Instituto de Ciências da Saúde Curso: FARMÁCIA Disciplina:FARMÁCIA INTERDISCIPLINAR SEMANA 3 – IMUNOLOGIA E SAUDE PÚBLICA 1. Assinale a alternativa correta em relação à Política Nacional de Saúde. a. A RENAME, estabelecida pelo Ministério da Saúde, é uma lista que contempla os produtos necessários ao tratamento e controle da maioria das patologias prevalentes no país. b. No processo de atualização contínua da RENAME deverá ser dada ênfase ao conjunto de medicamentos voltados para a assistência hospitalar. c. A promoção do uso de medicamentos genéricos não está contemplada de forma especial. d. As ações de vigilância sanitária deverão ser gradualmente centralizadas e transferidas à responsabilidade executiva direta do gestor federal. e. Para o Ministério da Saúde, a premissa básica é a centralização da aquisição e distribuição de medicamentos essenciais, visando a redução dos custos. 2. O vírus influenza A da gripe suína já se espalhou por todas as regiões do mundo, atingindo principalmente a América do Norte. Os Estados Unidos concentram o maior número de casos e de mortes, seguido pelo México, considerado o epicentro da doença. A Organização Mundial de Saúde anunciou que a doença atingiu o nível de pandemia (epidemia generalizada). O termo tem relação apenas com a ampla distribuição geográfica do vírus, e não com a sua periculosidade. (Folha Online em 14/07/2009) A respeito da gripe suína, analise os itens abaixo como verdadeiro (V) ou falso(F). I. Algumas pessoas, principalmente crianças, podem espalhar o vírus por dez dias ou mais. II. Há informações de pessoas que foram infectadas pelo vírus ao ter contato com porcos ou outros animais. III. A gripe suína tem tratamento. IV. A doença é transmitida de pessoa para pessoa como a gripe comum e pode ser contraída pela exposição a gotículas infectadas expelidas por tosse ou espirros, e também por contato com mãos e superfícies contaminadas. Está(ão) verdadeiro(s): a. Apenas o item I. b. Apenas os itens II e III. c. Apenas os itens I, III e IV. d. Apenas os itens I, II e III. e. Apenas os itens I e IV. 3. A epidemia da infecção pelo HIV e da AIDS (que traduz progressiva perda da função do sistema imune resultante da infecção pelo HIV segundo critérios estabelecidos pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde) constitui fenômeno global, dinâmico e instável, traduzindo-se por verdadeiro mosaico de sub-epidemias regionais. Resultante das profundas desigualdades da sociedade brasileira, a propagação da infecção pelo HIV e da AIDS revela epidemia de múltiplas dimensões que vem sofrendo transformações epidemiológicas significativas. Em relação às questões investigativas desde os primeiros diagnósticos desta doenças foi estabelecido a História Natural da Doença (HND), cujo estudo é realizado com a interação agente-hospedeiro-ambiente e o principal objetivo é estabelecer: a. as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente; b. as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. c. as alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas d. as medidas de prevenção primárias, secundárias e terciárias; e. o prognóstico do quadro e as alterações recorrentes. 4. Os marcadores imunológicos da infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) mais utilizados são: antígeno de superfície (AgHBs), anticorpos anti-Ag de superfície (anti-HBs), anticorpos específicos anti-Ag do core (anti-HBc), antígenos “e” (AgHBe) e anticorpos específicos anti-Ag "e" (anti-HBe). O exame laboratorial de um indivíduo mostrou o seguinte perfil sorológico: AgHBs (+); AgHBe (-); anti-HBc IgM (-); anti-HBc IgG (+); anti-HBs IgG (+). O perfil encontrado é característico de um indivíduo que a. foi vacinado contra o HBV. b. está em fase de recuperação. c. está na fase prodrômica. d. está na fase aguda de uma infecção pelo HBV. e. está com alta taxa de replicação viral. 5. Ficaremos sobrecarregados, pagando caro pela ignorância e irresponsabilidade do passado. Acharemos inacreditável não havermos percebido em tempo, por exemplo, que o vírus da AIDS, presente na seringa usada pelo adolescente da periferia para viajar ao paraíso por alguns instantes, infecta as mocinhas da favela, os travestis da cadeia, as garotas da boate, o meninão esperto, a menininha ingênua, o senhor enrustido, a mãe de família e se espalha para a multidão de gente pobre, sem instrução e higiene. Haverá milhões de pessoas com AIDS, dependendo de tratamentos caros e assistência permanente. Seus sistemas imunológicos deprimidos se tornarão presas fáceis aos bacilos da tuberculose, que, por via aérea, irão parar nos pulmões dos que passarem por perto, fazendo ressurgir a tuberculose epidêmica do tempo dos nossos avós. Sífilis,hepatite B, herpes, papilomavírus e outras doenças sexualmente transmissíveis atacarão os incautos e darão origem ao avesso da revolução sexual entre os sensatos. (Dráuzio Varella – Reflexões para o futuro) O texto acima faz referência a uma doença com alto poder imunossupressor e as consequências para o sistema imunológico. As infecções recorrentes por vírus são características de imunodeficiências de: a. Sistema celular, com a diminuição, nesse caso, de linfócitos T CD4 (auxiliares) que são destruídos após a ligação de gp120 do envelope viral a receptores dessas células b. Sistema MHC, o Complexo Maior de Histocompatibilidade existente em todos os vertebrados constituído, entre outros, por genes com importantes funções imunológicas. c. Barreiras fisiológicas com a diminuição de secreções e muco com a conseqüente diminuição dos níveis de IgA d. Opsonização, que facilita a ação do sistema imune por fixar opsoninas ou fragmentos do complemento na superfície microbiana, permitindo a fagocitose. e. Sistema de anticorpos produzidos por células B ativadas (plasmócitos) 6. Um paciente procura sua ajuda para a interpretação de um exame sorológico que é apresentado a seguir: Sorologia para Hepatite A Hepatite A IgM= Não Reagente Hepatite A IgG= Reagente O paciente afirma que realizou exames de rotina para uma cirurgia plástica e que não apresenta nenhum sintoma de doença ou qualquer queixa de saúde. Com base nestes dados assinale a alternativa correta a. Ele está doente, pois apresenta resultado reagente na sorologia da Hepatite A. b. O paciente está com Hepatite A mais em fase aguda por isso ainda não apresentou sintomas. c. O paciente, provavelmente teve contato prévio com o vírus da hepatite A e se curou. d. O paciente nunca teve contato com o vírus. e. Na fase aguda é muito freqüente encontrar IgG reagente. 7. Um homem de 21 anos foi hospitalizado com vômito, desconforto abdominal, náusea e fadiga. Apresentava febre baixa, urina escura e abdome distendido e mole. O médico suspeitando de se tratar de Hepatite viral questionou o paciente e ele admitiu ter ido viajar a uma ilha e alimentar-se principalmente de frutos do mar. Os exames laboratoriais indicaram tratar-se de Hepatite A, confirmando a fase aguda da infecção pelo marcador: a) IgG apenas. b) IgA e IgG. c) IgM e IgG de baixa avidez d) IgM e IgG de elevada avidez e) anti-HBs 8. A hepatite viral C ainda representa importante problema de saúde pública no mundo. Até agora a forma de minimizar seu impacto é a prevenção da transmissão transfusional e o tratamento dos pacientes na fase crônica. Com relação a esse tema, julgue os itens seguintes: I. O vírus da hepatite C pertence à família Flaviviridade, e possui múltiplos genótipos e subtipos. II. Embora a evolução crônica seja grave (cirrose e carcinoma), poucos pacientes evoluem para essa fase. III. A maioria dos indivíduos infectados é assintomática, e assim não busca auxílio médico. IV. A genotipagem viral deve ser feita para fins de prognóstico nos casos confirmados como positivos, pois alguns genótipos respondem mal ao tratamento. Estão corretas as afirmações: a) b) c) d) e) I e II, apenas. I e III, apenas. I, II e III, apenas. I, III e IV, apenas I, II e IV apenas. 9. As Hepatites Virais estão entre as doenças virais crônicas mais freqüentes. As Hepatites A e E são doenças de transmissão fecal - oral causadas por vírus RNA e que não evoluem para formas crônicas. Para estas infecções, o tratamento é apenas sintomático, aguardando-se a resolução espontânea da doença.Em geral, uma hepatite viral aguda apresenta: a. Alteração importante de gama-glutamil transferase e fosfatase alcalina e aumento discreto de alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase; b. Alteração importante de alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase e aumento discreto de gama-glutamil transferase e fosfatase alcalina; c. Alteração importante de bilirrubinas, sem alteração de alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase; d. Alteração de lipase e creatino-fosfoquinase. e. Alteração nas bilirrubinas, principalmente a indireta que tem modificação hepática. 10. Uma mulher jovem chega ao setor de Emergência de um hospital nos últimos estágios do trabalho de parto. Após pouco mais de uma hora, sem intercorrências, a mãe dá à luz a uma menina saudável. A paciente é HIV positiva, mas não está fazendo nenhum tratamento atualmente e não apresenta quaisquer sinais de AIDS, nem outras infecções. A partir das informações é correto afirmar: a. A mãe não deverá amamentar o bebê devido a passagem do HIV pelo leite materno, e a amamentação deverá ser substituída por leite artificial. b. A mãe deverá amamentar o bebê devido à passagem de IgA pelo leite materno. c. A mãe deverá amamentar o bebê para adquirir imunidade e estimular a resposta adaptativa. d. A mãe deverá ser tratada com antiretrovirais para amamentar o bebê. e. A mãe e o bebê devem ser tratados para depois iniciar a amamentação 11. As hepatites virais são causadas por agentes diversos e apresentam diferentes evoluções clínicas, variando desde a cura até hepatite crônica. Sobre as hepatites, assinale a alternativa correta. a) Indivíduo que se acidentou com objeto perfurocortante contaminado com o vírus da hepatite D não irá desenvolver esta patologia. b) Indivíduo que apresenta o marcador: Anti-HBc positivo indica positividade para hepatite C. c) O vírus da hepatite B é um vírus de RNA que pode ser diagnosticado com base em sorologia específica. d) Os vírus das hepatites pertencem a uma mesma família e podem ser diagnosticados por métodos sorológicos que indicam a cura. e) Indivíduos com hepatite C cronificam na maioria dos casos, porém podem apresentar ELISA negativo para HCV, sendo necessárias técnicas mais aprimoradas, como o PCR. 12. O sistema imune, ou sistema imunológico, tem como função produzir uma resposta, com a finalidade de defender nosso organismo, contra agentes invasores (antígenos), como vírus, bactérias, fungos, protozoários ou parasitas multicelulares, ou corpos estranhos, que podem causar doenças e levar o hospedeiro a óbito se sua multiplicação ocorrer de forma descontrolada. Qualquer resposta imunológica envolve, primeiramente, o reconhecimento do antígeno e, em segundo lugar, a elaboração de uma nova reação dirigida a esse elemento, com a finalidade de eliminá-lo do organismo. Os diferentes tipos de resposta imunológica enquadram-se em duas categorias: resposta imune inata (ou não-adaptativa) e resposta imune adaptativa. I. Da resposta imune inata, participam células com capacidade fagocítica, como monócitos, macrófagos e neutrófilos. Estas células reconhecem, fagocitam (“englobam”) e destroem um antígeno de forma inespecífica (ou seja, não importando o tipo de antígeno), constituindo, deste modo, a primeira linha de defesa humana contra a invasão de corpos estranhos. II. A resposta imune adaptativa tem como característica principal o reconhecimento específico de um antígeno, tendo os basófilos como células centrais. III. As citocinas são proteína que quando produzidas pelos linfócitos promovem a ativação de outros componentes do sistema imunológico e outro subgrupo de linfócitos, os linfócitos B, que, por sua vez, se encarregam de produzir anticorpos específicos para aquele antígeno. No decorrer deste processo, são formadas células de memória, que respondem de forma mais rápida e eficiente a uma reinfecção. Baseado nas afirmativas acima a resposta correta é: a. I e II estão corretas b. I e III estão corretas c. II e III estão corretas d. I, II e III estão corretas e. Apenas II esta correta 13. A Sífilis é uma doença sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Se não tratada, progride tornando-se crônica e com manifestações sistêmicas. Desta forma, além do diagnóstico é necessário acompanhar a evolução e a eficiência do tratamento. No processo diagnóstico duas metodologias são disponíveis: o VDRL, reação de floculação que utiliza um antígeno de cardiolipina para pesquisa de anticorpos inespecíficos (reaginas) e o FTA-ABS, reação de imunofluorescência indireta para pesquisa de anticorpos específicos (treponêmicos). Neste contexto, assinale a alternativa correta: a. em um processo diagnóstico resultado positivo para o VDRL confirma suspeita clínica de sífilis. b. em um caso de sífilis confirmado a evolução da terapia deve ser acompanhada pelo teste específico. c. o VDRL apresenta maior sensibilidade que o FTA-ABs embora resultados falso negativos possam ocorrer. d. o VDRL apresenta maior especificidade que o FTA-ABs embora resultados falso negativos possam ocorrer. e. o FTA-ABs apresenta maior especificidade que o VDRL embora resultados falso positivos possam ocorrer. 14. Uma mulher de 27 anos de idade, com história de uso de drogas injetáveis, apresentou provas de função hepática anormais. Investigação laboratorial adicional, incluindo marcadores de hepatite viral, revelou: HbsAg positivo, AntiHBc IgG positivo, AntiHBs negativo, AntiHBe positivo e HbeAg negativo. Com base na investigação laboratorial, assinale a alternativa correta. a. Ela é portadora do vírus da hepatite B crônica com alta infectividade. b. Ela está no período de incubação do HBV. c. Ela se recuperou da infecção pelo HBV e é imune ao vírus. d. Ela é portadora crônica do HBV com baixa infectividade. e. Ela é portadora do HCV. 15. Um homem de 45 anos de idade se queixa de fadiga cada vez mais intensa há um ano. O exame físico não é digno de nota. Os exames laboratoriais revelam: bilirrubina total = 0,8 mg/dL, AST = 84U/l, ALT = 104U/l, fosfatase alcalina = 124 U/l. Os marcadores de hepatite viral solicitados foram: HbsAg positivo, HBc IgM negativo, HBc IgG positivo, anticorpo anti-HCV negativo e HAV IgG negativo. O diagnóstico mais provável é: a. hepatite A aguda. b. hepatite B aguda. c. hepatite B crônica. d. hepatite C crônica. e. hepatite B em convalescença. 16. A influenza, ou gripe, é uma doença contagiosa aguda do trato respiratório, de natureza viral e de distribuição global. A imunização definitiva tem problemas devido: a. A vacina ser produzida com vírus atenuados. b. A vacina ser produzida com vírus mortos. c. A vacina ser produzida com vírus vivos. d. A ocorrência de mutações periódicas do virus. e. A ocorrência de mutação não interfere na imunização. 1) Em seu laboratório ocorre um acidente de trabalho no qual um funcionário se contamina com sangue de um paciente. A orientação da medicina do trabalho é que sejam colhidos exames sorológicos do funcionário acidentado e que se realizem os mesmos procedimentos com a amostra com que ele se contaminou. Resultados: Paciente Funcionário Sorologia para HIV Não reagente Reagente Sorologia para HBV Não reagente Não reagente Sorologia para HCV Não reagente Não reagente Sorologia para HTLV Não reagente Não reagente Após os resultados a funcionária foi encaminhada para o centro de referência de infectologia mais próximo. Sobre o caso apresentado responda: a) Por que foi colhida amostra de sangue da funcionária para realização de exames de sorologia? b) A funcionária se contaminou com a amostra? c) Um teste sorológico positivo e definitivo no diagnóstico da infecção pelo HIV? Resposta: a) Em casos de acidentes com amostras biológicas, geralmente a medicina do trabalho solicita a coleta de exames sorológicos para verificar se no momento do acidente o funcionário já estava contaminado ou não. Como neste caso a funcionário já estava contaminada não foi o acidente de trabalho que ocasionou a infecção pelo vírus. b) A paciente não se contaminou com a amostra, ainda que a amostra fosse reagente para HIV e que a funcionária tivesse se infectado seu exame sorológico seria negativo devido à janela imunológica. c) Não os testes sorológicos (ELISA) não são confirmatórios, além de uma nova coleta para a confirmação será necessária a realização do exame confirmatório Western Blot. Uma vez confirmado o resultado pelas duas metodologias o paciente será considerado HIV positivo. 2. Relato do caso DS, sexo masculino, cor branca, seis anos de idade, procedente da zona rural do município de Campina Grande, PB, começou a apresentar em outubro de 2004 uma febre diária intermitente e de moderada intensidade, com diarréia não disentérica, dor abdominal e diminuição do apetite. Foi hospitalizado na cidade de Campina Grande, ocasião em que foi medicado com sulfatrimetoprima e metronidazol com melhora. Persistiu com o quadro de febre intermitente e diarréia, e em janeiro de 2005, com três meses de história, a criança foi atendida e internada no Hospital Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande/PB. Os antecedentes pessoais eram de parto pélvico a termo e adequado para a idade gestacional, em boas condições de vitalidade e peso. Utilizou o leite materno exclusivo por quatro meses, e apresentava desenvolvimento e esquema vacinal adequados. Os familiares, pais e dois irmãos com sete e nove anos de idade, eram aparentemente saudáveis. O exame físico inicial mostrou regular estado geral, palidez cutâneo- mucosa ++/4+, temperatura axilar = 37,7º C e peso = 18,5 Kg. O restante do exame era normal, e o abdome semigloboso, flácido, sem fígado e baço palpáveis. Os exames laboratoriais foram realizados progressivamente à medida que o quadro clínico não apresentava resolução com o passar do tempo. Os resultados dos exames realizados entre 7/01/2005 e 04/02/2005 foram: hemograma, com resultados de Hb 7,2 a 11g/dL; leucócitos totais 2.300 a 18.900/mm3; bastonetes 5 a 23%; segmentados 48 a 71%; eosinófilos 0 a 7%; linfócitos típicos 8 a 23%; linfócitos atípicos 0%; monócitos2 a 19%; plaquetas 88.000 a 379.000/mm 3. A coprocultura, urocultura, e as três hemoculturas foram normais, e o parasitológico de fezes apresentou cistos de Endamoeba histolytica. As provas sorológicas para febre tifóide (neutralização), hepatites (RIE), citomegalovirose (RIE), toxoplasmose (imunofluorescência), e leishmaniose visceral (FC) não foram reagentes. Foi readmitido, após uma semana, por piora clínica, dessa vez com diarréia disentérica, comprometimento do estado geral e hepatomegalia, quando optou-se por ampla exploração laboratorial. Entre 11/02 e 11/04/2005 os hemogramas apresentaram as seguintes variações: Hb (g/dL): 5,1 a 10,4; leucócitos totais mm 3 5.000 a 12.400; bastões 2 a 21%; segmentados 34 a 83%; eosinófilos 0 a 2%; linfócitos típicos 3 a 49%; linfócitos atípicos 0%; monócitos 1 a 15%; plaquetas 43.000 a 444.000/mm 3. A tomografia contrastada do abdome mostrou hepatomegalia. A sorologia Elisa para SIDA foi reagente; e a carga viral para HIV foi de 2 milhões de cópias por mL. A contagem de linfócitos CD4 foi de 6 por mm3. Cinco meses após o início das manifestações clínicas, foi iniciada a terapêutica para SIDA com AZT+ DDI + efavirens, além de sulfa-trimetoprima, praziquantel, ceftazidima, e oxacilina. Em 11/04/2005 teve alta melhorado, mas foi readmitido em duas outras ocasiões e evoluiu para óbito, por falência de múltiplos órgãos em 18/06/2005. Os exames sorológicos dos pais também foram positivos para a SIDA. Fonte: Pediatria (São Paulo) 2007;29(1):65-69 a) Sobre o caso clínico acima explique como ocorreu a transmissão do vírus HIV a criança. O diagnóstico da aids pode ser suspeitado na presença de infecções incomuns ou muito frequentes, que podem acometer os lactentes nos primeiros meses de vida. Nesta faixa etária a suspeita clínica da infecção é habitualmente estabelecida, e muitas vezes facilitada pelo histórico da gestação – com exame materno positivo. Estes casos infantis originários de transmissão vertical, da mãe infectada para o feto, são a maioria - 95%, adquiridos intra-útero, durante o parto ou através do aleitamento materno. É de mais difícil reconhecimento o caso que tem apresentação clínica em criança com mais idade. Estes casos podem ser de aquisição vertical, ou adquiridos por transfusões sanguíneas. No presente relato demonstrou-se um desses casos de aquisição vertical com apresentação clínica tardia que levou a dificuldade no diagnóstico e atraso na terapêutica. Fica sugerido que a infecção ocorreu através do aleitamento materno, devido ao inicio tardio das manifestações clínicas da aids, após os seis anos de idade. a) Quais as principais medidas de suporte utilizadas para evitar a infecção pelo HIV em crianças expostas verticalmente ao vírus? A taxa de transmissão vertical do HIV, sem qualquer intervenção, situa-se em torno de 25,5%. No entanto, diversos estudos publicados na literatura médica demonstram a redução da transmissão vertical do HIV para níveis entre zero e 2%, por meio de intervenções preventivas, tais como: o uso de anti-retrovirais combinados (promovendo a queda da carga viral materna para menos que 1.000 cópias/ml ao final da gestação), o parto por cirurgia cesariana eletiva, o uso de quimioprofilaxia com o AZT na parturiente e no recém-nascido, e a não-amamentação. Recém-nascidos de mulheres infectadas pelo HIV devem receber solução oral de AZT, mesmo que suas mães não tenham recebido anti-retrovirais durante a gestação e/ou parto. A quimioprofilaxia deverá ser administrada, de preferência, imediatamente após o nascimento (nas duas primeiras horas de vida) ou nas primeiras oito horas de vida. Não há estudos que comprovem benefício do início da quimioprofilaxia com a zidovudina após 48 horas do nascimento. A indicação da quimioprofilaxia após esse período fica a critério médico. A administração da solução oral de AZT deverá ser mantida durante as seis primeiras semanas de vida (42 dias). O aleitamento materno é contra-indicado na criança filha de mãe infectada pelo HIV. Consequentemente, deverá ser assegurado o fornecimento contínuo de fórmula infantil no mínimo por 12 meses.