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Acta Scientiae Veterinariae, 2012. 40(Supl 1): s1-s60.
ISSN 1679-9216 (Online)
Contenção de hemorragia ocular com esponja de celulose após exenteração em
canino
Andrieli Machado Cortes1, Fabíola Dalmolin2, Maurício Veloso Brum3, Hellen Hartmann4, Maicon Pinheiro5,
Chaiane Medeiros Peres6 & Saulo Tadeu Lemos Pinto Filho2
RESUMO
Introdução: Exenteração é a remoção da conjuntiva, periórbita, músculos e bulbo ocular, sendo indicada em casos de
comprometimento de todas estruturas da órbita. Para tal, as pálpebras são suturadas e incisadas em torno das suas margens,
sendo o plano de dissecação externo aos músculos oculares. Hemorragias são as complicações pós-operatórias mais comuns
neste tipo de cirurgia, indicando-se para seu controle o uso de compressas frias, bandagens compressivas ou ambas, bem
como a sedação do paciente. Hemorragias causam sistemicamente diminuição da pressão arterial, devido à redução do
volume sanguíneo; vasoconstrição generalizada, devido à secreção de catecolaminas; e, aumento da frequência cardíaca; a
consequência mais grave é o choque, caracterizado por insuficiência circulatória persistente na microcirculação corporal,
que rapidamente leva o paciente ao óbito. Objetivou-se descrever um caso de hemorragia ativa tardia em canino, seis dias
após exenteração manejada de forma alternativa.
Relato de Caso: Foi atendido um poodle, macho, de nove anos, com miíase ocular após perfuração do mesmo. O paciente foi internado e tratado diariamente com solução fisiológica e açúcar na cavidade orbital, além de cefalexina devido a
leucocitose por neutrofilia com desvio a esquerda constatada no hemograma. Após sete dias, com a infecção controlada,
realizou-se exenteração para remoção dos debris teciduais da órbita; entretanto, não se conseguiu hemostasia completa
e optou-se por reduzir o espaço morto com náilon 2-0 e realizar dermorrafia com náilon 3-0, aplicando-se após atadura
compressiva. No dia seguinte, verificou-se aumento de volume da ferida cirúrgica, hematoma e sangramento drenando
entre os pontos. Realizou-se bandagem compressiva e aplicação de gelo, observando-se diminuição do sangramento. Entretanto, após seis dias de tentativas de contenção da hemorragia, verificou-se palidez de mucosas e diminuição do pulso
femural, sendo o animal encaminhado a cirurgia. Sob anestesia, removeu-se o coágulo e procedeu-se a ligadura em massa
dos tecidos ao fundo da órbita com ligadura de Roeder modificada e náilon 3-0, acomodando-se uma esponja de celulose
sobre o tecido de granulação como reforço para conter a hemorragia. Aplicou-se sutura com náilon 2-0 sobre a órbita em
Wolff, seguido de pontos isolados simples com ácido poliglicólico 2-0 no tecido subcutâneo, e dermorrafia com Wolff
e náilon 3-0. Após o procedimento, o canino permaneceu internado sendo medicado com enrofloxacino, metronidazol
e cloridrato de tramadol, além de curativo diário BID. Passados três dias, não se verificaram mais secreções na ferida, e
então o paciente recebeu alta hospitalar.
Discussão: Hemorragias ativas são incomuns após cirurgias oculares e geralmente ocorrem no interior da órbita nas
primeiras horas após o procedimento. No presente caso, observou-se sangramento ativo que persistiu aos seis dias de pós-operatório. Embora a literatura indique bandagens compressivas e aplicação de gelo, estas medidas foram ineficientes no
caso. Assim, quando uma hemorragia persiste, esta deve ser controlada através de reintervenção cirúrgica e adaptação de
nova ligadura, ou, na utilização de agentes hemostáticos como esponjas cirúrgicas. Esponjas de celulose são recomendáveis para hemostasisa de áreas sangrantes, sendo utilizada neste paciente com resultado satisfatório. Os autores reforçam
a importância da hemostasia adequada, assim como monitoração do paciente em casos de hemostasias duvidosas, a fim
de evitar complicações como o choque. Frente ao resultado observado, destaca-se a versatilidade da esponja de celulose
associada à ligadura no tratamento de hemorragias intraoculares intratáveis por métodos convencionais.
Descritores: choque, bandagem compressiva, esponjas cirúrgicas.
1
Graduando em Medicina Veterinária, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS Brasil. 2Aluno do Programa de Pós-graduação
em Medicina Veterinária (PPGMV), UFSM. 3Professor do PPGMV-UFSM. 4Residente em Cirurgia Veterinária, UFSM. 5Aluno do PPGMV-UFSM e
Médico Veterinário do Hospital Veterinário-UFSM. 6Residente em Clínica Veterinária, UFSM. CORRESPONDÊNCIA: M.V. Brum [[email protected]].
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