DOR ONCOLÓGICA UM GRANDE DESAFIO Dr. Glauco Bianco Pimentel FAMEMA CONCEITO DE DOR ” Uma experiência física e emocional desagradável que é associada a lesões reais ou potenciais ou descritas em termos de tais lesões. A dor é sempre subjetiva! “ ( IASP, 1986 ) “Dor é o que quem a sente diz que é, existindo toda vez que o disser” Margo McCaffery 1989 A dor é subjetiva, mas não é abstrata. Ela é sentida por alguém e este alguém precisa ser compreendido e respeitado na sua realidade e totalidade, para que esta dor possa ser verdadeiramente tratada. (Carvalho, 1999) Aspectos Gerais 1/3 da população desenvolverá câncer RS: segunda causa de morte 50% dos pacientes desenvolvem dor na história da doença 75% dos pacientes com doença avançada DOR é a principal queixa Causas da dor • Diretamente causadas pela neoplasia • Relacionadas ao tratamento • Não relacionadas ao câncer 78% 19% 3% Twycons, RG. Pain Relief, 1993 Causas da dor Diretamente causadas pela neoplasia Causas da dor Diretamente causadas pelo tratamento Flebite Mucosite Radiodermite TOXICIDADES Mucosite Alopecia Fibrose Pulmonar Nausea/vômitos Cardiotoxicidade Diarréia Cistite Esterelidade Mialgia Reação local Insuficiência renal Mielosupressão Neuropatia Flebite DOR TOTAL Física + Psicológica + Social + Espiritual Repercussões da dor no câncer sobre a qualidade de vida Físicas Redução da capacidade funcional Redução da resistência Redução do apetite Má qualidade de sono Psicológicas Redução do lazer e do prazer de viver Aumento da ansiedade e medo Depressão, angústia Preocupação excessiva Perda do auto–controle Sociais Redução dos relacionamentos Redução da função sexual Prejuízo da aparência, desfiguração, isolamento Sobrecarga para o familiar/ cuidador Espirituais Sofrimento Reavaliação das crenças religiosas CLASSIFICAÇÃO DA DOR AGUDA CRÔNICA RECORRENTE Dor Aguda - Mecanismo adaptativo de sobrevivência - Alerta para lesão tecidual - Causa- estímulos nocivos em estruturas somáticas ou viscerais - Ansiedade Dor Crônica - Dor que se torna um processo patológico - Nunca tem uma função biológica protetora - Causas: patologias crônicas disfunção do sistema nervoso fenômenos psicopatológicos -Gera “stress” físico, emocional e ônus social e ecônomico -Depressão DOR AGUDA Aquela que se manifesta transitoriamente durante um período relativamente curto, de minutos a algumas semanas, associada a lesões em tecidos ou órgãos, ocasionadas por inflamação, infecção, traumatismo ou outras causas. Normalmente desaparece quando a causa é corretamente diagnosticada e quando o tratamento recomendado pelo especialista é seguido corretamente pelo paciente. DOR CRÔNICA Tem duração prolongada, que pode se estender de vários meses a vários anos e que está quase sempre associada a um processo de doença crônica. A dor crônica pode também pode ser conseqüência de uma lesão já previamente tratada. DOR RECORRENTE Apresenta períodos de curta duração que, no entanto, se repetem com freqüência, podendo ocorrer durante toda a vida do indivíduo, mesmo sem estar associada a um processo específico. CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA NOCICEPTIVA NEUROPÁTICA MISTA MIOFACIAL Tipos de dor Nociceptiva: trauma, contratura muscular Visceral: pancreatite aguda, colica nefrética, CCC Neuropática: neuralgia trigeminal, neuropatia pós-herpética, neuropatia periférica (ex:DM) Mista: dor oncológica Neurofisiologia da dor Tradução (nociceptores) Transmissão (fibras aferentes primárias, corno dorsal da medula, tratos ascendentes) Interpretação (processamento cortical, processamento límbico) Modulação (controle descendente e mediadores neuro-humorais ) TRATAMENTO DA DOR Valorizar as queixas do doente Fazer diagnostico da causa da DOR Fazer diagnostico do tipo de DOR Tratar a causa da DOR Principios Básicos do Tratamento 1. Usar a via oral sempre que possível 2. Administrar regularmente cada fármaco de acordo com a meia-vida (dose em horários fixos). 3. Administrar dose de reforço se necessário 4. Reavaliar diariamente o esquema analgésico. 4. Respeitar a escada analgésica da OMS 5. Orientação e prevenção dos efeitos adversos aos pacientes e aos cuidadores. 6.Prescrever fármacos coadjuvantes que potencializem os opióides ou controlem seus efeitos colaterais. MODALIDADES DE TRATAMENTO Medicamentoso Terapia física Cinésioterapia Bloqueios anestésicos Neurocirurgia ESCADA ANALGÉSICA DA OMS 4 3 2 1 AINE ADJUVANTE MÉTODOS INVASIVOS AINE ADJUVANTE OPIÓIDE FORTE AINE ADJUVANTE OPIÓIDE FRACO PRINCIPAIS OPIOIDES MEDICAÇÃO CODEINA POTENCIA 1/10 TRAMADOL 1/10 DOSE INICIO DURAÇÃO TETO VO 15-60 mg 6-8x 15-30 min 3-6 hs 240mg VO, IM, EV 50-100mg 4-6x 15-30 min 4-6 hs 400mg MEDICAÇÃO MORFINA METADONA OXICODONA POTENCIA DOSE INICIO DURAÇÃO TETO 1 VO 10-60MG 6-8X 15-60 MIN 2-7 HS NÃO HÁ 4-7 VO 5-20 MG 2-4X 30-60 MIN 22-48 HS NÃO HÁ 1 VO 5-20MG 2X 10-15 MIN 12 HS 700 MG Adjuvantes Antidepressivos Neurolépticos Anticonvulsivantes Anestésicos Locais Bisfosfonados Corticosteróides Métodos Invasivos Analgesia Multimodal Opióide AINEs Potencialização Bloqueio de nervos Reduz as doses de cada analgésico Provada antinocicepção devido ao efeito sinérgico/somatório Reduz a intensidade dos efeitos colaterais de cada fármaco Kehlet H, Dahl JB. Anesth Analg. 1993;77:1048–1056. ATIVIDADE Diferentes mecanismos de ação Diferentes mecanismos de resistência SEGURANÇA Toxicidade aceitável Causas da manutenção da dor 1. Paciente minimiza a intensidade real 2. Paciente tem medo da “tolerância” 3. O cuidador não administra analgesia nos horários previstos porque o paciente “estava sem dor na hora” 4. O médico não informa a família e o paciente sobre o uso adequado dos remédios 5. Médico prescreve fármacos inadequados, com intervalo sem prever a meia-vida do analgésico, “se necessário” 6. Todos crêem que a morfina deva ser reservada para pacientes com doença terminal Twycons, RG & Lacks. Pain Relief, 1982 Divinum est sedare dolorem – É divino aliviar a dor Galeno (129–199 DC) Obrigado pela atenção [email protected]