TEMPERATURA NA INCUBAÇÃO SOBRE OS ANEXOS EMBRIONÁRIOS E EMBRIODIAGNÓSTICO Nogueira BR1*, Silva LA1, Souza LFA2, Capalbo AC2, Nogueira WCL2 1 2 Centro de Ciências Agrárias – UNOESTE – Presidente Prudente/SP Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal – FCAV/UNESP – Jaboticabal/SP Introdução O consumidor brasileiro mudou seu hábito alimentar, passando de um país preponderantemente consumidor de carne bovina para a carne de frango. Para manter a alta produção e atender a demanda mundial a avicultura industrial conta com um grande aliado, a técnica de incubação artificial, que possibilita a produção de pintos em escala. O fator ambiental mais importante da incubação é a temperatura. Assim, a temperatura ideal para a incubação deve buscar melhor eclodibilidade e qualidade do pinto (1). Entretanto, mudanças na temperatura de incubação afetam negativamente a viabilidade e o desenvolvimento de órgãos do embrião (2). Os anexos embrionários são responsáveis pelo desenvolvimento da ave em sua fase embrionária (3). Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes temperaturas de incubação sobre o desenvolvimento dos anexos embrionários e mortalidade embrionária dos ovos incubados. Material e Métodos 216 ovos de matrizes de 35 semanas foram distribuídos ao acaso e mantidos em 3 diferentes incubadoras até o nono dia de incubação sob temperatura de 37,5°C. A partir do décimo dia as temperaturas de incubação foram modificadas de acordo com a Tabela 1. Aos 18 e 20 dias de incubação, 6 ovos por tratamento foram pesados individualmente e os componentes do ovo (casca, membrana córioalantóide, vitelo, albúmen, âmnion e embrião) separados, pesados e, posteriormente, calculada a proporção de cada componente em relação ao peso do ovo. Após a eclosão, foi realizado o embriodiagnóstico, com a classificação dos ovos não eclodidos em mortalidade embrionária inicial (1 a 7 dias de incubação), intermediária (8 a 14 dias de incubação) e tardia (a partir de 15 dias de incubação), bicado vivo e bicado morto. Os dados foram submetidos à análise de variância através do procedimento General Linear Model ® do programa SAS e em caso de diferença significativa (p<0,05), as médias foram comparadas pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. Tabela 1 – Esquema com as temperaturas durante a ncubação (˚C). Tempo (dias) Controle Quente Fria 1a9 37,5 37,5 37,5 10 a 21 37,5 38,5 36,5 Resultados e Discussão A Tabela 3 mostra que a incubação em 38,5˚C resultou em maior porcentagem de mortalidade embrionária tardia. Aos 18 dias, houve maior proporção do albúmen e do âmnion e menor proporção do embrião nos ovos incubados em 36,5˚C em relação às demais temperatruas avaliadas (Tabela 2). Aos 20 dias, observou-se menor proporção de vitelo com a incubação em 38,5˚C em comparação a 37,5˚C e 36,5˚C e menor proporção do embrião com a incubação em 36,5˚C em relação ao controle, ambas não diferindo de 38,5˚C. Tabela 2 – Resultados observados para peso dos ovos (g) e porcentagem de casca (%), membrana corioalantóide (%), alantoide (%), albúmen (%), vitelo (%), âmnion (%) e embrião (%) de ovos incubados em diferentes temperaturas aos 18 e 20 dias de incubação. Idade Temperaturas Valor Parâmetro (dias) 37,5 38,5 36,5 de p Peso do 18 53,07 52,58 51,93 0,644 ovo 20 51,36 51,44 52,45 0,771 18 11,25 11,72 11,40 0,670 Casca 20 10,17 10,43 11,20 0,222 18 2,69 2,56 2,40 0,537 Membrana 20 2,57 2,66 2,75 0,346 18 4,66 4,38 5,43 0,764 Alantóide 20 18 1,71b 1,56b 4,57a 0,013 Albúmen 20 18 19,16 22,81 20,07 0,273 Vitelo 20 16,79a 11,48b 17,09a 0,005 18 0,88b 0,42b 1,67a 0,001 Âmnion 20 18 50,93a 52,47ª 41,97b 0,011 Embrião 20 68,78a 64,86ab 61,70b 0,027 *Médias seguidas de letras iguais não diferem pelo teste de Tukey a 5%. Tabela 3 – Resultados observados no embriodiagnóstico com classificação em mortalidade inicial (%), intermediária (%) e tardia (%), bicados vivos (%), bicados mortos (%). Temperaturas Valor Embriodiagnóstico 37,5 38,5 36,5 de p Inicial 2,00 4,44 5,00 0,6999 Intermediária 4,50 2,00 0,00 0,3088 Tardia 2,00a 10,44b 0,00a 0,0119 Bicado vivo 4,00 0,00 0,00 0,3966 Bicado morto 0,00 0,00 0,00 *Médias seguidas de letras iguais não diferem pelo teste de Tukey a 5% O encurtamento e alongamento do período de incubação em função de aumentos ou reduções na temperatura de incubação, respectivamente, estão bem documentados em pesquisas prévias (1). O frio reduziu a absorção do albúmen e do âmnion e consequentemente reduziu o desenvolvimento do embrião. Já o aumento da temperatura aumentou a absorção do vitelo. A incubação em menor temperatura prejudica o peso do embrião (4). Conclusão A incubação em 38,5˚C ou 36,5˚C prejudica o desenvolvimento dos anexos embrionários e em 38,5˚C aumenta a mortalidade embrionária tardia. Bibliografia 1. Decuypere E, Mitchels H, Worlds Poultry Science Journal 1992; 48:28-38 2. Molenaar R, Van den Anker I, Meijerhof R, et al. Poultry Science 2011; 90:257-1266 3. Romanoff AL, Annals of New York Academy of Science 1952; 55:288-301 4. Kuhn ER, Decuypere E, Colen LM, et al. Poultry Science 1982; 61:540-549