Transversalidade da Lingua Portuguesa

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ASSOCIAÇÃO ESCOLA 31 DE JANEIRO 2012/13
PROJETO DE
LÍNGUA PORTUGUESA
TRANSVERSALIDADE
NA CORREÇÃO DA ESCRITA
E DA EXPRESSÃO ORAL
DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS E CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
TRANSVERSALIDADE DA LÍNGUA PORTUGUESA
INTRODUÇÃO
A língua materna é um importante fator de identidade nacional e cultural.
No espaço nacional, o Português é a língua oficial, a língua de
escolarização, a língua materna da esmagadora maioria da população
escolar e a língua de acolhimento das minorias linguísticas que vivem no
País. Por isso, o domínio da língua portuguesa é decisivo no
desenvolvimento
individual,
no
acesso
ao
conhecimento,
no
relacionamento social, no sucesso escolar e profissional e no exercício
pleno da cidadania.
A meta do currículo de Língua Portuguesa na Educação Básica é
desenvolver nos jovens um conhecimento da língua que lhes permita:
a) Compreender e produzir discursos orais formais e públicos;
b) Interagir verbalmente de uma forma apropriada em situações formais e
institucionais;
c) Ser um leitor fluente e crítico;
d) Usar multifuncionalmente a escrita, com correção linguística e domínio
das técnicas de composição de vários tipos de textos;
e) Explicitar aspetos fundamentais da estrutura e do uso da língua, através
da apropriação de metodologias básicas de análise, e investir esse
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conhecimento na mobilização das estratégias apropriadas à compreensão
oral e escrita e na monitorização da expressão oral e escrita.
O domínio da língua materna oral e escrita é de suma importância durante
o percurso escolar do aluno, constituindo o objetivo central da
aprendizagem do mesmo. Desta forma, considera-se que a preocupação
com a utilização correta da língua padrão, quer oral, quer escrita deve ser
expandida a todas as disciplinas do currículo do Ensino Básico. O princípio
da transversalidade revela aqui toda a sua importância, sendo a Língua
Portuguesa a língua de escolarização, uma vez que a língua materna e a
sua aprendizagem estão diretamente relacionadas com o sucesso escolar.
É exatamente sobre este ponto que se debruça este projeto, visando um
conjunto de regras comuns a todas as disciplinas com procedimentos
concretos que devem ser aplicados nas aulas, valorizando a Língua
Portuguesa e a sua utilização profícua e continuada, nas vertentes escrita
e oral.
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EXPRESSÃO ORAL
Entende-se por expressão oral a capacidade para produzir sequências
fónicas dotadas de significado e conformes à gramática da língua. Esta
competência implica a mobilização de saberes linguísticos e sociais e
pressupõe uma atitude cooperativa na interação comunicativa, bem como
o conhecimento dos papéis desempenhados pelos falantes em cada tipo
de situação. Para desenvolver a correta expressão oral da língua materna,
pretende-se que do Ensino Pré-Escolar ao 3º Ciclo do Ensino Básico sejam
instituídas determinadas regras nas mais variadas disciplinas ou atividades
que envolvam a utilização do Português, tais como:
1. Privilegiar o uso oral da língua nas aulas de Língua Portuguesa e
nas restantes disciplinas
Os professores devem criar momentos de maior formalidade na utilização
da Língua Portuguesa, promovendo debates, apresentações de trabalhos,
recontos, entrevistas, entre outros, nos quais os alunos são obrigados a
empregar o registo cuidado da língua-padrão. Os alunos deverão produzir
textos orais, que lhes permitam exprimir sentimentos ou emoções,
relatar/contar, informar/explicar, descrever, fazer apreciações críticas,
apresentar ideias, comportamentos e valores, argumentar/convencer os
interlocutores. Deste modo, terão de ter uma maior preocupação
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gramatical na forma como se expressam, usando a palavra com fluência e
correção.
2. Combater a infantilização da língua materna desde o Pré-Escolar
O domínio da linguagem oral é um objetivo essencial na educação PréEscolar. No jardim-de-infância as conversas com as crianças sobre o que
fizeram, fazem ou irão fazer são muito importantes para o
desenvolvimento da oralidade e permitem a correção imediata de
palavras mal pronunciadas. Como tal, é necessário sensibilizar os
pais/encarregados de educação para a importância da correção, pois a
falta da mesma pode levar a que a criança venha a dar erros ortográficos
quando mais tarde aprender a escrever.
Para além da correção de palavras mal pronunciadas, é importante
combater a infantilização da língua, a que tantas vezes se acha graça.
Deve-se portanto explicar à criança que não é dói-dói e sim ferida, que
não é chicha e sim carne, pois a constante utilização de termos idênticos a
estes poderão desenvolver na criança uma ideia errada da utilização da
língua materna. A conjugação de verbos é também essencial. Nestas
idades é comum fazerem-se erros como eu fazeu, eu di, que resultam da
generalização errada das regras gramaticais. É muito importante que o
educador corrija sempre a criança, ensinando-lhe a forma correta dos
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verbos. Mais uma vez a colaboração da família é fundamental, pois se
houver correção na escola e em casa essa correção não existir, o
desenvolvimento da língua materna não será efetivo e mais tarde
resultará na dificuldade de aplicação das regras de ortografia.
EXPRESSÃO ESCRITA
Entende-se por escrita o resultado, dotado de significado e conforme à
gramática da língua, de um processo de fixação linguística que convoca o
conhecimento do sistema de representação gráfica adotado, bem como
processos cognitivos e translinguísticos complexos (planeamento,
textualização, revisão, correção e reformulação do texto). Com o objetivo
de fixar a língua e as suas regras ortográficas, de modo a criar uma
unificação, é necessário implementar as regras do Novo Acordo
Ortográfico a partir do primeiro ano do Ensino Básico. Desta forma,
considera-se de suma importância que a correção ortográfica seja
efetuada, não só nas aulas de Português, como em qualquer aula em que
o aluno utilize a língua materna na sua vertente escrita. O professor
responsável, ainda que a sua formação académica não seja a língua
portuguesa, tem a obrigação de identificar erros ortográficos e/ ou até de
sintaxe que o aluno possa ter cometido num exercício escrito da sua
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disciplina, e é igualmente responsável por assegurar a correção dos
mesmos por parte do aluno. Assim, no caso de uma palavra escrita com
erro ortográfico, o professor deverá assinalá-la e pedirá ao aluno que a
repita dez vezes por escrito no caderno dessa mesma disciplina. No que
diz respeito aos erros de sintaxe, o professor deverá pedir ao aluno que
reescreva a frase de forma correta.
Para além desta questão da correção, é igualmente importante que, nas
diversas disciplinas, o aluno seja confrontado com a necessidade de
escrever pequenos textos coerentes e linguisticamente corretos, bem
como com a obrigação de elaborar respostas completas. A finalidade é
levar o aluno a aprender a estruturar o seu pensamento, cumprindo as
regras do bom uso da língua portuguesa em todas as disciplinas.
LEITURA
Entende-se por leitura o processo interativo que se estabelece entre o
leitor e o texto, em que o primeiro apreende e reconstrói o significado ou
os significados do segundo. A leitura exige vários processos de atuação
interligados (decifração de sequências grafemáticas, acesso a informação
semântica, construção de conhecimento, etc.); em termos translatos, a
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leitura pode ainda ser entendida como atividade que incide sobre textos
em diversos suportes e linguagens, para além da escrita verbal.
Nas aulas das diversas disciplinas, os professores deverão proporcionar
aos alunos a leitura de textos de diferentes tipos e de funcionalidade e
finalidades distintas, literários e não literários, em diversos suportes
(suporte de papel e em suporte informático e audiovisual). Assim, deverão
ser
trabalhados
textos,
narrativos,
descritivos,
expositivos,
argumentativos, instrucionais, cuja abordagem deverá ter em atenção o
nível etário dos alunos, numa dinâmica de progressão.
Esta proposta, preconizada já nos novos Programas de Português do
Ensino Básico (Março de 2009), assenta em vários pressupostos:
1. Por um lado, o contacto com uma diversidade de textos e obras
permitirá ao aluno:
- descobrir utilizações estéticas da língua, segundo várias
perspetivas e finalidades, e novos modos de ler;
- alargar vocabulário específico e dominar progressivamente
estruturas gramaticais complexas;
- interiorizar múltiplas estruturas textuais, alargando a sua
competência discursiva e textual, quer do ponto de vista da
produção, quer da compreensão;
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- tornar-se um leitor progressivamente mais autónomo, atento
e crítico face à variedade de textos que o rodeiam no mundo
actual.
2. Por
outro
lado,
a
leitura
dos
textos
não
literários e,
especificamente, a leitura dos textos de caráter científico, assume
um papel
fundamental
na
construção
e organização
do
conhecimento, favorecendo a aprendizagem em todas as disciplinas
do currículo.
3. Exemplos de textos a trabalhar nas aulas: textos dos media
(notícia, reportagem, texto de opinião, crítica, entrevista,
publicidade); textos científicos, de enciclopédias, glossários,
dicionários; descrições, retratos, auto-retratos; textos de fóruns de
discussão; regulamentos; índices; roteiros, mapas, legendas, planos,
agendas, esquemas, gráficos.
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CONCLUSÃO
O ensino do Português previsto no programa não se desenrola apenas
numa aula específica e com um professor formado para o efeito. Desta
forma, isso não significa que nessa aula e com esse professor se esgote,
para o aluno, a aprendizagem do idioma e a sua correta utilização. A nossa
língua é um fundamental instrumento de acesso a todos os saberes; e sem
o seu apurado domínio, no plano oral e no da escrita, esses outros saberes
não são adequadamente representados. Com o esforço e o empenho de
todos, este projeto poderá ser levado a bom porto, dada a simplicidade
das medidas sugeridas. A preocupação com o bom uso do português é de
suma importância para o sucesso do aluno, dado que um aluno que
escreve e que se expressa com rigor, é um aluno que compreende e
interpreta o meio que o rodeia, ajudando ao seu desenvolvimento
enquanto ser humano.
Assim, é importante que o ensino da língua materna não se esgote nas
aulas de Português. Citando uma das recomendações da Conferência
Internacional sobre o Ensino do Português:
“Importa sensibilizar e mesmo responsabilizar todos os professores, sem
excepção e seja qual for a sua área disciplinar, no sentido de cultivarem
uma relação com a língua que seja norteada pelo rigor e pela exigência de
correcção linguística, em todo o momento e em qualquer circunstância do
processo de ensino e de aprendizagem.”1
1
Actas. Conferência Internacional sobre o Ensino do Português, Lisboa, Ministério da
Educação/ DGIDC, p. 238.
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BIBLIOGRAFIA
Programas de Português do Ensino Básico, coordenação de Carlos
Reis, Ministério da Educação/ DGIDC, Lisboa, Dezembro de 2008.
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