Esclerite Esclera é coberta por uma camada chamada conjuntiva. Entre a esclera e a conjuntiva há a episclera (duas camadas). Assim como a córnea, a esclera é uma estrutura avascular. Dessa forma, a resposta imunológica depende da membrana fibrovascular (episclera). Episclerite Doença inflamatória benigna. Edema e infiltração celular dos tecidos episclerais. Complicações oculares raras, nunca severas. Raramente associadas com doenças sistêmicas. Adultos jovens, mais em mulheres, bilateral em 35% dos casos. Classificada em: simples e nodular (áreas de máximo edema). Anterior Difusa: mais frequente, menos grave, pode ter edema, quemose e ptose palpebral. Pode ser setorial. Nodular Anterior: inflamação concentrada em uma área, nódulos simples ou múltiplos. Associação: rara (atopia, rosácea). A investigação diagnóstica não é necessária. Se houver recorrências e formas graves, suspeitar de associações. Quadro Clínico: desconforto moderado, início agudo, recorrência frequente, hiperemia, curso auto limitado. Estruturas intraoculares raramente envolvidas. Tratamento: compressas frias, lágrimas artificiais, colírios de corticóide (cuidado com efeitos colaterais em pacientes de fazem uso cronicamente – catarata, glaucoma), AINE sistêmico (indometacina). Esclerite Doença inflamatória severa. Edema e infiltração celular dos tecidos episcleral e escleral. Complicações oculares são comuns. Frequentemente associadas a doenças sistêmicas (potencialmente letais). Mais em mulheres, 40-60anos, bilateral em 34% dos casos. Tipos: anteriores e posteriores (ausência de olho vermelho). 57% dos pacientes apresentam doenças sistêmicas associadas. 45% doenças do tecido conjuntivo 7% doenças infecciosas (herpes zoster) 2% rosácea, atopia, corpo estranho. Quadro Clínico: Início agudo, dor difusa, severa, desconfortável, irradiada, hiperemia. Tendência à persistência e recorrência. As estruturas intra-oculares podem estar envolvidas: córnea, úvea, cristalino, coróide, retina e nervo óptico. Esclerite anterior necrosante com inflamação: dor intensa, necrose (área avascular – área branca no interior da hiperemia), perfuração do globo ocular, glaucoma secundário. Esclerite anterior necrosante sem inflamação: escloromalácia perfurante. Causada por oclusão arteriolar da rede profunda. A maioria dos pacientes apresenta artrite reumatóide de longa duração. O paciente é assintomático (deve ser acompanhado por oftalmologista). Deformação do globo ocular, com formação de uma depressão (côncava). Esclerite Posterior: dor intensa, edema macular e do disco óptico, descolamento da retina, proptose, comprometimento da musculatura extrínseca, ultrassonografia B e TC. Tratamento: AINE sistêmicos, colírio de corticóide não é utilizado. Há boa resposta à AINE nas formas leves, nas formas graves é necessário corticóide sistêmico ou até imunossupressor. Diagnóstico Diferencial Pela inspeção à luz do dia: Episclerite: vermelho vivo. Esclerite: vermelho azulado (pois vem acompanhado de edema da esclera). Doença localizada: pensar em episclerite e esclerite (não acontece na conjuntivite). Teste da fenilefrina a 10%: vasoconstricção dos vasos. Na episclerite há clareamento dos vasos (por ser superficial), o que não ocorre na esclerite. Pode ser a primeira manifestação de uma doença sistêmica potencialmente fatal. O diagnóstico e o tratamento precoces de uma vasculite sistêmica prolonga a sobrevida e aumenta a qualidade de vida.