Novas técnicas para por fim ao diabetes tipo 2 Na corrida em busca de um tratamento promissor para o diabetes tipo 2 (o mais comum, associado em 60% a 90% dos casos à obesidade), a cirurgia de redução de estômago e as terapias que utilizam medicamentos orais e insulina estão sendo postas a prova. E em pessoas cada vez mais magras. Um dos estudos mais recentes sobre o assunto no Brasil está sendo tocado no Rio de Janeiro, onde diabéticos que tem apenas sobrepeso ou obesidade grau 1 (a mais leve) estão sendo selecionado para participar de uma pesquisa que pretende comparar duas técnicas cirúrgicas diferentes entre si e, ainda, o tratamento medicamentoso. O objetivo é ver qual dessas opções permite maior controle do diabetes em quem tem índice de massa corpórea entre 25 e 34,9. Estudos semelhantes estão sendo conduzidos por outros grupos de pesquisa no país e terão influência no posicionamento de entidades médicas importantes, como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), quanto às discutidas, prometidas e polêmicas cirurgias para diabetes em pessoas que não têm obesidade moderada a severa (IMC acima de 35). Esse índice é o resultado da divisão do peso pela altura ao quadrado. A pesquisa do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia, do Rio de Janeiro, foi detalhada ontem ao Diário, durante o EndoRecife, evento realizado pela Sbem, regional Pernambuco, em Porto de Galinhas. Segundo a coordenadora da pesquisa e médica colaboradora do Grupo de Obesidade e Transtornos Alimentares (Gota) do Iede, a mestre em endocrinologia Aline Barbosa Moraes, serão selecionados 60 pacientes. Eles serão divididos em três grupos de 20. Um deles receberá tratamento à base de hipoglicemiantes orais (medicamentos para baixar a glicemia) com ou sem combinação com a insulina. Nos demais, serão aplicadas técnicas cirúrgicas de redução de estômago. Uma delas, existente há mais de 40 anos e chamada de Bypass gástrico em Y de Roux interfere no estômago e no intestino. O volume do estômago é reduzido para cerca de 30 ml (em uma pessoa normal, ele tem entre 200 e 300 ml) e é feito um desvio no intestino delgado para que o alimento não passe pelo duodeno, que é a primeira porção do intestino. A outra cirurgia é a gastrectomia em sleeve, onde parte do estômago do paciente é retirada. Até agora, 20 pacientes já foram selecionados. A primeira cirurgia deve ser feita na próxima semana, segundo Aline Moraes. Três diabéticos devem dar início ao braço clínico do estudo também até o fim deste mês. Os pacientes, que precisam ter entre 20 e 60 anos e ter descoberto a doença há no máximo 15 e no mínimo cinco anos, serão analisados mês a mês durante um semestre. Segundo o presidente nacional da Sbem, Ricardo Meirelles, estudos como esse são aguardados e podem influenciar o posicionamento oficial da entidade. Atualmente, tanto a Sbem quanto a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e metabólica apenas consideram aceita a indicação de cirurgia para tratamento de portadores de diabetes tipo 2 aqueles que têm IMC superiora 35. Abaixo disso, "são ainda necessários estudos clínicos com metodologia adequada à avaliação do impacto destes tratamentos cirúrgicos sobre a evolução da doença e a qualidade de vida dos pacientes tratados", diz o posicionamento atual das duas entidades. Fonte: Diário de Pernambuco 8/7/2009