Tratamento cirúrgico do Diabetes tipo II

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Tratamento cirúrgico do Diabetes tipo II
Denis Pajecki
Medico assistente da Disciplina de Cirurgia do Aparelho Digestivo do HCFMUSP
Cirurgião do Hospital Bandeirantes
A idéia de tratar diabetes do tipo II por
meio de cirurgia surgiu no final década de 90.
Tal idéia se baseou na observação de que
pacientes com obesidade mórbida e diabetes,
submetidos
a
tratamento
cirúrgico,
apresentavam resolução e/ou melhora do
diabetes.
Já se sabia que a perda de peso e,
principalmente, a perda de gordura abdominal
(visceral), estavam relacionadas a diminuição
da resistência a ação da insulina. Portanto,
acreditava-se que fosse esse o mecanismo
envolvido no processo de cura do diabetes.
Entretanto,
algumas
observações
mostravam que havia mais algum fator
envolvido: 1- a melhora dos níveis de glicemia
ocorre antes em pacientes operados quando
comparados a pacientes que emagrecem a
mesma porcentagem de peso por meio de
tratamento clínico (dieta e medicações) 2- a
melhora é mais acentuada em operações em que
é feito algum desvio intestinal como o Bypass
gástrico (Fobi-Capella) e a derivação biliopancreática (DBP ou Scopinaro ou Duodenal
Switch), em comparação com operações
puramente
restritivas
(Banda
Gástrica
Ajustável).
Mais recentemente, o conhecimento
adquirido sobre os mecanismos hormonais
associados às sensações de fome e saciedade
permitiu que se entendesse melhor o
funcionamento
dos
diferentes
métodos
cirúrgicos utilizados no tratamento da
obesidade mórbida, que vão além da restrição e
da disabsorção. Em última análise, foram
identificados hormônios como a Grelina, GLP1, PYY e GIP (além de outros, todos conhecidos
como incretinas), que tem seu perfil de
liberação alterado após a cirurgia.
A Grelina (hormônio da fome),
produzida e liberada principalmente no fundo
gástrico, tem seu nível sérico reduzido após a
cirurgia de Bypass ou de Duodenal Switch. O
GLP-1 e oPYY, de produção e liberação ileal,
tem seus níveis séricos aumentados em
operações que levam o alimento mais
rapidamente a parte final do intestino delgado
(Bypass, Scopinaro, Duodenal Switch). Esses
hormônios são estimulados pela presença de
alimento não digerido na luz intestinal. Seu
efeito esta relacionado a sensação de saciedade
e diminuição da resistência a insulina.
Essas são as bases fisiopatológicas para
a aplicação de diferentes técnicas cirúrgicas
para o tratamento do Diabetes tipo II (DMII).
Além das técnicas citadas, outras estão sendo
aplicadas, dentro de diferentes protocolos de
pesquisa. Todas elas tem um objetivo comum
que é “regular” a secreção hormonal
gastrintestinal para que ocorra melhora da ação
insulínica, queda dos níveis glicemicos e
melhora das co-morbidades relacionadas ao
DMII (aterosclerose, nefropatia, neuropatia,
retinopatia, etc...).
São necessários estudos clínicos para
se determinar o papel da cirurgia no tratamento
do paciente não obeso (magro ou com
sobrepeso) com DMII. Os resultados
preliminares apontam, contudo, para benefícios
jamais atingidos com outras formas de
tratamento (em seguimento de até 3 anos)26,
abrindo perspectivas reais de controle de uma
doença que atinge mais de 10 milhões de
brasileiros.
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