Percepção discente e docente acerca do ensino superior e das características ideais de docentes e discentes: uma perspectiva interinstitucional. Irene Carmen Piconi Prestes1, Adriana Pellanda Gagno2, Adriana de Fátima Franco3, Eugênio Pereira de Paula Junior4, Leandro Kruszielski5 e Mônica Dorrenbach Luna6. O presente trabalho encontra-se em andamento, tendo seu início no primeiro semestre de 2009. Seu objetivo geral é entender como discentes e docentes percebem as dificuldades e características da educação superior. A percepção constitui a principal fonte de aquisição de experiências humanas. Entendida como atividade mental intermediária entre a sensação e o pensamento. Compreendida a partir dos processamentos psicológicos ou sistemas funcionais complexos que ocorrem por meio da participação de grupos de estruturas cerebrais, sendo que cada qual oferece uma contribuição própria ao sistema cerebral. Desta maneira, considera-se que interferem nos processos de aprendizagem do aluno, uma vez que este se dá, inicialmente, no cérebro e isso ocorre de forma sincronizada com outros sistemas. A Psicologia da Gestalt, ao estudar a percepção argumenta que a percepção sensorial é única 1 Psicóloga.Psicanalista. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Docente do curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná. Psicóloga Educacional.E-mail: [email protected] 2 Psicóloga .Psicanalista.Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora do curso de Psicologia da Faculdade de Administração, Ciências, Educação e Letras (FACEL). Atuação clínica e institucional.Email: [email protected] 3 Psicóloga. Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Docente do curso de Psicologia e do mestrado em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná. E-mail: [email protected] 4 Psicólogo. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Docente no curso de Psicologia da Faculdade Dom Bosco. Neuropsicólogo. E-mail: [email protected] 5 Psicólogo. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) . Docente no curso de Psicologia da Faculdade Dom Bosco. Neuropsicólogo. E-mail: [email protected] 6 Psicóloga. Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Docente dos cursos de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná e da Faculdade Dom Bosco. Psicóloga Escolar e Educacional. Email: [email protected] [ e depende da organização e do relacionamento particular existente entre as partes (figura-fundo) denominadas gestalts. Sendo assim, figura-fundo constituem a unidade básica da percepção e formam a unidade de significado. O que, quer dizer, que o organismo humano constrói uma unidade sentir– pensar–agir. Dessa maneira, a percepção sensorial não decorre apenas de um processo de recepção de estímulos ou da impressão sensitiva do meio sobre o organismo, ela resulta essencialmente de uma relação indubitavelmente singular da unidade meio–organismo. O campo de percepção é dinâmico e é compreendido como um constante aparecimento e desmoronamento de gestalts. Assim, o comportamento humano se define por meio dessa particular organização das gestalts. Então, aprender significa perceber uma situação global de forma a reagir adequadamente em face dela. Aprende-se discernindo, compreendendo. Neste estudo, serão levantadas dificuldades encontradas no processo educativo e as principais características distintivas da educação superior segundo docentes e discentes. Quanto à natureza psicológica do processo educativo entende-se que remete a um campo complexo de forças, quer dizer, constitui um processo dinâmico, ativo e dialético, que envolve o aluno, o professor e o meio existente (Vigotski, 2003). A partir dos dados levantados como os docentes e discentes será avaliada a distribuição quantitativa dessas percepções buscando relações significativas entre os dois temas ou entre outras variáveis levantadas para análise e discussão das relações encontradas à luz dos dados teóricos previamente revisados. Trata-se de um estudo interinstitucional que reúne cursos de Psicologia de quatro instituições particulares de ensino superior, sendo duas universidades e duas faculdades da cidade de Curitiba. Tem por referência a Pesquisa intitulada “Percepção discente e docente acerca do ensino superior e das características ideais de docentes e discentes”, realizada no período de 2007 a 2008, em uma das instituições participantes do presente estudo. O público pesquisado contou com 692 acadêmicos e 99 professores. A referida pesquisa conclui que é possível observar as diferenças nas percepções docentes e discentes a respeito das finalidades do ensino superior, das competências de cada segmento na dinâmica acadêmica e dos entraves do processo ensino-aprendizagem. Uma vez que tais segmentos atribuem responsabilidades desiguais à determinação do sucesso acadêmico, pode-se supor que o cotidiano acadêmico esteja sendo regulado por forças que agem em diferentes sentidos ou direções. A tomada de consciência dessas distâncias pode promover o debate e a formulação de novos contratos didáticos, explícitos, deliberados e coletivamente acordados a fim de corrigir o curso das forças que buscam atingir o propósito efetivo da educação superior. A universidade é um espaço marcado por inúmeras experiências e uma diversidade de alternativas teóricas, nesse sentido para Severino (2002) quando o acadêmico dá início à vida universitária, ele se dá conta de que existem exigências específicas para dar continuidade à educação superior. Consoante a esse pensamento ele alerta para a importância de se adquirir novas posturas, diante de novas tarefas que logo serão solicitadas ao estudante. É necessário assumir prontamente essa nova situação e de tomar medidas apropriadas para enfrentá-la. É preciso que o estudante se conscientize de que o resultado do processo depende fundamentalmente dele [ mesmo. Seja pelo seu próprio desenvolvimento psíquico e intelectual seja pela própria natureza do processo educacional desse nível, as condições de aprendizagem transformam-se no sentido de exigir do estudante maior autonomia de sua efetivação, maior independência em relação aos subsídios da estrutura do ensino e dos recursos institucionais que ainda continuam sendo oferecidos. O aprofundamento da vida científica passar a exigir do estudante uma postura de auto-atividade didática (Severino, 2002). Tendo essa referência considera-se que a reflexão sobre o tema não se esgotou na pesquisa anterior e se justifica pelas dificuldades identificadas na atualidade com o ensino e a transmissão do conhecimento, com efeitos no aproveitamento, nos relacionamentos, nas condições emocionais, enfim no comportamento do acadêmico. Destarte, outro desafio se apresenta que é investigar interinstitucionalmente a percepção acadêmica do curso de psicologia acerca da educação superior e das características ideais de docentes e discentes. Parece ser fundamental avaliar uma possível distância entre as finalidades e atribuições da educação superior e as percepções que os estudantes formulam sobre essa etapa de sua formação e sobre os papéis dos atores envolvidos. Uma vez que se supõe que o que se oferece na estrutura do ensino e dos recursos institucionais não pode ir além de fornecer instrumentos que possibilitem uma atitude criativa do estudante. Parece urgente buscar-se suporte no contexto e nas práticas educacionais para que se possa efetivar verdadeiramente o ensino da psicologia e a formação de psicólogo adequada às expectativas do trabalho. Entende-se que no espaço acadêmico existem exigências específicas as quais o universitário deverá dar-se conta para a continuidade da sua formação profissional. Deste modo, é no ambiente escolar que os alicerces e os desafios se apresentam e é neste contexto que se encontram elementos que auxiliam a oferecer uma educação de qualidade para todos e alternativas que viabilizam a diversidade na aprendizagem. Outro elemento a considerar é a motivação em relação ao curso superior, considerada um dos alicerces à satisfação do acadêmico. Muitos são os estudos acerca da definição e compreensão da motivação, entre eles destacase SAWREY & TELFORD (1976) que a definem como uma condição interna pela qual o homem é, consciente ou inconscientemente, provocado a agir com intencionalidade na busca do prazer e da satisfação. A motivação aplicada aos diversos contextos educacionais vem se expandindo pelo fato de que para que qualquer aprendiz seja bem sucedido é preciso que saiba utilizar de forma auto-regulada, auto-dirigida e ativa estratégias para gerenciar tanto a motivação como o comportamento e a aprendizagem, ou seja, que seja capaz de aprender a aprender (RUIZ, 2003). Nesta perspectiva, segundo BZUNECK (2005) não se deve limitar o estudo da motivação apenas como um recurso próprio do aluno, estável e trans-situacional, deve-se sim estudá-la como produto de uma interação entre características intra e interpessoais, bem como, a motivação deve estar contextualizada. Ainda, os motivos de determinada situação constituem o aspecto dinâmico do processo ensino-aprendizagem. Assim, é necessário reconhecer que tanto o conteúdo como as estratégias de aprendizagem devem considerar os motivos individuais e os da comunidade social onde vive o aluno. Um aluno motivado a aprender apresenta tendência a considerar as atividades escolares significativas e de valor e a tentar extrair [ delas os benefícios escolares esperados. Deste modo, a motivação também guarda relação com a percepção que o acadêmico tem acerca das experiências no ambiente escolar. Nesse espaço relacional, professor e aluno confrontam-se e constroem imagens recíprocas. Se estas imagens forem compreendidas poderão revelar as diferenças entre percepções docentes, discentes e institucionais e permitir intervenções que aproximem os atores do cenário acadêmico. É importante destacar que os indivíduos quando transformados num grupo, adquirem uma espécie de mente coletiva que os faz sentir, agir e pensar de maneira muito diferente do que individualmente, em estado isolado. Esta investigação tem a intenção de ser exploratória. Como procedimento inicial de coleta de dados serão realizados grupos focais, entendida como técnica qualitativa, não-diretiva, cujo resultado visa o controle da discussão de um grupo de pessoas. Neste caso os sujeitos serão os docentes e discentes de cada instituição separadamente para identificar categorias que venham a constituir, num segundo momento, um instrumento fechado para aplicação posterior em maior número de sujeitos, gerando um tratamento quantitativo a ser discutido para alinhavar conclusões. Palavras-chave: Educação superior, percepção discente e percepção docente. [