AVALIAÇÃO DE EXTRATOS VEGETAIS E

Propaganda
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.1, n.1, p.13-19, 1999
ISSN 1517-8595
13
AVALIAÇÃO DE EXTRATOS VEGETAIS E MÉTODOS DE APLICAÇÃO NO
CONTROLE DE Sitophilus spp1
Francisco de Assis Cardoso Almeida2, Ana Costa Goldfarb3
e Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia2
RESUMO
O objetivo do trabalho foi avaliar a eficácia de dez extratos vegetais de plantas da flora Paraibana
no controle do inseto adulto Sitophilus spp, bem como as formas de aplicação diretamente sobre o
inseto e por meio de vapor. Os extratos foram obtidos pelo método a frio com casca do fruto de Citrus vulgaris, sementes de Helianthus annus, Piper nigrum, folhas de Eucalyptus spp., Ruta graveolens e Coriandrum sativum, flores e folhas de Tagetes patula e Crysanthemum e flores de Croton
tiglium e Anthemis spp. O estudo foi realizado com dois bioensaios, tendo por finalidade: a) definir
o método de aplicação e o tempo para a avaliação da eficácia dos extratos em matar Sitophilus spp;
b) avaliar a eficiência desses extratos aplicados logo após a sua obtenção (extrato com álcool) e depois de volatilizado todo o álcool (estrato sem álcool). Para estes bioensaios, o delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 10 x 2, com quatro repetições. Para
o trabalho, foi desenvolvido um método que leva os extratos até os insetos por meio de sistema de
injeção na forma de vapor. A avaliação da eficácia dos extratos em matar Sitophilus spp, foi feita
pela contagem do número de insetos adultos sobreviventes. Como conclusões, pode-se verificar
que, os extratos aplicados na forma de vapor mataram com uma eficiência de 96 a 100% os insetos
adultos e, quando estes são aplicados diretamente sobre os insetos, não provocam mortalidade.
Palavras-chave: extratos, Sitophilus spp
EVALUATION OF VEGETABLE EXTRACTS AND METHODS
OF APPLICATION IN THE CONTROL OF Sitophilus spp1
ABSTRACT
The objective of the work was to evaluate the effectiveness of ten vegetable extracts of natural
Paraiba in the control of the insect adult Sitophilus spp, as well as the application forms: directly on
the insect and by means of vapor. The extracts were obtained by the method to cold with peel of the
fruit of Citrus vulgaris, seeds of Helianthus annus, Piper nigrum, leaves of Eucalyptus spp, Ruta
graveolens and Coriandrum sativum, flowers and leaves of Tagetes patula and Crysanthemum
and flowers of Croton tiglium and Anthemis spp. The study was accomplished with two biorehearsal tends for purpose: a) to define the application method and the time needed to evaluate
the extracts effectiveness in killing Sitophilus spp and b) to evaluate theapplied extract efficiency soon after its obtaining (extract with alcohol) and after evaporating all the alcohol (extract
without alcohol); for this bio-rehearsal, the experimental design was completely randomized in a of
10 x 2 factorial scheme with four repetitions. For the work, a method was developed that carries the
_________________________________
Trabalho revisado pela Professora Leda Rita D’Antonino Faroni da Universidade Federal de Viçosa, Doutora pela Universidad
Politécnica de Valencia
1
Parte da Dissertação de Mestrado do segundo autor
2
Professores Doutores, Departamento de Engenharia Agrícola do CCT/UFPB, Av. Aprígio Veloso, 882 58109-970 Campina
Grande, PB, Brasil. E-mail: [email protected]
3
Estudante de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola , DEAg/CCT/UFPB, bolsista da CAPES
14
Avaliação de extratos vegetais e métodos de aplicação no controle de Sitophilus spp
Almeida et al.
extracts to the insects by means of an injection system the vapor form. The evaluate of the extracts
effectiveness in killing Sitophilus spp., was done by of the number of surviving adult insects. As
conclusions, it can be verified that, the extracts applied in the vapor form killed with an efficiency
from 96 to 100% of the adult insects and when these are directly applied on the insects, they don't
provoke mortality.
Keyword: extracts, Sitophilus spp
INTRODUÇÃO
Das espécies de pragas que atacam os grãos e
sementes armazenadas, a espécie Sitophilus spp,
de notada importância econômica, é tida como
das mais severas. Os prejuízos causados decorrem de danos qualitativos e quantitativos (Braga
et al., 1991), podem ser de perda parcial ou total
do produto, dependendo do grau de infestação.
Os adultos da espécie Sitophilus spp apresentam alto potencial biótico, infestação cruzada,
polifagia e alta capacidade de adaptação; características que os tornam resistentes com relação a
um controle alternativo.
O controle às pragas dos produtos armazenados é feito de preferência com fumigantes liqüefeitos (bissulfeto de carbono, entre outros) ou
solidificados a exemplo da fosfina. Entretanto, a
utilização indevida da fosfina levou ao surgimento de populações de insetos resistentes e à detecção de resíduos em grão e sementes expurgados
com alto teor de umidade. A partir de tal fato,
outros fumigantes passaram a ser estudados (Faroni, 1997).
Além do uso de inseticidas químicos, os pesquisadores têm investigado formas alternativas de
fazer o controle das pragas dos grão e sementes
armazenadas. A utilização de extratos vegetais,
como inseticida alternativo, é uma forma de prover um controle sem desencadear os problemas
provocados pelos inseticidas sintéticos químicos,
que causam desequilíbrios ambientais nas culturas e demais populações vegetais e animais presentes no ecossistema onde o inseticida foi aplicado, podendo, ainda, poluir os recursos hídricos,
desencadear o surgimento de insetos resistentes e
deixar resíduos tóxicos para o ser humano.
O controle alternativo com inseticida natural
pode ser considerado ecologicamente correto,
pois não coloca em risco a existência do inseto
que apresenta como uma de suas características a
infestação cruzada, ou seja, se desenvolve tanto
no campo quanto nos armazéns e esta forma de
controle visa à eliminação da praga só nos produtos armazenados, permanecendo sua existência
no campo.
Couto & Sigrist (1995) apresentam a peretrina obtida de flores de numerosas espécies do
gênero Chisantemum, principalmente da espécie
C. cinerariaefolium, como um produto não tóxico
a mamífero e efetivo contra largo espectro de
insetos. Acrescente-se a este fato, ainda, que as
propriedades inseticidas do piretro não deixam
resíduos tóxicos nos alimentos (Guerra, 1985).
Cabe ressaltar que o grupo dos organo-sintéticos,
conhecidos como piretróides, nada têm a ver com
o princípio ativo do piretro encontrado no Chisantemum.
Oliveira et al. (1995) através de testes laboratoriais, comprovou que o extrato derivado de
flores de Camelia sinensis é tóxico ao inseto
praga Sitophilus zeamais quando aplicado diretamente sobre estes com pulverizador manual.
Extrato de Piper niger L. foi eficiente em mais de
90% no controle da Sitotroga cerealella, com
efeito residual estável de até 90 dias depois da
sua aplicação.
Observou-se que sementes de feijão macassar
tratadas com casca de laranja seca e moída não
apresentaram alterações na cor e na qualidade
durante o período de entressafra desse produto
(6-8 meses) e que a ação do ácido cítrico presente
na laranja foi repelente para os insetos, podendo,
assim, não estar restrito apenas à manutenção da
coloração das sementes (NTA, 1987; Almeida &
Cavalcanti Mata, 1994). Resultados posteriores
obtidos por Germano (1997) confirmam a eficiência da casca da laranja no controle de insetos e
manutenção da qualidade fisiológica de semente
de Vigna armazenadas.
Atualmente, as plantas representam um considerável recurso para o controle alternativo de
pragas, doenças e invasoras, porém esta informação é desconhecida pela grande maioria dos agricultores. Guerra (1985) coloca a importância
desta área de pesquisa quando afirma existir uma
lista, contendo cerca de duas mil plantas que
apresentam possibilidades de uso no controle de
pragas, doenças e invasoras, a qual foi obtida por
mais de meia centena de organizações de vários
países do mundo que trabalharam num projeto
coordenado pelo Dr. Saleem Ahmed, com sede
em Honolulu, Havaí.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.1, n.1, p.13-19, 1999
Avaliação de extratos vegetais e métodos de aplicação no controle de Sitophilus spp
Assim, o trabalho teve como objetivo avaliar
formas de aplicação de extratos vegetais no controle do inseto praga dos grãos e sementes armazenadas, Sitophilus spp e seus efeitos tóxicos no
controle efetivo desse inseto adulto.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório de
Armazenamento e Processamento de Produtos
Vegetais do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Paraíba.
Criação dos insetos: quatrocentos insetos adultos foram inoculados em uma massa de milho
(60kg) armazenada em condições de ambiente a
25,70C de temperatura média e umidade relativa
do ar de 74,5%. Posteriormente, foi aguardado
um período de 35 dias para a reprodução e produção de adultos. Depois, os insetos eram selecionados com o auxílio de uma peneira de 4mesh,
deixando-se os grãos mais as posturas até a
emergência de novos adultos. Os insetos que
sobreviviam à ação dos extratos utilizados não
retornavam à criação, sendo estes eliminados.
Espécies botânicas: Os extratos (Tabela 1) foram obtidos de folhas, flores, sementes e cascas,
conforme a planta, de dez espécies botânicas da
flora paraibana. Optou-se por essas espécies vegetais devido a referências de uso caseiro como
inseticidas ou como possuidoras de propriedades
fitossanitárias.
Almeida et al.
15
Com exceção do Crisântemo todas as demais
espécies foram cultivadas especificamente para
serem utilizadas no trabalho, não tendo recebido
qualquer tratamento fitossanitário até a sua utilização. Depois da colheita, o material passava por
um processo de limpeza para remoção das impurezas e, em seguida, era lavado em água destilada. Posteriormente, era acondicionado em embalagens de papel etiquetadas, submetidas a estufa
de ventilação forçada a uma temperatura constante de 500±10C para secagem. Depois, era moído
em um triturador elétrico, pesado e abrigado da
luz até a obtenção do extrato bruto.
Obtenção dos extratos para os ensaios: a
metodologia para a obtenção dos extratos a frio
foi adaptada de Scramin et al. (1987). Cinqüenta
gramas (50g) de cada espécie depois de passar
pelo triturador era colocada em um recipiente
contendo 200ml de solvente (álcool P.A.). A
mistura era agitada em um liqüidificador por
cinco minutos para homogeneização. Depois
transportada para um Becker cuja boca era recoberta com papel alumínio preso por fita crepe e
guardado ao abrigo da luz por 48 horas. Durante
este período a mistura era agitada ocasionalmente
e depois filtrada em papel de filtro, obtendo-se,
assim, o extrato o qual foi guardado em vidros
hermeticamente fechados a 50±10C até ser utilizado.
Tabela 1. Nome científico, nome vulgar, indicação de uso e a parte estudada de cada espécie botânica
Nome científico
Ruta graveolens
Coriandrum sativum
Croton tiglium
Chrysanthemum
Tagetes patula
Eucalyptus spp.
Helianthus annus
Citrus vulgaris
Anthemis spp.
Piper nigrum
Nome vulgar
Arruda
Coentro
Cróton
Crisântemo
Cravo
Eucalipto
Girassol
Laranja
Macela galega
Pimento do reino
Indicação
Inseticida
Inseticida
Inseticida
Inseticida
Inseticida
Inseticida
Repelente
Repelente
Inseticida
Inseticida
Testes de mortalidade: os ensaios de mortalidade
foram realizados em duas etapas. Na primeira,
com o objetivo de caracterizar a forma de aplicação (Costa et al. 1980), o extrato foi aplicado
diretamente sobre o inseto com o auxilio de uma
Parte estudada
Folha
Folha
Flores
Flor e folha
Flor e folha
Folha
Semente
Casca
Flor
Semente
micropipeta e a resposta foi dada pelo número de
insetos mortos.
Na segunda etapa, o extrato era levado na
forma de vapor onde se encontravam os insetos
os quais inalavam o extrato pela traquéia e demais vias respiratórias. A metodologia foi desen-
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.1, n.1, p.13-19, 1999
16
Avaliação de extratos vegetais e métodos de aplicação no controle de Sitophilus spp
volvida pelos autores do trabalho, com base na
aplicação da fosfina, comumente utilizada no
controle deste inseto.
Na avaliação, foi considerado vivo todos os
insetos que moviam qualquer parte do corpo,
mesmo aqueles que permaneciam imóveis e só se
moviam lentamente quando incomodados.
Bioensaios da etapa I: foram realizados entre as
11:00 e 15:00 horas (Phillips & Burjholder,
1981) em placas de Petri contendo cada uma dez
insetos adultos, aplicando-se através de uma pipeta automática uma gota do extrato no noto do
inseto, conforme metodologia de Giannotti et al.
(1972). A avaliação do número de insetos mortos
foi feita depois de 24 e 48 horas, respectivamente. Igualmente foi realizado um teste, aplicandose apenas álcool P.A. A testemunha não recebeu
aplicação do extrato e do álcool.
Bioensaios da etapa II: os extratos foram aplicados com um compressor adaptado para levar,
junto com o ar, o extrato diretamente onde se
encontravam os insetos (Fig. 1). Estes recipientes
de 19cm de altura e 12cm de diâmetro tinham a
tampa perfurada em dois locais com furos de 3cm
para a entrada e saída do vapor gerado pelo compressor.
Figura 1. Aplicação dos extratos pelo método do
vapor.
A quantidade do extrato aplicado por repetição foi de 3ml e o recipiente que o continha era
de 5ml. Os tratamentos constaram de quatro repetições de 100 insetos cada uma, mais uma testemunha que não recebeu a aplicação dos extratos.
Depois das aplicações nas condições de temperatura e umidade relativa do ar ambiente (média de
25,70C e 74,5%UR), ao abrigo da luz, por um
período de 48 horas, os recipientes eram abertos
para a contagem dos insetos mortos.
Quando do preparo dos extratos para serem
utilizados nos bioensaios da etapa II, estes foram
aplicados logo após a sua obtenção - extrato com
álcool - e, depois de permanecerem em um recipiente aberto (Becker) por um período de 72
Almeida et al.
horas para à volatilização de todo o álcool - extrato sem álcool.
Análise estatística
Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 10 x 2, com
quatro repetições, exceto no primeiro bioensaio
que não foi analisado, estatisticamente, devido a
este ter sido empregado com a finalidade de caracterizar o método de aplicação e o tempo de
exposição dos extratos para o segundo bioensaio.
Os dados obtidos foram submetidos a análise
de variância com níveis de significância de 1 e
5% e, as médias dos fatores comparados pelo
teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Bioensaios da primeira etapa
O álcool aplicado diretamente sobre o corpo
do Sitophilus spp, método da micropipetagem,
não foi capaz de matá-los, indicando que este não
possui efeito tóxico sobre o inseto. Tendo, assim,
sido escolhido para ser usado como solvente no
preparo dos extratos vegetais.
A porcentagem de mortalidade de insetos
adultos, mediante a aplicação dos extratos diretamente sobre o noto do inseto variou de 0% a
20% e apenas seis dos dez extratos mataram Sitophilus spp, sendo pimenta e cróton eficientes
com 20% de mortalidade, arruda, macela e crisântemo com 10%, eucalipto com 12% e os demais não manifestaram seu poder tóxico, quando
aplicados por este método (micropipetagem).
Apoiado nesses resultados, eliminou-se, no
bioensaio da segunda etapa, a aplicação dos extratos pelo método da micropipetagem e optou-se
para avaliar o efeito dos extratos, depois de 48
horas da sua aplicação, devido ao comportamento
similar dos períodos estudados (24 e 48hs) e,
também, aos fumigantes mais utilizados no expurgo do milho necessitarem desse tempo como
mínimo para que o produto possa ser utilizado
(Gastoxin, 1995).
Bioensaios da segunda etapa
Na Tabela 2, encontram-se os dados de
mortalidade de Sitophilus spp em função da
quantidade de álcool aplicada pelo método do
vapor depois de um período de 48 horas da aplicação.
Logo após a aplicação, verificou-se que o
comportamento do inseto foi de agitação intensa,
andando aleatoriamente pelo recipiente; depois
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.1, n.1, p.13-19, 1999
Avaliação de extratos vegetais e métodos de aplicação no controle de Sitophilus spp
de aproximadamente 2 minutos, começavam a
tentar sair pelos furos do recipiente; com  5
minutos não tinham mais equilíbrio aparente e se
desprendiam com facilidade das laterais do recipiente e as vezes não conseguiam chegar aos
furos da parte superior do recipiente; ao final da
aplicação de cada amostra quase todos os insetos
já estavam imóveis e aparentemente mortos.
Estes insetos respiram por meio de traquéias
as quais, em número de 10 pares, abrem-se lateralmente através de pequenos orifícios denominados estigmas. Em função dessa estrutura física,
o Sitophilus spp absorve e reage rapidamente à
aplicação dos extratos na forma de vapor. Fato
que se apoia em observações descritas por Lima
& Racca (1987).
Os resultados apresentados na Tabela 2 evidenciam a influência dos extratos que controlaram entre 85,75% (eucalipto) a 100% (pimenta) o
Sitophilus spp frente à testemunha, cuja eficácia
sobre adultos desse inseto foi nula (0,0%). Os
dados revelam ainda igualdade estatística dos
extratos eucalipto e girassol, sendo este estatisticamente tão eficiente quanto o cravo.
Os extratos com álcool foram estatisticamente inferiores aos extratos sem álcool, no controle
do inseto Sitophilus spp, apresentando um percentual de mortalidade de 84,8% contra 88%,
respectivamente. Estes resultados indicam que os
Almeida et al.
17
extratos, com e sem a presença do solvente álcool, podem interferir nos resultados, provocando
mortalidade do inseto.
Para a interação, extrato sem álcool x extratos com álcool (Tabela 3), tem-se que os extratos
sem álcool de girassol e eucalipto foram estatisticamente inferiores ao extratos com álcool em
25,5% e 22,5%, respectivamente. Observa-se
também que o extrato sem álcool de macela foi
superior ao extrato com álcool em 6,5% e que
todos os tratamentos dentro e entre eles diferiram
da testemunha.
Observa-se ainda que os extratos sem álcool
de laranja, pimenta e macela controlaram em
100% o inseto Sitophilus spp. Controle igual deuse com os extratos com álcool de girassol e pimenta. O fato mostra que a pimenta possui princípios ativos que promove o controle deste inseto
adulto pelo método do vapor, independente da
composição do extrato (com e sem álcool). Resultados que colocam a pimenta como um dos
materiais de origem vegetal estudados, mais eficaz no preparo dos extratos para controlar o Sitophilus spp. Estes resultados são concordantes
com os obtidos por Oliveira et al. (1995) que
afirma ter aplicado extrato de pimenta do reino
sobre Sitophilus zeamais e controlado a população desse inseto-praga em 90%.
Tabela 3 - Mortalidade final (%) de Sitophilus spp para a interação extrato sem álcool x extrato com
álcool, pelo método do vapor, depois de um tempo de exposição de 48 horas da aplicação*
Tratamentos
Extratos
Citrus vulgaris (Laranja)
Coriandrum sativum (Coentro)
Chrysanthemum (Crisântemo)
Helianthus annus (Girassol)
Eucalyptus spp. (Eucalipto)
Piper nigrum (Pimenta)
Anthemis spp. (Macela)
Croton tiglium (Cróton)
Tagetes patula (Cravo)
Ruta graveolens (Arruda)
Testemunha
Médias
dms/coluna
Extrato sem álcool
Extrato com álcool
100.00 aA
98.50 aA
98.25 aA
74.50 bB
74.50 bB
100.00 aA
100.00 aA
97.25 aA
92.00 aA
98.15 aA
0.00 cA
84.89
9.67
98.00 aA
93.25 aA
95.25 aA
100.00 aA
97.00 aA
100.00 aA
93.50 abB
99.00 aA
94.50 aA
93.10 aA
0.00 cA
88.00
dms/linha
Médias
99.00
95.88
96.75
87.25
85.75
100.00
96.75
98.13
93.25
95.13
0.00
86.44
5.80
*Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente
pelo teste de Tukey (P>0,05)
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.1, n.1, p.13-19, 1999
18
Avaliação de extratos vegetais e métodos de aplicação no controle de Sitophilus spp
Em valores médios, os extratos de cróton,
laranja, crisântemo, além do de pimenta foram
os que indicaram maior poder tóxico no controle eficaz do inseto em estudo. Tem-se para os
extratos de macela, coentro, cravo, girassol e
eucalipto, um índice médio de controle do Sitophilus spp acima de 85%, com diferença estatística para o girassol e o eucalipto, possuidores
da mesma eficiência e, que diferiram do cravo
que se igualou ao girassol estatisticamente.
Germano (1997), estudando o emprego de
produtos naturais no tratamento de sementes de
Vigna unguiculata, encontrou que o extrato
bruto de casca de laranja, foi mais eficiente no
controle de pragas e na manutenção da qualidade fisiológica dessas sementes armazenadas, do
que a casca de batatinha, resultados que estão
de acordo com os obtidos por Almeida & Cavalcanti Mata (1994).
O cróton é utilizado como inseticida em várias partes do mundo devido especialmente, ao
poder inseticida de suas sementes que, segundo
Guerra (1985) são mais tóxicas que o piretro,
substância encontrada nas flores do crisântemo.
Couto & Sigrist (1995) afirmam que a piretrina
obtida do Chrysantemum cinerariaefolium é
eficaz no controle de um largo espectro de insetos e não é tóxico a mamífero.
Um estudo sobre a composição desses extratos por meio de cromatografia em camadas
delgadas, poderá trazer informações muito boas
para novas pesquisas.
CONCLUSÕES
Para as condições do presente trabalho
pode-se concluir que:
1.
2.
3.
os adultos de Sitophilus spp são controlados por extratos de Piper nigrum em
(100%), seguido pelos extratos de Citrus
vulgaris (99%), Croton tiglium (98%) e
Crysanthemum (97%), aplicados na forma
de vapor;
não foi obtido controle efetivo de mortalidade (0,0%) com o solvente orgânico álcool P.A., nem satisfatório com os extratos
vegetais (0,0 a 20%), aplicados diretamente sobre Sitophilus adultos (micropipetagem);
os extratos botânicos estudados podem ser
obtidos pelo método de extração a frio,
com o solvente orgânico álcool P.A.
Almeida et al.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, F. de A.C., Cavalcanti Mata,
M.E.R.M. Avaliação dos componentes químicos do feijão macassar armazenados com
extratos de casca de laranja e limão. Campina Grande: Núcleo de Tecnologia em Armazenagem – UFPB, 1994. (NTA/UFPB. Boletim Técnico, 14).
Braga, G.C., Guedes, R.N.C., Silva, F.A.P. et
al. Avaliação da eficiência de inseticidas,
isolados e em misturas, no controle de Sitophilus zeamais Motschulsky (Coleoptera:
curculionidae) em milho armazenado. Revista Ceres, Viçosa, v.38, p.522-528. 1991.
Costa, J.M., Santos, F.A.F., Correia, J.S. Pragas dos produtos armazenados e meios de
controle. Ed. EMBAPA. Salvador: [s.n.],
1980. 18 p.
Couto, H.T.Z., Sigrist, P.O. O poder inseticida
do crisântemo. Revista Universitária de
Agronomia e Zootecnia, v.1, n.3, p.46-47.
1995.
Faroni, L.R.A. Principais pragas de grãos armazenados. In: Almeida, F. de A.C., Hara, T.,
Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades
rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA,
1997. p.189-291.
GastoxinR. Manual técnico: procedimentos de
aplicação. São Vicente: Casa Bernado Ltda.
1995.
Germano, L.M.A.R. Emprego de produtos
naturais no tratamento de sementes de
feijão macassar (Vigna unguiculata (L)
Walp), acondicionadas em três microregiões do Estado da Paraíba. Areia: UFPB,
1997. 77p. Dissertação de Mestrado.
Giannotti, O., Orlando, A., Puzzi, D., Cavalcante, R.D., Mello, E.J.R. Noções básicas sobre
praguicidas: generalidades e recomendações
de uso na agricultura do Estado de São Paulo. O Biológico. São Paulo, v.1, p.303-305.
1972.
Gomes, L.A., Rodriguez, J.G., Poneleit, C.G.,
Blake, D.F., Smite Junior, C.R. Chenosenory responses of the rice weel (Coleoptera: Curculionidea) to susceptible and resistant corn genotype. Journal of Economic Entomology, College Park, v.76, n.5,
p.1044-1048, 1983.
Guerra, M.S. Alternativa para o controle de
pragas e doenças de plantas cultivadas e
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.1, n.1, p.13-19, 1999
Avaliação de extratos vegetais e métodos de aplicação no controle de Sitophilus spp
seus produtos. Brasília: EMBRAPA, 1985.
165p.
Lima, A.F., Racca, F.F. Pragas e praguicidas:
aspectos legais toxicológicos e recomendações técnicas. Rio de Janeiro: EMBRAPA,
1987. 123p.
NTA - Núcleo de Tecnologia em Armazenagem. Relatório anual de pesquisa. Campina Grande: NTA/DEAg/UFPB. 1987, 85p.
Oliveira, M.M., Goldfarb, A.C., Oliveira,
E.C.S. Efeitos dos extratos etanólicos de Piper sp (piperacea) e Camelia sinensis sobre
o inseto praga Sitophilus zeamais (coléopte-
Almeida et al.
19
ro curculionoidae). In: Reunião Anual da
SBPC, 47., 1995. São Luis: Anais... São
Luis: SBPC, 478p.
Phillips, J.K., Burjholder, W.E. Evidence for a
male produced aggregation pheromone in
rice meevil. Journal of Economic Entomology, College Park, n.74, v.5, p.539-542.
Cct. 1981.
Scramin, S., Silva, H.P., Fernandes, L.M.S.,
Yhanc, C.A. Avaliação biológic de extratos
de 14 espécies vegetais sobre Meloidogyne
incógnita, raça 1. Hematologia Brasileira.
Campinas: s.n., 1987.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.1, n.1, p.13-19, 1999
20
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.1, n.1, p.20, 1999
Download