TAXA DE CÂMBIO EFECTIVA 1. Taxa de câmbio efectiva nominal

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Política Económica e Actividade Empresarial 2010 – 2011
TEXTOS DE APOIO
TAXA DE CÂMBIO EFECTIVA
1. Taxa de câmbio efectiva nominal
(Trade‐weighted currency índices)
A taxa de câmbio é o custo de uma unidade de moeda nacional em termos de unidades de moeda
estrangeira (taxa de câmbio ao certo) ou é o custo de uma unidade de moeda estrangeira em
termos do número de unidades de moeda nacional (taxa de câmbio ao incerto).
Na formulação ao certo, que actualmente se adopta nos países do euro, diz‐se que se verifica uma
apreciação da moeda quando aumenta o número de unidades de moeda estrangeira necessária
para adquirir uma unidade de moeda nacional. Exemplo: Se a taxa de câmbio do dólar passa de
120 para 132 dólares por euro o correspondente índice passa de 100 para 110.
Habitualmente quando se estuda a evolução das taxas de câmbio toda a discussão é feita em
termos de índices. Trabalhar com índices permite não só ter uma percepção mais imediata da
evolução como permite comparar a moeda de um país com as moedas de mais do que um país
através de uma média ponderada de índices. Oficialmente, isto é, segundo as convenções
vigentes, esta comparação faz‐se através de uma média geométrica ponderada de índices de taxas
de câmbio bilaterais chamada (índice de) taxa de câmbio efectiva, em que os ponderadores
reflectem a importância relativa de cada parceiro nas trocas comerciais (importações e
exportações).1
Exemplo:
No ano 1 a moeda do “nosso” país apreciou‐se 5% em relação à moeda do país A e este
representa 60% do nosso comércio externo. Em relação à moeda do país B a apreciação foi
de 10% e ele representa 40% do nosso comércio externo. Assim, representando por “ei” o
índice de taxa de cambio bilateral com o país “i”, a taxa de câmbio efectiva, ou mais
rigorosamente, o índice de taxa de cambo efectiva nominal é dado por:
,
Logo:
1,05
,
1,10
,
1,0697
1,07
Repare‐se que se o país X tiver a mesma moeda que o nosso mas a estrutura do seu
comércio externo for diferente, por exemplo, se os ponderadores forem respectivamente
0,2 e
0,8 então o ITCE seria:
1,05
,
1,10
,
1,0898
1,09
1
Decorre daqui que falaremos quase sempre de “taxas de câmbio” quando na verdade estaremos quase sempre a
usar “índices” de taxas de câmbio.
Política Económica e Actividade Empresarial, 2011©Henrique Vasconcelos
1
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TEXTOS DE APOIO
O que mostra bem a importância dos ponderadores, isto é, dois países com a mesma
moeda mas com estruturas diferentes no seu comércio externo terão “taxas de câmbio
efectivas nominais” diferentes.
2. Taxa de câmbio efectiva real
(Relative price indicators and relative cost indicators)
A taxa de câmbio real conjuga os efeitos da apreciação/depreciação das moedas com os
diferenciais de inflação nos diversos países. De facto se a inflação interna for superior à de um
outro país dizemos que há uma apreciação real equivalente à que ocorreria se houvesse uma
apreciação nominal da moeda com estabilidade de preços nos dois países: comprar no “outro”
país (país A) um produto do “nosso” país quando a taxa de câmbio não se altera (ou está fixa) e os
preços internos (“nossos”) subiram, significa dar mais quantidade de moeda do “outro” país para
adquirir o produto. Isto é relevante se os preços do outro país subiram menos do que no nosso.
Exemplo:
Admitamos que a taxa de inflação é medida pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC) e
que as taxas de inflação eram as seguintes: “nosso” país = 4%, país A= 2% e país B=6%.
Os índices correspondentes seriam:
1,04,
1,02
1,06, e, admitindo os
valores considerados anteriormente para as taxas de câmbio nominal ter‐se‐ia:
Índice de taxa de câmbio bilateral real em relação ao país A:
,
1,05
,
1,076
Índice de taxa de câmbio efectiva real:
1,05
1,04
1,02
,
1,10
1,04
1,06
,
1,074
Verifica‐se aqui uma maior apreciação em termos reais: a moeda no “nosso” país sofreu
uma inflação maior do que a do nosso principal parceiro comercial e daí resulta uma perda
adicional de competitividade.
Do exemplo anterior pode facilmente generalizar‐se a definição de (índice) de taxa de câmbio
efectiva real. De facto, rescrevendo a expressão anterior como
1,05
,
1,10
,
1,04
1,02
,
1,04
1,06
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,
1,074
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Vê‐se que a taxa de câmbio efectiva real pode ser calculada como o produto da taxa de câmbio
efectiva nominal por uma média ponderada (com os mesmo ponderadores) dos (índices de)
preços relativos2, isto é,
A taxa de câmbio real pode obter‐se deflacionando a correspondente taxa nominal tanto com
índices de preços como com índices de custo salariais unitários ou de custos salariais por unidade
produzida (CTUP)3.
Os índices de preços utilizados podem ser índices de preço no consumidor (como no exemplo
anterior) mas também podem ser deflatores do PIB ou índices de preço das exportações. Os
índices de CTUP, por sua vez, podem respeitar a toda a economia ou apenas à indústria
transformadora.
Os resultados que se obtêm são diferentes e necessariamente também o é a interpretação desses
resultados. Em particular deve ter‐se presente que:
(i)
Os índices de preços no consumidor diferenciam‐se dos deflatores do PIB essencialmente
porque na estrutura de consumo pesam não só bens nacionais como bens importados. Por
outro lado a composição do Produto Interno é diferente da composição das exportações
tendo ponderadores diferentes para os índices elementares que compõem os índices
agregados correspondentes. Em particular os serviços, que na actual estrutura das nossas
exportações têm pouca importância, têm no caso do PIB um grande peso.
(ii)
Os custos salariais unitários ou custos em trabalho por unidade produzida (CTUP’s) são
apenas uma das determinantes da evolução dos preços. Os bens e serviços comprados ao
exterior ‐‐ ou que entram directamente em concorrência com estes (os “transaccionáveis”)
‐‐ têm preços internacionais (ou alinhados por estes) e, por isso, não são os responsáveis
pelos diferenciais nos preços finais (em relação ao exterior) dos bens produzidos em cada
país. No entanto as componentes do preço final relativas à remuneração do capital e aos
impostos (elementos integrados no Excedente Bruto de Exploração) são relevantes para a
formação diferenciada dos preços.
As empresas expostas à concorrência internacional (sector “não abrigado”) fazem
compras de bens e serviços ao sector abrigado. Os preços praticados por este sector
abrigado, nos fornecimentos de bens e serviços, são custos para o sector exposto e, em
última análise, dependem essencialmente da evolução das remunerações do trabalho nele
pagas. É por isso que os CTUP´s são factores determinantes da rendibilidade das empresas
2
Daqui decorre que, conhecendo a taxa de câmbio efectiva nominal e a correspondente taxa de câmbio efectiva real,
é possível calcular o índice que mede os preços ou os custos relativos, consoante o indicador usado para calcular a
taxa de câmbio efectiva real.
3
Relembre‐se o significado dos CTUP: custo em trabalho por unidade de valor acrescentado produzido ou o resultado
que se obtém quando se divide Remunerações/VAB. Se se dividir ambos os termos da fracção pelo número de
trabalhadores obtêm‐se o quociente entre o salário médio e a produtividade. Assim o índice de CTUP aumenta
sempre que a variação do salário médio é superior à variação da produtividade.
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sujeitas à concorrência internacional e, finalmente, da competitividade global da
economia.
(iii)
Os CTUP´s evoluem de maneira diferente nos segmentos produtivos expostos à
concorrência internacional e naqueles que dela estão abrigados. A indústria
transformadora é maioritariamente um sector exposto e por isso a evolução dos
correspondentes CTUP´s é mais condicionada pela pressão concorrencial externa.
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