HEMORRAGIA

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HEMORRAGIA
1. Conceito:
Hemorragia é a saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior,
para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
2. Classificação e nomenclatura:
De acordo com a definição, as hemorragias são classificadas em externas e internas.
As hemorragias externas recebem nomes diversos segundo os locais em que
ocorrem ou as vias através das quais flui o sangue: a) gastrorragia: hemorragia gástrica; b)
enterorragia: hemorragia intestinal. Alguns conceituam enterorragia a eliminação anal de
sangue vivo: c) melena: evacuação de fezes escuras, pastosas e fétidas pela presença de
sangue alterado pelas secreções gastrintestinais; d) hematêmese: sangue parcialmente
digerido, eliminado sob forma de vômitos; e) otorragia: hemorragia pelo conduto auditivo
externo; f) hemoptise: hemorragia proveniente dos pulmões ou de outras partes do trato
respiratório; g) epistaxe: hemorragia que ocorre na mucosa nasal ou através das fossas
nasais; h) hematúria: presença de sangue na urina; i) menstruação: sangramento uterino
periódico, fisiológico, que ocorre em cada ciclo menstrual. Quando prolongado e/ou
profuso, porém em intervalos normais, denomina-se menorragia ou hipermenorréia; com
duração e/ou quantidade menor que a normal, hipomenorréia; ocorrendo com duração e
quantidade normais, porém com frequência aumentada (intervalos mais curtos), chama-se
polimenorréia; com frequência reduzida, oligomenoréia; quando a duração e/ou a
quantidade e a frequência estão aumentadas, constitui a polimenorragia. A ausência de
menstruação é denominada de amenorréia; j) metrorragia: hemorragia uterina anormal,
acíclica.
As hemorragias internas são as que se formam no interstício e recebem os seguintes
nomes: a) petéquia ou hemorragia petequial: hemorragia minúscula na pele, mucosas ou
serosas; b) equimose ou sufusão hemorrágica: hemorragia cutânea, mucosa ou serosa de
dimensões maiores. O termo "equimose" é empregado por muitos legistas para indicar
sufusão hemorrágica cutânea de origem traumática; c) hematoma: hemorragia maior, na
qual o sangue não se difunde das malhas do tecido e forma uma coleção; d) bossa
sanguínea: coleção sanguínea localizada sobre um plano ósseo fazendo saliência na
superfície da pele; e) apoplexia (do gr. apoplexia + abater, cair): termo utilizado para
indicar hemorragia que se dá na intimidade de um órgão (encéfalo, pâncreas, supra-renais)
com destruição parcial deste e manifestações gerais súbitas e graves.
As hemorragias que ocorrem nas cavidades pré-formadas recebem as seguintes
denominações: a) hemotórax: na cavidade pleural; b) hemopericárdio: no saco pericárdico;
c) hemoperitônio: na cavidade peritonial; d) hemorragia ventricular ou intraventricular: nos
ventrículos cerebrais.
3. Etiopatogênese:
As hemorragias podem ocorrer com ou sem solução de continuidade de parede
vascular ou cardíaca.
As hemorragias com solução de continuidade da parede dos vasos ou do coração
podem se dever a: 1) ruptura ou laceração (são as mais frequêntes). Podem ser: a)
traumáticas, causadas por instrumentos contundentes, cortantes, perfurantes, etc.,
intencional ou acidentalmente; b) espontâneas, que ocorrem em aneurismas, hematoma
dissecantes da aorta, hipertensão arterial maligna, infarto transmural do miocárdio e
diversas outras condições de fragilidade da parede vascular (inflamações, por exemplo); 2)
erosão ou digestão da parede vascular, como ocorre em: a) cavernas tuberculosas quando a
necrose atinge a parede dos vasos; b) erosão vascular por neoplasias malignas; c) úlcera
péptica em que o suco gástrico digere a parede do vaso.
Nas hemorragias sem solução de continuidade da parede vascular, em geral não se
demonstram alterações capazes de explicar satisfatoriamente a saída das hemácias, que se
dá nos pequenos vasos sanguíneos (hemorragia por diapedese). Esse tipo de hemorragia
ocorre por aumento da pressão no interior de capilares e vênulas, como na congestão
pulmonar, e por distúrbios da hemostasia, nas diáteses hemorrágicas.
Diáteses (do gr. diáthesis = arranjo, condição) hemorrágicas: são condições que
favorecem hemorragias aparentemente espontâneas ou após traumatismos, devidas a
defeitos na estrutura dos vasos sanguíneos, a alterações plaquetárias ou a transtornos da
coagulação do sangue. São classificadas em dois grandes grupos; púrpuras e coagulopatias.
4. Consequências:
As consequências das hemorragias e, portanto, seu significado clínico, são variados
e dependem de três fatores fundamentais: 1) da quantidade de sangue perdido; 2) da rapidez
da perda; 3) do local da hemorragia.
Perdas lentas de 10 a 20% podem não ter significação clínica. Entretanto, as súbitas
e maiores podem levar ao choque hipovolêmico. Por outro lado, hemorragias pequenas,
localizadas no encéfalo, na medular das supra-renais ou no saco pericárdico podem levar a
morte súbita. Hemorragias externas pequenas, porém repetidas, acabam por determinar
anemia por perda de ferro; entretanto, o mesmo não ocorre na mesma intensidade com
hemorragias nos interstícios ou cavidades pré-formadas, visto que a transformação
progressiva da hemoglobina permite a absorção e utilização de seus constituintes para
formar novas hemácias. Dependendo da extensão.da hemorragia, a bilirrubina produzida
pelo catabolismo da hemoglobina pode impregnar os tecidos e provocar icterícia.
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