Flores, Fernanda_D - Repositório da Produção Científica e

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
FERNANDA FLORES
ESTIMULAÇÕES TÉRMICAS DURANTE O DESENVOLVIMENTO
EMBRIONÁRIO DE FRANGOS DE CORTE
CAMPINAS
2015
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRÍCOLA
FERNANDA FLORES
ESTIMULAÇÕES TÉRMICAS DURANTE O DESENVOLVIMENTO
EMBRIONÁRIO DE FRANGOS DE CORTE
Tese apresentada à Faculdade de Engenharia
Agrícola da Universidade Estadual de Campinas
como parte dos requisitos para obtenção do título
de Doutora em Engenharia Agrícola, na Área de
Construções Rurais e Ambiência.
Orientador(a): Profa. Dra. Irenilza de Alencar Nääs
Co-Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Garófallo Garcia
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO
FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA
FERNANDA FLORES, E ORIENTADO PELA
PROFA. DRA.IRENILZA DE ALENCAR NÄÄS
CAMPINAS,
2015
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AGRADECIMENTOS
Agradeço e dedico este trabalho à minha família, em especial meus pais, Antonio e
Jurita, minhas irmãs Daniela e Andressa, meu namorado Rodrigo, ao Tio Cláudio e ao Léo que
me deram forças nos momentos difíceis e me impulsionaram a buscar meus sonhos vencendo
todos os obstáculos. Vocês são a razão da minha Vida, sem vocês nada faria sentido!
À minha segunda família – “Família Mocito” – por me propiciar uma segunda casa,
casa esta onde iniciei meus estudos no cursinho pré-vestibular, e hoje tenho a honra de terminar
esta tese.
À família Valentini pela hospitalidade com que me recebiam sempre que precisei de um
“pouso” ou de um local para estudar durante as coletas de dados.
Em especial à minha orientadora Dra. Irenilza de Alencar Nääs e ao meu coorientador Dr. Rodrigo Garófallo Garcia por dividirem comigo seus conhecimentos e por todas
as oportunidades de crescimento pessoal e profissional.
A todos os amigos e colegas da Faculdade de Engenharia Agrícola e do Instituto de
Biologia da Unicamp, pela parceria na realização deste e de outros trabalhos. Agradeço por
todos os momentos compartilhados com vocês.
Em especial aos amigos conquistados em Campinas Leandro e Isa, Pablo e Yurani, a
companhia de vocês tornou a caminhada menos exaustiva. Aos colegas e Amigos do Laboratório
AVIPA com quem dividi, quase na íntegra, todo o meu tempo em Campinas, em especial a Vânia
Bernardes, Juliana Herpich e Aline Parolin.
Ao Professor Dr. Paulo Pacheco do Departamento de Zootecnia da UFSM pelo auxílio
na análise estatística dos experimentos.
À minha sempre Orientadora Dr.Maristela Lovato, do Laboratório Central de
Diagnóstico de Patologia Aviária da UFSM, por nunca deixar de me “orientar”.
À Granja Pinheiro por permitir a realização da pesquisa em suas instalações,
especialmente à equipe do Incubatório e da Integração (frango de corte).
À Pas Reform pelo auxílio e orientação na execução desta tese; em especial à Lenise
Inácio de Souza por de fato me acompanhar em todas as etapas, e ao Thomas Calil por todas as
intervenções técnicas.
vii
Aos Amigos que conquistei neste findar de jornada e que ajudaram a
concluir....Melânia Lazzari Rigo.....e a todos os amigos de coração que mesmo longe nunca
deixaram de ser a luz do meu Caminho.....Fábio Gazoni, Gisele Maciag, Tassiana Filter, Joice
Brustolin e César Wilsmann.
Ao CNPq pela concessão da minha Bolsa, bem como ao Programa de Pós Graduação
em Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pela oportunidade
de cursar meu doutorado em uma das melhores instituições do país.
Não findo minha carreira acadêmica por aqui, mas sei que conclui uma grande etapa,
por isso agradeço a DEUS por guiar minhas escolhas, por estar ao meu lado em todos os
momentos e me permitir continuar.....
Obrigada!!
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“Sozinhos somos mais rápidos. Juntos vamos mais longe.”
Rubinho Pirola
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RESUMO
Devido às exigências dos mercados consumidores, nas últimas décadas a avicultura passou a
buscar avanços na produtividade através da tecnificação da cadeia, mas também garantindo
condições satisfatórias de bem estar animal. Neste contexto, a etapa de incubação de ovos
adquire cada vez mais importância, pois corresponde com mais de 30% da vida do frango. No
entanto, encontra-se, na incubação artificial, dificuldade em controlar um conjunto de fatores dos
quais muitos são ainda pouco conhecidos e outros são de difícil mensuração, como, por exemplo,
a estimulação térmica e suas consequências. Para tanto, o objetivo desta pesquisa foi avaliar os
efeitos da estimulação térmica por calor e por frio durante a última semana de desenvolvimento
embrionário de ovos oriundos de três linhagens comerciais (Cobb®, Ross® e Hubbard®) sobre
os índices de produtividade pós-eclosão, qualidade do pintinho, peso total, peso de órgãos,
integridade tecidual, produção e liberação de corticosterona sérica e imunoglobulinas das classes
IgA, IgG e IgM. Foram utilizados ovos de matrizes em diferentes etapas de produção (pré e pós
pico) e estes foram submetidos à estimulação térmica com variação na duração, na amplitude e
na frequência dos estímulos, todos os lotes foram avaliados em processo comercial em
incubadoras de estágio único, e alguns lotes foram acompanhados em estágio múltiplo.
Observou-se o comportamento das linhagens frente à estimulação térmica e percebeu-se que
nenhum estímulo causou queda nos índices de produtividade do incubatório e, para alguns, a
eclodibilidade aumentou. Não houve mortalidade embrionária decorrente da estimulação e a
qualidade do pintinho foi igual ou superior nos lotes estimulados. Somente para a linhagem
Cobb® a imunoglobulina de classe M e a corticosterona apresentaram diferenças em relação à
idade das aves. Lesões teciduais foram encontradas em alguns órgãos das três linhagens, mas
estas podem ser indício de pré-imunização. Com esses resultados foi possível afirmar que o
manejo térmico pode melhorar as taxas de eclodibilidade, proteção imunitária e desempenho
zootécnico de frangos de corte. Contudo, existem muitas variáveis envolvidas e não se pode
afirmar ainda qual estimulação é mais propícia. Portanto, mais pesquisas precisam ser realizadas
para decifrar as fases e as condições embrionárias mais específicas e sensitivas para incentivar o
uso do condicionamento térmico.
Palavras-chave: Corticosterona,
eclodibilidade e imunoglobulinas.
condicionamento
xi
térmico,
desempenho
zootécnico,
xii
ABSTRACT
Due to the last decades consumer market´s demands, the poultry business began to look for
advances in productivity through the chain of technification, but also ensuring favorable
conditions for animal welfare. In this context, egg incubation step acquires more importance,
because it corresponds to more than 30% of the life of the chicken. However, already on the
artificial incubation there is difficulty to control a number of factors, and many of them are still
just a few known and others are difficult to measure, such as, for example, thermal stimulation
and their consequences. Therefore, the objective of this research was to evaluate the effects of
thermal stimulation by heat and cold during the last week of egg´s embryonic development from
three commercial breeder lines (Cobb®, Ross® and Hubbard®) on the productivity indexes post
hatching, chick quality, total weight, weight of organs, tissue integrity, production and release of
serum corticosterone and immunoglobulins of IgA, IgG and IgM. Breeder flocks were used at
different stages of egg production (pre and post peak) at which the eggs were submitted to
thermal stimulation with variation in the duration, amplitude and frequency of the stimuli, all
flocks were evaluated in a commercial process of single stage incubation, and some flocks were
followed in multiple stage incubation. It was observed the answer to thermal stimulation and it
was noticed that no stimulus caused drop in hatchery productivity indices and, during some
hatches, hatchability was increased. There was observed no embryonic mortality increasing and
chick quality was equal to or higher in stimulated flocks. The production of Igs showed no
statistical differences for the three lines, since the corticosterone level varied, showing that there
are other stressors factors involved. Tissue lesions were found in some organs, but these can be a
sign of pre-immunization. With these results we can say that the thermal management can
improve hatchability rates, immune protection and growth performance of broiler chickens.
However, there are many variables involved and we can not say yet which stimulation perfil is
the most favorable. Therefore, more research needs to be conducted to decipher the phases and
the most specific and sensitive embryonic conditions to encourage the use of thermal
conditioning.
Keywords: Corticosterone, growth performance, hatchability, immunoglobulins, thermal
conditioning.
xiii
xiv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema geral dos procedimentos adotados durante as avaliações da estimulação
Térmica de forma combinada (duração, intensidade, frequência e período de incubação) em
escala comercial, executados nesta tese ........................................................................................... 5
CAPITULO II
Figura 1 – Gráficos demonstrativos da temperatura embrionária das aves submetidas aos
tratamentos térmico 6 (1ºC do 16º ao 18º dia de D.E /2h) em duas fases do experimento na
incubadora 9 ................................................................................................................................... 44
Figura 2 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução de
todo o ciclo da incubação com o tratamento T6 (1ºC do 16º ao 18º dia de D.E /2h); Seta preta
indica aumento de temperatura não programado ............................................................................ 46
Figura 3 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução dos
três estímulos executados no tratamento T6 (1ºC do 16º ao 18º dia de D.E /2h); Seta preta indica
aumento de temperatura não programado ...................................................................................... 46
CAPÍTULO III
Figura 1 – Gráficos demonstrativos da temperatura embrionária das aves submetidas ao
tratamento térmico 4 (Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h) em relação ao grupo
controle incubados na incubadora de número 10 e 7 respectivamente........................................... 68
Figura 2 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante todo o ciclo de
incubação do tratamento T3 (estímulo quente - 1,39ºC) ................................................................ 70
Figura 3 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução dos
cinco estímulos executados no tratamento T3(estímulo quente - 1,39ºC)...................................... 70
Figura 4 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da P as Reform durante todo o ciclo de
incubação do tratamento T4 (Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h) ......................... 71
Figura 5 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução dos
cinco estímulos executados no tratamento T4 (Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º
D.E/3h) ........................................................................................................................................... 71
xv
CAPÍTULO V
Figura 1 – Medição da temperatura superficial dos ovos. A: Vista das bandejas; B: Posição do
termômetro na linha equatorial do ovo .......................................................................................... 98
Figura 2 – A: Bursa de Fabrícius sem alteração – Escore 1 em aumento de 10 vezes; B: Bursa de
Fabrícius com 51-80% depleção linfoide - Escore 3 em aumento 5 vezes. Seta preta indicando
presença de hiperemia .................................................................................................................. 107
Figura 3 – Representação gráfica das temperaturas das cascas dos ovos monitoradas antes e póstratamento térmico; A: Tratamento 3 (1,39ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h); B: Tratamento 5 (1ºC
do 14º ao 18º dia de D.E/3h) incubados na incubadora de número 08 e 11 respectivamente...... 109
CAPÍTULO VI
Figura 1 – Oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução dos cinco
estímulos executados no tratamento T3 (estímulo quente – 1,39ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h)136
Figura 2 – Oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform demonstrativo do ciclo completo
de incubação no tratamento T5 (estímulo quente – 1ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h) ............... 137
Figura 3 – Representação gráfica das temperaturas das cascas dos ovos monitoradas antes e póstratamento térmico em todos os ciclos – A: T3A; C: T5A; E: T3B; F: T6; H: T4; I: T5B
respectivamente, intercalado com seus controles (B, D, G) ....................................................... 138
xvi
LISTA DE TABELAS
CAPITULO II
Tabela 1 – Dados experimentais dos lotes da linhagem Cobb®: Idade da matriz, estágio de
incubação, estimulação térmica (tratamento térmico) ................................................................... 32
Tabela 2 – Programas de incubação com estimulação térmica na última fase de desenvolvimento
embrionário e programas de incubação utilizados como padrão, considerando ovos oriundos de
matrizes velhas e jovens (ovo grande x ovo pequeno) .................................................................. 36
Tabela 3 – Valores médios em relação aos tratamentos térmicos combinados e as variáveis
analisadas ....................................................................................................................................... 38
Tabela 4 – Valores médios em relação a faixa de idade das reprodutoras e as variáveis
analisadas ....................................................................................................................................... 39
Tabela 5 – Média de eclosão geral, eclodibidade, fertilidade e Pasgar©Score dos lotes da
linhagem Cobb® submetidos à estimulação térmica .................................................................... 41
Tabela 6 – Valores médios do Embriodiagnóstico dos lotes da linhagem Cobb® em bandejas de
150 ovos......................................................................................................................................... 43
Tabela 7 – Janela de nascimento dos lotes estimulados termicamente e o grupo controle ........... 47
Tabela 8 – Desempenho do lote 201 estimulados termicamente oriundos de matrizes com 33, 34
e 35 semanas de idade ................................................................................................................... 48
CAPÍTULO III
Tabela 1 – Idade da matriz, estágio de incubação e estimulação térmica (tratamento térmico) do
lote da linhagem Ross® ................................................................................................................. 58
Tabela 2 – Programas de incubação com estimulação térmica na última fase de desenvolvimento
embrionário e o programa utilizado como padrão, levando em consideração ovos oriundos de
matrizes velhas (ovo grande) ......................................................................................................... 60
Tabela 3 – Valores médios das variáveis analisadas para os tratamentos térmicos ...................... 63
Tabela 4 – Janela de nascimento dos lotes estimulados termicamente e o grupo controle ........... 65
Tabela 5 – Eclosão geral, eclodibidade, fertilidade e Pasgar©Score do lote da linhagem Ross®
submetido a estimulações térmicas ............................................................................................... 66
Tabela 6 – Embriodiagnóstico dos lotes da linhagem Ross® em bandejas de 150 ovos .............. 67
xvii
CAPÍTULO IV
Table 1 – Data on the batch of observed Hubbard® broiler breeder eggs ..................................... 79
Table 2 – Mean values and standard error found for variables subjected to the hot thermal
manipulation .................................................................................................................................. 83
Table 3 – Mean values of the assessed variables regarding the age of the female breeders ........ 84
Table 4 – General hatching, hatching, fertility, and Pasgar©Score of chicks subjected to hot
thermal manipulation .................................................................................................................... 85
Table 5 – Values of the embryo diagnostic in trays with 150 eggs in the single-stage incubator,
and trays with 96 eggs in the multiple-stage incubator ................................................................. 86
Table 6 – The peak of hatching of the batches under hot thermal manipulation, and the control
groups ............................................................................................................................................ 87
CAPÍTULO V
Tabela 1 – Programas de incubação com estimulação térmica na última fase de desenvolvimento
embrionário e programas utilizados como padrão, levando em consideração ovos oriundos de
matrizes velhas e jovens (ovo grande x ovo pequeno) .................................................................. 97
Tabela 2 – Produção de imunoglobulinas e liberação de corticosterona sérica em machos de um
dia de idade da linhagem Cobb® em relação com tratamentos térmicos e a idade da matriz .... 101
Tabela 3 – Valores médios para a produção de imunoglobulinas e liberação de corticosterona em
machos de um dia de idade da linhagem Ross® oriundos de matrizes com 61, 62 e 63 semanas
de idade em relação com tratamentos térmicos........................................................................... 102
Tabela 4 – Valores médios produção de imunoglobulinas em machos de um dia de idade da
linhagem Hubbard® em relação com tratamentos térmicos ....................................................... 103
CAPÍTULO VI
Tabela 1 – Programas de incubação com estimulação térmica na última fase de desenvolvimento
embrionário e programas utilizados como padrão levando em consideração ovos oriundos de
matrizes velhas e jovens (ovo grande x ovo pequeno) ................................................................ 119
Tabela 2 – Número de aves utilizadas nas amostragens do incubatório com respectivo estímulo
térmico e idade de produção das matrizes................................................................................... 121
Tabela 3 – Valores obtidos médios em relação aos tratamentos térmicos e as variáveis
analisadas .................................................................................................................................... 124
Tabela 4 – Valores médios em relação ao posicionamento da bandeja dentro da incubadora no
carro de incubação....................................................................................................................... 125
Tabela 5 – Embriodiagnóstico realizado nos ovos não nascidos em bandejas de 150 ovos de cada
tratamento .................................................................................................................................... 129
xviii
Tabela 6 – Eclosão geral, eclodibidade, fertilidade, Pasgar©Score e janela de nascimento dos
lotes avaliados para cada estímulo térmico com a respectiva idade das matrizes ....................... 131
Tabela 7 – Desempenho zootécnico do lote Ross® estimulados por diferentes tratamentos
térmicos oriundos de matrizes com 33 a 43 semanas de idade ................................................... 133
Tabela 8 – Desempenho zootécnico nos lotes submetidos aos tratamentos térmicos T3 A e B, T5
A e B e seus controles ................................................................................................................. 134
Tabela 9 – Valores médios dos pintinhos oriundos de matrizes jovens (faixa de produção de 33 a
43 semanas) e de matrizes velhas (faixa de produção de 61 a 63 semanas)................................ 140
Tabela 10 – Valores médios para os tratamentos 4 (estímulo frio – 36ºC fixos) e 3 (estímulo
quente – 1,39ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h) com seu respectivo controle (sem estimulação
térmica) nos ovos oriundos de matrizes jovens (faixa de produção de 33 a 43 semanas) e de
matrizes velhas (faixa de produção de 61 a 63 semanas) ............................................................ 141
xix
xx
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
2 HIPÓTESE .................................................................................................................................. 3
3 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 3
3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................. 3
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 3
CAPÍTULO I – VARIAÇÃO TÉRMICA DURANTE A INCUBAÇÃO DE OVOS E SEUS
EFEITOS SOBRE OS COMPONENTES IMUNOLÓGICOS DO EMBRIÃO ..................... 7
Introdução ...................................................................................................................................... 8
Processo de incubação ................................................................................................................. 10
Ambiência no incubatório ........................................................................................................... 11
Temperatura da Casca ................................................................................................................ 12
Influência da manipulação ambiental na incubação ................................................................ 13
Sistema imunológico e metabólico ............................................................................................. 16
Influência da idade da matriz ..................................................................................................... 19
Máquinas incubadoras ................................................................................................................ 20
Pós-incubação .............................................................................................................................. 21
Considerações Finais ................................................................................................................... 21
Referências Bibliográficas .......................................................................................................... 21
CAPITULO II – FEITOS DA ESTIMULAÇÃO TÉRMICA EM ESCALA COMERCIAL
EM EMBRIÕES DA LINHAGEM COBB®............................................................................. 29
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 31
2 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 32
2.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA CADA TRATAMENTO.............................. 33
2.2 COMITÊ DE ÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL ................................................................... 35
2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................................................... 35
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 36
4 CONCLUSÕES......................................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 49
xxi
CAPÍTULO III – ESTIMULAÇÃO TÉRMICA EM ESCALA COMERCIAL EM
EMBRIÕES DA LINHAGEM ROSS® ORIUNDOS DE MATRIZES NO PÓS PICO DE
PRODUÇÃO ................................................................................................................................ 55
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 57
2 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................... 58
2.1 PARA CADA TRATAMENTO ............................................................................................. 59
2.2 COMITÊ DE ÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL................................................................... 61
2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..................................................................................................... 62
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 62
4 CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 73
CAPÍTULO IV – THERMAL MANIPULATION DURING EMBRYOGENESIS IN
COMMERCIAL INCUBATION IMPROVED BROILER EMBRYOS QUALITY ........... 77
1 INTRODUCTION .................................................................................................................... 78
2 MATERIALS AND METHOD ............................................................................................... 79
3 RESULTS.................................................................................................................................. 82
4 DISCUSSION ........................................................................................................................... 87
5 CONCLUSION......................................................................................................................... 88
REFERENCES ............................................................................................................................ 89
CAPÍTULO V – AVALIAÇÃO IMUNOLÓGICA E HISTOPATOLÓGICA DE FRANGOS
DE CORTE MACHOS DE TRÊS LINHAGENS COMERCIAIS ESTIMULADOS
TERMICAMENTE ..................................................................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 95
2 MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................................... 96
2.1 PARA CADA TRATAMENTO ............................................................................................. 97
2.2 ANÁLISE DE IMUNOGLOBULINAS (IGM, IGG, IGA).................................................... 99
2.3 ANÁLISE DE CORTICOSTERONA SÉRICA ..................................................................... 99
2.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA ......................................................................................... 99
2.5 COMITÊ DE ÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL................................................................. 100
2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................... 100
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 100
xxii
3.1 IMUNOGLOBULINAS E CORTICOSTERONA SÉRICA ................................................ 100
3.2 LESÕES TECIDUAIS – EXAME HISTOPATOLÓGICO .................................................. 105
4 CONCLUSÕES....................................................................................................................... 110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 110
CAPÍTULO VI – DADOS DE PRODUTIVIDADE DO INCUBATÓRIO ATÉ 42 DIAS DE
UM
LOTE
DE
FRANGOS
DA
LINHAGEM
ROSS®
SUBMETIDOS
A
TERMOESTIMULAÇÕES ...................................................................................................... 115
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 117
2 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 118
2.1 PARA CADA TRATAMENTO ............................................................................................ 120
2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ZOOTÉCNICO ........................................................... 122
2.3 COMITÊ DE ÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL ................................................................. 122
2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................................... 122
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 122
3.1 DESEMPENHO ZOOTÉCNICO .......................................................................................... 132
3.2 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA ........................................................................................ 136
3.3 ANÁLISE COMPARATIVA DA LINHAGEM COM 61 A 63 SEMANAS DE
PRODUÇÃO VERSUS 33 A 43 SEMANAS DE PRODUÇÃO................................................. 139
4 CONCLUSÕES....................................................................................................................... 142
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 142
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 147
ANEXO A – DESENHOS ESQUEMÁTICOS DA INCUBADORA SMARTPRO77 ........ 149
ANEXO B – FORMULAÇÃO DA RAÇÃO UTILIZADA DURANTE A EXECUÇÃO DOS
EXPERIMENTOS DE ESTIMULAÇÃO TÉRMICA NA UNIDADE DA GRANJA
PINHEIROS, NOVA PETRÓPOLIS-RS ................................................................................ 153
xxiii
xxiv
1 INTRODUÇÃO
O Brasil é o terceiro maior produtor de carne de frango e é responsável, junto com os
Estados Unidos e China, por 54,5% da produção mundial. Dentre as cadeias produtivas de carne,
a avicultura industrial é a mais organizada e estruturada do país. Responde por 1,5% do PIB do
país, gera cerca de quatro milhões de empregos diretos e indiretos, e contribui de forma
significativa à balança comercial, rendendo ao Brasil cerca de 3,5 bilhões de dólares em
exportações (UBABEF, 2013).
Contudo, no panorama econômico e globalizado dos mercados atuais, é necessário
buscar avanços em tecnologia visando maior produtividade e rentabilidade ao produtor,
investindo-se na produção avícola com competitividade e dinamismo.
Durante essa evolução, a avicultura passou de uma quase indiferença às questões de
ambiência a uma preocupação intensa ao provimento de condições ambientais adequadas de
criação para atender mercados consumidores mais exigentes (PEREIRA, 2011).
Este novo comportamento atingiu, significativamente, a etapa de incubação de ovos que
visa produzir aves eficientes que resistam às condições estressantes utilizando pequenas
quantidades de nutrientes para a manutenção dos sistemas fisiológicos basais. Antigamente o
período de incubação correspondia a 20% da vida do frango de corte, atualmente, devido ao
melhoramento genético, o período de desenvolvimento embrionário corresponde em média a
37,5%.
A incubação é um processo dinâmico que requer um delicado equilíbrio, entre vários
fatores, para o melhor desenvolvimento embrionário e qualidade do pintinho. Esse processo pode
afetar a viabilidade, a imunidade, a produtividade e o comportamento das aves, refletindo na
qualidade física e microbiológica das carcaças destinadas ao consumo humano ou à fabricação de
subprodutos. Condições negativas durante esse processo de incubação podem acarretar problemas
que não são solucionáveis na granja. Portanto, incessantes melhorias no processo de incubação
são necessárias para obterem-se aves mais eficientes, tanto em nível de embrião quanto nos
índices de produtividade do incubatório, como por exemplo, na eclodibilidade.
Dentre os principais fatores que afetam a eclodibilidade na incubação, o tamanho do ovo
incubado, temperatura da casca durante a incubação, idade da matriz, linha genética, temperatura
e umidade dentro e fora da máquina de incubação, e as trocas de gases durante o processo são os
1
mais significativos (YALÇIN et al., 2008; YASSIN et al., 2008). Lourens et al. (2005) relataram
que ovos de diferentes lotes requerem diferentes condições ambientais para desenvolvimento do
embrião, eclodibilidade e desempenho pós-eclosão.
Entretanto, o principal fator que afeta a incubação de ovos e requer mais investigações
quanto sua importância na melhoria da produção de frangos de corte, é a manipulação térmica
durante o desenvolvimento embrionário. Estudos mostram que o imprinting das funções
corporais estimula a eficiência nas granjas. Alguns autores citam a adaptabilidade ao calor em
frangos de corte expostos a alterações na temperatura de incubação (MORAES et al., 2003;
YALÇIN et al., 2008), enquanto Lourens et al. (2005) e Sengor et al. (2008) não encontraram
efeito no desempenho zootécnico. Contudo, existem poucos estudos que demonstram as
consequências do estresse térmico, por frio, no decorrer da vida da ave. Além do que nenhum
estudo, até o momento, deu ênfase ao desenvolvimento do sistema imunitário do embrião durante
esses processos de manipulações térmicas.
Portanto, mais pesquisas precisam ser realizadas para decifrar as fases e as condições
embrionárias mais específicas e sensitivas para incentivar o uso da manipulação térmica. Além de
que grande parte das pesquisas é realizada em escala experimental controlada mensurando os
índices de incubação e o desempenho zootécnico. Nessa pesquisa foi proposto avaliar a
manipulação térmica em escala comercial e aliar aos índices de incubação, de desempenho
zootécnico e do sistema imunitário das aves. Um resumo dos procedimentos aplicados neste
estudo está representado na Figura 1 e os resultados encontrados estão divididos, nesta tese, em
seis capítulos assim definidos:
No primeiro capítulo encontra-se uma revisão bibliográfica acerca do tema, publicada na
revista Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, no ano de 2013, Goiânia, v.9, n.17; p.
2594, intitulada: Variação térmica durante a incubação de ovos e seus efeitos sobre os
componentes imunológicos do embrião.
Nos demais capítulos são apresentados os resultados dos experimentos desenvolvidos
com três linhagens comerciais de frango de corte e suas particularidades em relação à
estimulação térmica aplicada na ocasião, assim sendo:
Segundo Capítulo: Efeitos da estimulação térmica em escala comercial em embriões da
linhagem Cobb®.
2
Terceiro capítulo: Estimulação térmica em escala comercial em embriões da linhagem
Ross® oriundos de matrizes no pós pico de produção.
Quarto Capítulo: Embriões da linhagem Hubbard® submetidos à estimulação térmica
em escala comercial. (Thermal manipulation during embryogenesis in commercial incubation
improved broiler embryos quality – formato de publicação).
Quinto Capítulo: Avaliação histopatológica e imunológica de frangos de corte machos
de três linhagens comerciais estimulados termicamente; e
Sexto Capítulo: Dados de produtividade do incubatório até 42 dias de um lote de frangos
da linhagem Ross® submetidos a termo manipulações.
2 HIPÓTESE
A hipótese desta pesquisa é que, com variações pontuais de temperatura, por calor ou
por frio, durante a última fase de desenvolvimento embrionário das aves, podem-se ter melhores
índices de produtividade no incubatório, tais como eclodibilidade e viabilidade do pintinho e,
consequentemente, melhor desempenho do frango de corte e melhor estado imunitário.
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o efeito da estimulação térmica por calor e por frio na última fase de
desenvolvimento embrionário de ovos oriundos de linhagens comerciais, em diferentes
momentos da produção comercial.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Revisar o processo de incubação de ovos em escala comercial bem como o efeito da
manipulação térmica, visando otimizar a eclodibilidade dos ovos, viabilidade e sanidade
do pintinho, bem como verificar as consequências destas no desempenho dos frangos de
corte e no estado imunitário.
3
b) Avaliar o comportamento de embriões da linhagem Cobb® frente a diferentes
estimulações térmicas na última fase de desenvolvimento embrionário, incluindo
tratamentos por calor e por frio em escala comercial.
c) Avaliar o comportamento de embriões da linhagem Ross® frente a duas estimulações
térmicas (calor e frio) aplicadas no último período de desenvolvimento embrionário (14º
ao 18º dia) por três horas de duração, em escala comercial.
d) Avaliar a manipulação térmica por calor em escala comercial, com duração e aplicação
diferenciadas, avaliando seu efeito sobre a eclodiblidade, a eclosão geral, a qualidade
geral do pintinho, o peso total do pintinho e o peso de órgãos de embriões oriundos de
matrizes da linhagem Hubbard® de diferentes idades.
e) Mensurar a produção de imunoglobulinas no soro, o nível de corticosterona sérica e a
integridade dos órgãos de machos de um dia de idade de três linhagens comerciais,
submetidos à estimulação térmica por calor e por frio em diferentes níveis do 14º ao 18º
dia de desenvolvimento embrionário.
f) Analisar o comportamento de um lote de ovos férteis oriundos de matrizes da linhagem
Ross® com 33 a 43 semanas, submetido a estimulações térmicas por calor e por frio
frente aos índices de produtividade do incubatório, qualidade e integridade do pintinho,
bem como o seu desempenho até o abate.
4
Figura 1 – Esquema geral dos procedimentos adotados durante as avaliações da estimulação
Térmica de forma combinada (duração, intensidade, frequência e período de incubação) em
escala comercial, executados nesta tese
Legenda:
T1: Controle Estágio Único*
T2: Controle Estágio Múltiplo*
T3: 2,5 F (1,39ºC) do 14º ao 18º D.E. /3h
T4: 96,8 F (36ºC) do 14º ao 18º D.E. /3h
T5: 1,8 F (1ºC) do 14º ao 18º D.E. /3h
T6: 1,8 F (1ºC) do 16º ao 18º D.E. /2h
*Nomenclaturas foram utilizadas no texto para os grupos controle.
Os tratamentos utilizados foram combinações de duração, intensidade, frequência e período de
incubação.
5
6
CAPÍTULO I – Revisão Bibliográfica
VARIAÇÃO TÉRMICA DURANTE A INCUBAÇÃO DE OVOS E SEUS EFEITOS
SOBRE OS COMPONENTES IMUNOLÓGICOS DO EMBRIÃO*
*Artigo publicado na Revista Biosfera em 01/12/2013
RESUMO:
Devido às exigências dos mercados consumidores nas últimas décadas, a avicultura passou a
buscar avanços na produtividade através da tecnificação da cadeia, mas também garantindo
condições satisfatórias de Bem-estar animal. Neste contexto, a etapa de incubação de ovos
adquire cada vez mais importância, pois corresponde a mais de 30% da vida do frango. No
entanto, encontra-se, na incubação artificial, dificuldade em controlar um conjunto de fatores dos
quais muitos são ainda pouco conhecidos e outros são de difícil mensuração, como, por exemplo,
a manipulação térmica e suas consequências. Esta revisão tem como objetivo avaliar os efeitos da
variação térmica durante a incubação de ovos em índices de produtividade pós-eclosão e sobre o
desenvolvimento do sistema imunológico e metabólico.
Palavras-chaves: Desempenho zootécnico e sanitário, eclodibilidade, imunologia, temperatura.
THERMAL VARIATION DURING INCUBATION OF EGGS AND ITS EFFECTS ON
INGREDIENTS IMMUNOLOGIC EMBRYO
ABSTRACT
Brazilian poultry industry began to seek improvements in productivity due to the demands of
consumer markets in recent decades. This was done by using new techniques in the production
chain, and also warranting satisfactory conditions to welfare of the animals. In this context, the
step of egg incubation is even more significant because it corresponds to more than 30% of
poultry's life. However, in artificial incubation there is difficulty in controlling a set of factors,
which are not yet well known and not easy to assess, for instance, the thermal manipulation and
their consequences. This review aims to evaluate the effects of thermal variation during
7
incubation of eggs in productivity rates and post-hatching on the development of the immune and
metabolic systems.
Key-words: Animal performance and health, hatchability, immunology, temperature.
Introdução
O Brasil é o terceiro maior produtor de carne de frango e é responsável junto com os
Estados Unidos e China por 54.5 % da produção mundial. Dentre as cadeias produtivas de carne,
a avicultura industrial é a mais organizada e estruturada do Brasil. Responde por 1,5 % do PIB do
Brasil, gera cerca de quatro milhões de empregos diretos e indiretos, e contribui de forma
significativa à balança comercial, rendendo ao Brasil cerca de 3,5 bilhões de dólares em
exportações (UBABEF, 2013).
Contudo no panorama econômico e globalizado dos mercados atuais é necessário buscar
avanços em tecnologia visando maior produtividade e rentabilidade ao produtor, investindo-se na
produção avícola com competitividade e dinamismo.
Durante essa evolução a avicultura passou de uma quase indiferença às questões de ambiência a
uma preocupação intensa ao provimento de condições ambientais adequadas de criação para
atender mercados consumidores mais exigentes (PEREIRA, 2008). Este novo comportamento
atingiu significativamente a etapa de incubação de ovos que visa produzir aves eficientes que
resistam as condições estressantes utilizando pequenas quantidades de nutrientes para a
manutenção dos sistemas fisiológicos basais. Antigamente o período de incubação correspondia a
20% da vida do frango de corte, atualmente devido ao melhoramento genético, o período de
desenvolvimento embrionário corresponde em média 37.5% (CALIL, 2010).
A incubação é um processo dinâmico que requer um delicado equilíbrio entre vários
fatores, para o melhor desenvolvimento embrionário e qualidade do pintinho. Esse processo pode
afetar a viabilidade, a imunidade, a produtividade, e o comportamento das aves refletindo na
qualidade física e microbiológica das carcaças destinadas ao consumo humano ou a fabricação de
subprodutos. Condições negativas durante esse processo de incubação podem acarretar problemas
que não são solucionáveis na granja. Portanto, incessantes melhorias no processo de incubação
são necessárias para obterem-se aves mais eficientes, tanto em nível de embrião quanto nos
índices de produtividade do incubatório, como por exemplo, na eclodibilidade.
8
Dentre os principais fatores que afetam a eclodibilidade na incubação os mais
significativos são o tamanho do ovo incubado, a temperatura da casca durante a incubação, a
idade da matriz, a linha genética, a temperatura, a umidade dentro e fora da máquina de
incubação e as trocas de gases durante o processo. (YALÇIN et al., 2008; YASSIN et al., 2008).
Segundo Lourens et al. (2005) ovos de diferentes lotes requerem diferentes condições ambientais
para desenvolvimento do embrião, eclodibilidade e desempenho pós-eclosão.
Entretanto o principal fator físico que afeta a incubação de ovos e requer mais
investigações quanto sua importância na melhoria da produção de frangos de corte, é a
manipulação térmica durante o desenvolvimento embrionário. A estimulação térmica tem
capacidade de determinar e influenciar o desenvolvimento embrionário e a eclodibilidade
(WILLEMSEN, et al., 2010). Estudos mostram que o imprinting das funções corporais estimula a
eficiência nas granjas. Alguns autores citam a adaptabilidade ao calor em frangos de corte
expostos a alterações na temperatura de incubação (MORAES et al., 2003; YALÇIN et al., 2008),
enquanto que outros (LOURENS et al., 2005; SENGOR et al., 2008) não encontraram efeito no
desempenho zootécnico.
Diversos estudos têm relatado as consequências de estresse térmico na produção animal
nos últimos anos levando em consideração razões de bem-estar animal e índices econômicos.
Déficits fisiológicos, hormonais e imunológicos, bem como o aumento de suscetibilidade dos
animais a doenças são relatadas após a ocorrência de diferentes mecanismos estressores nos
frangos de corte. Portanto níveis séricos de corticosterona, parâmetros de desempenho, histologia
intestinal, e atividade de macrófagos são importantes indicadores de bem-estar e ajudam a
elucidar as respostas numa perspectiva neuroimune (QUINTEIRO-FILHO, et al., 2012a).
Entretanto são poucos estudos que demonstram as consequências do estresse térmico,
principalmente por temperaturas baixas no decorrer da vida da ave. Além do que nenhum estudo
até o momento deu ênfase ao desenvolvimento do sistema imunitário do embrião durante esses
processos de manipulações térmicas. COLLIN et al. (2007) relata que termo manipulações
durante o início da vida do pintinho quando os mecanismos de regulação e feedback ainda são
imaturos provoca alterações no limiar de respostas termorreguladoras. Além de enfatizar que
expor embriões a temperaturas altas e baixas durante a embriogênese melhora a sua capacidade
de se adaptar a ambientes quentes e frios na fase pós-nascimento.
9
Acredita-se que índices de produtividade no incubatório, tais como eclodibilidade e
viabilidade do pintinho, bem como melhor desempenho do frango de corte, podem ser otimizados
por manipulações pré-natais de temperatura, além de influenciar na formação do sistema
imunológico. O objetivo deste trabalho é revisar o processo de incubação de ovos em escala
comercial bem como o efeito da manipulação térmica, visando otimizar a eclodibilidade dos
ovos, viabilidade e sanidade do pintinho, bem como verificar as consequências destas no
desempenho dos frangos de corte e no status imunitário.
Processo de incubação
Nos últimos anos houve muitas mudanças no setor avícola e com elas começou-se a dar
mais atenção a temas como a ambiência. Neste contexto o ambiente térmico composto pelas
variáveis ambientais: temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do vento (PEREIRA
et al., 2008; VALE et al., 2008) e o ambiente aéreo, gases e poluentes (NÄÄS et al., 2007)
tornaram-se fundamentais nesse processo. No entanto, ênfase está sendo dada a manejos de
temperatura, visando maior adaptabilidade das aves ao longo da vida produtiva.
Na moderna avicultura, em que se exige da ave o máximo de desempenho e rendimento, é
fundamental o processo de incubação artificial. Mesmo considerando toda a especialização
pertinente a esta área, a tarefa de transformar com qualidade o ovo em um pinto de um dia
permanece carente de conhecimentos ou de aplicações condizentes referentes às condições de
incubação e sua relação com o processo de desenvolvimento embrionário. Muitos dos fatores
relacionados são difíceis de mensurar. O controle de temperatura, umidade relativa, viragem,
ventilação e concentração de gases são parâmetros importantes nesse processo. Eles interagem
para proporcionar ao embrião a formação de membranas extraembrionárias que ajudem na
respiração, excreção de dejetos, e dissipação de calor (OVIEDO-RONDÓN e WINELAND,
2012).
Durante a incubação, os embriões passam pelo estágio de diferenciação celular,
desenvolvimento dos órgãos e dos sistemas fisiológicos de regulação, onde as fases se interpõem
em um processo contínuo. Finalmente, desenvolve-se de um organismo ectotérmico, que precisa
de calor do ambiente, para um organismo endotérmico, que produz grande quantidade de calor
(MARQUES, 1994, OVIEDO-RONDÓN e WINELAND, 2012). O desenvolvimento normal póseclosão somente é possível quando ocorre à maturação funcional dos órgãos e o ajuste dos
10
circuitos fisiológicos integrados, que isso se dá nos dias finais da incubação. Um bom exemplo é
o sistema termo regulatório, que controla a temperatura corporal a partir do estágio final de vida
embrionária. Os órgãos envolvidos na termo regulação, como hipotálamo, tireoide, e glândula
pituitária, se desenvolvem durante a fase de crescimento. A maturação final do sistema
termorregulatório, entretanto, ocorre durante os últimos dias da fase de maturação no embrião e
nos dias pós-eclosão (BOEJAN, 2010).
O clima da incubação pode influenciar o desenvolvimento embrionário, a eclodibilidade, a
qualidade dos pintos e também a capacidade de adaptação após a eclosão prejudicando o
desempenho posterior do frango de corte, principalmente durante os chamados “pontos críticos”
da incubação, ou seja, aqueles períodos com rápido desenvolvimento e crescimento (inicio e fim
da incubação) (CALIL, 2010).
Um conceito de incubação circadiana® está sendo estudado por BOERJAN (2010), no
qual consiste em um protocolo de incubação de estágio único que inclui estímulos periódicos ao
aumentar a temperatura durante certos períodos sensitivos do desenvolvimento embrionário.
Acredita-se que pequenas variações de tempo no ambiente do desenvolvimento embrionário
induzem variações na expressão gênica, apresentando fenótipos diferentes a agentes indutores
ambientais. A interação embrião-ambiente é explicada muitas vezes pelo termo “adaptação
epigenética” (GILBERTS e EPEL, 2009). Atualmente o fator desencadeador de adaptação
epigenética mais estudado é exposição do embrião a períodos leves de baixa ou alta temperatura.
Períodos críticos, quando o embrião está predisposto á adaptação térmica foram descobertos
durante a fase inicial de desenvolvimento, quando a diferenciação de diferentes estruturas é
induzida e, novamente, na fase mais tardia do desenvolvimento, quando os órgãos e os sistemas
fisiológicos amadurecem. O elemento-chave na indução da adaptação epigenética é encontrar o
período exato, a frequência correta, a duração e a amplitude da manipulação da temperatura
(WILLEMSEN, et al., 2010).
Ambiência no incubatório
Segundo ONAGBESAN et al. (2007) as trocas gasosas também são de fundamental
importância para o desenvolvimento embrionário durante a incubação e podem afetar a
eclodibilidade. O mesmo concluiu ainda que pode existir um nível ótimo de CO2 e O2 para os
11
embriões antes da incubação e que esses níveis são diferentes dos que no ar. Neste contexto, a
ventilação ajuda a transferir ou dissipar calor e mobilizar esses gases.
Durante o platô de consumo de oxigênio, ou os últimos três ou quatro dias de incubação,
condições inadequadas afetam a utilização da gema, metabolismo da tireoide e outros sistemas
hormonais (CHRISTENSEN et al., 2005; WINELAND et al., 2006b; VAN de VEM et al., 2011),
termo regulação (WEYTJENS et al., 1999; TZSCHENTKE, 2011), comportamento (VAN de
VEM et al, 2010), maturação intestinal (CHRISTENSEN et al., 2004a; WINELAND et al.,
2006a, LEKSRISOMPONG et al., 2007), desenvolvimento cardíaco (CHRISTENSEN et) al.,
2004a; LEKSRISOMPONG et al., 2007; MOLENAAR et al. 2010, sistema imunológico
(OZNURLU et al., 2010), muscular (CHRISTENSEN et al., 2007) e ósseo (HAMMOND et al.,
2007; YALÇIN et al, 2007, OVIEDO- RONDÓN et al., 2008a, c, 2009a, b, c).
A umidade relativa apropriada que varia entre 40-70% em função da idade embrionária
permite que a perda de água pelo ovo ajude a expelir gases nocivos e calor passivamente sem
chegar a ser excessiva. A temperatura do ovo determina a velocidade de crescimento do embrião,
por isso, a temperatura efetiva que o embrião percebe e a disponibilidade de oxigênio são os
parâmetros críticos importantes. O teor de oxigênio e de CO2 ótimos vão depender do estado de
desenvolvimento e velocidade de crescimento do embrião (OVIEDO-RONDÓN e WINELAND,
2012).
Temperatura da casca
É considerado que temperaturas da casca entre 37,5ºC e 38,06ºC (99,5 e 100,5ºF) são
ótimas para o desenvolvimento dos embriões (OVIEDO-RONDÓN e WINELAND, 2012). A
temperatura da casca do ovo é influenciada pela produção de calor e pela transferência de calor, e
a temperatura da máquina é um dos fatores que influenciam a transferência de calor. Segundo
LOURENS et al. (2005) é necessário ajustar a temperatura da máquina de incubação durante a
última semana, para evitar efeitos adversos da alta temperatura da casca do ovo no
desenvolvimento embrionário. Em condições comerciais o desafio é obter condições que
permitam essa temperatura da casca para todos os embriões dentro de uma máquina,
especialmente no inicio e no fim do processo de incubação.
12
Influência da manipulação ambiental na incubação
WILLEMSEN et al. (2010) relata que a temperatura influencia tanto o tempo necessário
para o processo de incubação como a porcentagem de eclosão. Geralmente, altas temperaturas
são conhecidas por acelerar o desenvolvimento embrionário, levando a um período menor de
incubação, enquanto que temperaturas baixas teriam resultado oposto. Além de que se a
temperatura de incubação for muito baixa ou muito alta haverá aumento de mortalidade
embrionária e, portanto, a eclosão será reduzida.
Manipulações na primeira fase do desenvolvimento embrionário encurtam o ciclo do
desenvolvimento segundo reações bioquímicas de Van’t Hoff (TZSCHENTKE, 2007).
Entretanto, estímulos aplicados na última fase tendem a aumentar o período de incubação devido
à anulação da reação de Van´t Hoff por processos fisiológicos do embrião. Entretanto essas
ocorrências são dependentes da duração, da amplitude e do tempo no qual ocorre a manipulação
(MORAES, et al., 2003, YALÇIN, et al., 2008).
Os efeitos deletérios estão de acordo com os outros autores que realizam manipulações de
forma contínua (LOURENS ET AL., 2005; LEKSRISOMPONG et al., 2007; PIESTUN, 2008)
curiosamente estímulos térmicos curtos (choques) não tem esses efeitos (MORAES, et al., 2003;
YALÇIN & SIEGEL, 2003; COLLIN, et al., 2007; PIESTUN, 2008) e até podem aumentar o
peso dos pintos ao nascer (YALÇIN et al., 2008). Fatores como idade da matriz, tipo de máquina,
condições de estocagem junto com as variações de tempo e duração dos estímulos podem
contribuir para resultados diferentes como os encontrados na literatura.
YALÇIN et al. (2008) testaram a influência da aclimatação ao calor durante a incubação,
aumentando a temperatura de incubação para 38,5ºC/101,3ºF durante 6horas/dia dos 10º ao 18º
dia, os resultados mostraram um crescimento acelerado em relação ao grupo controle com maior
peso do pintainho, efeito não encontrado por Yalçin e Siegel (2003), porém nesse estudo a
temperatura de aclimatação foi maior (39,0ºC/102,2ºF). Nota-se que a diferença é de apenas
0,5ºC o que corresponde praticamente a 1,0ºF, unidade normalmente usada em incubação.
Esses estudos sugerem que diferente temperatura de aclimatação durante a incubação
pode ter efeito diferentes no peso dos frangos de corte após a eclosão, que segundo TONA et al.
(2004) e WILLEMSEN et al. (2008) está diretamente correlacionada com o peso final de abate.
Embriões de frango de corte podem ser acondicionados termicamente durante a fase final na
incubadora de modo atingir tolerância a desafios de calor em idade jovem na granja (MORAES et
13
al., 2003; COLLIN et al., 2007) portanto alterando o crescimento pós-natal (COLLIN et al.,
2005; HALEVY et al., 2006). Curtos períodos de exposição ao frio (60 minutos a 15ºC/ 59F) no
18º e 19º dia de vida embrionária mostram melhor desempenho aos 38 dias de idade (SHINDER
et al., 2009).
Adaptações em longo prazo ocorrem quando a manipulação térmica periódica é aplicada
durante a última fase de maturação, quando o circuito integrado para o sistema termo regulatório
está bem desenvolvido e, portanto, mais responsivos ao “treinamento” (TZCHENTKE, 2007,
2008; TZCHENTKE e HALLE, 2009). A manipulação térmica durante essa última fase na
incubadora e nascedouro mostram melhorias de 1,5% em eclosão, 2,9% melhor crescimento de
machos e melhor conversão alimentar (TZCHENTKE e HALLE, 2009).
COLLIN et al. (2007) encontrou ausência de resposta em longo prazo e também
mortalidade elevada em grupos que receberam tratamentos térmicos, porém atribui esse fato ao
tempo, ao nível e a duração da estimulação não corresponder ao período mais sensitivo do
embrião. No entanto percebeu que a termo manipulação realizada no final da incubação melhorou
significantemente o rendimento muscular, sem afetar a qualidade da carne do peito da ave.
Praticamente o desenvolvimento de todo os tecidos pode ser afetado pelas condições de
temperatura durante a incubação. Isto indica o potencial para manipular o desenvolvimento
embrionário e pré-condicionar o metabolismo das aves as condições ambientais pós-eclosão
(AKSIT et al., 2010; TZSCHENTKE, 2011). Estes são os chamados efeitos epigenéticos que tem
dado origem a manejos de controle metabólico específico para o desenvolvimento de tecidos ou
de adaptação ao calor ou ao frio (KÜHN et al., 1982; BOERJAN, 2010). A exposição dos ovos a
temperaturas elevadas (38,5ºC/101.3ºF) durante somente algumas horas (4-6 horas) entre o 10º e
16º dias de incubação pode melhorar a capacidade de adaptação ao estresse pelo calor na 5º
semana (ASKIT et al., 2010). Dependendo como foi feita a incubação dos ovos, os frangos
podem responder tanto na forma positiva como negativa, conforme variação de temperatura
durante a cria nos galpões (LEKSRISOMPONG et al., 2009).
Altas temperaturas da casca do ovo durante a incubação (38,9ºC/102,02ºF) alteram o
desenvolvimento do músculo cardíaco (CHRISTENSEN et al., 2004b; LEKSRISOMPONG et
al., 2007) e podem ocasionar hipertrofia ventricular direita e aumento da mortalidade
especialmente causada por ascite (MOLENAAR et al., 2011).
14
Temperaturas elevadas reduzem a massa de tecidos do trato gastrointestinal e atividade
enzimática (WINELAND et al., 2006a, b; LEKSRISSOMPONG et al., 2007). Segundo
Christensen et al. (2004a) a atividade da maltase diminui drasticamente em pintos que foram
incubados em temperaturas altas em comparação com pintos que foram incubados em
temperatura ótima. Estes efeitos têm implicações na capacidade digestiva dos pintos e
provavelmente na incidência de problemas intestinais e resistência a parasitas.
As temperaturas altas (39.6ºC/103,28ºF por 6 horas dia) entre o 10º e 18º dia incubação
podem melhorar a adaptação a altas temperaturas em frangos entre 3ª e 6ª semana pós-eclosão,
minimizando os efeitos negativos causados pelo estresse de calor sobre o peso ao abate e
rendimento do peito (YALÇIN et al., 2010). OVIEDO- RONDÓN & WINELAND (2012)
relatam em estudos próprios degradação das fibras musculares no peito de frangos submetidos a
elevadas temperaturas durante a última fase da incubação, que pode afetar a qualidade da carne
ao abate. Também se percebe que o desenvolvimento de penas e da pele pode ser afetado pelas
condições de temperatura durante a incubação e o estresse do embrião.
Segundo WILLEMSEN et al. (2010) temperaturas superiores e inferiores de pelo menos
3°C a temperatura de incubação padrão, a partir de embriões com idade embrionária de 16 dias a
18,5 dias tem efeitos diferentes sobre o desenvolvimento e metabolismo embrionário, bem como
ao processo de incubação. Embriões submetidos a altas temperaturas de forma contínua
apresentaram desnutrição, crescimento reduzido, e menor consumo de gema. Além de câmara de
ar, e dos níveis de gases sanguíneos estarem reduzidos, e do período de incubação ser maior.
Houve aumento de mortalidade embrionária e eclosão reduzida.
Poucos estudos investigam a eficiência da aplicação de estímulos térmicos sob-baixas
temperaturas. WILLEMSEN et al. (2010) demonstrou que a temperatura contínua do 16º dia ao
18,5º dia embrionário apresentam efeitos menores sob o desenvolvimento do embrião em relação
à aplicação de estímulos por calor e nenhum efeito foi encontrado sobre eclodibilidade, assim
como nos trabalhos de Shinder (2009). Entretanto o mesmo autor encontrou aumento de peso ao
nascer. O maior efeito encontrado por WILLEMSEN et al. (2010) foi o atraso de 09 a 12 horas
no período de nascimento.
Segundo dados da literatura (YILMAZ et al., 2011) a incubação em diferentes
temperaturas e aplicada em períodos pré-determinados também podem influenciar a
15
predisposição dos sexos das aves com maior nascimento de machos ou fêmeas como
demonstrado em trabalhos realizados em codornas japonesas.
A dificuldade no momento é chegar ao consenso e a definição dos protocolos para obter
esses objetivos específicos na incubação em nível industrial e poder utilizá-los para melhorar a
produtividade avícola (BOERJAN, 2010). Por enquanto ainda se observa no campo os efeitos de
incubações sub-ótimas que causam problemas de viabilidade e baixa sanidade nas granjas.
Sistema imunológico e metabólico
Durante a primeira semana de vida das aves, antes que o sistema imunológico esteja
suficientemente pronto para produzir seus próprios linfócitos B, a imunidade humoral depende
dos anticorpos maternos que recebeu a partir da gema de ovo. Durante a incubação e após o
nascimento a membrana do saco vitelínico transfere os nutrientes, incluindo as imunoglobulinas
para o desenvolvimento embrião ou do pintinho recém-nascido. Existem três classes de
imunoglobulinas identificadas nas galinhas domésticas, nas quais são homólogas as de mamíferos
(IgM, IgA e IgG). A IgY aviária corresponde a IgG e IgE de mamíferos e representa seu
antepassado evolutivo, no qual combina funções distintas: IgY é o principal mecanismo de defesa
contra a infecção sistêmica (similar a IgG) e também atua como barreira que pode mediar reações
anafiláticas (semelhantes à IgE). Sabe-se que a capacidade de transferência dessas
imunoglobulinas para o embrião/pintinho é dependente da idade da matriz dentre outros
mecanismos fisiológicos (ULMER- FRANCO, 2012). No entanto pouco se sabe sobre a
influência da estimulação térmica durante a embriogênese no auxílio ou não destes mecanismos.
Em um estudo de QUINTEIRO-FILHO et al. (2010) demonstrou-se que o estresse
térmico na granja, aumentou os níveis corticosterona no soro e diminuiu ganho de peso vivo e
ingestão de alimentos. Houve aumento da mortalidade e diminuição da Bursa de Fabrícius, do
timo e do baço. Além de enterite aguda multifocal leve, caracterizada por um aumento da
presença de linfócitos e plasmócitos no jejuno. O estresse induziu a ativação do eixo hipófisehipotálamo-adrenal que foi apontada como responsável pelos efeitos negativos observados sobre
o desempenho dos frangos, função imunológica e também nas alterações da mucosa intestinal. A
partir destes dados QUINTEIRO- FILHO et al. (2012a) estudaram esses resultados numa
perspectiva neuroimune e comprovaram que a neuroimunomodulação pode abrir novos caminhos
para a melhoria do bem-estar das aves comerciais e o seu desempenho zootécnico e sanitário.
16
Sendo assim também se torna um mecanismo auxiliar para compreensão do desenvolvimento
embrionário de aves submetidas ao estresse térmico durante a incubação.
Os níveis de glicose e lactato no sangue, glicogênio hepático, triglicerídeos plasmáticos e
os ácidos graxos não esterificados indicam metabolismo lipídico alterado para aves submetidas a
altas temperaturas de forma contínua durante a incubação. Embora a incubação de embriões
expostos a temperaturas menores (frio) de forma contínua apresenta resultados não satisfatórios o
seu desenvolvimento e crescimento embrionário é semelhante àqueles encontrados em
incubações padrões (WILLEMSEN et al., 2010), confirmando que os embriões de frangos de
corte são mais sensíveis às altas temperaturas de incubação do que as temperaturas baixas
(FRENCH, 1997).
OZNURLU et al. (2010) ao relatarem sobre a influência no sistema imunológico ressalta
que o desenvolvimento da bursa e timo é reduzido pelas temperaturas elevadas (37,8ºC/
100,04ºF, 38.8ºC/101,84ºF, 40,1ºC/104.8ºF e 40,6ºC/105,08ºF) na casca, a 65 ± 2% de umidade
relativa (UR) durante a incubação. Este efeito pode ser observado em pintos de uma semana
pelos sinais clínicos de imunodepressão (crescimento desuniforme, baixo ganho de peso, alta
conversão alimentar, reações respiratórias, surtos de diversas doenças, dentre outros). Fica
evidente em seu trabalho que existe morfologicamente imunossupressão induzida pela exposição
a altas temperaturas durante o desenvolvimento embrionário. Portanto sugere que a distribuição
de temperatura e circulação de ar nas incubadoras deve ser questionada no caso de baixa
imunidade nos lotes de frango de corte.
Em uma revisão realizada por de SALAK-JOHNSON & MCGLONE (2007) alguns
trabalhos são relatados citando o efeito do estresse sobre a imunidade como supressão da resposta
imune celular e humoral. Animais expostos a condições de estresse (como frio, calor, transporte,
mistura de lotes, etc.) desencadeiam um processo de liberação de glicocorticoides e podem ser
mais suscetíveis a doenças infecciosas. Glicocorticoides são conhecidos como supressores da
resposta imune, em geral, por inibir as citocinas pró-inflamatórias e induzir a produção de
citocinas com potencial imunossupressivo (WIEGERS et al., 2005).
Segundo BRIDLE et al. (2006) pouco se conhece sobre o estado imunológico de aves de
produção, aparentemente saudáveis, e que são constantemente imunizadas e passam por intensos
processos de seleção de características zootécnicas interessantes. De acordo com FLORES et al.
(2011) populações de linfócitos do sangue periférico parecem ser bons marcadores para avaliar a
17
imunocompetência dos animais, incluindo aves. Em situações de desafio, as subpopulações de
linfócitos circulantes ajudam a compreender a patogenia e evolução das infecções, e como
controlá-las. Esta é atualmente feita, sobre o sistema imune em situações comerciais, como
sorologia e aferição do tamanho de órgãos linfoides e podem não ser tão sensíveis quanto o
desejado, ou tampouco ter a capacidade de elucidar a mecânica das alterações observadas
(HECKERT et al., 2002; BOLIS et al., 2003; MENDONÇA et al., 2009). A avaliação realizada
na maior parte dos estudos voltados à imunofenotipagem de linfócitos aviários está focada em
amostras do baço e timo, havendo alguns poucos estudos sobre as populações celulares
circulantes, de mais fácil avaliação (BRIDLE et al., 2006; FAIR et al., 2008).
O uso de técnicas como a citometria de fluxo para avaliar as subpopulações de linfócitos
de aves é considerado como altamente sensível, e os anticorpos disponíveis comercialmente são
bastante específicos sendo que a precisão da avaliação da imunocompetência é superior a outros
métodos (BRIDLE et al., 2006; FAIR et al., 2008). No entanto, para um maior entendimento da
formação do sistema imune também é necessário avaliar nível de liberação do hormônio
corticosterona, que influencia tanto a imunidade humoral quanto celular. Pintos que produzem
maior calor corporal devido à temperatura da máquina respondem com maior liberação
fisiológica de corticosterona.
A corticosterona atua no hipotálamo regulando a ingestão de alimentos e a satisfação após
ingestão o que permite redução no consumo e, consequentemente, diminuição do ganho de peso.
Além de contribuir para redução da absorção intestinal, induzindo lesões gastrointestinais. Em
experimento realizado combinando a infecção por Salmonella Enteritidis com estresse térmico
percebeu-se distúrbios na barreira intestinal, o que permitiria que as bactérias patogênicas
migrassem através da mucosa intestinal para o baço gerando um infiltrado inflamatório no
intestino, diminuindo os parâmetros de desempenho zootécnicos (QUINTEIRO- FILHO, 2012b).
Concentrações plasmáticas de hormônio da tireoide, tanto triiodotironina (T3) e tiroxina
(T4), são referências para avaliar o nível do metabolismo embrionário. Além da ideia de tensão
produzida pelo tratamento térmico medida através do nível de corticosterona no soro como citado
anteriormente. Estes hormônios desempenham um papel importante no processo de incubação
(WILLEMSEN, et al., 2010).
PIESTUN (2008) em trabalho realizado com manipulação térmica aplicada no momento
da maturação do eixo hipófise-hipotálamo-tireoide (termo regulação) medindo os níveis
18
plasmáticos de hormônios T3 e T4 e o eixo hipófise-hipotálamo-adrenal (estresse) medindo
corticosterona para evidenciar o potencial das aves em suportar o estresse térmico agudo na idade
adulta percebeu que a estimulação no período de maturação desses eixos tem efeito de longa
duração e melhora a tolerância em aves expostas ao estresse térmico.
Influência da idade da matriz
O efeito da idade da matriz é observado no peso do pinto. Segundo HAMIDU et al.
(2007) foi observado um aumento no peso relativo do embrião com a idade da matriz. YALÇIN
et al. (2008) estudaram a aclimatação na incubação de ovos de matrizes de diferentes idades, e
concluíram que os pintos foram mais pesados no tratamento térmico no incubatório do que no
tratamento controle em todas as idades das matrizes, porém, com maior tempo para a eclosão.
Isso pode ser explicado pela maior proporção de gema nos ovos de matrizes mais velhas
(PEEBLES et al., 2000).
HAMIDU et al. (2007) observaram que o peso final do ovo e a condutância da casca não
são influenciados pela idade da matriz, porém, foi observado um maior consumo de O2 e maior
produção de calor pelo embrião em matrizes mais velhas. Existem diferenças em produção de
calor, metabolismo e consumo de oxigênio entre embriões de matrizes jovens (<35 semanas) e
velhas comparadas com aquelas provenientes de matrizes no período médio de produção (35 - 50
semanas) (LOURENS et al., 2006; HAMIDU et al., 2007). A produção de calor dos pintos entre
nascimentos pode variar dependendo da idade das matrizes, sendo até 40% menos em pintos de
matrizes jovens comparados com matrizes velhas (WEYTJENS et al., 1999). Este é outro fator
que pode afetar no transporte até a granja, na qual não é levado em consideração e os problemas
tendem a agravar quanto maior for à distância até as propriedades.
Com a idade da matriz também aumenta o tamanho dos ovos o que pode também
interromper ainda mais o fluxo do ar e causar maior desuniformidade. Contudo, as condições
ótimas de incubação, segundo alguns autores, também parecem mudar entre linhagens genéticas,
no entanto esse assunto ainda á bastante discutido (CALIL, 2010, TRALDI, 2010). Dentro dos
fatores da matriz que podem influenciar o metabolismo do embrião, os hormônios tireoidianos,
especialmente o T3 (triiodotironina) parece ser de grande importância. Eles estão envolvidos com
a condutância da casca e com índices de eclodibilidade. Já o T4 (tiroxina) pode ter função
ativadora celular controlando o ritmo metabólico orgânico.
19
Máquinas incubadoras
Existem diferentes modelos de máquinas incubadoras disponíveis no mercado brasileiro.
Máquinas de tecnologia obsoleta (estágio múltiplo e único convencional) necessitam da
intervenção humana para ajustes no funcionamento minimização de efeitos adversos. Já as
máquinas de incubação modernas são providas de sistemas automatizados de eclosão, compostos
por algoritmos que associam o controle de temperatura, umidade relativa e gás carbônico (CO2)
(estágio único modular), monitorando, gerenciando e controlando em tempo real o processo de
incubação e ainda permitindo históricos que auxiliam o contínuo aperfeiçoamento dos
incubatórios (CALIL, 2010).
Com isso é importante ressaltar que durante o período de nascimento o embrião passa por
uma fase extremamente estressante que leva a uma condição de exaustão energética e muscular.
Essa condição fisiológica dos embriões durante todo o ciclo das incubadoras e nascedouros foi
extensivamente estudada por HAMIDU et al. (2007) evidenciando que a tendência das linhas
modernas é a mesma citada na literatura do século passado. Porém valores de consumo de O2,
geração de CO2 e calor metabólico são significativamente diferentes, exigindo sistemas de
incubação capazes de lidar com esse incremento metabólico.
Em nível comercial geralmente se observa variabilidade de temperatura em diferentes
regiões da máquina (FRENCH, 1997, 2002), pois existem ovos de diversas origens e às vezes é
difícil agrupá-los em categorias adequadas. Além de que em incubadoras de estágio múltiplo
existem ovos em diferentes fases de desenvolvimento.
Por isso que trabalhar com equipamentos que permitam uma ventilação adequada e que
garantam uniformidade do fluxo de ar entre os ovos é fundamental, pois permite homogeneizar a
temperatura e as condições do ar em torno dos ovos e evita a formação de microclimas dentro das
máquinas. Microclimas também são encontrados em máquinas modernas de estágio único se a
manutenção preventiva não for adequada.
Existem máquinas com sensores precisos de temperatura que avaliam a casca do ovo
durante o desenvolvimento embrionário como ferramenta de monitorar o momento exato da
eclosão dos ovos de maneira individual e facilitar a acurácia e proporcionam uma medida
confiável da janela de nascimento, possibilitando melhor status sanitário e melhor manipulação
dos fatores físicos durante o processo de incubação (ROMANINI et al.,2013).
20
Pós-incubação
No incubatório ou durante o transporte, as condições ambientais podem ser controladas de
forma mais fácil e uniforme do que nas granjas. Diferentes métodos para medir ou quantificar a
qualidade do pintainho são utilizados após o nascimento, tais como medição de peso corporal,
comprimento do pintinho e peso da gema. Pesquisadores afirmam que estes métodos podem
(parcialmente) predizer o potencial de crescimento do pinto com apenas um dia de idade.
Contudo, as evidências de uma relação linear entre estes métodos e desempenho pós-eclosão não
é convincente ou mesmo inexistentes (WILLEMSEN et al., 2008). Existe um método bastante
utilizado pela indústria que se chama Pasgar©Score (BOERJAN, 2002; VAN DE VEM et al.,
2012) e está baseado em avaliar a qualidade do pintinho de um dia atribuindo pontos conforme a
apresentação do reflexo (vitalidade), umbigo, pernas, bico e abdômen.
No entanto, a qualidade dos pintos também é comprometida frequentemente pelas
variações nas condições ambientais ótimas na sala de pintos e durante o transporte, além das
condições de ambiência e manejos que os mesmos vão receber na granja.
Considerações Finais
A estimulação térmica traz benefícios como aumento de eclodibilidade, maior peso do
pintinho ao nascer, melhor qualidade do mesmo e mais adaptabilidade a extremos de
temperaturas nas granjas, entretanto quando aplicada por períodos contínuos em fases de
desenvolvimento não responsivas podem acarretar muitos prejuízos.
Portanto, mais pesquisas precisam ser realizadas para decifrar as fases e as condições
embrionárias mais específicas e sensitivas para incentivar o uso da manipulação térmica. Além de
que, grande parte das pesquisas é realizada em escala experimental controlada e visam apenas
estudar ou mensurar os índices de incubação e o desempenho zootécnico. São necessários estudos
voltados ao sistema imunológico, ao metabolismo das aves e a interação destes com o sistema
nervoso central.
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27
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28
CAPITULO II
EFEITOS DA ESTIMULAÇÃO TÉRMICA EM ESCALA COMERCIAL EM EMBRIÕES
DA LINHAGEM COBB®
RESUMO
A etapa de incubação artificial é importante para toda a cadeia avícola e corresponde por mais
30% da vida da ave. Melhorias contínuas devem ser preconizadas para obtenção de resultados
satisfatórios. Por isso, estudos que visam produzir aves mais robustas e com melhor desempenho
zootécnico estão sendo desenvolvidos. Neste sentido, a estimulação térmica por calor de 1,39ºC e
1ºC acima do padrão e por frio (36º fixos) foram aplicadas na última semana de desenvolvimento
embrionário (14º dia ao 18º dia) em aves da linhagem Cobb® de 33 a 53 semanas de idade, com
objetivo de avaliar o comportamento dos embriões frente à estimulação por calor e por frio, sob
as variáveis de temperatura superficial da cloaca, peso total do pintinho, peso dos órgãos,
avaliação de pintos não nascidos, qualidade, eclosão geral e eclodibilidade, a fim de identificar
qual a melhor amplitude, a frequência e o período mais indicado para se realizar estimulação,
obtendo-se aves com bom desempenho a campo e com excelentes índices de produtividade no
incubatório. Observou-se que para a linhagem Cobb®, em testes na indústria que a estimulação,
por calor ou por frio, não alterou a qualidade do pintinho e não causou mortalidade embrionária.
Índices de eclosão foram mantidos iguais ou ligeiramente superiores ao grupo controle. O peso
do pintinho, o peso residual da gema e o pico de nascimento não foram alterados. A estimulação
térmica durante a última semana de incubação das aves são ferramentas disponíveis para os
incubatórios melhorarem a produção, qualidade e desempenho, entretanto, diversas variáveis
devem ser testadas.
Palavras-chave: Eclodibilidade, variação térmica, qualidade, incubação.
29
EFFECTS OF THERMAL STIMULATION IN COMMERCIAL SCALE IN EMBRYOS
LINE COBB®
ABSTRACT
The artificial incubation step is important for the whole poultry chain and represents to 30% of
the life of the bird. Continuous improvement should be recommended to obtain satisfactory
results. Therefore, studies that aim to produce more robust birds and with better growth
performance are being developed. In this sense, the thermal stimulation by heat and cold was
applied in the last week of embryonic development (day 14 to day 18) in eggs of birds in
production between 33-53 weeks of age from Cobb® line, to evaluate the embryo´s answer to
hot and cold stimulation, trough evaluation of variables as cloaca´s surface temperature, total
chick weight, organ weight, assessment of non-hatched chicks, chick quality, hatching general
and hatchability in order to identify which are the best amplitude, frequency and the most suitable
time to perform stimulation, that result in better performing birds in the field and with excellent
productivity indices in the hatchery. It was observed that for Cobb® line on an industrial scale
testing, hot or cold stimulation, did not alter the chick quality and did not increase chick
embryonic mortality. Hatching rates were kept equal or slightly higher than the control group.
The weight of the chick, the residual weight of the yolk and the hatch peak were not changed.
The thermal stimulation during the last week of chick incubation is an available tool to improve
hatchery production, quality and chick´s performance, however, several variables already should
be tested.
Keyword: Hatchability, thermal variation, quality, incubation.
30
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento embrionário fundamenta-se na expressão gênica diferencial das
células. Admite-se, hoje, que pequenas variações no ambiente celular podem induzir variações na
expressão dos genes. Ou seja, apesar da herança genética, o fenótipo apresentado poderá ser
diferente em relação aos fatores ambientais no qual foram expostos, existindo assim fatores
maternos e ambientais que influenciam durante a incubação.
As informações da influência materna sobre a qualidade e o desempenho do pintinho
estão se tornando cada vez mais acessíveis. Os ovos recém postos contém nutrientes para o
desenvolvimento, mas também refletem todo o estresse e imunidade proveniente da matriz
(HERNIKSEN et al., 2013). Experimentos envolvendo codornas mostraram que pintos
produzidos a partir de aves expostas ao calor obtiveram melhor desempenho em condições
estressantes, em comparação aos pintos em condições normais (GROOTHUIS et al., 2013). A
matriz exerce influência nas primeiras etapas de diferenciação embrionária, durante a formação
da casca. Quando o ovo prematuro chega ao útero, ele gira ao longo do eixo para formar uma
casca lisa. Como consequência da rotação, uma expressão diferencial de genes é ativada no
embrião que se torna visível no eixo (GILBERT; EPEL, 2009). Entretanto, a condição física da
matriz reflete na composição do ovo, e depois da incubação no desempenho do pintinho.
Hoje, a suposição básica no programa de estágio único de incubação é baseada na ideia
de que o embrião deve desenvolver sob condições constantes, sem qualquer flutuação em
qualquer parâmetro climático. No entanto, a partir de investigação científica, torna-se claro que
um chamado condicionamento térmico do embrião durante fases específicas induz adaptações em
longo prazo, de tal forma que o desempenho pós-eclosão é influenciado positivamente
(MORAES et al., 2003; MALTBY et al., 2004; YALÇIN et al., 2008abc; SHINDER et al., 2009;
PIESTUN et al., 2008, 2013). A manipulação da temperatura durante o final da embriogênese
influenciou, preferencialmente, a temperatura pós-natal até o 8º dia de idade (WALSTRA et al.,
2010).
No termo condicionado, o embrião recebe choques frios ou quentes em períodos
específicos durante o desenvolvimento embrionário. Entretanto, o condicionamento térmico só é
benéfico quando é aplicado de forma clara e controlada, no momento ideal, e pelo tempo
necessário (TZSCHENTKE, 2009). Na Turquia verificou-se que o número de células musculares
31
aumentou em embriões de peru acondicionados termicamente durante as primeiras fases de
diferenciação das células musculares (MALTBY et al., 2004). Em frangos de corte, a taxa
metabólica de embriões diminuiu após condicionamento térmico (12h/dia a 39,5°C/dia) de
embriões com 14-18 dias de idade (PIESTUN et al., 2009, 2013). Tzschentke (2009) verificou
que o condicionamento térmico, durante a última fase do desenvolvimento embrionário, induziu
no cérebro uma mudança dos neurônios envolvidos na termorregulação e no metabolismo.
Até agora o condicionamento térmico foi realizado sob as condições experimentais
controladas e não foi aplicado na prática dos incubatórios comerciais. Neste condicionamento, os
embriões recebem diariamente, por curtos períodos, choques de calor ou frio. Essa é uma
ferramenta capaz de produzir embriões mais robustos e adaptados a diferentes condições
ambientais, beneficiando plenamente o seu potencial genético.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de embriões da linhagem Cobb®
frente a diferentes estimulações térmicas na última fase de desenvolvimento embrionário,
incluindo tratamentos por calor e por frio em escala comercial.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Ovos de quatro lotes da linhagem Cobb® foram submetidos a variações na temperatura
de incubação, combinando diferentes frequências, intensidades e duração, ao longo das 33 a 53
semanas de idade das matrizes (Tabela 1).
Tabela 1 – Dados experimentais dos lotes da linhagem Cobb®: Idade da matriz, estágio de
incubação, estimulação térmica (tratamento térmico)
Lote
Estágio de incubação
200
EU
Idade da matriz/
semanas
53
201
EU
33
201
EU
34
Cont. EU
201
EM
34
Cont. EM
201
EU
35
T4
201
EU
48
T6
203
EU
36
T6
Estímulo
T6
T3
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T6 = Estímulo quente 1,8 F (1ºC) (16º a 18º D.E/2 h); T4=
Estímulo frio fixo 96,8F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); EU = Estágio único; EM = Estágio múltiplo.
32
As estimulações térmicas foram realizadas em incubadora SmartPro-77 de estágio único
modular (PasReform Hatchery Technology, Zeddam, Holanda) em um incubatório situado no
Estado do Rio Grande do Sul, em escala comercial, estando as máquinas carregadas com carga
total (76.800 ovos). Avaliações “controle” foram realizadas em máquinas de estágio único (cont.
EU), e alguns lotes também foram acompanhados em estágio múltiplo (CASP CM 125R,
Amparo, Brasil) (cont. EM) sem estimulação térmica. Os ovos foram submetidos a quatro
tratamentos térmicos utilizando como base o programa existente no incubatório, alterando
gradualmente conforme a temperatura estabelecida para aquele dia de desenvolvimento
embrionário (D.E), conforme demonstrado na Tabela 2. Dois testes foram com estímulos quentes
(T3 e T6) e um teste (T4) com estímulo frio. Assim sendo: T3: temperatura de 2,5 F (1,39ºC)
acima do set point correspondente ao 14º dia de desenvolvimento embrionário (D.E) (97,8
F/36,55ºC) e assim subsequentemente aumentando 2,5 F em cada set point até o 18ºdia de D.E
com três horas de duração; T6: temperatura de 1,8 F (1ºC) acima de cada set point, do 16º ao 18º
dia de D.E com duas horas de duração; e T4: com estímulo frio fixo de 96,8 F (36ºC) variando de
1,7 F a 0,6 F abaixo de cada set point, do 14º ao 18º dia de D.E com três horas de duração. Após
o nascimento, 15 aves/machos de cada tratamento foram amostradas para as variáveis de
temperatura e peso. Vinte e cinco aves de cada lote (machos e fêmeas) foram avaliadas para
qualidade do pintinho. Também foi realizado o embriodiagnóstico em seis caixas de cada lote e
os dados de eclosão geral, eclodibilidade e fertilidade foram calculados.
2.1 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL PARA CADA TRATAMENTO
O comportamento das incubadoras foi acompanhado durante todas as estimulações
através do programa SmartCenter (software da PasReform Hatchery Technology, Zeddam,
Holanda) (Figuras 2 e 3). A temperatura superficial das cascas, medida na linha equatorial dos
ovos foi coletada antes e após estimulações, com termômetro infravermelho (ITR 4520, Braun
Termoscan®, Kronberg, Alemanha), com acurácia de ± 0,2ºC. Foram medidos sete ovos da
fileira número seis das bandejas seis, 16 e 28 do carro número três dos módulos três e dois da
incubadora (Anexo A). Assim, todas as bandejas posicionadas na parte superior, meio e inferior
dos carros e da incubadora foram amostradas. As bandejas de incubação foram identificadas e
seguiram com identificação da incubadora para os nascedouros, onde foram coletadas amostras
33
aleatórias de aves. Após o nascimento foi realizado o embriodiagnóstico, para verificação das
perdas, em seis bandejas de 150 ovos para a máquina de estágio único, e em bandejas de 96 ovos
para as máquinas de estágio múltiplo, nos três pontos do carro de incubação (superior, médio e
inferior).
Os ovos não eclodidos foram abertos e os conteúdos vertidos e analisados. Foram
classificados como inférteis os ovos sem desenvolvimento do disco germinativo; os férteis com
mortalidade precoce - mortos até quatro dias; os férteis com mortalidade intermediária de 5 a 14
dias, e férteis com mortalidade tardia de 15 a 21 dias de incubação (TONA et al., 2004), além de
pintos vivos não bicados, bicado vivo, bicado morto, podres, trincados e com presença de fungos
ou bactéria (ovo bomba).
O comportamento e a qualidade geral do pintinho, ao nascer, foi realizado pela
metodologia Pasgar©Score (BOERJAN, 2002; DECUYPERE; BRUGGEMAN, 2007; VAN DE
VEN, 2011), verificando-se cinco pontos: vitalidade (reflexo), umbigo, pernas, bico e abdômen.
Foi analisada uma amostra aleatória de 25 pintinhos por lote (machos e fêmeas), os mesmos
foram pontuados de acordo com os parâmetros mencionados acima, subtraindo-se um ponto a
cada item com má qualidade. A pontuação individual inicial do pintinho é 10.
Também foi avaliada, ao final da incubação, a eclodibilidade de ovos férteis (total de
pintos nascidos/total de ovos férteis x100 = %); a eclosão total (número de pintos/número de ovos
incubados x 100 = %) e a fertilidade (total de ovos férteis/total de ovos incubados x 100 = %).
Quinze aves/machos foram separadas aleatoriamente das caixas, previamente
identificadas e foram numerados individualmente seguindo a sequência do posicionamento das
caixas no carro de incubação (inferior, médio e superior) e, em seguida, a temperatura superficial
da cloaca foi medida com termômetro infravermelho da Braun Termoscan®. Logo, as aves foram
sacrificadas segundo normas de Bem Estar Animal e do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento, através de deslocamento cervical.
Cada ave foi pesada individualmente com balança do modelo WeighMax® W- 3805 100G, China, com precisão de ± 0,01g para as seguintes variáveis: peso total do pintinho, peso da
gema (saco vitelínico), peso do coração, peso do trato gastrointestinal (TGI), peso da alça
duodenal com o pâncreas, peso do pró-ventrículo e ventrículo (moela); subtraindo-se as variáveis:
peso total e peso de gema, obteve-se o peso livre de gema e também a porcentagem de peso
residual da gema.
34
2.2 COMITÊ DE ÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL
A presente pesquisa está de acordo com os princípios éticos na experimentação animal,
adotados pela sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL) e com a
legislação vigente (Lei 11.794 de 08/10/2008 e Decreto 6.899 de 15/07/2009) sob protocolo
número 3503-1.
2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O estudo foi realizado de forma aleatória, observacional e em esquema fatorial (2x3x2 –
duas idades de matrizes x três tratamentos térmicos e dois controles) em escala de produção
comercial. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo PROC GLM e, posteriormente,
as médias foram comparadas pelo teste de Tukey com grau de confiança de 95%, utilizando o
SAS® versão 9.0 (2010).
35
Tabela 2 – Programas de incubação com estimulação térmica na última fase de desenvolvimento
embrionário e programas de incubação utilizados como padrão, considerando ovos oriundos de
matrizes velhas e jovens (ovo grande x ovo pequeno)
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T6 = Estímulo quente 1,8 F (1ºC) (16º a 18º D.E/2 h); T4=
Estímulo frio fixo 96,8 F (36º) (14º ao 18º D.E/3h); Mudanças de temperatura estão indicadas em negrito.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após análise estatística (PROC GLM) verificou-se que a temperatura superficial, o peso
de coração, o pró-ventrículo e ventrículo, possuem diferenças (p<0,05) em relação ao
posicionamento de bandejas e o tratamento utilizado. Entretanto, o peso total, o peso livre de
36
gema, o peso de gema, o peso do TGI e a alça duodenal com o pâncreas apresentaram-se sem
diferença (p>0,05).
Após comparação de médias percebeu-se que o posicionamento de bandejas exerce
influência na temperatura superficial, no peso do coração, no peso total e no peso de gema,
porém, de forma variável. Entretanto, o TGI e a alça duodenal com o pâncreas não apresentaram
diferenças (p>0,05) em relação ao posicionamento de bandeja. Contudo, a amostragem realizada
neste teste foi insuficiente para estudar o efeito do posicionamento das bandejas sobre essas
variáveis, já que este não era o objetivo do trabalho.
No item Tratamento, a temperatura superficial foi maior no tratamento controle EM
(sem estimulação – estágio múltiplo) (38,02ºC) em relação aos demais, tendo o grupo T6
(estímulo quente reduzido – 1ºC) com menor temperatura superficial (36,50ºC) (Tabela 3).
O peso do coração foi maior (0,37g) no grupo controle EM (sem estimulação – estágio
múltiplo) e menor (0,27g) para o grupo T3 (estímulo quente – 1,39ºC). Segundo a literatura, os
embriões sobre aquecidos também mostram tamanho de coração reduzido, o que está de acordo
com nosso trabalho. Altas temperaturas da casca durante a incubação (38,9ºC/102,02 F) alteram o
desenvolvimento do músculo cardíaco (CHRISTENSEN et al., 2004b; LEKSRISOMPONG et
al., 2007), e podem ocasionar hipertrofia ventricular direita e aumento da mortalidade,
especialmente causada por ascites (MOLENAAR et al., 2011).
O TGI, a alça duodenal com o pâncreas, o pró-ventrículo e ventrículo não apresentaram
diferença (p>0,05) entre os tratamentos. Em contraste, os resultados de pesquisa indicam que
temperaturas elevadas reduzem a massa de tecidos do trato gastrointestinal (WINELAND et al.,
2006ab; LEKSRISOMPONG et al., 2007). O peso total dos pintinhos e o peso livre de gema
foram diferentes (p<0,05) e maiores no grupo T6 (estímulo quente reduzido – 1ºC) o menor peso
ficou no T4 (estímulo frio – 36ºC fixos), e no grupo controle EU (sem estimulação – estágio
único) (Tabela 3). Estudos tem comprovado que o peso médio dos pintos foi reduzido em 5%, o
que corresponde a duas ou três gramas a menos, mas o tamanho relativo ao peso vivo do próventrículo, moela e do intestino foi reduzido em 13% e 16% respectivamente (WINELAND et
al., 2006ab; LEKSRISOMPONG et al., 2007). Entretanto, nesse trabalho o peso do TGI, próventrículo e ventrículo e da alça duodenal com o pâncreas não foram diferentes (p>0,05) entre os
tratamentos controle e os grupos estimulados termicamente por calor ou por frio.
37
Tabela 3 – Valores médios em relação aos tratamentos térmicos combinados e as variáveis
analisadas
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T6 = Estímulo quente reduzido 1,8 F (1ºC) (16º a
18ºD.E/2 h); T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); Tratamentos com letras diferentes possuem
significância (p<0,05) pelo teste de Tukey.
O peso da gema foi diferente (p<0,05) e maior (6,44g) no grupo EM (sem estimulação –
estágio múltiplo) e no T6 (6,14g) (estímulo quente reduzido – 1ºC) em relação aos demais. A
gema residual aumentada é indício de superaquecimento (LEKSRISOMPONG et al., 2007), e
significa que o desenvolvimento não ocorreu como esperado, já que se preconiza um peso
residual de gema inferior a 10% do peso do pintinho (MEIJERHOF, 2005) (Tabela 3). Em nosso
estudo, o tratamento EM (sem estimulação – estágio múltiplo) apresentou maior peso de gema
representando 14,01% do peso do pintinho, seguido pelo T6 (estímulo quente reduzido – 1ºC)
com peso de gema residual de 12,9%. Sabe-se que a máquina de estágio múltiplo possui ovos de
38
diferentes fases de desenvolvimento embrionário, ovos oriundos de matrizes em idades
produtivas diferentes, consequentemente com ovos de diferentes padrões, contribuindo para a
formação de microclimas na máquina que podem superaquecer alguns ovos.
Maior quantidade de gema residual ao nascer caracteriza menor probabilidade de
cicatrização de umbigo, penetração de micro-organismos, menor desenvolvimento corporal,
incluindo dos órgãos internos. Para os tratamentos T3 (estímulo quente – 1,39ºC), T4 (estímulo
frio – 36ºC fixos), e Cont. EU (sem estimulação – estágio único) os valores foram 11,02%;
11,07% e 9,9% respectivamente.
Quando se comparou a faixa de idade de produção das matrizes percebeu-se que as
matrizes jovens apresentaram, para este estudo, maior temperatura superficial que as demais
(p<0,05). A temperatura superficial avaliada neste caso foi com termômetro infravermelho
colocado sobre a cloaca do pintinho. O peso do coração, o peso do TGI, o peso da alça duodenal
com o pâncreas e pró-ventrículo e ventrículo, não obtiveram diferenças (p>0,05) na faixa de
produção média (48 e 53 semanas) versus a faixa de produção jovem (33, 34, 35 e 36 semanas).
Para o peso total, o peso da gema e o peso livre de gema, o maior valor foi obtido para a idade de
produção média (p<0,05) (Tabela 4), concordando com a literatura que relata a maior proporção
de gema em ovos de lote de matrizes mais velhas (PEEBLES et al., 2000; HAMIDU et al., 2007).
Tabela 4 – Valores médios em relação a faixa de idade das reprodutoras e as variáveis analisadas
Faixa de idade média: 48 e 53 semanas; Faixa de idade Jovem: 33, 34, 35 e 36 semanas; Tratamentos com letras
diferentes possuem significância (p<0,05) pelo teste de Tukey.
39
As condições ótimas de incubação parecem mudar entre linhagens, assunto que vem
sendo debatido, mas mudam conforme a idade da matriz (CALIL, 2010; TRALDI, 2010).
Existem diferenças em produção de calor, metabolismo e consumo de oxigênio entre embriões de
matrizes jovens (<35 semanas) e velhas, comparadas com aqueles provenientes de matrizes no
período médio de produção (35-50 semanas) (LOURENS et al., 2006; HAMIDU et al., 2007).
Com a idade da matriz também aumenta o tamanho dos ovos, o que pode interromper ainda mais
o fluxo do ar e causar maior desuniformidade. Consequentemente, os parâmetros das máquinas
de estágio único também devem ser adaptados para as necessidades de embriões provenientes de
galinhas jovens ou velhas, ou com diferenças nas características das cascas.
Depois que as aves eclodem no nascedouro, é importante prevenir que sua temperatura
corporal suba em função da umidade e temperatura ambiente que são geradas. Importante
lembrar que os pintinhos não regulam sua temperatura corporal durante os primeiros dias póseclosão, ela é ditada pela temperatura ambiente. Sua temperatura mensurada no nascedouro deve
estar entre 40-40,5ºC/104-105 F em pintinhos (temperatura corporal média das galinhas)
(MACARI et al., 2013). Esta é a mesma temperatura que as aves devem ter durante seu
processamento no incubatório e na sala de expedição. Nesta pesquisa a temperatura corporal foi
monitorada pela temperatura “superficial” da cloaca, por isso os valores são inferiores ao
indicado na literatura (Tabela 3 e 4).
Os resultados de qualidade de pintinho pela metodologia do Pasgar©Score encontramse na Tabela 5. Para uma boa incubação, o Pasgar©Score médio deve receber no mínimo nove
pontos, dados preconizados por manuais técnicos (PAS REFORM, 2010ab). Os tratamentos T3
(estímulo quente – 1,39ºC), e T4 (estímulo frio – 36ºC fixos) apresentaram 9,2 pontos, e os
demais tratamentos ficaram em torno de oito pontos.
40
Tabela 5 – Média de eclosão geral, eclodibidade, fertilidade e Pasgar©Score dos lotes da
linhagem Cobb® submetidos à estimulação térmica
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T6 = Estímulo quente reduzido1,8 F (1ºC) 16º a 18º
D.E/2h); T4= Estímulo frio fixo de 96,8 F (14º ao 18º D.E/3h); EU = Estágio único; EM = Estágio múltiplo.
As alterações físicas encontradas nas aves descartadas são muito úteis para determinar se
o perfil de incubação que se está utilizando necessita alguma modificação. Alto percentual de
bicos sangrando, penugens brancas, bicos cruzados, umbigos com botão negro devido ao
desenvolvimento rápido, pernas deformadas e abertas, mau posicionamento, podem indicar altas
temperaturas e aumento na mortalidade embrionária tardia (LEKSRISOMPONG et al., 2007).
Não foi encontrada nenhuma evidência dessas características nas aves avaliadas sugerindo que as
termoestimulações aplicadas não foram prejudiciais. Aves úmidas, abdômen volumoso (gema
residual grande) pode estar associado a temperaturas inadequadas. Umbigos não saudáveis
podem representar uma porta de entrada para bactérias, se as condições sanitárias do incubatório
estão inadequadas. Temperatura ótima de nascedouro em combinação com ventilação e umidade,
gera aves com umbigos adequadamente cicatrizados.
Temperaturas incorretas de embrião produzem baixa eclodibilidade, baixa qualidade de
pintinhos e, principalmente, afetam a performance pós eclosão: peso corporal e conversão
alimentar (HULET et al., 2007), contrastando com os resultados desta pesquisa. Na Tabela 5, os
dados de eclosão dos lotes avaliados mantiveram o percentual de eclosão e, em alguns pontos
foram superiores. De acordo com o manual da linhagem a eclodibilidade para aves de 33 a 36
semanas é em média 90 % e para matrizes com idade de 48 e 53 semanas a eclodibilidade é de 84
e 80% respectivamente, sem considerar o manejo de machos (spiking). Neste trabalho
41
verificamos que aves com 48 e 53 semanas apresentaram eclosão de ovos férteis de 88,52 e
84,18% respetivamente
Os resultados dos ovos não nascidos, avaliados pela técnica de embriodiagnóstico, estão
descritos na Tabela 6. Quando se tem embriões prontos para nascer, porém não bicados, com
saco vitelínico grande e muita albúmen, deve-se investigar tanto a umidade quanto a temperatura.
A umidade não pode estar muito alta durante a incubação ou imediatamente depois da
transferência, e a temperatura não pode estar muito baixa na incubadora ou muito alta nos
nascedouros. Como se observa na Tabela 6, o tratamento T4 (estímulo frio – 36ºC fixos) não
apresentou percentuais significativos de ovos não bicados. Os percentuais encontrados de pintos
bicados vivos, vivos não bicados ou bicados mortos, não foram significativos para ser atribuído à
estimulação realizada.
Existe na literatura de Gonzales (2005) uma indicação considerada normal de
mortalidade embrionária para cada etapa do desenvolvimento, levando em consideração matrizes
de 1 a 68 semanas, a mortalidade precoce e tardia pode atingir 4,5% e a mortalidade
intermediaria 2%. Encontrou-se no grupo controle EU (sem estimulação – estágio único) e no T4
(estímulo frio – 36ºC fixos) mortalidade precoce de 4,6 e 4,7%, respectivamente, e no T6
(estímulo quente reduzido – 1ºC) mortalidade tardia de 4,4%. Sabe-se que a mortalidade
embrionária não tem causa específica podendo ser variável conforme a idade da matriz, período
de estocagem, falta de viragem dos ovos, linhagem, equipamentos, aproveitamento de ovos,
dentre outros. Portanto, esses valores são indicativos, recomenda-se que cada empresa tenha um
banco de dados dos resultados do embriodiagnóstico e estabeleça seus próprios parâmetros
(MACARI et al., 2013).
Mau posicionamento pode estar relacionado ao posicionamento incorreto dos ovos nas
bandejas, deficiências nutricionais (vitamina A, B12 e ácido linoleico), porém, especialmente a
alta temperatura ou umidade na incubadora (PAS REFORM, 2010ab). Os ovos encontrados com
mau posicionamento foram atribuídos devido ao posicionamento incorreto dos ovos na bandeja
de incubação, já que a temperatura média do embrião foi monitorada não ultrapassando o limite
desejado e, após o estímulo, os ovos retornavam à temperatura normal em algumas horas (Figura
1) e as deficiências nutricionais apresentam outros sinais que devem ser monitorados para um
diagnóstico diferencial.
42
Tabela 6 – Valores médios do Embriodiagnóstico dos lotes da linhagem Cobb® em bandejas de
150 ovos
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39º C) (14º ao 18º D.E/3h); T6 = Estímulo quente reduzido 1,8 F (1ºC) (16º a 18º
D.E/2h); T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); EU = Estágio único.
Uma forma prática de monitorar a temperatura embrionária é medir a temperatura da
casca com um termômetro infravermelho. A temperatura da casca do ovo é determinada pelo
calor metabólico produzido pelos embriões e pelo ambiente ao redor dos ovos na incubadora
(temperatura, fluxo de ar e umidade). A produção de calor aumenta com a idade das reprodutoras
mesmo quando se faz o ajuste para o tamanho de ovos (LOURENS et al., 2006), e este fato está
relacionado à maior proporção de gema em ovos de lote de matrizes mais velhas (PEEBLES et
al., 2000; HAMIDU et al., 2007). Os resultados obtidos através do termômetro infravermelho,
com contato direto na casca do ovo, serão similares àqueles obtidos quando se insere o
termômetro de mercúrio dentro do ovo, desde que se mantenha o termômetro infravermelho
tempo suficiente dentro da incubadora antes da mensuração, para haver o equilíbrio do mesmo
com as condições da incubadora (15 minutos dentro da incubadora) (LEKSRISOMPONG et al.,
2007).
Para alguns autores, como Lourens et al. (2005), a meta para temperatura de casca para
embriões de galinha deve ser, aproximadamente, 37,78ºC/100F desde o primeiro dia de
incubação até a transferência. Para outros, se busca um aumento de temperatura embrionária no
43
final do ciclo. A recomendação técnica para as incubações de estágio único é buscar uma
temperatura de 38,33ºC/101F nos últimos três dias de incubação antes da transferência (máximo
38,61ºC/101,5F) (PAS REFORM, 2010ab).
Figura 1 – Gráficos demonstrativos da temperatura embrionária das aves submetidas aos
tratamentos térmico 6 (1ºC do 16º ao 18º dia de D.E /2h) em duas fases do experimento na
incubadora 9
Em condições comerciais, nos incubatórios, o desafio é proporcionar essa temperatura
de casca para todos os embriões dentro de uma máquina, especialmente no início e final da
incubação. Isto é um desafio porque nos incubatórios trabalha-se com grande número de ovos de
origens diversas e, muitas vezes, é difícil agrupá-los em uma mesma categoria. Em nível
comercial, sempre se observa grande variabilidade de temperatura em diferentes regiões das
máquinas (FRENCH, 1997, 2002).
44
Atualmente, existem equipamentos que fornecem um controle eficaz de ambiência
dentro da máquina dividindo-as em módulos, com sensores individuais capazes de informar os
dados daquele local repassando, em tempo real, para softwares específicos. As Figuras 2 e 3 são
representativas dessas informações, nelas estão contidos todos os dados da incubação normal e da
estimulação térmica, indicando o momento em que ocorreu o estímulo térmico e por quanto
tempo ele permaneceu, além de fornecer os valores de umidade, CO2, frequência e abertura de
Dâmper em toda a incubadora. Com isso, tem-se a certeza das condições ambientais nas quais
foram submetidos os ovos em condições normais de incubação, ou experimentais, no caso da
estimulação térmica. Percebe-se que no último estímulo térmico a temperatura subiu mais do que
o programado, provavelmente por problemas técnicos que comprometeram o funcionamento do
chiller, devido a uma queda de luz que foi solucionada em seguida.
O desenvolvimento de praticamente todos os tecidos pode ser afetado pelas condições de
temperatura durante a incubação. Isto indica potencial para manipular o desenvolvimento
embrionário e pré-condicionar o metabolismo das aves às condições ambientais pós-eclosão
(AKŞIT et al., 2010; TZSCHENTKE, 2011). Estes são os chamados efeitos epigenéticos que têm
dado origem a manejos de incubação circadiana para estimular mecanismos de controle
metabólico específico, para desenvolvimento de tecidos ou de adaptação ao calor ou ao frio
(KÜHN et al., 1982; BOERJAN, 2010). A dificuldade no momento é chegar ao consenso e à
definição clara dos protocolos para obter esses objetivos específicos na incubação em nível
industrial e poder utilizá-los para melhorar a produtividade avícola (BOERJAN, 2010).
45
Figura 2 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução de
todo o ciclo da incubação com o tratamento T6 (1ºC do 16º ao 18º dia de D.E /2h); Seta preta
indica aumento de temperatura não programado
Figura 3 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução dos
três estímulos executados no tratamento T6 (1ºC do 16º ao 18º dia de D.E /2h); Seta preta indica
aumento de temperatura não programado
Em função da diferença de condutância da casca, linhagens diferentes de frango,
poedeiras ou perus necessitam de diferentes temperaturas de incubação para que atinjam a mesma
temperatura embrionária. Outros estudos demonstram diferenças na produção de calor entre
46
linhas de poedeiras e de frangos de corte (NANGSUAY et al., 2011), assim como entre linhagens
de frango de corte (TONA et al., 2010). Segundo Lourens et al. (2007), diferenças na temperatura
do embrião resultam em diferenças na produção de calor pelo embrião, pois seu metabolismo é
alterado. A temperatura embrionária, durante a incubação, é considerada o fator físico mais
importante para o sucesso da incubação comercial avícola (FRENCH, 1997). Esta é uma meta
biológica crucial que necessita ser atingida e monitorada frequentemente, porque a temperatura
do embrião, durante seu desenvolvimento, nem sempre vai ao encontro da temperatura do ar das
incubadoras, especialmente nos últimos dois terços do período de incubação (MEIJERHOF;
VAN BEEK, 1993; FRENCH, 1997).
Tabela 7 – Janela de nascimento dos lotes estimulados termicamente e o grupo controle
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T6 = Estímulo quente 1,8 F (1º C) (16º a 18º D.E/2h); T4=
Estímulo frio fixo de 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); EU = Estágio único; N 1,2,3,4 = Número do Nascedouro.
A literatura informa que aves estimuladas termicamente por calor tem nascimento
adiantado devido à aceleração do desenvolvimento embrionário (aumento do metabolismo), e
aves estimuladas por frio atrasam o desenvolvimento (WILLEMSEN, 2010). Entretanto, é válido
salientar que é o tamanho do ovo o responsável pelo tempo de incubação. Os ovos menores
eclodem antes que ovos maiores. Contudo, matrizes jovens requerem mais tempo para incubar,
por possuírem casca mais espessa e dificultar a troca gasosa, consequentemente alterando
metabolismo. O efeito do aumento ou da redução da temperatura de incubação sobre o momento
da eclosão depende da duração e da amplitude da manipulação da temperatura, e do período da
incubação em que foi realizada a manipulação da temperatura.
A janela de nascimento observada neste experimento para as aves estimuladas pelo T4
(estímulo frio – 36ºC fixos) e T6 (estímulo quente reduzido – 1ºC) foi de 10,5 horas e as aves
estimuladas pelo T3 (estímulo quente – 1,39ºC) e pelo controle (sem estimulação – estágio único)
47
foi de 16,6 a 17 horas, respectivamente. Todos os tratamentos ficaram dentro do esperado para o
sistema de estágio único, porém, a aceleração do metabolismo não foi identificada encurtando a
janela de nascimento nos tratamentos por calor, provavelmente devido às demais variáveis que
podem interferir.
Estudos sobre aclimatação na incubação de ovos de matrizes de diferentes idades
admitiram que os pintos foram mais pesados no tratamento térmico no incubatório do que no
tratamento controle em todas as idades das matrizes, porém, com maior tempo para a eclosão
(YALÇIN et al. 2008c). Isso pode ser explicado pela maior proporção de gema nos ovos de
matrizes mais velhas (PEEBLES et al., 2000; HAMIDU et al., 2007).
Devido as variáveis de galpão, localização e mistura de lotes, não foi possível apresentar
os dados de desempenho de todos os lotes alojados que foram experimentalmente testados.
Contudo, na Tabela 8 são mostrados os dados de três aviários onde o lote 201, estimulado por
calor e por frio, e o grupo controle foram alojados. Percebe-se que a estimulação por calor (T3 1,39ºC) apresentou IEP, peso médio, ganho médio diário de peso e viabilidade maior que os
demais, bem como menor porcentagem de condenações e menor conversão alimentar. Já o grupo
estimulado por frio (T4- 36ºC fixos) apresentou resultados inferiores ao T3 (estímulo quente –
1,39ºC) ao grupo controle (sem estimulação - Estágio único).
Tabela 8 – Desempenho do lote 201 estimulados termicamente oriundos de matrizes com 33, 34 e
35 semanas de idade
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T6 = Estímulo quente reduzido 1,8 F (1ºC) (16º a 18º
D.E/2h); T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); EU = Estágio único.
Hulet et al. (2007) relatam perda na performance pós eclosão: peso corporal e conversão
alimentar nas aves estimuladas, mas os resultados, principalmente pelo tratamento 3 (estímulo
quente – 1,39ºC), podem indicar melhora nestes índices. A exposição dos ovos a temperaturas
48
elevadas (38,5ºC/101,3F) durante somente algumas horas (4-6 horas), entre o 10º e 16º dias de
incubação, pode melhorar a capacidade de adaptação ao estresse pelo calor na 5º semana (AKSIT
et al., 2010). Contudo, dependendo de como é feita a incubação dos ovos e de como estes são
alojados, os frangos podem responder de forma positiva ou negativa em relação à variação de
temperatura durante a criação nos galpões (LEKSRISOMPONG et al., 2009). Por isso, o
acompanhamento desses lotes estimulados termicamente deve ser feito até o fim de sua vida
produtiva.
4 CONCLUSÕES
Para a linhagem Cobb® na indústria, a estimulação por calor ou por frio não alterou a
qualidade do pintinho e não aumentou a mortalidade embrionária. Índices de eclosão foram
mantidos iguais ou ligeiramente superiores ao grupo controle. Percebe-se que o estímulo quente
com 1,39ºC acima dos set points do 14º ao 18º dia de desenvolvimento embrionário, apresentou
IEP, peso médio, ganho médio diário de peso e viabilidade maior que os demais, bem como
menor porcentagem de condenações e menor conversão alimentar. Já o grupo estimulado por frio
(36ºC fixos) aplicado com a frequência e duração apresentou resultados inferiores. Estes dados
sugerem que o Imprinting de temperaturas é uma ferramenta disponível para os incubatórios
melhorarem a produção, qualidade e desempenho, contudo, diversas variáveis devem ser testadas
para descobrir seu ponto ótimo.
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53
54
CAPÍTULO III
ESTIMULAÇÃO TÉRMICA EM ESCALA COMERCIAL EM EMBRIÕES DA
LINHAGEM ROSS® ORIUNDOS DE MATRIZES NO PÓS PICO DE PRODUÇÃO
RESUMO
Na moderna avicultura, em que se exige da ave o máximo de desempenho e rendimento, é
fundamental o processo de incubação artificial. Mesmo considerando toda a especialização
pertinente a esta área, ela permanece carente de conhecimentos ou de aplicações condizentes às
condições de incubação e sua relação com o processo de desenvolvimento embrionário. A
temperatura de incubação é considerada um fator crítico que vem sendo estudada, entretanto, esta
tem interações com diversos fatores intrínsecos e extrínsecos ao processo. O objetivo deste
trabalho foi avaliar o comportamento de embriões da linhagem Ross® frente a duas estimulações
térmicas (calor e frio) aplicadas no último período de desenvolvimento embrionário (14º ao 18º
dia) por três horas de duração, em escala comercial, sob as variáveis de temperatura superficial da
cloaca, peso total do pintinho, peso dos órgãos, avaliação de pintos não nascidos, qualidade,
eclosão geral e eclodibilidade. Com esse experimento percebe-se que as estimulações térmicas
realizadas do 14º dia de desenvolvimento embrionário ao 18º dia, durante três com temperatura
de 2,5 F (1,39ºC) acima da temperatura padrão e com variação de 1,7 F a 0,6 F abaixo do padrão
(36ºC fixos), não causaram mortalidade embrionária, mantiveram-se os índices de eclosão, bem
como a qualidade do pintinho. O grupo de aves que recebeu tratamento por calor obteve eclosão
maior do que o esperado e menor crescimento do coração. O grupo estimulado por frio obteve
qualidade superior aos demais. Dessa forma acredita-se que a estimulação tem potencial de
melhorar os índices do incubatório, contudo necessita de ajustes para ser utilizada como
protocolo.
Palavras-chave: Estimulações térmicas, desenvolvimento embrionário, incubação, temperatura
embrionária.
55
STIMULATION OF IN THERMAL SCALE COMMERCIAL ON EMBRYOS LINEAGE
ROSS®
ABSTRACT
In the modern poultry business, which requires the maximum bird performance and efficiency,
the process of artificial incubation is vital. Even considering all relevant expertise to this area, it
remains a lacking of knowledge or consistent applications to incubation conditions and their
relationship with the embryonic development process. The incubation temperature is considered a
critical factor that has been studied, however, there are interactions with various intrinsic and
extrinsic factors to this process. The objective of this study was to evaluate the answer of Ross®
line´s embryos to two thermal stimulation (t hot and cold) applied in the last embryonic
development period (14th to 18th day) during three hours, on a commercial scale trough
evaluation of variables as cloaca´s surface temperature, total weight chick, organ weights,
evaluation of not hatched chicks, chick quality, general hatchability and saleable hatchability.
With this experiment it is clear that thermal stimulation carried out from day 14 of embryonic
development to the 18th day, during three hours with temperature of 2,5ºF above standard
incubation program temperature and variation of 1,7ºF the 0,6ºF below standard, not cause
embryonic mortality increasing, remained the hatching rates and chick quality. The group of birds
that received t hot treatment had a higher hatchability and slower heart growth. The group
stimulated by cold obtained a superior chick quality than the others groups.
Keywords: Embryonic temperature, thermal stimulation, incubation, embryo development.
56
1 INTRODUÇÃO
Durante a incubação, os embriões passam pelo estágio de diferenciação celular,
desenvolvimento dos órgãos e dos sistemas fisiológicos de regulação, onde as fases se interpõem
em um processo contínuo. Finalmente, desenvolve-se de um organismo ectotérmico, que precisa
de calor do ambiente, para um organismo endotérmico, que produz grande quantidade de calor
(MARQUES, 1994; OVIEDO-RONDÓN; WINELAND, 2012).
O desenvolvimento normal pós-eclosão somente é possível quando ocorre à maturação
funcional dos órgãos e o ajuste dos circuitos fisiológicos integrados, e isso ocorre nos dias finais
da incubação. Um bom exemplo é o sistema termorregulatório, que controla a temperatura
corporal a partir do estágio final de vida embrionária. Os órgãos envolvidos na termorregulação
(hipotálamo, tireoide e glândula pituitária) se desenvolvem durante a fase de crescimento. A
maturação final do sistema termorregulatório, entretanto, ocorre durante os últimos dias da fase
de maturação no embrião e nos dias pós-eclosão (FLORES, 2013).
O clima da incubação pode influenciar o desenvolvimento embrionário, a eclodibilidade,
a qualidade dos pintos e também a capacidade de adaptação após a eclosão, prejudicando o
desempenho posterior do frango de corte, principalmente durante os chamados “pontos críticos”
da incubação, ou seja, aqueles períodos com rápido desenvolvimento e crescimento (início e fim
da incubação) (CALIL, 2010; FLORES, 2013).
Acredita-se que pequenas variações de tempo, no ambiente do desenvolvimento
embrionário, induzem variações na expressão gênica, apresentando fenótipos diferentes a agentes
indutores ambientais. A interação embrião-ambiente é explicada, muitas vezes, pelo termo
“adaptação epigenética” (GILBERTS; EPEL, 2009).
Atualmente, o fator desencadeador de adaptação epigenética mais estudado é a
exposição do embrião a períodos leves de baixa ou alta temperatura. Períodos críticos, quando o
embrião está predisposto à adaptação térmica, foram descobertos durante a fase inicial de
desenvolvimento, quando a diferenciação de diferentes estruturas é induzida e, novamente, na
fase mais tardia do desenvolvimento, quando os órgãos e os sistemas fisiológicos amadurecem.
Esses estudos sugerem que diferente temperatura de aclimatação durante a incubação
pode ter efeito diferente no peso dos frangos de corte após a eclosão que, segundo Tona et al.,
(2004) e Willemsen et al. (2008), está diretamente correlacionada com o peso final de abate.
57
Embriões de frango de corte podem ser acondicionados termicamente durante a fase final na
incubadora, de modo a atingir tolerância a desafios de calor em idade jovem na granja (MORAES
et al., 2003; COLLIN et al., 2007), portanto, alterando o crescimento pós-natal (COLLIN et al.,
2005; HALEVY et al., 2006). Curtos períodos de exposição ao frio (60 minutos a 15ºC/59 F) no
18º e 19º dia de vida embrionária mostram melhor desempenho aos 38 dias de idade (SHINDER
et al., 2009).
Adaptações em longo prazo ocorrem quando a manipulação térmica periódica é aplicada
durante a última fase de maturação, quando o circuito integrado para o sistema termo regulatório
está bem desenvolvido e, portanto, mais responsivos ao “treinamento” (TZCHENTKE, 2007;
TZCHENTKE; HALLE, 2009).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de embriões da linhagem Ross®
frente a duas estimulações térmicas (calor e frio) aplicadas no último período de desenvolvimento
embrionário (14º ao 18º dia) por três horas de duração, em escala comercial.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Ovos de matrizes Ross® de mesmo lote, com 61 a 63 semanas de idade (Tabela 1)
foram submetidos a variações de temperatura na incubação, combinando diferentes tratamentos
de acordo com intensidade e frequência.
Tabela 1 – Idade da matriz, estágio de incubação e estimulação térmica (tratamento térmico) do
lote da linhagem Ross®
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio -96,8 F fixos (36ºC) (14º ao 18º
D.E/3h); EU = Estágio único; EM = Estágio múltiplo.
58
As estimulações térmicas foram realizadas em incubadora SmartPro-77 (Pas Reform
Hatchery Technology, Zeddam, Holanda), de estágio único modular, em um incubatório situado
no Estado do Rio Grande do Sul, em escala comercial, estando as máquinas carregadas com carga
total (76.800 ovos). Avaliações “controle” foram realizadas em máquinas de estágio único (Cont.
EU), e alguns nascimentos também foram acompanhados em estágio múltiplo (CASP CM 125R,
Amparo, Brasil) (Cont. EM), ambos sem estimulação térmica. Os ovos foram submetidos a dois
tratamentos térmicos utilizando como base o programa existente no incubatório, alterando
gradualmente conforme a temperatura estabelecida para aquele dia de desenvolvimento
embrionário. Assim sendo: T3: temperatura de 2,5 F (1,39ºC) acima do set point correspondente
ao 14º dia de desenvolvimento embrionário (D.E) (97,8F/36,55ºC) e assim subsequentemente
aumentando 2,5 F em cada set point até o 18º dia (D.E) com três horas de duração; e T4: com
estímulo frio fixo de 96,8F (36ºC) variando de 1,7 a 0,6 F abaixo de cada set point, do 14º ao 18º
dia de D.E. com três horas de duração. Após o nascimento, 15 aves de cada tratamento mais as 15
aves do grupo cont. EU e cinco aves do Cont. EM foram amostradas para as variáveis de
temperatura e peso. Vinte e cinco aves de cada lote foram avaliadas para qualidade do pintinho, e
em seis caixas de cada tratamento foi realizado o embriodiagnóstico. Os dados de eclosão geral,
eclodibilidade e fertilidade foram calculados.
2.1 PARA CADA TRATAMENTO
O comportamento das máquinas incubadoras foi acompanhado durante todas as
estimulações pelo programa de análise de dados do SmartCenter (software da Pas Reform
Hatchery Technology, Zeddam, Holanda). A temperatura superficial das cascas dos ovos foi
coletada antes e após as estimulações com termômetro infravermelho (ITR 4520, Braun
Termoscan®, Kronberg, Alemanha) com acurácia de ± 0,2ºC na linha equatorial do ovo. Foram
medidos sete ovos da fileira número seis das bandejas seis, 16 e 28 do carro número três dos
módulos três e dois de cada incubadora onde foram realizados os estímulos térmicos (Anexo A).
Assim, todos os pontos (superior, meio e inferior) dos carros e da incubadora foram amostrados.
As bandejas de incubação foram identificadas e seguiram com a identificação para a incubadora,
para a transferência e para o nascedouro onde foram coletadas amostras aleatórias das aves. Após
59
o nascimento, foi realizado o embriodiagnóstico para verificação das perdas em seis bandejas de
150 ovos respeitando o posicionamento no carro de incubação (parte superior, média e inferior).
Tabela 2 – Programas de incubação com estimulação térmica na última fase de desenvolvimento
embrionário e o programa utilizado como padrão, levando em consideração ovos oriundos de
matrizes velhas (ovo grande)
T4= Estímulo frio-96,8 F fixos (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39º C) (14º ao 18º
D.E/3h); Mudanças na temperatura indicadas em negrito.
Os ovos não eclodidos foram abertos e os conteúdos vertidos e analisados. Foram
classificados como inférteis os ovos sem desenvolvimento do disco germinativo; os férteis com
mortalidade precoce - mortos até quatro dias; os férteis com mortalidade intermediária de cinco a
14 dias e férteis com mortalidade tardia de 15 a 21 dias de incubação (TONA et al, 2004), além
60
de pintos vivos não bicados, bicado vivo, bicado morto, trincado e contaminados por fungos ou
bactérias (ovo bomba).
O comportamento e a qualidade geral do pintinho ao nascer foi avaliado pela
metodologia Pasgar©Score (BOERJAN, 2002; DECUYPERE; BRUGGEMAN, 2007; VAN DE
VEN, 2011) verificando-se cinco pontos: vitalidade (reflexo), umbigo, pernas, bico e abdômen.
Foi analisada uma amostra aleatória de 25 pintinhos por lote, contendo machos e fêmeas, em que
os mesmos foram pontuados de acordo com os parâmetros mencionados anteriormente,
subtraindo-se um ponto a cada item com má qualidade. A pontuação individual inicial de cada
pintinho é 10.
Também foi avaliada, ao final da incubação, a eclodibilidade de ovos férteis (total de
pintos nascidos/total de ovos férteis x100 = %); a eclosão total (número de pintos/número de ovos
incubados x100 =%), e a fertilidade (total de ovos férteis/total de ovos incubados x100 =%).
Quinze aves machos foram separadas aleatoriamente das caixas previamente
identificadas e foram numeradas individualmente seguindo a sequência das caixas (inferior,
médio e superior) e, em seguida, a temperatura superficial da cloaca foi medida com termômetro
infravermelho (ITR 4520, Braun Termoscan®, Kronberg, Alemanha) com acurácia de ± 0,2ºC.
Logo, as aves foram sacrificadas segundo normas de Bem Estar Animal e do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento, através de deslocamento cervical.
Cada ave foi pesada individualmente com balança do modelo WeighMax® W- 3805 100G, China com precisão de ± 0,01g para as seguintes variáveis: peso total, peso da gema (saco
vitelínico), peso do coração, peso do trato gastrointestinal (TGI), peso da alça duodenal com o
pâncreas, peso do pró-ventrículo e ventrículo (moela). Subtraindo-se as variáveis: peso total do
pintinho e peso de gema, obteve-se o peso livre de gema e também a porcentagem de peso
residual da gema.
2.2 COMITÊ DE ÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL
A presente pesquisa está de acordo com os princípios éticos na experimentação animal,
adotados pela Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório (SBCAL), e com a
legislação vigente (Lei 11.794 de 08/10/2008 e Decreto 6.899 de 15/07/2009) sob protocolo
número 3503-1 aprovado pelo Comitê de Ética e Bem Estar Animal da UNICAMP.
61
2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O estudo foi realizado de forma aleatória e observacional em esquema fatorial (1x2x2 –
uma faixa de idade de matrizes x dois tratamentos térmicos e dois controles) em escala de
produção comercial. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo PROC GLM e,
posteriormente, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey com grau de confiança de 95%,
utilizando o SAS® versão 9.0 (2010).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após análise estatística verificou-se que a temperatura superficial, o peso do coração, o
peso do trato gastrointestinal (TGI), o pró-ventrículo e ventrículo e o peso da gema possuem
diferenças (p<0,05) em relação ao posicionamento de bandejas e o tratamento utilizado. No
capítulo anterior verificou-se que o peso do TGI e peso da gema não diferiram (p>0,05) em
relação ao posicionamento de bandeja para lotes da linhagem Cobb® com matrizes em idades
inferiores a estas, estimulados termicamente. O peso total, o peso livre de gema e a alça duodenal
com o pâncreas apresentaram-se sem diferença (p>0,05) para a linhagem Ross® quanto ao
posicionamento de bandeja no carro de incubação, dentro da incubadora.
Ao avaliar a influência do posicionamento das bandejas verificou-se a importância do
mesmo e que este reflete no peso de muitos órgãos (p<0,05), porém de forma muito variável, não
sendo possível predizer um número com essa amostragem, reiterando os dados apresentados
quando se estudou o comportamento da linhagem Cobb® frente a estimulações térmicas no
capítulo anterior desta tese. Para o quesito “Tratamento”, a variável temperatura superficial do
pintinho foi maior nos tratamentos térmicos do que nos grupos controles (sem estimulações)
(Tabela 3).
O peso do coração foi maior no para T4 (estimulação por frio - 36ºC fixos) e para o
controle EM (sem estimulação – estágio múltiplo) e menor para o grupo que recebeu estimulação
por calor (T3 - 1,39ºC). Segundo a literatura, os embriões sobreaquecidos mostram tamanho de
coração reduzido, o que está de acordo com esse trabalho em relação ao peso do coração. Outros
trabalhos reforçam que altas temperaturas da casca, durante a incubação (38,9ºC/102,02 F),
alteram
o
desenvolvimento
do
músculo
cardíaco
62
(CHRISTENSEN
et
al.,
2004;
LEKSRISOMPONG et al., 2007). Vale salientar que no capítulo anterior o peso do coração dos
embriões da linhagem Cobb®, apesar das matrizes serem mais jovens, foi menor para o
tratamento T3, que utilizou temperatura de 38,33ºC/101 F no primeiro estímulo e de
37,83ºC/100,1 F no último estímulo (14º dia ao 18º dia de desenvolvimento embrionário).
Tabela 3 – Valores médios das variáveis analisadas para os tratamentos térmicos
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39 ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio-96,8 F fixo (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h);
EU = Estágio único; EM = Estágio múltiplo; Tratamentos com letras diferentes possuem significância (p<0,05) pelo
teste de Tukey.
O TGI e a alça duodenal com o pâncreas foram maiores (p<0,05) nos grupos incubados
em estágio único, tanto no controle como nas estimulações em relação ao grupo controle EM
(sem estimulação - estágio múltiplo). Os resultados de pesquisa indicam que temperaturas
elevadas reduzem a massa de tecidos do trato gastrointestinal (WINELAND et al., 2006ab;
LEKSRISOMPONG et al., 2007), o que não foi encontrado nesta pesquisa com essa estimulação,
linhagem e faixa etária das matrizes.
O peso do pró-ventrículo e ventrículo foram menores no tratamento com estimulação
térmica por calor (1,39ºC) e no grupo controle EM (sem estimulação – estágio múltiplo). É
importante salientar que o grupo EM teve menor peso para o TGI e para a alça duodenal com o
63
pâncreas (Tabela 3), sugerindo que o estágio múltiplo obteve variações de temperaturas não
desejadas.
O peso total dos pintinhos e o peso livre de gema não diferiram (p>0,05) entre os grupos
(Tabela 3). Observaram-se tendências a médias menores para no peso total para a estimulação por
calor (1,39ºC), seguidas pelo controle EU (sem estímulo- estágio único) e pelo T4 (estimulação
por frio - 36ºC). Estudos tem comprovado que o peso médio dos pintos foi reduzido em 5%, o
que corresponde de duas a três gramas a menos, mas o tamanho relativo ao peso vivo do próventrículo, moela e do intestino foi reduzido em 13% e 16%, respectivamente (WINELAND et
al., 2006ab; LEKSRISOMPONG et al., 2007).
YALÇIN et al. (2008) testaram a influência da aclimatação ao calor durante a incubação,
aumentando a temperatura de incubação para 38,5ºC/101,3 F durante 6horas/dia dos 10º ao 18º
dia. Os resultados mostraram um crescimento acelerado em relação ao grupo controle com maior
peso do pintinho, efeito não encontrado por Yalçin e Siegel (2003), porém, nesse estudo, a
temperatura de aclimatação foi maior (39,0ºC/102,2 F). Nota-se que a diferença é de apenas
0,5ºC o que corresponde praticamente a 1,0 F, unidade normalmente usada em incubação
(FLORES, 2013). O que indica o quanto é estreito a variação de temperatura e que ainda a
mesma é dependente do período de desenvolvimento do embrião.
A estimulação utilizada nesta pesquisa foi mais branda que as encontradas na literatura,
pois foram testadas em um incubatório comercial, estando às máquinas com carga total em todas
as estimulações. Conseguiu-se observar que houve alterações no desenvolvimento embrionário,
contudo sem prejudicar o nascimento nem a qualidade dos pintinhos.
O efeito da idade da matriz é observado no peso do pinto (HAMIDU et al. 2007).
YALÇIN et al. (2008) estudaram a aclimatação na incubação de ovos de matrizes de diferentes
idades, e concluíram que os pintos foram mais pesados no tratamento térmico no incubatório do
que no tratamento controle em todas as idades das matrizes, porém, com maior tempo para a
eclosão. Isso pode ser explicado pela maior proporção de gema nos ovos de matrizes mais velhas
(PEEBLES et al., 2000; HAMIDU et al., 2007). O tempo de eclosão do lote da linhagem Ross®
submetido à estimulação térmica foi em média de 16,5 para o grupo T3 (estímulo quente 1,39ºC) e de 10,5 para o grupo de T4 (estímulo frio - 36ºC fixos), sendo que, para o controle (sem
estimulação – estágio único) o nascimento ficou em 17 horas, conforme a Tabela 4. Entretanto,
conforme comentado anteriormente o tamanho do ovo também é responsável pelo tempo de
64
incubação, ou seja, ovos maiores demoram mais para eclodir, além de outras variáveis como a
composição dos lotes a serem incubados.
Tabela 4 – Janela de nascimento dos lotes estimulados termicamente e o grupo controle
T3 = Estímulo quente 2,5F (1,39º) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio-fixo de 96,8F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h);
N 1,2,3,4 = Número do Nascedouro.
O peso da gema obteve média diferente (p<0,05) para o grupo EM (sem estímulo –
estágio múltiplo), concordando com os resultados encontrados para a linhagem Cobb® no
capítulo anterior desta tese. A literatura diz que a gema residual aumentada é indício de
superaquecimento (LEKSRISOMPONG et al., 2007) (Tabela 3). Isso sugere que o sistema de
incubação de estágio múltiplo pode acarretar superaquecimento nos ovos, sem que isso seja
programado. Consequentemente, esse “estímulo quente” poderá acontecer no momento
inadequado alterando o desenvolvimento normal. Na indústria, geralmente se observa
variabilidade de temperatura em diferentes regiões da máquina (FRENCH, 1997, 2002), pois
existem ovos de diversas origens e em diferentes fases de desenvolvimento.
O peso residual da gema foi 15,97, 13,87, 11,41 e 11,42% para os tratamentos controle
EM (sem estimulação – estágio múltiplo), T3 (estímulo quente – 1,39ºC), Controle EU (sem
estimulação – estágio único) e T4 (estímulo frio – 36ºC fixos), respectivamente. O indicado para
o peso residual da gema são valores inferiores a 10% do peso do pintinho (MEIJERHOF, 2005).
As condições ótimas de incubação parecem mudar entre linhagens, assunto que vem
sendo debatido (CALIL, 2010; TRALDI, 2010), mas com certeza mudam conforme a idade da
matriz. Existem diferenças, em produção, de calor, metabolismo e consumo de oxigênio entre
embriões de matrizes jovens (<35 semanas) e velhas, comparadas com aqueles provenientes de
matrizes no período médio de produção (35-50 semanas) (LOURENS et al., 2006; HAMIDU et
al., 2007). Com a idade da matriz também aumenta o tamanho dos ovos, o que pode interromper
65
ainda mais o fluxo do ar e causar maior desuniformidade. Consequentemente, os parâmetros das
máquinas de estágio único também devem ser adaptados para as necessidades de embriões
provenientes de aves jovens ou velhas, ou com diferenças nas características das cascas. Neste
trabalho avaliou-se o comportamento de um lote Ross® frente a estimulações térmicas em uma
faixa de produção de 61 a 63 semanas.
Os resultados de qualidade do pintinho pela metodologia do Pasgar©Score encontramse na Tabela 5. Para uma boa incubação o Pasgar©Score médio deve receber, no mínimo, nove
pontos, dados preconizados por manuais técnicos (PASREFORM, 2010ab). O tratamento T3
(estímulo quente – 1,39ºC) e o tratamento controle EU (sem estimulação – 36ºC fixos)
apresentaram escore de 8,8 pontos e o grupo T4 (estímulo frio – 36ºC fixos) apresentou 9,08
pontos. As alterações físicas encontradas nas aves são muito úteis para determinar se o perfil de
incubação que se está utilizando necessita de alguma modificação. Alto percentual de bicos
sangrando, penugens brancas, bicos cruzados, umbigos com botão negro devido ao
desenvolvimento rápido, pernas deformadas e abertas podem indicar altas temperaturas, aumento
na mortalidade embrionária tardia, mau posicionamento de embriões mortos tardiamente com a
cabeça sobre a asa, ou com a cabeça na ponta mais fina do ovo (LEKSRISOMPONG et al.,
2007).
Tabela 5 – Eclosão geral, eclodibidade, fertilidade e Pasgar©Score do lote da linhagem Ross®
submetido a estimulações térmicas
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio fixo de 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º
D.E/3h); EU = Estágio único; EM = Estágio múltiplo.
Não foram encontradas evidências dessas características nas aves avaliadas, sugerindo
que as estimulações térmicas aplicadas não foram prejudiciais. Temperaturas incorretas de
embrião produzem baixa eclodibilidade, baixa qualidade de pintinhos e, principalmente, afetam o
desempenho pós-eclosão: peso corporal e conversão alimentar (HULET et al., 2007). Nesta
66
pesquisa, a eclosão (Tabela 5) manteve os índices normais do incubatório para esta faixa etária
das matrizes, não sendo a temperatura fator prejudicial para baixa eclosão. No tratamento T3
(estímulo quente - 1,39ºC) a eclosão foi superior ao esperado. Segundo alguns autores, como
Tzchentke & Halle (2009), a manipulação térmica durante essa última fase na incubadora e
nascedouro mostram melhorias de 1,5% em eclosão, 2,9% melhor crescimento de machos e
melhor conversão alimentar.
O resultado dos ovos não eclodidos avaliados pela técnica de embriodiagnóstico está
descrito na Tabela 6. Quando se tem embriões prontos para nascer, porém não bicados, com um
saco vitelínico grande e muito albúmen, a umidade pode estar muito alta, ou a temperatura pode
estar muito baixa na incubadora ou muito alta nos nascedouros. Como visto na Tabela 6, o
tratamento 4 (estimulação por frio – 36ºC fixos) não apresentou percentuais significativos de
ovos não bicados. Os percentuais encontrados de pintos bicados vivos, vivos não bicados ou
bicados mortos, não foram significativos para ser atribuída a estimulação.
Tabela 6 – Embriodiagnóstico dos lotes da linhagem Ross® em bandejas de 150 ovos
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h);
EU = Estágio único; EM = Estágio múltiplo.
67
Maus posicionamentos podem estar relacionados ao posicionamento incorreto dos ovos
nas bandejas, deficiências nutricionais (vitamina A, B12 e ácido linoleico), porém,
especialmente, à alta temperatura ou umidade na incubadora (PAS REFORM, 2010ab). Os ovos
encontrados com mau posicionamento foram atribuídos devido ao posicionamento incorreto do
ovo na bandeja de incubação, já que a temperatura média do embrião foi monitorada não
ultrapassando o limite desejado e, após o estímulo, os ovos retornavam a temperatura normal em
algumas horas (Figura 1).
Figura 1 – Gráficos demonstrativos da temperatura embrionária das aves submetidas ao
tratamento térmico 4 (Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h) em relação ao grupo
controle incubados na incubadora de número 10 e 7 respectivamente
68
Medir a temperatura da casca com termômetro infravermelho é uma forma prática de
monitorar a temperatura embrionária e os resultados são similares àqueles obtidos quando se
insere o termômetro de mercúrio dentro do ovo (LEKSRISOMPONG et al., 2007). A temperatura
da casca do ovo é determinada pelo calor metabólico produzido pelos embriões e pelo ambiente
ao redor dos ovos na incubadora (temperatura, fluxo de ar e umidade). Sabe-se que a produção de
calor aumenta com a idade das reprodutoras, mesmo quando é feito o ajuste para o tamanho de
ovos (LOURENS et al., 2006) e este fato está relacionado a maior proporção de gema em ovos de
lote de matrizes mais velhas (PEEBLES et al., 2000; HAMIDU et al., 2007).
A temperatura do ovo determina a velocidade de crescimento do embrião. Por isso,
dentro de todos os parâmetros que influenciam a incubação, os mais críticos são a temperatura
efetiva que o embrião percebe e a disponibilidade de oxigênio. Nesta pesquisa, apenas a variável
temperatura foi estudada. Para alguns autores, como Lourens et al. (2005), a meta de temperatura
de casca para embriões de galinha deve ser aproximadamente 37,78ºC/100 F, desde o primeiro
dia de incubação até a transferência. Para outros, busca-se um aumento de temperatura
embrionária no final do ciclo. A recomendação técnica para as incubações de estágio único é
buscar uma temperatura de 38,33ºC/101 F nos últimos três dias de incubação antes da
transferência (máximo 38,61ºC/101,5 F) (PAS REFORM, 2010ab). Em condições comerciais,
nos incubatórios, o desafio é proporcionar essa temperatura de casca para todos os embriões
dentro de uma máquina, especialmente no início e final da incubação.
Alguns equipamentos possuem ferramentas que auxiliam a visualização em tempo real
do processo de incubação e isso auxilia as tomadas de decisões pelos responsáveis. As Figuras 2,
3, 4 e 5 demostram um dos controles obtidos pelo software SmartCenter da Pas Reform durante
todo o processo de incubação nos lotes testados termicamente. Esse método também auxiliou a
controlar muitas variáveis necessárias para o experimento e ter a certeza de que os estímulos
estavam acontecendo como programado.
69
Figura 2 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante todo o ciclo de
incubação do tratamento T3 (estímulo quente - 1,39ºC)
Figura 3 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução dos
cinco estímulos executados no tratamento T3 (estímulo quente - 1,39ºC)
70
Figura 4 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da P as Reform durante todo o ciclo de
incubação do tratamento T4 (Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h)
Figura 5 – Gráfico oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução dos
cinco estímulos executados no tratamento T4 (Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º
D.E/3h)
71
A exposição dos ovos a temperaturas elevadas (38,5ºC/101,3 F) durante somente
algumas horas (4-6 horas), entre o 10º e 16º dias de incubação, pode melhorar a capacidade de
adaptação ao estresse pelo calor na 5º semana (AKŞIT et al., 2010). Dependendo de como é feita
a incubação dos ovos, os frangos podem responder de forma positiva ou negativa em relação à
variação de temperatura, durante a criação nos galpões (LEKSRISOMPONG et al., 2009). Por
isso, o acompanhamento desses lotes estimulados termicamente deve ser feito até o fim de sua
vida produtiva, e os dados de campo devem ser avaliados juntamente com os dados de incubação.
As temperaturas altas (39,6ºC/103,28 F por 6 horas dia) entre o 10º e 18º dia de
incubação podem melhorar a adaptação a altas temperaturas em frangos entre a 3ª e a 6ª semana
pós-eclosão, minimizando os efeitos negativos causados pelo estresse de calor sobre o peso ao
abate e rendimento do peito (YALÇIN et al., 2010). Considerando que todo o desenvolvimento
do embrião é afetado pelas condições de incubação, é de se esperar que o desempenho e saúde
dos frangos de corte sejam alterados (HULET et al., 2007; OVIEDO-RONDÓN et al., 2009b).
Este efeito pode ocorrer na média do lote ou em pequenos grupos que sofreram por estarem em
microambientes nocivos na máquina.
A dificuldade no momento é chegar ao consenso e a definição dos protocolos para obter
esses objetivos específicos na incubação a nível industrial e poder utilizá-los para melhorar a
produtividade avícola (BOERJAN, 2010). Por enquanto, ainda se observa no campo os efeitos de
incubações sub-ótimas que causam problemas de viabilidade e baixa sanidade nas granjas.
4 CONCLUSÕES
As estimulações térmicas realizadas do 14º dia de desenvolvimento embrionário ao 18º
dia, durante três horas com temperatura com 2,5 F (1,39ºC) acima da temperatura padrão e com
variação de 1,7 a 0,6 F abaixo do padrão (36ºC), durante três horas, não causaram mortalidade
embrionária. O grupo de aves que recebeu tratamento por calor obteve eclosão maior do que o
esperado para a idade das matrizes, e menor crescimento do coração. O grupo estimulado por frio
obteve qualidade do pintinho superior aos demais. Com esses resultados, acredita-se que a
estimulação térmica é de fato uma ferramenta potencial para a utilização nos incubatórios, porém,
é necessário acertar qual o ponto ideal de realização deste protocolo.
72
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76
CAPÍTULO IV
EMBRIÕES DA LINHAGEM HUBBARD® SUBMETIDOS À ESTIMULAÇÃO
TÉRMICA EM ESCALA COMERCIAL
*Formato para publicação
Title Page
THERMAL MANIPULATION DURING EMBRYOGENESIS IN COMMERCIAL
INCUBATION IMPROVED BROILER EMBRYOS QUALITY
Running Title
THERMAL MANIPULATION IMPROVED BROILER EMBRYO QUALITY
THERMAL MANIPULATION DURING EMBRYOGENESIS IN COMMERCIAL
INCUBATION IMPROVED BROILER EMBRYOS QUALITY
ABSTRACT
Embryo temperature during incubation is the most important physical factor in the success of
commercial poultry incubation. Embryo temperature is also a crucial biological target to be
achieved during the incubation process. Temperature is often monitored as it might affect the
embryo development. This study aimed to evaluate the effect of thermal manipulation on the
hatchability of fertile eggs, general hatching, chick quality and weight, and weight of embryos
bodies on a commercial scale. Eggs were collected from breeders of different ages, and subjected
to thermal manipulation. A batch of fertile eggs from chickens 32 to 53 weeks old were
monitored during the hot thermal manipulation using 1°C above each set point, and starting on
the 14th to the 18th day of incubation during three hours. Another thermal manipulation used the
same temperature at the 16th to 18th day of incubation during two hours. The second thermal
manipulation improved hatching and chick quality. The residual yolk found in chicks was lower
to hot treatments than to the control group, and it was not verified the increase of embryonic
mortality caused by the thermal stimulation. As the hatch time remained the same, the change in
temperature did not accelerate the embryo development. Some organs differ in weight as a result
of breeder age. It was noticed that the intestine tract and the duodenal handle with the pancreas
had lower weights in the hot treatment and in the control from multi-stage incubator than in the
control from the single-stage incubator.
Keywords: Hatchability, chick quality, mortality, thermal variation.
77
Abbreviations: TM, thermal manipulation; SS, single-stage incubator; MS, multiple stage
incubator; ED, embryo day; TM1, 1ºC temperature above the set point from the 14th to 18th day of
incubation (ED) with 3h of duration; TM2, 1ºC temperature above the set point from the 16th to
18th day of incubation ED with a 2h period; t, treatment; HFE, hatching percentage of fertile
eggs; TH, the total percentage of hatching; F, percentage of fertility; BW, body weight; TGI,
intestine tract; PVV, proventriculus and ventriculus (gizzard); ANOVA, analysis of variance; p, pvalue; N, number of sample; H, number of the commercial hatcher used.
1 INTRODUCTION
During the last 20 years, broiler production has developed significantly in genetics,
health, and nutrition. However, a gap in the economic way of producing broiler meat is the loss
due to heat stress exposure while rearing.
1, 2
The artificial incubation process tries to mimic the
natural process when the hens warm up the fertile eggs. With the genetic development the
incubation period that represented 20% of the broiler life 20 years ago, nowadays it represents
nearly 37.5%.Incubation is a dynamic process that requires a delicate balance between several
environmental variables. When the incubation ambient departs from the ideal chicks might
present high variability, little immunity, and low productivity. Amongst the various factors that
affect hatchability the most crucial are: the size of the fertile eggs, the eggshell temperature
during incubation, the age of the breeders, the genetic strain, ambient temperature and relative
humidity, and the gases exchange inside the incubator. 3, 4, 5
Fast-growing broilers have a limited ability to cope with high temperatures. Thermal
manipulation (TM) during embryogenesis has previously been shown to improve thermotolerance when broilers are at the market age, probably as a result of the changes in the metabolic
regulation.
6, 4, 7, 8
Most of the TM is experimental and carried out under laboratory controlled
scale, and do not address the challenges and variations faced during incubation in commercial
scale. This research aimed to evaluate the TM by heat in commercial scale, with different
duration and use. The effect of TM on hatchability, chick quality, chick weight, and the weight of
organs were assessed.
78
2 MATERIALS AND METHOD
All trials were carried out by the Brazilian legislation regarding the ethical treatment of
animals (Law 11.794 and Decree 6.899). Procedures were approved by the Ethics Committee of
The State University of Campinas (protocol number 3503-1).
Experimental Design
A total of 76,800 Hubbard® broiler breeder eggs were incubated and subjected to hot
thermal manipulation. The hens were from 32 to 53 weeks of age (Table 1). The commercial
incubator of the setter single-stage (SS) (SmartPro-77, PasReform Hatchery Technology,
Zeddam, The Netherlands) was used in the experiment. The control used was carried out in two
commercial incubators. One a single-stage (SS) incubator (PasReform Hatchery Technology,
Zeddam, The Netherlands), and the other a multiple-stage (MS) incubator (CASP CM 125R,
Amparo, Brazil). Fertile eggs from hens 33 and 40 weeks old were used in the trials. Thermal
manipulation was not utilized in the control. TM1= 1ºC temperature above the set point from the
14th to 18th day of incubation (embryo day-ED) with 3h of duration. TM2= 1ºC temperature
above the set point from the 16th to 18th day of incubation ED with a 2h period.
Table 1 – Data on the batch of observed Hubbard® broiler breeder eggs
SS = single-stage. MS = multi-stage.
79
The eggs were subjected the two thermal treatments using as a basis the existing
software/programme, and commercially adopted. The temperature was gradually changed
according to the embryo development. The treatments involved two settings TM1, with 1ºC
temperature above the set point from the 14th to the 18th day of incubation and 3h of duration; and
TM2, with 1ºC temperature above the set point from the 16th to the 18th day of incubation and a
2h length. After hatching 15 chicks of each treatment and control (SS e MS) were randomly
selected to evaluate their body temperature and weight (total observation n=90). A total of 25
chicks from each lot were assessed regarding the chick quality. In six boxes of each treatment,
the embryo diagnostic was done. Data on general hatching and fertility were evaluated.
Sampling procedure
The output of the commercial incubators as followed using the proper commercial
software (SmartCenter, PasReform Hatchery Technology, Zeddam, The Netherlands). A total of
42 eggs (21 in module 2 and 21 in module 3) from the centre, intermediate, and superior places
inside the incubator had the surface temperature assessed. The eggshell surface temperature was
registered at the egg central horizontal line using an infrared thermometer (ITR 4520, Braun
Termoscan®, Kronberg, Germany) with an accuracy of ± 0.2ºC. Calibration and precision of the
infrared thermometer were performed by the manufacturer. The trays were identified from the
incubator to the hatcher where the chicks were randomly selected for the embryo diagnostic and
the assessment of losses. There were evaluated three and six trays with 150 eggs for treatments 5
and 6, respectively for the control in SS. For the control in MS (breeders at ages 33 and 40wks)
three and six trays respectively with 96 eggs each were evaluated.
The cracked non-hatched eggs and the content were analysed. Eggs without the
blastoderm were classified as sterile. Eggs with dead embryos with death up to 4 days were
classified as fertile with early mortality; eggs with embryos dead from 5 to 14 days were
classified as fertile with intermediate mortality; and eggs with embryos dead from 15 to 21 days
were classified as dead with tardy mortality.9 There were also investigated chicks alive, but that
could not hatch, eggs cracked and contaminated by fungi or bacteria. The chick behavior and
quality were assessed using the Pasgar©Score methodology.10, 11, 12 Using these procedures five
items was verified: (1) low alertness; (2) suboptimal navel condition; (3) red hocks (red or
80
swollen hocks); (4) abnormal beak. A total of 25 chicks in each lot were evaluated. They had
their origin in the same trays previously identified. The initial score was 10, reducing 1 score for
each variable with low quality.
The hatching rate of fertile eggs (HFE; Eq. 1), the total percentage of hatching (TH, Eq.
2), and the percentage of fertility (F, Eq.3) were assssed at the end of the incubation process.
HFE (%) = (total of born chicks/total of fertile eggs) x100
Eq. 1
TH (%) = (total of born chicks/total of incubated eggs) x 100
Eq. 2
F (%) = (total of fertile eggs/total of incubated eggs) x 100
Eq. 3
A total of 15 male birds were randomly selected from the boxes inside the hatcher, and
individually identified following a pre-determined sequence (inferior layer, mean layer, superior
layer). The surface temperatures of the birds were registered after hatching, using an infrared
thermometer (ITR 4520, Braun Termoscan®, Kronberg, Germany). The birds were slaughtered
afterwards using the cervical displacement. Each carcass was weighed individually using a digital
scale (WeighMax® W- 3805 -100G, China) with a precision of 0.01g. The following variables
were assessed body weight (BW), egg yolk weight (yolk sac), heart weight, weight of the
intestine tract (TGI), duodenun handle with the pancreas weight, and proventriculus and
ventriculus (PVV, gizzard) weight. Subtracting the egg yolk weight from the total weight of the
chick, the body yolk-sac free, and the residual egg yolk residual weight were determined.
Statistical analysis
The observational experiment was randomly designed in a factorial scheme (2x2x2, two
ages of female breeders, two thermal manipulations, and two controls-SS group and MS group)
in a commercial incubator. ANOVA was applied to the data. Means were compared by the Tukey
test using the probability of 95%. Data was processed using the software SAS® version 9.0. 13
81
3 RESULTS
After the first 30 min of the thermal manipulation the temperature inside the tested
incubators became homogeneous enabling the tests stimuli to start. The temperature remained
stable for the whole thermal stimulation process during the incubator program hours. Embryos
differed in the TM treatments and the age of breeders regarding the variables surface temperature
of chicks, total weight of chicks, weight of egg yolk (including the yolk sac), heart weight,
weight of the intestine tract (TGI), weight of the duodenal handle and pancreas, and weight of the
proventriculus and ventriculus (PVV) (gizzard).
Chicks mean surface temperature were higher in the group control MS (t3 and t5) and t2
and t4, and did not differ in t1 (TM1). However, surface temperature was smaller in the control
SS (Table 2) than in the other treatments.
The weight of the chick heart (p<0.0001) was higher at the control SS (single-stage
incubator, and hens 53 wks old), and smaller at the (TM1). The weight of intestine tract was
greater (p=0.0014) in the control group of SS (1.980g) than in other treatments, and the smallest
value was found in control MS (1.678± 0.055 g). For the weight of the duodenal handle and
pancreas the highest weight was found in t6 (Control SS, 0.498g), and the smallest weight was
found in t1 (TM1, 0.429± 0.004 g). In the current study, the smallest values of the intestine tract
(TGI) and the duodenal handle with the pancreas were found in t1, t2, and in the control MS. The
weight of the proventriculus and ventriculus (PVV) did not differ (p>0.05) (Table 2).
82
Table 2 – Mean values and standard error found for variables subjected to the hot thermal
manipulation
N= number of sample. Small letters in the column indicate statistical difference by Tukey test (p-value≤0.05).
PVV= proventiculus and ventriculus. BW= body weight. TGI= weight of the intestine tract.
He chicks’ total weight (p<0.0001), the weight yolk sac-free (p=0.0002), and the egg
yolk weight (p=0.0061) were different amongst the treatments. The highest values of the
variables were found in the t6 (6.168±1.70; SS control group; Table 3), while the smallest were
found in t1 (6.168±1.705; TM1). However, the fertile eggs from t1 (TM1) were from 32 wks old
breeders that usually have small eggs. In the current study, the egg yolk mass was smaller for the
group under TM than in the other groups (Table 3). The percentages of residual egg yolk were
13.19, 12.86, 11.83, and 11.73% in the following groups: control SS, Control MS, TM2 and
TM1, respectively. It was noted that the values in the treatments with TM were smaller than in
the other groups.
83
Table 3 – Mean values of the assessed variables regarding the age of the female breeders
TGI= weight of the intestine tract. PVV= proventriculus and ventriculus. Small letters in the column indicate
statistical difference by Tukey test (p-value≤0.05).
In the current research although the egg surface temperature (p=0.0051) did not differ
with respect to the breeders’ age. The weight of the chick’s heart (p<0.0001) was higher in eggs
from 53 wks old breeders than others. The yolk sac-free BW (p<0.0001), total chick weight
(p<0.0001), and total egg yolk weight (p=0.0049) were greater in the eggs from old breeders (3553 wks). The weight of PVV, TGI, and the duodenal handle and pancreas did not differ (p>0.05)
as a function of the breeders age (Table 3).
84
Results from chick quality are shown in Table 4. Good chick results from an appropriate
incubation process present the Pasgar© score nearly 9, according the technic manuals.
14, 15
Treatment control (MS of 40 wks and the control SS of 53 wks) presented score varying from
7.92 to 7.64, respectively. Treatments 1 and 2 showed score varying from 8.6 to 9.2. Physical
modifications found in discharged birds were useful to determine if the incubation process needs
changes. High incidence of blood in the chick beak, white plumage, crossed beaks, black dot in
the umbilicus, deformed and/or opened legs indicate embryo exposure to inappropriate incubator
high temperatures.
16
None of these characteristics were found in the birds under the current
research indicating that the thermal manipulation adopted was adequate for the embryo
development.
Table 4 – General hatching, hatching, fertility, and Pasgar©Score of chicks subjected to hot
thermal manipulation
SS = single-stage. MS = multi-stage. NA= is not available.
In the present study, there was an increase in the chick’s quality as a result of the hot
thermal manipulation (Table 3), indicating that a little rise in the incubation temperature in
particular instants might improve hatchability.8 The results of the embryo diagnostic and the
stillborn chicks are shown in Table 5. The values found for chicks pipped live, pipped not live or
pipped dead, were not significant to attribute any losses to the applied TM.
85
Table 5 – Values of the embryo diagnostic in trays with 150 eggs in the single-stage incubator,
and trays with 96 eggs in the multiple-stage incubator
The eggs found bad positioned in the trays might be a result of improper handling, and
also to breeder’s deficiency of A and B12 vitamin, or linoleic acid. However, the most crucial
variables that interferred in this result is the incubator’ temperature and humidity.
17, 18, 16,14,15
The
eggshell surface temperature evolution in the present study was very close to the expected (after
15 min inside the incubator) 16. The time of hatching was similar amongst the treatments (Table
6), even being variation in the age of breeders. That suggests the hot thermal manipulation of 1ºC
along the last embryonic phase did not accelerate the embryo development.
86
Table 6 – The peak of hatching of the batches under hot thermal manipulation, and the control
groups
TM1= 1ºC temperature above the set point from the 14 th to the 18th day of incubation, with 3h of duration. TM2=
1ºC temperature above the set point from the 16 th to the 18th day of incubation with 2h of duration. SS = Single
stage. H= number of the commercial hatcher used.
4 DISCUSSION
The aim of this study was to investigate the overall embryo development and chick
quality after an exposure of a hot thermal manipulation in commercial incubators. The amount of
thermal manipulation used in the current study did not present harm to the embryos. When
evaluating the eggs properties the values found agreed with previous studies. Leksrisompong et
al.16 state that residual egg yolk is usually an indication of overheating inside the incubator, and it
must be less than 10% of the chicks’ weight. When the residual egg yolk weight is higher than
the 10% of the chicks’ weight, it indicates that the chick did not have an appropriate body
development.18
Regarding the size of internal organs, Christensen et al.20 and Leksrisompong et al.16
indicate that when embryos are exposed to high incubation temperatures show smaller hearts than
other under usual incubation temperature, similar to the results from the present study. High
eggshell temperatures during incubation (38.9ºC) affect the development of the heart muscle 20, 16
provoking hypertrophy in the right ventricle leading to high broiler mortality, specially by ascites.
21
Previous studies have shown decrease in the chicks’ weight up to 5% during thermal
manipulation, corresponding to 2-3g less; however, the variation in relative weight of the
proventriculus and ventriculus and intestine decreased 13-16%, respectively, indicating that TM
might reduce the gastrointestinal tissue mass. 22,16
87
When verifying the chick quality, Hulet et al.
23
describes that inadequate incubation
temperature leads to low hatchability, mortality, low chick quality, and mainly affect the broiler
performance (weight gain, and feed conversion) during production. In the present experiment
embryo mortality was not correlated to the hot thermal manipulation applied.
The incubation ideal conditions seem to change amongst the genetic strains
According to Lourens et al.
17
and Hamidu et al.
18
18
.
embryo heat production, metabolism, and
oxygen consumption varies in accordance with the female breeders’ age <35 wks and 35-50
wks). The size of the egg also increases when breeders get older leading to a lack of uniformity.
As a consequence the incubator parameters in the machines with a single-stage need to be
adapted when incubating batches with eggs from different age hens, or yet with different eggshell
characteristics.
Concerning the eggshell temperature, Lourens et al.
3
recommend an eggshell
temperature of approximately 37.78ºC since the first day of incubation, until the transfer to the
hatchery. Other authors 14, 15 suggest an increase of temperature toward the end of the incubation
cycle which uses a technical recommendation for single-stage incubators is to reach 38.33ºC in
the last three days of incubation prior to the transfer to the hatchery (max 38.61ºC). Eggshell
temperature indicates the embryo development.
24
Considering that the commercial incubator
aggregates eggs from various sources, the challenge is to group them and reach some
uniformity.25, 26 All embryo tissues might be affected by the temperature of incubation.
27
Those
are the so-called epigenetic effects which originate the circadian incubation to stimulate specific
metabolic control and, therefore, the development of the adaptation to heat or cold stress.28, 29
Different genetic strains of poultry required different incubation temperatures to reach
the same embryonic temperature as a function of the eggshell conductance.
al.23,
30, 31
9
Oviedo-Rondón et
studied different genetic strains exposed to wrong incubation temperatures and found
bone deformities in chicks. In the present research, no bone deformity was related to the TM
used.
5 CONCLUSION
Hot thermal manipulation using 1ºC above the set point from the 14th to the 18th day of
incubation for three hours; and the same thermal manipulation from the 16th to the 18th day of
88
incubation for two hours improved hatchability and the quality of chicks from the genetic strain
Hubbard©. Residual egg yolk found in the chicks after hatching was smaller in the thermally
manipulated eggs than in the control. Embryo mortality was not correlated to the thermal
manipulation; neither this condition accelerates the embryo development. The weight of same
organs differed (p<0.05) according to the breeder age; and it was noted that intestine tract and the
duodenal handle and pancreas had smaller weight when under hot thermal manipulation in the
multiple-stage incubators, than those in the control in single-stage incubator. Therefore, it can be
inferred that hot thermal manipulation has the potential of changing the productivity indexes in
the incubation improving chicks’ performance.
Disclosure of Potential Conflicts of Interest
No potential conflicts of interest are disclosed.
Acknowledgement
To the National Council of Technological and Scientific Development - CNPq, for the
scholarship, and to Pas-Reform and the Granja Pinheiros LTDA for the commercial incubators.
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92
CAPÍTULO V
AVALIAÇÃO IMUNOLÓGICA E HISTOPATOLÓGICA DE FRANGOS DE CORTE
MACHOS DE TRÊS LINHAGENS COMERCIAIS ESTIMULADOS TERMICAMENTE
RESUMO
A incubação comercial de aves tem papel estratégico dentro da cadeia avícola, e constantes
estudos devem ser realizados a fim de garantir aves com bom desempenho a campo. Neste
contexto, a estimulação térmica durante o desenvolvimento embrionário vem sendo estudada,
pois esta pode promover adaptações epigenéticas no embrião que melhorará os resultados
zootécnicos e sanitários. O objetivo deste trabalho foi mensurar a produção de imunoglobulinas
da classe IgM, IgG e IgA no soro, o nível de corticosterona sérica e a integridade dos órgãos
através de exame histopatológico de frangos de corte machos, de um dia de idade, de três
linhagens comerciais (Cobb®, Ross® e Hubbard®) submetidos à estimulação térmica por calor e
por frio em diferentes níveis do 14º ao 18º dia de desenvolvimento embrionário. A pesquisa foi
realizada em escala comercial e apenas a linhagem Cobb® apresentou diferenças na produção de
IgM e corticosterona em relação a idade. Lesões teciduais na Bursa de Fabrícius de escore 3 e 4
foram encontradas nas três linhagens de aves estimuladas, mas essas podem ser indícios de uma
melhor resposta a campo. Contudo, mais estudos devem ser realizados para descobrir o ponto
ótimo da estimulação térmica.
Palavras-chave: Corticosterona, estresse calórico, IgM, IgG, IGA, termo manipulação.
93
EVALUATION AND IMMUNE HISTOPATHOLOGICAL THREE TAPS BROILER
COMMERCIAL LINES ACTlVATED HEAT
ABSTRACT
The commercial incubation of birds has a strategic role within the poultry chain, and constant
studies should be conducted to ensure good birds´s performing in the field. In this context,
thermal stimulation temperature during embryonic development has been studied because it can
promote epigenetic adjustments in the embryo that will improve the health and zootechnical
results. The objective of this study was to measure the production of immunoglobulins in serum,
the level of serum corticosterone and verify the integrity of the organs through histopathological
examination of male broilers chicks, one day old, from three commercial breeder lines subjected
to thermal stimulation by hot and cold at different levels from the 14th to 18th day of embryonic
development. The survey was conducted on a commercial scale and the breeder lines studied
(Cobb®, Ross® and Hubbard®) showed no statistical differences in the production of
immunoglobulins. However, it was observed that at line Cobb® f treatment 4 had a higher
production of IgM, IgG and IgA and a lower level of serum corticosterone. The corticosterone
level was significantly different and demonstrated no external stress agents, in addition to
temperature and age of the birds involved in their release. The Ross® line obtained average
differences to IgM, it was higher in young birds than in older birds, and did present significant
differences in corticosterone and showed higher average in the control group. The Hubbard® line
showed in the treatment 3, the highest average for IgM and IgG, but IgA was higher in the
control group. The corticosterone hormone behaved in the same way as it was showed at Ross®
line. Tissue injuries like BF damages caused by Gumboro vaccination were found in stimulated
birds, but these can be indications of a better response to the field. However, more studies are
needed to find the optimum point of thermal stimulation.
Keywords: IgM, IgG, IGA, corticosterone, caloric stress, term manipulation.
94
1 INTRODUÇÃO
A incubação comercial de aves corresponde atualmente a 35% da vida da ave, por isso
esta etapa tem papel fundamental e os estudos nessa área são importantes, pois contribuem para
os resultados finais do lote, tornando a atividade viável economicamente e garantindo bem estar
com tecnificação da cadeia. Nesse contexto, a estimulação térmica durante a incubação vem
sendo estudada como alternativa para obterem-se aves mais adaptáveis ao calor e eficientes no
campo (MORAES et al., 2003; YALÇIN et al., 2008; BOERJAN, 2010). Contudo, existe uma
preocupação em relação aos efeitos deletérios das estimulações térmicas, sobretudo na questão do
estresse térmico. Sabe-se que pintos que produzem maior calor corporal, devido à temperatura da
máquina de incubação, ocasionando maior liberação fisiológica de corticosterona.
Além disso, durante a primeira semana de vida das aves, antes que o sistema
imunológico esteja suficientemente pronto para produzir seus próprios linfócitos B, a imunidade
humoral depende dos anticorpos maternos que recebeu a partir da gema de ovo. Existem três
classes de imunoglobulinas identificadas nas galinhas domésticas, nas quais são homólogas as de
mamíferos (IgM, IgA e IgG). A IgY aviária corresponde a IgG e IgE de mamíferos no qual
combina funções distintas: IgY é o principal mecanismo de defesa contra a infecção sistêmica
(similar a IgG), e também atua como barreira que pode mediar reações anafiláticas (semelhantes
à IgE) (FLORES, 2013).
Sabe-se que a capacidade de transferência dessas imunoglobulinas para o
embrião/pintinho é dependente da idade da matriz, dentre outros mecanismos fisiológicos
(ULMER-FRANCO, 2012). No entanto, pouco se sabe sobre a influência da estimulação térmica
durante a embriogênese e no auxílio, ou não, dos mecanismos de transferência de
imunoglobulinas. Mudanças de temperaturas também podem desenvolver lesões e atrofia em
órgãos linfoides e outros, devido ao estresse crônico. Estudos mostram que o imprinting das
funções corporais estimula a eficiência nas granjas (BOERJAN, 2010).
Alguns autores citam a adaptabilidade ao calor em frangos de corte expostos a alterações
na temperatura de incubação (MORAES et al., 2003; YALÇIN et al., 2008), outros autores citam
a melhora no peso final (WILLEMSEN et al., 2008), e também o aumento da eclodibilidade
(TZSCHENTKE; HALLE, 2009). No entanto, existe uma carência de conhecimentos condizentes
e aplicáveis à escala comercial, bem como um acompanhamento dos índices de incubação e do
95
desempenho zootécnico com a formação do sistema imunológico da ave submetido ao estresse
térmico.
O objetivo deste teste foi mensurar a produção de imunoglobulinas no soro, o nível de
corticosterona sérica e a integridade dos órgãos de machos de um dia de idade de três linhagens
comerciais, submetidos à estimulação térmica por calor e por frio em diferentes níveis do 14º ao
18º dia de desenvolvimento embrionário.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Ovos oriundos de matrizes da linhagem Cobb®, Ross® e Hubbard®, com idade de 32 a
63 semanas, foram submetidos a variações na temperatura de incubação ao longo da última
semana de desenvolvimento embrionário (14º ao 18º dia). As estimulações térmicas foram
realizadas em incubadora SmartPro-77 de estágio único modular (Pas Reform Hatchery
Technology, Zeddam, Holanda) em um incubatório situado no Estado do Rio Grande do Sul, em
escala comercial, estando as máquinas carregadas com carga total (76.800 ovos). Avaliações
“controle” foram realizadas em máquinas de estágio único (cont. EU), sem estimulação térmica.
Os ovos foram submetidos a quatro tratamentos térmicos utilizando, como base, o programa
existente no incubatório (Tabela 1), alterando gradualmente conforme a temperatura estabelecida
para aquele dia de desenvolvimento embrionário. Assim sendo: T3: temperatura de 2,5 F (1,39ºC)
acima de cada set point do 14º ao 18º dia de desenvolvimento embrionário (D.E) com três horas
de duração; T4: com estímulo frio fixo de 96,8 F (36ºC), variando de 1,7 a 0,6 F abaixo de cada
set point do 14º ao 18º dia de D.E. com três horas de duração; T5: temperatura de 1,8 F (1ºC)
acima de cada set point do 14º ao 18º dia de D.E. com três horas de duração; e T6: temperatura de
1,8 F (1ºC) acima de cada set point do 16º ao 18º dia de D.E com duas horas de duração. Após o
nascimento, amostras de 15 aves machos de cada lote e de cada tratamento térmico foram
submetidas à eutanásia para coleta de sangue e órgãos.
96
Tabela 1 – Programas de incubação com estimulação térmica na última fase de desenvolvimento
embrionário e programas utilizados como padrão, levando em consideração ovos oriundos de
matrizes velhas e jovens (ovo grande x ovo pequeno)
T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39) (14º ao 18º D.E/3h); T5
temperatura de 1,8 F (1ºC) acima de cada set point do 14º ao 18º dia de D.E com três horas de duração; T6 =
Estímulo quente 1,8 F (16º a 18º D.E/2 h); Programa padrão do incubatório; Mudanças de temperatura estão
indicadas em negrito.
2.1 PARA CADA TRATAMENTO
O comportamento das máquinas incubadoras foi acompanhado durante todas as
estimulações pelo programa de análise de dados do SmartCenter (software da PasReform
Hatchery Technology, Zeddam, Holanda). A temperatura superficial das cascas dos ovos foi
97
coletada, antes e após as estimulações com termômetro infravermelho (ITR 4520, Braun
Termoscan®, Kronberg, Alemanha) com acurácia de ± 0,2ºC na linha equatorial do ovo. Foram
medidos sete ovos da fileira número seis das bandejas seis, 16 e 28 do carro número três dos
módulos três e dois de cada incubadora onde foram realizados os estímulos térmicos (Figura 1 e
Anexo A).
Dessa forma, todos os pontos (superior, meio e inferior) dos carros e da incubadora
foram amostrados. As bandejas de incubação foram identificadas e seguiram, com a identificação
da incubadora, para a transferência e para nascedouro, onde foram coletadas amostras aleatórias
de aves.
A
B
Figura 1 – Medição da temperatura superficial dos ovos. A: Vista das bandejas; B: Posição do
termômetro na linha equatorial do ovo
Quinze aves machos foram separadas aleatoriamente e identificadas individualmente
seguindo a sequência das caixas previamente identificadas. Logo, as aves foram sacrificadas
segundo normas de Bem Estar Animal e de acordo com a lei n° 11.794 de outubro de 2008 do
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), através de deslocamento cervical.
Coletas de sangue foram realizadas em tubo tipo Eppendorf para posterior quantificação de
imunoglobulinas e corticosterona sérica.
O baço, o timo, a Bursa de Fabrícius (BF), a alça duodenal com o pâncreas e o coração,
foram coletados em frascos universais com formol a 10% para análise histopatológica.
98
2.2 ANÁLISE DE IMUNOGLOBULINAS (IgM, IgG, IgA)
A coleta de sangue foi realizada após a eclosão dos animais através de decapitação
cervical, sendo o sangue armazenado em tubos tipo eppendorf. O sangue foi mantido em gelo até
a retração do coagulo, sendo em seguida centrifugado (3220g/15 minutos a 4ºC) para obtenção do
soro, o qual foi armazenado em freezer a -80ºC por no máximo 30 dias até o momento da
realização das dosagens das imunoglobulinas. As dosagens de IgA, IgY e IgM foram realizadas
por ELISA, utilizando kits comerciais (Bethyl Laboratories, Montgomery, TX, USA), conforme
descrito por Quinteiro-Filho et al. (2012). O kit utilizado apresenta sensibilidade (limite de
detecção) de 15,62 ng/ml, com intervalo de detecção de 15,62 a 1000 ng/ml.
2.3 ANÁLISE DE CORTICOSTERONA SÉRICA
A coleta do sangue foi realizada após eclosão dos animais (dia 1), sendo que as amostras
foram adquiridas de 15 animais/grupo. As colheitas foram feitas por decapitação cervical, e o
sangue colhido foi armazenado em tubos do tipo eppendorfs de polietileno, sendo mantido em
gelo até a retração do coágulo, e submetido à centrifugação refrigerada (3220g/15 minutos em
temperatura de 4ºC) para obtenção do soro, que foi armazenado em freezer a -80ºC até o
momento da realização das dosagens do glicocorticoide.
A dosagem de corticosterona foi realizada pela técnica de ELISA (Enzyme-Linked
Immunosorbent Assay), utilizando-se kits comerciais DetecteX® Corticosterone (EIA kit, Arbor
Assays®, Michigan, USA), conforme descrito por Quinteiro-Filho et al. (2010). O kit utilizado
apresenta sensibilidade (limite de detecção) de 16.9 pg/mL, com intervalo de detecção de 16.9 10,000 pg/mL.
2.4 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA
Os órgãos coletados foram fixados em 10% de formalina tamponada e cortados
transversalmente na região mediana. A fatia obtida de cada órgão foi desidratada, clarificada e
incorporado em parafina. Os cortes foram realizados e corados com hematoxilina e eosina, e a
intensidade das lesões foi avaliada. Para a interpretação dos resultados da BF utilizou-se o
99
seguinte critério de escore histológico: Escore 1: 0 a 25%; Escore 2: 26 a 50%; Escore 3: 51 a
80%; Escore 4: >81% de depleção linfoide. Além da análise de outras alterações características
de quadros agudos (edema, infiltração interfolicular de células inflamatórias, folículos císticos,
hiperemia) e crônicos (fibroplasia, dentre outros).
2.5 COMITÊ DE ÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Bem Estar Animal da
Universidade Estadual de Campinas – SP (UNICAMP), sob protocolo número 3503-1.
2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O delineamento foi aleatório e observacional em esquema fatorial (3x4x1 – três
linhagens x quatro tratamentos térmicos e um controle) em escala de produção comercial. Os
resultados das dosagens de imunoglobulinas e de corticosterona foram submetidos à análise de
variância pelo PROC GLM e, posteriormente, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey
com grau de confiança de 95%, utilizando o SAS® versão 9.0 (2010).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 IMUNOGLOBULINAS E CORTICOSTERONA SÉRICA
Observou-se que não houve diferença (p>0,05) de IgM, IgG e IgA para a linhagem
Cobb® nos tratamentos T6 (estímulo quente reduzido – 1ºC), T3 (estímulo quente – 1,39ºC), T4
(estímulo frio – 36ºC –fixos) e controle (sem estimulação térmica – estágio único). Entretanto, as
médias dessas imunoglobulinas foram mais altas nos soros das aves submetidas ao tratamento T4
(estímulo frio – 36ºC – fixos). O tratamento 3 (estímulo quente – 1,39ºC) apresentou média mais
baixa para IgM, o tratamento 6 (estímulo quente reduzido – 1ºC) para IgG e o controle (sem
estimulação térmica – estágio único) para IgA (Tabela 2). A quantificação de corticosterona
sérica obteve diferenças (p<0,05) entre os tratamentos. O tratamento 3 (estímulo quente –
1,39ºC), revelou maior liberação de corticosterona sérica, o T6 (estímulo quente reduzido – 1ºC)
e o controle (sem estimulação térmica – estágio único) apresentaram médias semelhantes e não
100
diferentes de T3; o T4 (estímulo frio – 36ºC –fixos) obteve menor liberação de corticosterona
(Tabela 2).
Avaliou-se a linhagem Cobb® separando as aves por faixa de idade das matrizes, ou
seja, foram analisadas aves no pré-pico de produção com 33, 34, 35, 36 semanas, e aves no póspico de produção (48, 53 semanas), e não foram encontradas diferenças (p>0,05) na produção de
imunoglobulinas. A liberação de IgM foi mais alta com 36 semanas e mais baixa com 53
semanas, para as demais idades não houve diferença na produção desta imunoglobulina (Tabela
2). Houve diferenças (p<0,05) de corticosterona sérica conforme a idade da matriz, contudo, não
respeitando um padrão etário (Tabela 2), o que sugere que outros fatores agindo nesta variável
(corticosterona). Ao se comparar a idade das matrizes com o respectivo tratamento, percebe-se
que a temperatura de estimulação não foi o único fator a causar aumento dos níveis séricos de
corticosterona.
Tabela 2 – Produção de imunoglobulinas e liberação de corticosterona sérica em machos de um
dia de idade da linhagem Cobb® em relação com tratamentos térmicos e a idade da matriz
T3 = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T6 = Estímulo quente 1,8 F (1ºC) (16º a 18º D.E/2 h);
T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); Controle = Estágio único. Tratamentos com letras
diferentes possuem significância (p<0,05) pelo teste de Tukey; N= Número de amostras.
101
Observou-se nos resultados da linhagem Ross® que não houve diferença (p>0,05) para
IgM, IgG, IgA nos tratamentos T3 (estímulo quente – 1,39ºC), T4 (estímulo frio – 36ºC fixos) e
controle (sem estimulação – estágio único). Entretanto, as médias de IgM, IgG, foram mais altas
nos soros das aves submetidas ao tratamento T3 (estímulo quente – 1,39ºC). E a média de IgA foi
mais alta no grupo controle (sem estimulação – estágio único) (Tabela 3). Os níveis de
corticosterona sérica não apresentaram diferenças (p>0.05) entre os tratamentos, entretanto, o
tratamento controle (sem estimulação – estágio único) apresentou maior liberação de
corticosterona sérica, seguidos de T3 (estímulo quente – 1,39ºC), e T4 (estímulo frio – 36ºC
fixos) (Tabela 3).
Tabela 3 – Valores médios para a produção de imunoglobulinas e liberação de corticosterona em
machos de um dia de idade da linhagem Ross® oriundos de matrizes com 61, 62 e 63 semanas de
idade, em relação com tratamentos térmicos
T3 = Estímulo quente 2,5 F (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); Controle
= Estágio único. Tratamentos com letras diferentes possuem significância (p<0,05) pelo teste de Tukey; N= Número
de amostras.
A linhagem Hubbard® não apresentou diferenças (p>0,05) na quantificação de IgM,
IgG, IgA nos tratamentos T5 (estímulo quente – 1ºC), T6 (estímulo quente reduzido –1ºC) e
controle (sem estimulação – estágio múltiplo). Entretanto, as médias de IgM, IgG e IgA foram
mais altas nos soros das aves submetidas ao tratamento T5 (estímulo quente – 1ºC), (Tabela 4). A
quantificação de corticosterona sérica não obteve diferenças (p>0,05) entre os tratamentos,
entretanto, o tratamento 6 (estímulo quente reduzido –1ºC) obteve maior liberação de
corticosterona sérica, seguido do controle (sem estimulação – estágio múltiplo), e do T5 que
obteve menor liberação de corticosterona (Tabela 4).
102
Idade da Matriz
(semana)
Tratamento
Tabela 4 – Valores médios produção de imunoglobulinas em machos de um dia de idade da
linhagem Hubbard® em relação com tratamentos térmicos
N
IgM(ng/mL)
IgG(ng/mL)
IgA(ng/mL)
N
Corticosterona (ng/mL)
T5
4
1333,9a±355,23
1576233a±223280,50
12239a±2835,67
10
52206a±218958,22
Controle EM
7
1147,4a±268,53
1341136a±168784,19
4740a±2143,57
15
235309a±178778,64
T6
8
909,3a±251,19
1396923a±157883,17
5049a±2005,12
16
245327a±173101,67
32
4
1333.9a±356,80
1576233a±228233,60
12239a±2918,60
10
52206a±217344,86
33
7
887.5a±269,72
1252213a±172528,38
4366a±2206,25
12
46785a±198407,81
39
4
908.2a±356,80
1412797a±228233,60
4496a±2918,60
9
381689a±229101,60
40
4
1365.2a±356,80
1416225a±228233,60
5447a±2918,60
10
345825a±217344,86
T5 temperatura de 1,8 F (1ºC) acima de cada set point do 14º ao 18º dia de D.E com três horas de duração; e T6:
temperatura de 1,8 F (1ºC) acima de cada set point do 16º ao 18º dia de D.E com duas horas de duração; Controle –
estágio múltiplo; Tratamentos com letras diferentes possuem significância (p<0,05) pelo teste de Tukey; N= Número
de amostras.
Avaliou-se a linhagem Hubbard® separando as aves por faixa de idade das matrizes, ou
seja, foram analisadas aves com 32, 33, 39 a 40 semanas, e não foi encontrado diferenças
(p>0,05) na produção de imunoglobulinas (IgM, IgG, IgA.) Para IgM, IgG houve variação entre
as idades, não seguindo padrão etário e para IgA o padrão etário parece existir, mas não houve
diferença (p>0,05) (Tabela 4). Na análise de corticosterona sérica não se encontraram diferenças
(p>0,05) apenas variação na quantidade de hormônio liberado conforme a idade, com médias
mais altas nas 39 e 40 semanas.
A exposição a altas temperaturas ambientes modifica vários componentes da função
imune como, por exemplo, número de células T e Natural Killer, secreção de citocinas,
proliferação de linfócitos e concentração de imunoglobulinas (QUINTEIRO-FILHO et al., 2010,
2012). Entretanto, como se pode perceber na dosagem de imunoglobulinas, estas não tiveram
aumentos significativos para as aves estimuladas termicamente. A variação nas dosagens de
algumas imunoglobulinas pode estar envolvida com outros fatores intrínsecos, ou extrínsecos, ao
processo de incubação, bem como características maternas.
O nível de corticosterona plasmático não se diferenciou (p>0,05) em relação ao
tratamento térmico aplicado e à faixa etária, para as linhagens Hubbard® e Ross®. Já para a
linhagem Cobb® este hormônio apresentou diferenças (p<0,05) em relação ao tratamento térmico
e à idade, conforme apresentado na Tabela 2. O tratamento T3 (estímulo quente – 1,39ºC), com
103
33 semanas, apresentou maior liberação deste hormônio. Esse dado sugere que aves jovens da
linhagem Cobb® podem ter tendência ao aumento de corticosterona sérica, além da liberação
deste hormônio causada pelo estresse térmico devido ao tratamento. A liberação de corticosterona
ocorreu conforme a idade da matriz e, consequentemente, com o tratamento, porém, não
respeitando um padrão (Tabela 2), o que sugere que existem fatores estressantes agindo nos
níveis de corticosterona. Ao se comparar a idade das matrizes com o respectivo tratamento,
percebe-se que a temperatura de estimulação não foi o único fator a causar aumento de liberação
de corticosterona, a idade da matriz, também, foi um fator limitante.
Tona et al. (2004), ao comparar três linhagens de frango de corte durante o processo de
incubação e avaliar o peso do pintinho no primeiro dia, a qualidade e o crescimento até os 41
dias, mostra que existem diferenças no peso dos ovos, na perda de peso do ovo, nos níveis de
corticosterona, em alguns momentos na relação triiodotironina/tiroxina (T3/T4) no plasma e na
produção de calor nos embriões. Eles ainda sugerem que a taxa metabólica do embrião pode
servir como um indicador do desempenho pós-eclosão dos frangos, ou seja, o potencial de
crescimento pós-nascimento. Estes resultados têm concordância com outros trabalhos publicados
por este grupo (TONA et al., 2003), que os embriões com níveis mais elevados de indicadores
fisiológicos têm melhor desenvolvimento do pintinho posteriormente.
Outros estudos demonstram diferenças na produção de calor entre linhas de poedeiras e
de frangos de corte (NANGSUAY et al., 2011), assim como entre linhagens e raças de frango de
corte (TONA et al., 2010). Segundo Lourens et al. (2007), diferenças na temperatura do embrião
resultam em diferenças na produção de calor pelo embrião, pois seu metabolismo é alterado. Isto
significa que a incubação de ovos a uma mesma temperatura do ar, mas de ovos que apresentam
produção de calor diferente, resulta em diferenças na temperatura do embrião e, portanto,
diferenças no metabolismo fazendo com que seja difícil quantificar a produção de calor.
É consenso que o estresse está relacionado com aumento dos níveis plasmáticos ou
séricos de corticosterona (VOSLAROVA et al., 2011), por isso este hormônio é importante para
avaliação do possível estresse térmico sofrido durante o desenvolvimento dos animais. Além do
mais, este hormônio também é considerado fator endógeno crítico no metabolismo geral do
embrião e no comportamento do mesmo, podendo influenciar todo o processo de incubação
(TONG et al., 2013). Segundo Quinteiro-Filho et al. (2010) e Tong et al. (2013), a concentração
104
elevada de corticosterona reduz a velocidade de absorção do saco vitelínico e também diminui o
peso da Bursa de Fabrícius, do timo e do baço, predispondo a uma baixa imunidade.
Rodricks et al. (2006) relatam que glicocorticóides são muito importantes para o
metabolismo energético, e regulam muitos receptores dos neurotransmissores tornando-se
essenciais para o processo de desenvolvimento da ave. Em seus estudos, o aumento agudo de
corticosterona no plasma, em determinadas idades de desenvolvimento, prejudica a memória no
nascimento dos pintinhos. Um fator estressor, como hipóxia, ativa o eixo hipotálamo-hipófiseadrenal (HPA), que induz a libertação de corticosterona que, em níveis elevados, atua com as
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) elevando níveis de glicose, frequência cardíaca e
pressão arterial.
3.2 LESÕES TECIDUAIS – EXAME HISTOPATOLÓGICO
Lesões teciduais encontradas nas linhagens Cobb®, submetidas aos tratamentos 6
(estímulo quente reduzido – 1ºC) e 3 (estímulo quente – 1,39ºC), e Ross®, submetidos ao
tratamento 3 (estímulo quente – 1,39ºC), foram: Bursa de Fabrícius com depleção e necrose
linfoide de 51-80% (escore 3) (Figura 2), infiltrado inflamatório interfolicular, edema e
hiperemia. Nas amostras de timo, coração e baço foi encontrada congestão.
Nas aves da linhagem Ross®, estimulados por frio (tratamento 4 - temperaturas a baixo
do padrão recomendado – 36ºC fixos), encontrou-se, nas amostras de BF, depleção e necrose
linfoide de 51-80% (escore 3), infiltrado inflamatório interfolicular, edema e hiperemia. As
amostras de timo, coração e baço apresentaram congestão moderada a severa.
Para a linhagem Cobb®, no tratamento 4 (temperaturas a baixo do padrão recomendado
– 36ºC fixos), o exame histopatológico das amostras de BF revelou depleção e necrose linfoide
>81% (escore 4), infiltrado inflamatório interfolicular, edema e hiperemia. As amostras de timo,
coração e baço apresentaram congestão moderada a severa. Já para as aves do grupo controle
(sem estimulação - estágio único) destas mesmas linhagens, não foram verificadas alterações
dignas de nota nas amostras enviadas. Observa-se que as duas linhagens comerciais submetidas à
estimulação térmica, na faixa etária de pré e pós pico de produção, apresentaram o mesmo padrão
de lesões teciduais.
105
As amostras da linhagem Hubbard® quando submetidos ao tratamento com calor
moderado (T5 – estímulo quente moderado – 1ºC do 14º ao 18º D.E por três horas) apresentaram
depleção e necrose linfoide >81% (escore 4) na BF, infiltrado inflamatório interfolicular, edema e
hiperemia; timo, coração, pâncreas, intestino, traqueia e baço apresentaram congestão.
As aves do tratamento 6, com a mesma temperatura, porém com menor tempo de
exposição (16º e 18º dia de D. E) por duas horas apenas, revelou depleção e necrose linfoide de
51-80% (escore 3) na BF, infiltrado inflamatório interfolicular, edema e hiperemia. As amostras
de timo, coração, pâncreas, intestino, traqueia e baço apresentaram congestão.
Para esta linhagem foi possível avaliar amostras dos grupos controles, tanto de estágio
único como de estágio múltiplo. O grupo controle EM (sem estimulação – estágio múltiplo) com
39 semanas apresentou nas amostras de BF, timo, coração, pâncreas, intestino, traqueia e baço
leve congestão. E o grupo controle EM (sem estimulação – estágio múltiplo) com 33 semanas
obteve na BF, no timo, no coração, no pâncreas, no intestino, na traqueia e no baço congestão
moderada difusa. Sabe-se que a nível comercial se observa grande variabilidade de temperatura
em diferentes regiões das máquinas (FRENCH, 1997, 2002), sobretudo em máquinas de estágio
múltiplo, já que se trabalha com grande número de ovos de origens diversas e, muitas vezes, é
difícil agrupá-los em uma mesma categoria. Nos incubatórios, o desafio é proporcionar uma
temperatura homogênea para todos os embriões dentro de uma máquina, especialmente no início
e final da incubação, devido ao próprio metabolismo do embrião e à necessidade de
desenvolvimento. Contudo, existem tecnologias que permitem melhor controle e monitoramento
desses parâmetros, como por exemplo, as máquinas de estágio único. Observou-se neste estudo
que as aves do grupo controle EU (sem estimulação – estágio único) com 53 semanas, não
apresentaram nenhuma lesão nas amostras enviadas, sugerindo um desenvolvimento em uma
temperatura mais homogênea (Figura 2).
106
B
A
Figura 2 – A: Bursa de Fabrícius sem alteração – Escore 1 em aumento de 10 vezes; B: Bursa de
Fabrícius com 51-80% depleção linfoide - Escore 3 em aumento 5 vezes. Seta preta indicando
presença de hiperemia
A partir da análise das lesões encontradas pelo exame histológico, observou-se que as
aves machos de um dia apresentaram escore de lesão 3 e 4 na BF, quando estimuladas
termicamente por calor e por frio, independente da intensidade e da duração do estímulo. Essas
lesões possuem as mesmas características das lesões causadas pelo vírus que desencadeia a
doença de Gumboro (MURMU et al.,2014) tanto com as lesões induzidas pela vacinação com
algumas cepas, quanto pelo vírus de campo. É importante salientar que a coleta dos órgãos das
aves desta pesquisa aconteceu logo após o nascimento, portanto, elas não foram vacinadas para
esta enfermidade. Uma hipótese a ser avaliada é resquícios de imunidade maternal, já que as
matrizes foram vacinadas.
A imunossupressão está diretamente relacionada com o nível de integridade histológica
da Bursa de Fabrícius. Muitos trabalhos estudam as lesões teciduais de algumas vacinas indicadas
para VDIB que tem capacidade de induzir lesões bursais iguais ou superiores aos vírus de campo
(MICHELL, 2009). Algumas cepas induzem a lesão, porém, ocorre uma restauração dessas
lesões em pouco tempo e as aves apresentam-se protegidas contra o vírus, outras mostram uma
recuperação parcial, sugerindo que o tempo necessário para a repopulação folicular pode ser o
suficiente para tornar o animal suscetível a diversas patologias (MORAES et al., 2004), assim
como o vírus de campo.
Estudos complementares devem ser realizados nas aves submetidas a variações de
temperatura, ao longo do desenvolvimento embrionário, para verificar se existe recuperação
dessas lesões ou não, bem como se estas lesões foram decorrentes da estimulação. Um
107
acompanhamento zootécnico e sanitário dos lotes deve ser realizado a fim de avaliar se essas
lesões são comprometedoras ou se elas podem, posteriormente, devida prévia estimulação do
sistema imune, promover uma melhor adaptação das aves sob condições estressantes a campo.
Segundo Gilberts e Epel (2009), pequenas variações de tempo no ambiente do
desenvolvimento embrionário induzem variações na expressão gênica, apresentando fenótipos
diferentes a agentes indutores ambientais. A interação embrião-ambiente é explicada pelo termo
“adaptação epigenética” que tem como fator desencadeador mais estudado, a exposição do
embrião a períodos leves de baixa ou alta temperatura. Os períodos que o embrião está
predisposto à adaptação térmica são durante a fase inicial de desenvolvimento, quando a
diferenciação de diferentes estruturas é induzida e, novamente, na fase mais tardia do
desenvolvimento, quando os órgãos e os sistemas fisiológicos amadurecem. Período este em que
foram realizados os estudos desta pesquisa (14º ao 18º dia do desenvolvimento embrionário).
Outros trabalhos publicados por Tzchentke (2007) e Tzchentke e Halle (2009) reforçam
que adaptações em longo prazo ocorrem quando a manipulação térmica periódica é aplicada
durante a última fase de maturação, quando o circuito integrado para o sistema termo regulatório
está bem desenvolvido e, portanto, mais responsivos ao “treinamento”.
A temperatura da casca dos ovos incubados em todos os tratamentos está apresentada na
Figura 3. Os gráficos (A e B) mostram que a temperatura da casca dos ovos foi alterada durante
os estímulos, mas que retornou ao normal em pouco tempo, não ultrapassado o limite máximo e
mínimo indicado para os embriões nesta fase. Houve mudanças, mas estas ainda foram
suportáveis pelos embriões.
Para alguns autores, como Lourens et al. (2005), a meta de temperatura de casca para
embriões de galinha deve ser, aproximadamente, 37,78ºC/100 F desde o primeiro dia de
incubação até a transferência. Para outros, se busca um aumento de temperatura embrionária no
final do ciclo. A recomendação técnica para as incubações de estágio único é buscar uma
temperatura de 38,33ºC/101 F nos últimos três dias de incubação antes da transferência (máximo
38,61ºC/101,5 F) (PAS REFORM, 2010ab).
108
Figura 3 – Representação gráfica das temperaturas das cascas dos ovos monitoradas antes e póstratamento térmico; A: Tratamento 3 (1,39ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h); B: Tratamento 5 (1ºC
do 14º ao 18º dia de D.E/3h) incubados na incubadora de número 08 e 11 respectivamente
A partir de investigação científica, torna-se claro que um chamado condicionamento
térmico do embrião, durante fases específicas, induz adaptações em longo prazo de tal forma que
o desempenho pós-eclosão é influenciado positivamente (MORAES et al., 2003; MALTBY et al.,
2004; YALÇIN et al., 2008; PIESTUN et al., 2008, 2013; SHINDER at al., 2009). Entretanto, o
condicionamento térmico só é benéfico quando é aplicado de forma clara e controlada, no
momento ideal e pelo tempo necessário (TZSCHENTKE, 2007). Ainda não se sabe qual é o
melhor período e por quanto tempo esta estimulação deve ser aplicada. Dependendo de como é
feita a incubação dos ovos, os frangos podem responder de forma positiva, ou negativa, em
109
relação à variação de temperatura durante a criação nos galpões (LEKSRISOMPONG et al.,
2009). Por isso, o acompanhamento desses lotes estimulados termicamente deve ser feito até o
fim de sua vida produtiva.
4 CONCLUSÕES
A linhagem Cobb® não apresentou diferenças para as imunoglobulinas no quesito
tratamento, contudo a IgM variou conforme a idade da matriz. A produção de corticosterona
sérica também foi diferente para o tratamento e para a idade, tendo maior liberação para o
tratamento por calor (T3 – 1,39ºC) e com 33 semanas de idade das matrizes.
Não houve diferenças na produção de imunoglobulinas e na liberação de corticosterona
pelas linhagens Ross® e Hubbard® em função da idade e do tratamento.
Lesões teciduais na BF de escore 3 e 4 foram encontrados em todas as linhagens nos
grupos estimulados termicamente, mas essas podem ser indícios de uma melhor resposta
imunológica a campo. Contudo, mais estudos devem ser realizados para descobrir o ponto ótimo
da estimulação térmica.
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113
114
CAPÍTULO VI
DADOS DE PRODUTIVIDADE DO INCUBATÓRIO ATÉ 42 DIAS DE UM LOTE DE
FRANGOS DA LINHAGEM ROSS® SUBMETIDOS A TERMOESTIMULAÇÕES
RESUMO
A incubação é um processo dinâmico que requer um delicado equilíbrio, entre vários fatores, para
o melhor desenvolvimento embrionário e qualidade do pintinho. Esse processo pode afetar a
viabilidade, a imunidade, a produtividade e o comportamento das aves. Para tanto, o objetivo
desta pesquisa foi analisar o comportamento de um lote de ovos férteis oriundos de matrizes da
linhagem Ross® com 33 a 43 semanas, submetido a estimulações térmicas por calor e por frio,
frente aos índices de produtividade do incubatório, qualidade e integridade do pintinho, bem
como o seu desempenho até o abate. Esse lote de matrizes foi avaliado ao longo de 10 semanas.
As estimulações térmicas foram aplicadas durante a última semana de desenvolvimento
embrionário (14º ao 18º dia) e foram realizadas em incubadora SmartPro-77 de estágio único
modular, em um incubatório comercial. No presente estudo não foi observado diferença (p>0,05)
no peso do pintinho submetido à estimulação térmica, porém, observaram-se médias mais altas
para T3B e T5B o que pode estar relacionado com a idade da matriz. Não foram encontradas
diferenças no peso do coração e, histologicamente, este órgão apresentou apenas congestão. Os
pesos dos demais órgãos também não apresentaram diferenças (p>0,05) em relação ao tratamento
térmico utilizado. A alça duodenal mais o pâncreas e o PVV obtiveram diferenças significativas
em relação ao posicionamento da bandeja dentro da incubadora, tendo o maior peso nas bandejas
superiores. Não houve aumento da mortalidade embrionária e a eclosão foi ligeiramente superior
em alguns tratamentos. A qualidade do pintinho foi superior em todos os tratamentos térmicos. O
nascimento das aves incubadas nos tratamentos por calor foi mais curto que os controles, mas o
tratamento por frio não atrasou o mesmo. A conversão alimentar, o IEP, a viabilidade e o valor
bruto recebido por ave não tiveram diferenças (p>0,05), entretanto, em todos os alojamentos de
T5 (A e B) teve tendência a maiores médias.
Palavras-chave: Desempenho zootécnico, estimulação térmica, eclodibilidade, lesões teciduais,
peso do pintinho.
115
HATCHERY PRODUCTIVITY DATA UP TO 42 DAYS A LOT OF CHICKENS ROSS®
LINEAGE UNDERWENT TERM ESTIMULATIONS
ABSTRACT
Incubation is a dynamic process that requires a delicate balance between several factors to get
better embryo development and chick quality. This process may affect the viability, immunity,
productivity and behavior of birds. Therefore, the objective of this research was to analyze the
answer of a lot of fertile eggs from Ross® line bredders with age from 33 to 43 weeks ,
subjected to thermal stimulation by hot and cold, compared to hatchery productivity indices,
chick quality and Chick integrity and their performance until slaughter plant. This breeder flock
was evaluated over 10 weeks. The thermal stimulations were applied during the last week of
embryonic development (14th to 18th day) and were conducted to a single stage modular setter
SmartPro-77, in a commercial broiler hatchery. In this study there was no significant difference
in the chick weight subjected to thermal stimulation, however, there were higher averages at T5B
and T3B, which can be related to the age of the breeder flock. There were no differences in heart
weight and this organ showed histologically only congestion. The weights of the other organs
also showed no significant differences with the hot treatment used. The duodenal loop over the
pancreas and the PVV showed significant differences in relation to the place of the tray inside the
setter, with bigger weight in the upper trays. There was no embryo mortality increasing and the
total hatchability was slightly higher in some treatments. Chick quality was superior in all hot
treatments. The chick hatch from eggs incubated with hot treatment was shorter than its controls,
but the cold treatment did not delay chick hatch. Feed conversion, EPO, viability and total value
received per bird did not differ significantly, however, in all broiler flocks from T5 (A and B)
tended to present a higher average.
Keywords: Chick weight, growth performance, hatchability, thermal stimulation, tissue damage.
116
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos houve muitas mudanças no setor avícola e com elas se começou a dar
mais atenção a temas como a ambiência. Neste contexto, o ambiente térmico composto pelas
variáveis ambientais temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do vento (PEREIRA
et al., 2008; VALE et al., 2008), e o ambiente aéreo, gases e poluentes (NÄÄS et al., 2007)
tornaram-se fundamentais nesse processo. No entanto, ênfase está sendo dada a manejos de
temperatura, visando maior adaptabilidade das aves ao longo da vida produtiva.
Dentre os principais fatores que afetam a eclodibilidade na incubação, o tamanho do ovo
incubado, temperatura da casca durante a incubação, idade da matriz, linha genética, temperatura
e umidade dentro e fora da máquina de incubação e trocas de gases durante o processo, são os
mais significativos (YALÇIN et al., 2008; YASSIN et al., 2008). Segundo Lourens et al. (2005),
ovos de diferentes lotes requerem diferentes condições ambientais para desenvolvimento do
embrião, eclodibilidade e desempenho pós-eclosão. Entretanto, o principal fator que afeta a
incubação de ovos e requer mais investigações quanto sua importância na melhoria da produção
de frangos de corte é a manipulação térmica durante o desenvolvimento embrionário. Estudos
mostram que o imprinting das funções corporais estimula a eficiência nas granjas. Alguns autores
citam a adaptabilidade ao calor em frangos de corte expostos a alterações na temperatura de
incubação (MORAES et al., 2003; YALÇIN et al., 2008), enquanto que outros, como Lourens et
al. (2005) e Sengor et al. (2008), não encontraram efeito no desempenho zootécnico, e são poucos
estudos que demonstram as consequências do estresse térmico por frio no decorrer da vida da
ave.
Collin et al. (2007) relataram que termo manipulações, durante o início da vida do
pintinho quando os mecanismos de regulação e feedback ainda são imaturos, provoca alterações
no limiar de respostas termorreguladoras, além de enfatizar que expor embriões a temperaturas
altas e baixas durante a embriogênese melhora a sua capacidade de se adaptar a ambientes
quentes e frios na fase pós-nascimento.
Para tanto, o objetivo desta pesquisa foi analisar o comportamento de um lote de ovos
férteis oriundos de matrizes da linhagem Ross® com 33 a 43 semanas, submetido a estimulações
térmicas por calor e por frio frente aos índices de produtividade do incubatório, qualidade e
integridade do pintinho, bem como o seu desempenho até o abate.
117
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Ao longo de 10 semanas, ovos de matrizes da linhagem Ross®, entre 33 a 43 semanas
de idade, foram submetidos à termoestimulações combinando frequência, intensidade, e período
do desenvolvimento embrionário. Entre os tratamentos térmicos aplicados, uma incubação
controle (sem estimulação térmica) era realizada de forma intercalada. As estimulações foram
aplicadas durante a última semana de desenvolvimento embrionário (14º ao 18º dia) e foram
realizadas em incubadora SmartPro-77 de estágio único modular (PasReform Hatchery
Technology, Zeddam, Holanda) em um incubatório comercial situado no Estado do Rio Grande
do Sul. Todas as incubações foram realizadas com carga total (76.800 ovos) na máquina. Os ovos
foram submetidos a quatro tratamentos térmicos utilizando como base o programa existente no
incubatório (Tabela 1), alterando gradualmente conforme a temperatura estabelecida para aquele
dia de desenvolvimento embrionário. Assim sendo: T3A e T3B: temperatura de 2,5 F (1,39ºC)
acima de cada set point do 14º ao 18º dia de desenvolvimento embrionário (D.E) com três horas
de duração, partindo de 97,8 F/36,55ºC no 14º dia; T4: com estímulo frio fixo de 96,8F (36ºC),
variando de 1,7 a 0,6 F abaixo de cada set point do 14º ao 18º dia de D.E. com três horas de
duração; T5A e T5B: temperatura de 1,8 F (1ºC) acima de cada set point do 14º ao 18º dia de D.E
com três horas de duração; e T6: temperatura de 1,8 F (1ºC) acima de cada set point do 16º ao 18º
dia de D.E com duas horas de duração. Os testes T3 e T5 foram repetidos (T3A e T3B e T5A e
T5B) a fim de confirmar dados coletados no incubatório e na granja/alojamento.
118
Tabela 1 – Programas de incubação com estimulação térmica na última fase de desenvolvimento
embrionário, e programas utilizados como padrão levando em consideração ovos oriundos de
matrizes velhas e jovens (ovo grande x ovo pequeno)
T4= Estímulo frio fixo 96,8F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T3 = Estímulo quente 2,5F (1,39º) (14º ao 18º D.E/3h);
T5= temperatura de 1,8F (1ºC) (14º ao 18º dia de D.E/3h) T6 = Estímulo quente 1,8 F (1ºC) (16º a 18º D.E/2 h);
programa padrão do incubatório; Mudanças de temperatura estão descritas em negrito.
119
2.1 PARA CADA TRATAMENTO
O comportamento das máquinas incubadoras foi acompanhado, durante todas as
estimulações, pelo programa de análise de dados do SmartCenter (software PasReform Hatchery
Technology, Zeddam, Holanda). A temperatura superficial das cascas dos ovos foi coletada antes
e após as estimulações, com termômetro infravermelho (ITR 4520, Braun Termoscan®,
Kronberg, Alemanha) na linha equatorial do ovo. Foram medidos sete ovos da fileira número seis
das bandejas seis, 16 e 28 do carro número três dos módulos dois e três de cada incubadora onde
foram realizados os estímulos térmicos conforme figuras demonstrativas do Anexo A.
Dessa forma, todos os pontos (superior, meio e inferior) dos carros e da incubadora
foram amostrados. As bandejas de incubação foram identificadas e seguiram, com a identificação
da incubadora para a transferência e para o nascedouro, onde foram coletadas amostras aleatórias
de aves.
Quinze aves machos foram separadas aleatoriamente e identificadas seguindo a
sequência das caixas previamente demarcadas, momento em que foi realizada a coleta da
temperatura superficial de cada ave e a pesagem do pintinho. Logo as aves foram sacrificadas,
segundo normas de Bem Estar Animal e da lei n° 11.794 de outubro de 2008 do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), através de deslocamento cervical e procedeu-se
a pesagem dos órgãos. O baço, o timo, a Bursa de Fabrícius (BF) a alça duodenal com o pâncreas
e o coração foram coletados em frascos universais com formol a 10%, para análise
histopatológica.
Cada ave foi pesada individualmente com balança do modelo WeighMax® W-3805100G, China com precisão de ± 0,01g para as seguintes variáveis: Peso total do pintinho, peso da
gema (saco vitelínico), peso do coração, peso do trato gastrointestinal (TGI), peso da alça
duodenal com o pâncreas, peso do pró-ventrículo e ventrículo. Subtraindo-se as variáveis, peso
total do pintinho e peso de gema, obteve-se o peso livre de gema e o peso residual da gema.
Outras 25 aves, escolhidas aleatoriamente das caixas identificadas, foram submetidas à
metodologia do Pasgar©Score (BOERJAN, 2002; DECUYPERE; BRUGGEMAN, 2007; VAN
DE VEN, 2011) verificando-se cinco pontos: vitalidade (reflexo), umbigo, pernas, bico e
abdômen. Foi analisada uma amostra aleatória de 25 pintinhos por lote em que os mesmos foram
120
pontuados de acordo com os parâmetros mencionados anteriormente, subtraindo-se um ponto a
cada item com má qualidade. A pontuação individual inicial de cada pintinho é 10.
Em seis caixas de cada tratamento foi realizado o embriodiagnóstico nos ovos não
eclodidos (Tabela 2) para avaliação e quantificação das perdas, segundo metodologia de Tona et
al. (2004), respeitando-se o posicionamento das bandejas no carro e na incubadora (parte
superior, média e inferior). Cada bandeja tem capacidade para 150 ovos.
Também foi avaliada, ao final da incubação, a eclodibilidade de ovos férteis (total de
pintos nascidos/total de ovos férteis x 100 = %); a eclosão total (número de pintos/número de
ovos incubados x 100 =%) e a fertilidade (total de ovos férteis/total de ovos incubados x 100
=%).
Tabela 2 – Número de aves utilizadas nas amostragens do incubatório com respectivo estímulo
térmico e idade de produção das matrizes
T3 = Estímulo quente 2,5F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio fixo 96,8F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h);
T5= temperatura de 1,8 F (1ºC) (14º ao 18º dia de D.E /3 h); T6 = Estímulo quente 1,8F (16º a 18º D.E/2 h);
Controle estágio único – sem estimulação: programa padrão do incubatório; T3 B e T5 B: repetições do estímulo em
questão.
121
2.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ZOOTÉCNICO
Para o alojamento das aves foram escolhidos onze integrados, todos com aviários
convencionais. A escolha ocorreu devido à similaridade de manejo, localização, tipo de
instalação e de equipamentos. Além do tipo de ave alojada, deu-se preferência para galpões com
lotes de machos. Contudo, devido às variações na programação de alojamento, nem sempre isso
foi viável. Em um integrado foi alojado duas vezes. As aves receberam a mesma alimentação
(Anexo B) e acompanhamento técnico e foram acompanhadas até o abate (42 dias), para a
maioria dos lotes, e um lote foi abatido aos 22 dias. Foram avaliados para este estudo os valores
de calo de pé, condenações pelo sistema de inspeção federal (SIF), viabilidade, conversão
alimentar (C.A), ganho médio diário, índice de eficiência produtiva, peso médio e valor bruto
recebido por ave.
2.3 COMITÊ DE ÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Bem Estar Animal da
Universidade Estadual de Campinas – SP (UNICAMP), sob protocolo número 3503-1.
2.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O delineamento deste estudo foi de forma aleatória e observacional em esquema fatorial
(1x4x4 – uma linhagem x quatro tratamentos (mais duas repetições) térmicos e quatro controles)
em escala de produção comercial. Os resultados das pesagens foram submetidos à análise de
variância utilizando PROC GLM e, posteriormente, as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey com grau de confiança de 95%, ambos utilizando o SAS® versão 9.0 (2010).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram submetidas à análise pelo PROC GLM 150 observações coletadas dos pintinhos
após o nascimento, e observou-se que algumas variáveis estudadas apresentaram diferenças
(p<0,05) para o tratamento térmico, para a data de execução ou pelo posicionamento de bandeja
122
dentro da incubadora. Como por exemplo, a temperatura superficial retal obteve diferença
(p<0,05) significativa para a data e para o tratamento, mas não pelo posicionamento da bandeja
(p>0,05). O peso livre da gema, o peso do pró-ventrículo e do ventrículo (PVV) e o peso da alça
duodenal mais o pâncreas obtiveram diferenças (p<0,05) para o posicionamento de bandeja. Já o
peso total, peso da gema e o TGI não apresentaram diferenças (p>0,05) para nenhum dos três
itens.
A temperatura retal apresentou diferença (p<0,05) entre os tratamentos e teve média
mais alta para o T5 B seguidas de T4 e do grupo controle. Os tratamentos 3 e sua repetição
tiveram médias mais baixas. Para as demais variáveis não foram encontradas diferenças (p>0,05),
apenas tendências de médias mais altas ou baixas. Observou-se que o peso total dos pintinhos
submetidos ao tratamento T3 B e T5 B obtiveram pesos maiores dos demais, inclusive em relação
aos tratamentos T3 A e T5 A. Pode-se pensar que, neste caso, a idade da matriz pode ter
influenciado, pois T3 A e T5 A eram oriundos de matrizes mais jovens do que suas repetições
(B), entretanto não atuou sozinha. O peso da gema também obteve médias maiores para T3 B e
menor média para T3 A. O peso da alça duodenal mais o pâncreas foram maiores para T3 A e
menor para T3 B, e no PVV também se obteve maior média para T3. Estes dados estão
representados na Tabela 3.
Em relação ao peso do coração não foi encontrado diferença (p>0,05) entre os
tratamentos, ao contrário do que é relatado na literatura. Altas temperaturas da casca do ovo
durante a incubação (38,9ºC/102,02 F) alteram o desenvolvimento do músculo cardíaco
(CHRISTENSEN et al., 2004b; LEKSRISOMPONG et al., 2007) e podem ocasionar hipertrofia
ventricular direita e aumento da mortalidade, especialmente causada por ascite (MOLENAAR et
al., 2011).
Temperaturas elevadas reduzem a massa de tecidos do trato gastrointestinal e atividade
enzimática (WINELAND et al., 2006ab; LEKSRISSOMPONG et al., 2007). Segundo
Christensen et al. (2004a), a atividade da maltase diminui drasticamente em pintos que foram
incubados em temperaturas altas, em comparação com pintos que foram incubados em
temperatura ótima. Estes efeitos têm implicações na capacidade digestiva dos pintos e,
provavelmente, na incidência de problemas intestinais e resistência a parasitas. Nesta avaliação
não foi observado alterações de peso no TGI, na alça duodenal e no pâncreas, no pró-ventrículo e
ventrículo.
123
Tabela 3 – Valores obtidos médios em relação aos tratamentos térmicos e as variáveis analisadas
T3A e B = Estímulo quente 2,5F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º
D.E/3h); T5 A e B = temperatura de 1,8F (1ºC) (14º ao 18º dia de D.E /3h); T6 = Estímulo quente 1,8F (1ºC) (16º a
18º D.E/2h); Controle estágio único sem estimulação: programa padrão do incubatório; Tratamentos com letras
diferentes possuem significância (p<0,05) pelo teste de Tukey; N= Número de amostras.
Os resultados da gema residual foram 12,45; 12,47; 12,67%, 12,72; 12,99; 12,99; 13,39
para os seguintes tratamentos: T3 A; T5 B; T6; T4; T3 B e controle, respectivamente. O indicado
para o peso residual da gema são valores inferiores a 10% do peso do pintinho. Valores
superiores indicam que o desenvolvimento corpóreo não ocorreu como deveria (MEIJERHOF,
2005). Os resultados, levando em consideração o posicionamento de bandeja, foram os seguintes:
12,58; 12,70 e 13,34 para posição superior, inferior e para o meio do carro.
124
Tabela 4 – Valores médios em relação ao posicionamento da bandeja dentro da incubadora no
carro de incubação
Tratamentos com letras diferentes possuem significância (p<0,05) pelo teste de Tukey; N: número de amostras
analisadas para cada posição da bandeja no carro de incubação.
Na Tabela 4 são apresentados os dados referentes ao posicionamento da bandeja na
incubadora. Para este quesito, foram encontradas diferenças apenas para o peso da alça duodenal
mais o pâncreas e para o pró-ventrículo e ventrículo, sendo ambos mais pesados na bandeja
superior.
O clima da incubação pode influenciar o desenvolvimento embrionário, a eclodibilidade,
a qualidade dos pintos e também a capacidade de adaptação após a eclosão, prejudicando o
desempenho posterior do frango de corte, principalmente durante os chamados “pontos críticos”
da incubação, ou seja, aqueles períodos com rápido desenvolvimento e crescimento (início e fim
da incubação) (CALIL, 2010). Dados coletados neste experimento, que remetem ao “clima de
incubação”, serão apresentados nas Tabelas 5, 6 e 7. Em uma análise geral, estes dados indicam
que a estimulação térmica tem potencial de alterar, com bons resultados, os índices de
produtividade e qualidade do pintinho, bem como o desempenho a campo.
Foram estudadas, neste trabalho, estimulações térmicas no fim da incubação e por
períodos curtos. Este procedimento, já utilizado por Boerjan (2010), é o conceito de incubação
circadiana® patenteado por este grupo de pesquisa, o qual consiste em um protocolo de
incubação de estágio único que inclui estímulos periódicos ao aumentar a temperatura durante
certos períodos sensitivos do desenvolvimento embrionário, causando maior adaptabilidade às
125
aves. O elemento-chave na indução da adaptação epigenética é encontrar o período exato, a
frequência correta, a duração e a amplitude da manipulação da temperatura (WILLEMSEN et al.,
2010), o que justifica a realização de quatro tratamentos térmicos com frequência, duração e
amplitudes de temperaturas diferentes. Willemsen et al. (2010) relata que a temperatura
influencia tanto o tempo necessário para o processo de incubação como a porcentagem de
eclosão. Geralmente, altas temperaturas são conhecidas por acelerar o desenvolvimento
embrionário levando a um período menor de incubação, enquanto que temperaturas baixas teriam
resultado oposto; além de que, se a temperatura de incubação for muito baixa ou muito alta,
haverá aumento de mortalidade embrionária e, portanto, a eclosão será reduzida. Segundo
Tzschentke (2007), manipulações na primeira fase do desenvolvimento embrionário encurtam o
ciclo do desenvolvimento, segundo reações bioquímicas de Van’t Hoff. Entretanto, estímulos
aplicados na última fase tendem a aumentar o período de incubação devido à anulação da reação
de Van’t Hoff por processos fisiológicos do embrião, porém, essas ocorrências são dependentes
da duração, da amplitude e do tempo no qual ocorre a manipulação (MORAES et al., 2003;
YALÇIN et al., 2008).
Observou-se que a janela de nascimento dos pintinhos submetidos ao tratamento térmico
por calor, neste estudo, foi menor que seus controles, concordando com a literatura no que se
refere a acelerar o desenvolvimento com altas temperaturas. Contudo, o tratamento térmico por
frio não atrasou o desenvolvimento embrionário destas aves (Tabela 6).
Poucos estudos investigam a eficiência da aplicação de estímulos térmicos sob baixas
temperaturas. Willemsen et al. (2010) demonstraram que a temperatura contínua do 16º dia ao
18,5º dia embrionário apresenta efeitos menores sob o desenvolvimento do embrião em relação à
aplicação de estímulos por calor, e nenhum efeito foi encontrado sobre eclodibilidade, assim
como nos trabalhos de Shinder (2009). Entretanto, o mesmo autor encontrou aumento de peso ao
nascer. O maior efeito encontrado por Willemsen et al. (2010) foi o atraso de 09 a 12 horas no
período de nascimento.
Segundo Decuypere & Bruggeman (2007), o tempo que envolve o nascimento depende
de vários fatores, inclusive do tempo de armazenamento dos ovos e da idade das matrizes, que
repercutem com muitos processos fisiológicos (absorção da gema, níveis metabólicos,
desenvolvimento gastrointestinal). Já no quesito mortalidade embrionária, citada por Willemsen
126
et al. (2010), as temperaturas altas e baixas utilizadas neste teste não tiveram amplitude suficiente
para causar mortalidade e diminuir a eclosão (Tabelas 5 e 6).
Os efeitos deletérios estão de acordo com os outros autores que realizam manipulações
de forma contínua (LOURENS et al., 2005; LEKSRISOMPONG et al., 2007; PIESTUN, 2008).
Curiosamente, estímulos térmicos curtos (choques) não tem esses efeitos (MORAES et al., 2003;
YALÇIN; SIEGEL, 2003; COLLIN et al., 2007; PIESTUN, 2008) e até podem aumentar o peso
dos pintos ao nascer (YALÇIN et al., 2008). Nesse estudo não foram observadas diferenças
significativas no peso total dos pintinhos submetidos à estimulação térmica com seus controles,
porém uma tendência a maiores médias.
A temperatura utilizada na estimulação térmica e publicada na literatura de Yalçin et al.
(2008) é, em média, 38,5ºC/101,3 F, e de 39,0ºC/102,2 F segundo Yalçin e Siegel (2003), com
algumas variações de amplitude, duração e frequência. Nota-se que a diferença é de apenas 0,5ºC,
o que corresponde praticamente a 1,0 F, unidade normalmente usada em incubação, o que reforça
a interação com outros fatores como idade da matriz, tipo de máquina, condições de estocagem
junto com as variações de tempo e duração dos estímulos, podem contribuir para resultados
diferentes como os encontrados na literatura.
Em relação à qualidade do pintinho recém-nascido (Tabela 6), a estimulação térmica
apresentou pontuação mais alta que os controles. Boerjan (2002), utilizando a metodologia do
Pasgar©Score, relatou uma melhora no índice de qualidade (9,1 vs. 8,6) quando os ovos de
galinhas de 45 semanas de idade foram incubadas a temperaturas superiores (0,12°C a partir do
10º dia ao 12º dia, e de 0,55°C no 18ºdia de incubação), em comparação com as condições de
incubação padrão. Diferentes métodos para medir ou quantificar a qualidade do pintinho são
utilizados após o nascimento, tais como: medição de peso corporal, comprimento do pintinho e
peso da gema. Pesquisadores afirmam que estes métodos podem (parcialmente) predizer o
potencial de crescimento do pinto com apenas um dia de idade. Contudo, as evidências de uma
relação linear entre estes métodos e desempenho pós-eclosão não é convincente ou mesmo
inexistentes (WILLEMSEN et al., 2008). Existe um método bastante utilizado pela indústria que
se chama Pasgar©Score (BOERJAN, 2002; DECUYERE; BRUGGEMAN, 2007; VAN DE
VEM et al., 2012) e está baseado em avaliar a qualidade do pintinho de um dia, atribuindo pontos
conforme a apresentação do reflexo (vitalidade), umbigo, pernas, bico e abdômen, sendo este
escolhido para esta avaliação.
127
Sabe-se, na prática, que a qualidade dos pintos também é comprometida frequentemente
pelas variações nas condições ambientais ótimas na sala de pintos e durante o transporte, além
das condições de ambiência e manejos que os mesmos vão receber na granja.
Decuypere & Bruggeman (2007) afirmam que um pintinho de um dia deve estar limpo,
seco e livre de sujidades, com os olhos claros e brilhantes, livres de deformidades e com umbigos
completamente fechados e limpos, e com esta região seca. Eles devem estar atentos e
interessados em seu ambiente, respondendo ao som, apresentando conformação corpórea normal,
sem inchaço e lesões nas pernas e nos bicos. No entanto, as influências individuais ou coletivas
dos parâmetros qualitativos sobre o desempenho pós-nascimento não são bem conhecidos.
Contudo, está claro que a qualidade do pintinho de um dia afeta o desempenho final dos frangos
de corte. A exposição constante a altas temperaturas prejudica o processo de maturação e
aumenta o número de pintos refugos, com umbigos mal cicatrizados e com os jarretes vermelhos.
.
128
Tabela 5 – Embriodiagnóstico realizado nos ovos não nascidos em bandejas de 150 ovos de cada tratamento
Lote/Linhagem
210/Ross
Tratamento
T3A
Controle
T5A
Controle
T3B
Controle
T6
Controle
T4
T5B
Idade (Semanas)
33
34
35
36
37
38
39
40
41
43
Infertilidade (%)
0,9
1,2
2,3
1,3
1,8
0,7
1,8
1,7
0,9
1,3
Mort. 1-7 dias (%)
2,6
4,5
4,5
2,7
2,9
4,9
3,4
3,6
3,9
2,3
Mort. 8-14 dias (%)
0,2
1
1,3
0,2
0,6
0,6
0,8
0,7
0,8
1,2
Mort. 15-21 dias (%)
1,6
1,7
1,7
0,9
1,4
1,9
1,9
1,8
1,8
1,8
Bic. Vivo (%)
0,2
1,2
0,3
0,2
0
0,3
0,4
0,6
0,1
0,4
Bic. Morto (%)
0,1
0,2
0,2
0
0
0
0,1
0,1
0,1
0,1
Podre (%)
0,4
0
0
0,3
0
0,1
0,1
0,4
0,1
0,3
Trincado (%)
0,3
0,3
0,3
0,1
0,4
0,2
0,4
0,1
0
0,2
Vivo não bicado (%)
0,3
0,2
0
0
0
0,1
0
0
0
0,1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
Total de ovos Incubados
900
900
900
900
900
900
900
900
900
900
Total de ovos não nascidos
57
62
64
52
64
78
81
80
69
71
0,57
0,62
0,64
0,52
0,64
0,78
0,81
0,8
0,69
0,71
Fungo (%)
Somatório dos ovos quebrado
/100 (%)
T3 A e B = Estímulo quente 2,5 F (1,39º) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio fixo 96,8F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T5 A e B = temperatura de 1,8F (1ºC)
(14º ao 18º dia de D.E /3h); T6 = Estímulo quente 1,8 F (1ºC) (16º a 18º D.E/2 h); Controle estágio único – sem estimulação: programa padrão do incubatório.
129
Gonzales (2005) aponta uma indicação considerada normal de mortalidade embrionária
para cada etapa do desenvolvimento: levando em consideração matrizes de 1 a 68 semanas, a
mortalidade precoce e tardia pode atingir 4,5% e a mortalidade intermediaria 2%. Como se
observa na Tabela 5, para a mortalidade precoce ou inicial obteve-se valores de 4,5 para um
controle e para um grupo T5A, e um valor superior de 4,9 para outro controle. Porém, para as
demais mortalidades não foram registrados valores próximos ao da literatura. Sabe-se que a
mortalidade embrionária não tem causa específica podendo ser variável conforme a idade da
matriz, período de estocagem, falta de viragem dos ovos, linhagem, equipamentos,
aproveitamento de ovos, dentre outros. Portanto, esses valores são indicativos, recomenda-se que
cada empresa tenha um banco de dados dos resultados do embriodiagnóstico e estabeleça seus
parâmetros (MACARI et al., 2013).
130
Tabela 6 – Eclosão geral, eclodibidade, fertilidade, Pasgar©Score e janela de nascimento dos lotes avaliados para cada estímulo
térmico com a respectiva idade das matrizes
Tratamento
Idade da matriz/
Semanas
Eclodibilidade (%)
Fertilidade
(%)
Eclosão
Geral (%)
Refugo (%)
Pasgar©Score
(%)
Janela de
Nascimento (h)
T3A
33
92,35
99,09
91,52
1,09
9,72
11,25
Controle
34
92,71
98,8
91,6
0,98
8,2
13,5
T5A
35
94,77
97,7
92,81
0,96
8,68
12
Controle
36
94,49
98,69
93,27
1,8
8,56
14,6
T3B
37
93,59
98,2
91,31
1,1
9,36
13
Controle
38
92,46
99,3
91,82
0,7
9,28
14
T6
39
93,06
98,2
91,39
1,19
9,24
7
Controle
40
92,41
98,3
90,84
1,34
8,84
11,33
T4
41
92,74
99,1
91,91
1,01
9,08
10,5
T5B
43
92,87
98,7
91,66
1,01
9
14,33
T3 A e B = Estímulo quente 2,5 F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T5 A e B = temperatura de 1,8F
(1ºC) (14º ao 18º dia de D.E/3h); T6 = Estímulo quente 1,8F (1ºC) (16º a 18º D.E/2 h); Controle estágio único – sem estimulação: programa padrão do
incubatório.
131
Segundo Gonzales (2005), a eclosão de ovos férteis recomendada para matrizes pesadas
em lotes de reprodutores que estejam em adequado status nutricional e sanitário, manejo dos ovos
férteis e das condições de incubação é de 90% para reprodutoras de 25 a 35 semanas de
produção; 92% para as reprodutoras que estão entre 34 a 50 semanas de produção e 89% para as
reprodutoras que estão em 51 a 68 semanas de produção, levando em consideração a fertilidade
de 95%. Considerando que se tinham reprodutoras na faixa de 33 a 43 semanas de produção, a
eclosão dos ovos férteis está boa, pois com de 33 a 35 ainda está havendo um aumento da mesma.
Contudo, a fertilidade foi superior à citada, o que significa que se podem ter índices de eclosões
maiores que estes.
3.1 DESEMPENHO ZOOTÉCNICO
Todos os tratamentos térmicos e os grupos controles foram acompanhados durante o
período de alojamento e os dados de desempenho zootécnico dos lotes estão apresentados na
Tabela 7. Entretanto, a análise estatística foi realizada apenas entre T3 A e B, T5 A e B e seus
controles, devido à repetitividade. Não foram encontradas diferenças (p>0,05) nos valores de calo
de pé, de condenações pelo Sistema de Inspeção Federal, na viabilidade, na conversão alimentar e
no valor bruto pago por ave, contudo as médias foram melhores para os grupos estimulados
termicamente, em especial por T5 (estímulo quente – 1ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h). Já o peso
médio, o IEP e o GMD apresentaram diferenças (p<0,05). As médias de T3 (estímulo quente –
1,39ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h) foram menores para essas três variáveis, provavelmente
porque um lote dessas aves foi abatido antes das demais.
132
Tabela 7 – Desempenho zootécnico do lote Ross® estimulados por diferentes tratamentos térmicos oriundos de matrizes com 33 a 43
semanas de idade
Int.
Sexo
Quant/Ave
Trat
Calo Pé
(%)
Condenações
SIF (%)
Viabilidade
(%)
C.A (kg)
GMD
(g)
IEP
(uni)
PM
(kg)
VB/ave
(R$)
B
MF
44.600
Cont
6
1,59
92,3
1,71
57,55
311
2,02
0,20
D
M
17.700
T5A
4
0,93
97,43
1,64
70,55
419
2,92
0,68
E
M
21.500
Cont
8
0,81
96,55
1,78
69,23
375
3,18
0,66
A
M
21.500
T3B
13
0,84
98,21
1,74
62,05
350
2,56
0,59
F
MF
60.000
Cont
16
0,94
98,17
1,72
66,49
380
2,90
0,68
G
MF
18.100
T6
8
0,67
97,78
1,79
62,66
342
2,80
0,58
H
M
8.500
Cont
3
0,68
97,41
1,68
67,99
395
2,82
0,66
I
M
21.500
T4
25
0,98
97,08
1,82
66,2
353
2,97
0,60
L
M
22.500
T5B
4
0,64
97,76
1,66
68,24
401
2,83
0,70
T3B = Estímulo quente 2,5F (1,39ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T4= Estímulo frio fixo 96,8 F (36ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T5 A e B: temperatura de 1,8F (1ºC) (14º
ao 18º dia de D.E/3h); T6 = Estímulo quente 1,8 F (1ºC) (16º a 18º D.E/2 h); Controle estágio único – sem estimulação: programa padrão do incubatório; T3A:
Não foi avaliado neste caso, pois o alojamento foi de fêmeas para abate com 21 dias; Int. Integrado representado por letras maiúsculas; Sexo: MF: Macho e
Fêmea; M: Macho.
133
Tabela 8 – Desempenho zootécnico nos lotes submetidos aos tratamentos térmicos T3 A e B, T5
A e B e seus controles
T3A e B = Estímulo quente 2,5F (1,39 ºC) (14º ao 18º D.E/3h); T5 A e B: temperatura de 1,8F (1ºC) (14º ao 18º dia
de D.E /3h); Cont = Controle estágio único sem estimulação: programa padrão do incubatório; Tratamentos com
letras diferentes possuem significância (p<0,05) pelo teste de Tukey; N= Número de amostras.
Estudos já publicados sugerem que diferente temperatura de aclimatação, durante a
incubação, pode ter efeitos diferentes no peso dos frangos de corte após a eclosão que, segundo
Tona et al. (2004) e Willemsen et al. (2008), está diretamente correlacionada com o peso final de
abate. A manipulação térmica durante essa última fase na incubadora e nascedouro mostram
melhorias de 1,5% em eclosão, 2,9% melhor crescimento de machos e melhor conversão
alimentar (TZCHENTKE; HALLE, 2009). A Conversão alimentar não foi estatisticamente
diferente neste estudo, mas apresentou médias melhores para T5 (estímulo quente – 1ºC do 14º ao
18º dia de D.E/3h) e T3 (estímulo quente – 1,39ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h) do que o grupo
controle.
Collin et al. (2007) encontraram ausência de resposta em longo prazo e também
mortalidade elevada em grupos que receberam tratamentos térmicos, porém, atribui esse fato ao
tempo, ao nível e à duração da estimulação não corresponder ao período mais sensitivo do
embrião. No entanto percebeu que a termo manipulação realizada no final da incubação melhorou
significantemente o rendimento muscular, sem afetar a qualidade da carne do peito da ave. A
134
mortalidade foi acompanhada e utilizada para calcular os dados de desempenho apresentados
anteriormente. Neste trabalho, não se atribuiu aumento da mesma em relação aos tratamentos
utilizados.
A literatura indica que embriões de frango de corte podem ser acondicionados
termicamente durante a fase final na incubadora, de modo atingir tolerância a desafios de calor
em idade jovem na granja (MORAES et al., 2003; COLLIN et al., 2007), portanto, alterando o
crescimento pós-natal (COLLIN et al., 2005; HALEVY et al., 2006). Curtos períodos de
exposição ao frio (60 minutos a 15ºC/ 59F) no 18º e 19º dia de vida embrionária mostram melhor
desempenho aos 38 dias de idade (SHINDER et al., 2009).
Adaptações em longo prazo ocorrem quando a manipulação térmica periódica é aplicada
durante a última fase de maturação, quando o circuito integrado para o sistema termo regulatório
está bem desenvolvido e, portanto, mais responsivos ao “treinamento” (TZCHENTKE, 2007;
TZCHENTKE; HALLE, 2009).
A exposição dos ovos a temperaturas elevadas (38,5ºC/101,3 F) durante somente
algumas horas (4-6 horas), entre o 10º e 16º dias de incubação, pode melhorar a capacidade de
adaptação ao estresse pelo calor na 5º semana (ASKIT et al., 2010). As temperaturas altas
(39,6ºC/103,28 F por 6 horas dia), entre o 10º e 18º dia de incubação, podem melhorar a
adaptação a altas temperaturas em frangos entre a 3ª e 6ª semana pós-eclosão, minimizando os
efeitos negativos causados pelo estresse de calor sobre o peso ao abate e rendimento do peito
(YALÇIN et al., 2008). Oviedo-Rondón e Wineland (2012) relatam, em estudos próprios,
degradação das fibras musculares no peito de frangos submetidos a elevadas temperaturas
durante a última fase da incubação, que pode afetar a qualidade da carne ao abate. Também se
percebe que o desenvolvimento de penas e da pele pode ser afetado pelas condições de
temperatura durante a incubação e o estresse do embrião.
Contudo, dependendo de como foi feita a incubação dos ovos, os frangos podem
responder tanto na forma positiva como negativa, conforme variação de temperatura durante o
crescimento nos galpões (LEKSRISOMPONG et al., 2009).
135
3.2 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA
As amostras de órgãos submetidos à análise histopatológica revelaram, para os
tratamentos 3A, 5A e 5B, congestão moderada na Bursa de Fabrícius (BF), no timo, no coração,
no pâncreas, no intestino e no baço. Para o tratamento 3B observou-se congestão severa na BF,
no timo, no coração, no pâncreas, no intestino e no baço; e congestão discreta nestes mesmos
órgãos foi observada nos tratamentos 4 (estímulo frio – 36ºC fixos) e 6 (estímulo quente reduzido
– 1ºC do 16º ao 18º dia de D.E/2h). Todas as amostras dos tratamentos controles (sem
estimulações) não apresentaram alterações nas amostras enviadas.
Os resultados encontrados na avaliação histopatológica das linhagens Cobb®, Ross® e
Hubbard® deste mesmo trabalho, apresentados no capítulo V desta tese demonstram lesões
semelhantes à causada pelo vírus da doença de Gumboro, seja ele vacinal ou de campo na BF; o
que levou a pensar que a estimulação térmica poderia, num primeiro momento, causar lesões,
mas que estas, com o tempo, seriam estimulantes do sistema imune. Entretanto, esta última
amostragem não apresentou o mesmo padrão de lesão na BF, podendo ser indicativo que o
tratamento aplicado não atingiu as temperaturas propostas.
Figura 1 – Oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform durante a execução dos cinco
estímulos executados no tratamento T3 (estímulo quente – 1,39ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h)
136
Figura 2 – Oferecido pelo software SmartCenter da Pas Reform demonstrativo do ciclo completo
de incubação no tratamento T5 (estímulo quente – 1ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h)
Entretanto, conforme as Figuras 1 e 2 retiradas do software SmartCenter e da Figura 3
das temperaturas embrionárias, tem-se a certeza de que as estimulações ocorreram de forma
desejada, ou seja, que a estimulação ocorreu, não sendo este o motivo da ausência das lesões na
BF. Existe algum mecanismo que merece ser estudado, com mais detalhes, para atribuir a
integridade dos tecidos com a estimulação térmica e, com a capacidade da mesma, pré-estimular
o sistema imune e permitir que esta estimulação permaneça ao longo da vida da ave, conferindo
melhor adaptabilidade às variações de temperatura nas granjas.
137
Figura 3 – Representação gráfica das temperaturas das cascas dos ovos monitoradas
antes e pós-tratamento térmico em todos os ciclos – A: T3A; C: T5A; E: T3B; F: T6; H: T4; I:
T5B respectivamente, intercalado com seus controles (B, D, G)
138
3.3 ANÁLISE COMPARATIVA DA LINHAGEM COM 61 A 63 SEMANAS DE PRODUÇÃO
VERSUS 33 A 43 SEMANAS DE PRODUÇÃO
Foi realizada uma análise comparativa com os resultados obtidos na estimulação térmica
com a linhagem Ross®, de 61 a 63 semanas de produção, dados apresentados no capítulo III
desta tese com os resultados deste capítulo onde a mesma linhagem foi utilizada, porém, com
idade de matrizes na faixa de 33 a 43 semanas de produção, ambas para os tratamentos 3 e 4 e
seus controles. Os resultados encontrados estão expressos nas Tabelas 9 e 10.
Verificou-se que o peso total obteve diferenças estatísticas em relação à idade da matriz,
sendo mais pesado para a matriz velha, assim como o peso do pintinho, livre de gema e a alça
duodenal mais o pâncreas, apresentou este padrão. Entretanto, o peso da gema, do TGI, do
coração e a temperatura superficial do pintinho não variaram conforme a idade das matrizes.
Conforme a literatura sabe-se que a idade da matriz reflete-se no peso do pintinho. Segundo
Hamidu et al. (2007), foi observado um aumento no peso relativo do embrião com a idade da
matriz.
Hamidu et al. (2007) observaram que o peso final do ovo e a condutância da casca não
são influenciados pela idade da matriz, porém, foi observado um maior consumo de O2 e maior
produção de calor pelo embrião em matrizes mais velhas. Existem diferenças em produção de
calor, metabolismo e consumo de oxigênio entre embriões de matrizes jovens (<35 semanas) e
velhas, comparadas com aquelas provenientes de matrizes no período médio de produção (35-50
semanas) (LOURENS et al., 2006; HAMIDU et al., 2007). A produção de calor dos pintos entre
nascimentos pode variar dependendo da idade das matrizes, sendo até 40% menos em pintos de
matrizes jovens comparados com matrizes velhas (WEYTJENS et al., 1999).
139
Tabela 9 – Valores médios dos pintinhos oriundos de matrizes jovens (faixa de produção de 33 a
43 semanas) e de matrizes velhas (faixa de produção de 61 a 63 semanas)
Tratamentos com letras diferentes possuem significância (p<0,05) pelo teste de Tukey.
Decuypere e Bruggeman (2007) relatam que a taxa de crescimento dos pintos é afetada
pela idade das matrizes, mas também pelo tempo de armazenamento dos ovos e pela duração da
incubação. Além disso, enfatiza que, entre os pintos de alta qualidade e da mesma linha genética,
ainda existem algumas diferenças no potencial de crescimento, o que significa que outros fatores
intrínsecos, os quais ainda não foram identificados, estão envolvidos no crescimento e no
desempenho. Os mecanismos pelos quais esses fatores afetam o desempenho ainda não estão
claros. Pode-se especular que eles modificam a fisiologia do embrião por meio de mudanças na
expressão gênica ou por mudanças relevantes nos genes envolvidos no crescimento. Embora se
necessite de mais investigações, é possível que a incubação sob condições diferentes de
temperatura, umidade e de ventilação, pode fazer com que um pintinho de um dia obtenha uma
"bagagem" intrínseca diferente e não relacionada ao seu potencial genético, e que implica no seu
crescimento e desenvolvimento.
Quando avaliadas ambas as faixas de produção das matrizes em relação ao seu
tratamento térmico, observa-se que a temperatura superficial foi diferente estatisticamente e mais
140
alta para o tratamento 4 (estímulo frio – 36ºC fixos), bem como o peso do coração foi maior para
T4 com diferença estatística dos demais.
O peso total do pintinho, o peso do pintinho livre de gema, o peso da gema, o peso do
TGI, da alça duodenal mais o pâncreas e do pró-ventrículo e ventrículo, foram iguais para os
tratamentos e para o controle. Discordando dos resultados de Yalçin et al. (2008) que estudaram a
aclimatação na incubação de ovos de matrizes de diferentes idades, e concluíram que os pintos
foram mais pesados no tratamento térmico no incubatório do que no tratamento controle em todas
as idades das matrizes, porém, com maior tempo para a eclosão. Isso pode ser explicado pela
maior proporção de gema nos ovos de matrizes mais velhas (PEEBLES et al., 2000; HAMIDU,
2007).
Tabela 10 – Valores médios para os tratamentos 4 (estímulo frio – 36ºC fixos) e 3 (estímulo
quente – 1,39ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3h) com seu respectivo controle (sem estimulação
térmica) nos ovos oriundos de matrizes jovens (faixa de produção de 33 a 43 semanas) e de
matrizes velhas (faixa de produção de 61 a 63 semanas)
T3 = Estímulo quente 2,5ºF (14º ao 18º D.E/3hs); T4= Estímulo frio fixo 96,8ºF (14º ao 18º D.E/3hs); T5
temperatura de 1,8 (14º ao 18º dia de D.E/3hs); T6 = Estímulo quente 1,8ºF (16º a 18º D.E/2 hs); Controle estágio
único - sem estimulação: programa padrão do incubatório; Tratamentos com letras diferentes possuem significância
(p<0,05) pelo teste de Tukey.
141
4 CONCLUSÕES
Nesse estudo não houve diferença no peso do pintinho e no peso dos órgãos das aves
submetidas à estimulação térmica. Porém, a alça duodenal com o pâncreas e o PVV obtiveram
diferenças p<0,05 em relação ao posicionamento da bandeja dentro da incubadora, tendo o maior
peso nas bandejas superiores. O resultado histológico apresentou apenas congestão nos órgãos. A
estimulação térmica não causou mortalidade embrionária e melhorou a eclosão e a qualidade dos
pintinhos. A janela de nascimento foi mais curta nos tratamentos por calor, mas o tratamento com
frio não atrasou o nascimento. A avaliação de desempenho não demonstrou diferenças, porém as
médias do tratamento 5 (estímulo quente – 1ºC do 14º ao 18º dia de D.E/3 h) foram melhores.
Com estes dados pode-se inferir que a estimulação térmica aplicada na última semana de
desenvolvimento embrionário tem potencial de alterar, com bons resultados, os índices de
produtividade e qualidade do pintinho e, consequentemente, seu desempenho zootécnico.
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146
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se, no decorrer desta pesquisa, que existem muitas variáveis que atuam no
processo de incubação, sejam elas intrínsecas ou extrínsecas a ele, de ordem física ou não. Muitas
variações, nos resultados, estão ligadas ao comportamento da linhagem frente à estimulação
térmica e às características que são repassadas aos ovos e, futuramente, aos pintinhos que
decorrem do período de produção ou do estado sanitário do lote de matriz.
A literatura sugere que, com a idade da matriz também aumenta o tamanho dos ovos, o
que pode também interromper o fluxo do ar e causar maior desuniformidade, além de que
existem diferenças entre linhagens, que as mesmas produzem calor e o liberam de forma
diferente, alterando assim o metabolismo. Também os hormônios tireoidianos, que vem da
matriz, alteram a atividade celular e, consequentemente, o metabolismo, e que a relação
triiodotiroxina/Ttiroxina difere nas linhagens e ainda difere durante o período de
desenvolvimento, além do hormônio corticosterona que, em níveis elevados, é importante
quantificador do estresse, mas é necessário para o bom desenvolvimento da ave. As
imunoglobulinas que tem sua concentração alterada devido à exposição das aves a altas
temperaturas e que sua concentração depende da passagem materna. Enfim, são vários quesitos
que devem ser estudados com detalhes e a interação deles deve ser revista porque influenciam no
processo de incubação e no desempenho da ave. Estes fatos, aliados a fatores físicos e de manejo,
justificam a grande variabilidade nos resultados da estimulação térmica em escala comercial.
Contudo, apesar das influências citadas e das dificuldades de executar um experimento
na indústria, é possível concluir que existem variações entre as linhagens e a idade de produção,
mas que a estimulação térmica foi capaz de manter ou aumentar a eclodibilidade e a eclosão
geral, que não causou mortalidade embrionária e que melhorou a qualidade dos pintinhos de um
dia. O peso do pintinho não foi alterado pelo tratamento térmico e percebeu-se que no momento
do abate o IEP, o peso médio, o ganho médio diário de peso e a viabilidade foram maiores que os
demais, bem como a porcentagem de condenações e a conversão alimentar foram menores para
as aves tratadas.
As linhagens Ross® e Hubbard® não apresentaram diferenças estatísticas na produção
de imunoglobulinas e de corticosterona. Já a linhagem Cobb® variou (p<0,05) para IgM, e
corticosterona demonstrando haver agentes estressores externos, além da temperatura e da idade
147
das aves, envolvidos na sua liberação. Lesões teciduais de escore 3 e 4, infiltrado inflamatório
interfolicular, edema e hiperemia na BF, além de congestão em níveis variados foram
encontradas nos demais órgãos das aves estimuladas na primeira fase. Entretanto, na segunda
fase esse padrão de lesão não ocorreu, sugerindo que possivelmente fatores maternais podem ter
atuado. As lesões teciduais apresentadas na segunda fase foram apenas congestões que variaram
de discretas a severas.
Com estes dados pode-se inferir que a estimulação térmica aplicada na última semana de
desenvolvimento embrionário tem potencial de alterar, com bons resultados, os índices de
produtividade e qualidade do pintinho e, consequentemente, seu desempenho zootécnico.
Contudo, mais estudos devem ser realizados para descobrir qual a frequência, a amplitude e o
tempo de duração do estímulo em que haverá maior resposta. Ressalta-se que, em virtude das
diversas variáveis existentes nesse processo, a estimulação térmica pode apresentar resultados
variáveis e deve ser estudada na realidade de cada empresa.
148
ANEXO A – DESENHOS ESQUEMÁTICOS DA INCUBADORA SMARTPRO77
Os desenhos a seguir identificam o posicionamento dos módulos, dos carros, das
bandejas e dos ovos nas bandejas de incubação com o objetivo de demonstrar o local da coleta
das temperaturas nas embrionárias.
Figura 1 – Vista Geral superior da incubadora Smartpro 77 com identificação dos módulos e dos
carros de incubação
Figura 2 – Vista superior da incubadora com ênfase nos Módulos onde foram realizadas as
tomadas de temperaturas dos ovos durante a incubação
149
Figura 3 – Vista superior dos carros de incubação do Módulo 2
Figura 4 – Vista superior dos carros de incubação do Módulo 3
150
F
Figura 5 – Vista do carro de incubação no qual eram coletadas as temperaturas dos ovos com
identificação das bandejas
Figura 6 – Bandeja de incubação com identificação da fileira e dos ovos amostrados
151
152
ANEXO B – FORMULAÇÃO DA RAÇÃO UTILIZADA DURANTE A EXECUÇÃO DOS
EXPERIMENTOS DE ESTIMULAÇÃO TÉRMICA NA UNIDADE DA GRANJA
PINHEIROS, NOVA PETRÓPOLIS-RS
FORMULAÇÃO DA RAÇÃO
Kcal/kg
Pré- Inicial
Inicial
Crescimento
Terminação
Energia metabolizável
%
3030
3120
3250
3325
Proteína Bruta
%
23,494
22,468
21
18,575
Matéria Mineral
%
5,361
5,204
4,66
4,835
Cálcio
%
1
0,98
0,92
0,86
Fósforo Total
%
0,613
0,591
0,566
0,556
Fósforo Útil
%
0,49
0,48
0,47
0,42
Extrato Etéreo
%
5,927
6,972
7,781
8,574
Fibra Bruta
%
3,051
2,903
2,749
2,634
Macro Nutrientes: Milho, Farelo de arroz integral, Farelo de Soja (46% - VAL.3/3/3), Farelo de soja semi integral
(5/3/3), Farinha de carne e ossos (44%), Farinha de visceras (62% P.B.), Calcário calcítico (38%), Óleo ácido se soja
(FC Pré/inicial), Ácido graxo, sal (NaCl), Bicarbonato de sódio (NaHCO3). Micro Ingredientes: Pol. F-pre
(IPX9)5122; Pol. F-1(IPX10)5123; Pol. F-2 (IPX10)5124; Pol. F-3 (IPX9)5125.
Fonte: Fatec Indústria Nutrição e Saúde Animal LTDA/ Granja Pinheiros – Nova Petrópolis-RS.
153
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