem condições financeiras para suprir suas necessidades de medicamentos, por isso é importante que o governo garanta o acesso aos medicamentos essenciais à população através do SUS. Um outro problema é a questão do uso irracional de medicamentos. 37 Bertolni et al (2004) chamam a atenção para o fato de que o poder aquisitivo das pessoas pode favorecer o uso de medicamentos sem considerar a real necessidade, o que pode levar a graves conseqüências para a saúde das pessoas. 5.2 Sobre os antiinflamatórios não esteróides Com relação ao consumo de AINE com e sem prescrição, foi considerado o que o entrevistado respondeu. Nos casos em que o cliente afirmava que possuia uma prescrição médica ou odontológica, mesmo sem apresenta-la, a sua resposta era contabilizada. Dessa forma, (64) 80% dos entrevistados possuíam ou afirmaram possuir uma prescrição, destas 59 era médica e 5 odontológica. Por outro lado, dos 20% que reconheciam estar consumindo medicamento sem a prescrição de um profissional da saúde habilitado, 15% disseram que o faziam por conta própria e 5% por indicação de um amigo. 20% Com prescrição Sem prescrição 80% GRÁFICO 5: Percentual de entrevistados segundo ao uso de AINE com e sem prescrição, Juazeiro do Norte, 2006 Estudos realizados na Europa e nos Estados Unidos estimam que entre 50% a 90% das doenças são inicialmente tratadas por automedicação, e somente 38 um terço da população com algum mal estar ou enfermidade consultam o médico (SOBRAVIME, 2001). A automedicação é conceituada como a prática de ingerir substâncias de ação medicamentosa sem o aconselhamento e/ou acompanhamento de um profissional de saúde qualificado (Paulo & Zanine). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) um certo nível de automedicação é aceitável, desde que se realize de forma responsável. De acordo com a OMS, esta prática apresenta aspectos positivos pela, conveniência para o paciente e economia para o Estado por reduzir a procura pela assistência médica em situações de menor gravidade. E aspectos negativos decorrente da inexperiência do consumidor em usar por conta própria remédios, que podem levar ao mascaramento de sintomas e à dificuldade em chegar ao diagnóstico correto, agravando a situação e podendo levar até a morte. O percentual de entrevistados que afirmaram estar fazendo uso de automedicação é baixo, talvez pela metodologia empregada. É possível que se fossem considerados as prescrições médicas e odontológicas apenas quando apresentadas ao pesquisador, este resultado fosse diferente. Tabela 3 – Freqüência dos AINE consumidos entre os entrevistados Medicameto (nomes genéricos) Diclofenaco Lumiracoxib Nimesulida Etoricoxib Celecoxib, Fenilbutazona Meloxican Etodolaco Cetoprofeno Naproxeno Ibuprofeno Piroxicam Tenoxicam Total Freqüência 24 13 11 08 04 04 04 03 02 02 02 02 01 80 39 A automedicação é provavelmente incentivada pelo bombardeio de publicidade de medicamento e pela facilidade com que se compra estes produto nas farmácias, mesmo os medicamentos de tarja vermelha, como os AINE, que pela lei só poderiam ser vendidos com a apresentação da prescrição. O AINE mais consumido, de acordo com a presente pesquisa, foi o diclofenaco com 30%, seguido pelo lumiracoxib (Prexige) com 16,25%, a nimesulida com 13,75%; o etoricoxibe (Arcoxia) com 10% e o celecoxibe (Celebra) com 5%, meloxicam com 5%, fenilbutazona com 5%, etodolaco com 3,75%, ibuprofeno 2,5%, piroxicam com 2,5%, naproxeno com 2,5%, cetoprofeno com 2,5% e tenoxicam com 1,25%. Apesar do lançamento de novos medicamentos com mecanismos de ação mais seletivos, foi observado que os entrevistados continuam consumindo bastante o diclofenaco, o que tem o lado positivo de evitar reações adversas ainda desconhecidas dos medicamentos recém lançados. Mas, por outro lado, é preocupante em função do maior risco relativo para o desenvolvimento de hemorragia gastrointestinal superior e perfuração. Em segundo lugar no rol dos mais consumidos está o lumiracoxib (Prexige), que encontra-se em primeiro lugar quando analisadas as prescrições médicas. Trata-se de um medicamento novo, que encontrava-se em plena atividade de divulgação na cidade pelos propagandistas do laboratório farmacêutico no período de realização desta pesquisa, principalmente entre os médicos. Isso pode ser um indicador do quanto as prescrição médica são influenciadas pelos laboratórios farmacêuticos. O diclofenaco também foi fármaco mais referido na pesquisa realizada por Luz (2003) em uma população de funcionários de uma universidade do Rio de) Janeiro, com cerca de 60% do total, seguido do ácido mefenâmico (11,4%), piroxicam (6,1%) e nimesulida (5,7%). Chama a atenção que 5% dos consumidores da substância fenilbutazona adquiriram a mesma sem prescrição médica confirmando o desconhecimento em 40 relação aos seus efeitos tóxicos principalmente hematológicos (incluindo anemia aplásica). Hoje em dia, é raramente utilizada, não sendo comercializada no mercado da América do Norte e maior parte da Europa (Katzung,2003). Tabela 4 – Sinais e sintomas que motivam o uso de AINE de acordo com os participantes. Juazeiro do Norte, 2006. Sinais e sintomas Cefaléia Cólica menstrual Dor de dente ou relacionado a procedimento odontológico Dor em membros Dor nas articulações Dor nas costas (coluna) Dor no corpo todo Dor relacionada a fratura ou trauma Dor relacionada à amigdalite Freq. 01 02 10 05 35 07 06 06 08 E possível que muitas pessoas utilizam um antiinflamatório como se fossem analgésicos. De acordo com Fuchs & Wannmacher, ( 1998) é preciso considerar que ao procurarem o tratamento com antinflamatórios as pessoas buscam, em primeiro lugar, o alívio da dor, que é o sintoma inicial e principal queixa. A propriedade analgésica dos antiinflamatórios é muitas vezes, tão eficaz que estes acabam sendo usados em situações que poderiam ser resolvidas com analgésicos não-opióides comum ou com tratamento não farmacológicos como repouso, fisioterapia e outros. Quanto a via de administração, 95% usam oralmente, 5% de forma injetável, como destaca o gráfico 6. 41 5% Oral 95% Injetável GRÁFICO 6: Distribuição dos AINE quanto à via de administração dos AINE referidos pelos entrevistados. Juazeiro do Norte, 2006. Em geral os AINE são utilizados por via oral por apresentarem uma comodidade para o paciente. São administrados com os alimentos para diminuir a irritação no estômago. Alguns AINE apresentam formas injetáveis, como o diclofenaco e o meloxicam. A meia vida dos fármacos determina o intervalo entre as doses. Nos Estados Unidos à forma injetável do diclofenaco não é comercializada, devido ao elevado risco de causar lesões graves e mutilantes, (Anacleto e Melo, 2000).Têm sido descritos na literatura casos de abcessos e necrose tecidual após o uso de diclofenaco injetável. A pergunta subsequente foi com relação se sentiu alguma reação com o uso dos antiinflamatórios, a maioria disse que não, 70%; enquanto 30% afirmaram que sim, como mostra o gráfico a seguir: 42 70% 30% Sim Não Gráfico 7: Distribuição dos entrevistados quanto a percepção de RAM. Juazeiro do Norte 2006 Não era objeto desta pesquisa saber exatamente quais reações adversas eram sentidas, mas verificar a percepção dos consumidores a respeito das possíveis reações adversas aos AINE. Até porque, para concluir se a reação foi ou não provocada pelo medicamento em questão é preciso um estudo mais detalhado de farmacologia e que inclui seguir algoritmos próprios da farmacovigilância. Embora a literatura confirme que é bastante comum o desenvolvimento de RAM com o uso de todos os AINE, somente 24 participantes desta pesquisa afirmaram sentir algum desconforto. Isso pode ser explicado pelo fato de que as RAM provocadas pelos AINE, em geral, são bastante leves e podem até mesmo não serem percebidas ou associada ao uso do medicamento. 40% dos entrevistados afirmaram que foram alertados com relação aos possíveis efeitos causados pelos antiinflamatórios, enquanto 50% falaram que não receberam nenhum tipo de alerta, e ainda, 10% afirmaram buscar esta informação com a leitura da bula do medicamento. Os dados se encontram no gráfico abaixo: 43 10% 40% 50% Sim Não Ler a bula Gráfico 8: Distribuição dos entrevistados quanto ao alerta da ocorrência de RAM. Juazeiro do Norte,2006 Segundo Goodman & Gilman, (1996) muitos estudos sugerem que um número muito grande de médicos não instrui o paciente adequadamente sobre a maneira de tomar a medicação prescrita . Dose tomada errada, na hora errada , tratamento terapêutico incompleto, constituem alguns dos erros básicos que poderiam ser solucionados se houvesse um diálogo melhor entre médico e paciente. Soma-se a isso o despreparo de muitos balconistas que por não conhecerem a farmacologia dos medicamentos adquiridos deixam de esclarecer dúvidas dos usuários. Com relação à indicar os antiinflamatórios a alguém, o resultado da entrevista nos mostrou que 60% afirmaram que sim, 40% disseram que não, como mostra o gráfico 9. 44 40% Sim Não 60% Gráfico 9: Percentual de entrevistados quanto a indicação de AINE à alguém. Juazeiro do Norte, 2006 Percebe-se aqui uma contradição na respostas dos entrevistados, pois a maioria refere usar medicamento com prescrição, no entanto, reconhece que indica medicamentos a outras pessoas. O brasileiro costuma se automedicar, e o mais agravante é a mania que tem de medicar os outros, achando que não vai causar nenhum dano, no entanto, só deve-se tomar o AINE com a prescrição médica. Somente um profissional habilitado pode definir o tratamento a ser seguido. O uso incorreto pode atrasar o reconhecimento de doenças e até agravá-las. 45 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os resultados, o perfil das pessoas que mais consomem AINE em uma farmácia comunitária de Juazeiro do Norte é composto por mulheres, na faixa etária maior que 60 anos, com nível escolar e padrão de renda bons. O perfil encontrado coincide com o que a literatura indica, provavelmente pelo fato de que as mulheres, em geral, procuram cuidar mais da sua saúde e da sua família, e por isso estão mais expostas ao uso de medicamentos. As pessoas mais velhas tendem a fazer uso com mais freqüência de AINE devido ao surgimento de doenças inflamatórias crônicas comuns com a idade. A prescrição médica ou odontológica é a principal responsável pelo consumo de AINE na população estudada, entretanto a maioria dos entrevistados afirmaram que indicam este tipo de medicamento para outras pessoas. Esperava-se que o uso de AINE sem prescrição fosse mais freqüente, devido às pesquisas apontarem para uma cultura da automedicação no Brasil. No entanto, pela metodologia empregada, os resultados mostraram o contrário. Mesmo assim o hábito da automedicação é confirmado quando as pessoas assumem que recomendam AINE a seus pares. Os AINE mais consumidos foram o diclofenaco, o lumiracoxib e a nimesulida, por via oral. Dores nas articulações foram o motivo de uso mais relatado. A maioria dos entrevistados negam sentir reações adversas com o uso de AINE. É importante considerar que muitas vezes os AINE são usados em situações que poderiam ser resolvidas com o emprego de analgésicos comuns ou através de tratamento não farmacológico. Os resultados deste estudo levam a uma reflexão sobre o papel do farmacêutico e sobre a responsabilidade deste profissional na promoção do uso adequado dos medicamentos. Através de informações claras e da dispensação 46 correta é possível que os tratamentos com medicamentos sejam efetuados de forma mais racional, eficaz e segura. Reforçando, assim, a função da farmácia comunitária como uma unidade de saúde e não apenas como um estabelecimento comercial. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANACLETO, T.A; MELO, P.P; Perfil de utilização de diclofenaco de sódio parenteral em unidade de atendimento imediato do município de Betim – MG. Rev. Pharmacia Brasileira. Ano III – Número 20 – maio/junho de 2000. ANTONOV K. et al. Use of analgesics in Sweden – the importance of sociodemographic factors, physical fitness, health and health-related factors, and working conditions. Soc Sci Med, 42(11):1473-81. 1996. ARRAIS P.S.D. et al. Perfil da automedicação no Brasil. Revista de Saúde Pública; v.31, n.1, p.71-77, 1997. BERNARDI, A; SILVA, M.C.J; Antiinflamatórios não-esteróides: Usos clássicos e perspecticas no tratamento do cancer. Rev. Pharmacia Brasileira. 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Ano I – Número 04 – Fevereiro/Março 1997. 50 APÊNDICE 51 APÊNDICE A QUESTIONÁRIO APLICADO AOS CLIENTES DE UMA FARMÁCIA NA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE-CE I - Dados Pessoais Nome: ______________________________________________________ 1) Sexo: ________________ 2) Idade: ______________ 3) Grau de instrução: 4) Renda familiar: Até 1 Salário Mínimo De 5 a 10 Salário Mínimo De 2 a 4 Salários Mínimos Mais de 10 Salário Mínimo II – Dados sobre os antiinflamatórios: 5) Qual o AINE que você está comprando agora? 6) Têm prescrição médica ou odontológica? 7) Se não: Foi indicado por quem? 8) Qual o motivo do uso? 9) Qual a via de administração? 10) Você acha que melhora seu problema com o uso do AINE? 11) Alem deste, você costuma usar outros antiinflamatórios? 12) Você já sentiu alguma reação adversa ao medicamento (RAM)? 13) Alguém já orientou você sobre as possíveis reações adversas ao medicamento (RAM) com o uso de AINE. 14) Você indica este medicamento a alguém? 52 APÊNDICE B TERMO DE ESCLARECIMENTO Estamos desenvolvendo a pesquisa CONSUMO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA – JUAZEIRO DO NORTE-CE. Com a mesma pretendemos avaliar o consumo de antiinflamatórios em uma farmácia comunitária. Assim, gostaríamos de contar com a sua participação, permitindo que possamos entrevista-lo(a). Esta pesquisa não traz risco à sua saúde, e você estará contribuindo para esclarecer questões relacionadas ao consumo de antiinflamatórios, que são amplamente utilizados em todo o mundo, mas com raras pesquisas sobre o assunto. Informamos que você pode desistir de participar da mesma no momento em que decidir, sem que isso lhe acarrete qualquer penalidade. E que serão respeitados os direitos garantidos pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que incluem os seguintes requisitos: 1. Receber esclarecimento a qualquer dúvida acerca da pesquisa e do caráter de minha participação; 2. Retirar meu consentimento a todo o momento da pesquisa, sem que isso ocorra em penalidade de qualquer espécie; 3. Receber garantias de que não haverá divulgação de nomes ou qualquer outra informação que ponha em risco a minha privacidade e o meu anonimato; 4. Acessar as informações sobre os resultados do estudo. Se necessário, pode entrar em contato com a coordenadora da pesquisa Hânia Maria de Menezes Santana, fone (88) 3566-4005. _____________________________________ Assinatura do Coordenador da Pesquisa 53 APÊNDICE C TERMO DE CONSENTIMENTO Tendo sido informado(a) sobre a pesquisa CONSUMO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES EM UMA FARMÁCIA COMUNITÁRIA – JUAZEIRO DO NORTE-CE, concordo em participar da mesma. Nome: ___________________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________ Juazeiro do Norte, _____ de _____________ de 2006 54 APÊNDICE D TERMO DE AUTORIZAÇÃO 55 ANEXO 56 ANEXO A – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA