Energia: Trajetória do aquecimento global pode ser limitada a 2ºC com políticas fortes AIE Lisboa, 10 nov (Lusa) - Sem novas políticas para travar o aquecimento global, a temperatura pode entrar na trajetória de subida de seis graus centígrados (6ºC), mas a adoção de medidas pode mudá-la para a dos 2ºC, alerta a Agência Internacional de Energia (AIE). No seu relatório anual sobre as perspetivas mundiais para a energia, a AIE formula três cenários: um que se baseia na manutenção das políticas governamentais; outro que considera a concretização de intenções declaradas, designadamente os acordos das cimeiras de Copenhaga e Cancun; e um terceiro que admite uma forte ação política para limitar as alterações climáticas. No primeiro cenário apresentado no documento, que foi divulgado na quarta-feira, as previsões apontam para uma trajetória de aumento da temperatura de 6ºC ou mais, previsão que baixa para 3,5ºC no segundo e 2ºC no último. A AIE adianta que no segundo cenário (3,5ºC), correspondente ao cumprimento de compromissos assumidos em cimeiras internacionais, as consequências seriam dramáticas, com subida do nível do mar acima dos dois metros, o que deslocaria milhões de pessoas, e mudanças nos padrões de chuva, secas, inundações e vagas de calor, que afetariam severamente a produção alimentar, bem como a saúde e a mortalidade dos seres humanos. No melhor cenário, estima-se que a proporção dos combustíveis fósseis na procura total de energia baixe de 81 por cento em 2009 para 62 por cento em 2035. Especifica-se que a procura de carvão e petróleo atingiria um máximo antes de 2020 para depois, até 2035, cair para valores inferiores em 30 por cento e oito por cento, respetivamente, aos de 2009. A procura de gás natural, por seu lado, aumentaria 26 por cento até ao fim do período considerado. Este terceiro cenário implica um investimento acumulado de 15,2 biliões [milhão de milhões] de dólares e traduz-se em menos importações de combustíveis fósseis, menos poluição e mais benefícios para a saúde. “Se não for concretizada uma ação internacionalmente coordenada até 2017, estimamos que todas as emissões de dióxido de carbono no terceiro cenário serão oriundas de infraestruturas existentes nessa altura, pelo que todas as novas infraestruturas até 2035 teriam de ter emissões zero. Teoricamente, isto seria possível a um custo muito elevado, mas provavelmente não seria praticável em termos políticos”, alerta ainda a AIE. Mas a AIE realça que mesmo neste cenário de aumento da temperatura média global em 2ºC os impactos seriam negativos, aqui se incluindo a subida do nível da água do mar e inundações, tempestades e secas mais frequentes. O relatório avisa ainda que as emissões de dióxido de carbono aumentaram 5,3 por cento em 2010 face a 2009, o que representa “um aumento anual praticamente sem precedentes”. ND. Lusa/fim