A urticária pode ser um transtorno alérgico e/ou não

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Dr. Luiz Carlos Bertoni - CRM-PR 5779
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URTICÁRIA E ANGIOEDEMA: NÃO AGUENTO DE TANTO COÇAR
A urticária pode ser um transtorno alérgico e/ou não-alérgico muito
comum, afeta pelo menos 20-30% da população em algum momento da vida. As
reações urticarianas ocorrem quando estímulos imunológicos e/ou nãoimunológicos desencadeiam a liberação de mediadores da inflamação. Estes
produzem aumento de permeabilidade vascular e edema, que na pele aparecem
como lesões pruriginosas (coceiras) e vermelhidão. Quando ocorre mais
profundamente na pele aparece o angioedema (inchaço localizado, geralmente
não coça devido à falta de terminações nervosas neste nível).
Segundo o tempo de duração dos sintomas a urticária pode ser
classificada em aguda (duração até 8 semanas) ou crônica (maior que 8
semanas). A urticária aguda pode ser provocada por certos alimentos,
medicamentos ou picadas de insetos. Como é a reação imediata, a pessoa
aprende a evitar o desencadeante e geralmente não procura ajuda médica.
No entanto, a urticária crônica geralmente constitui um problema de
difícil solução, necessita de uma avaliação aprofundada e detalhada. A
descoberta da substância provocadora da urticária gira em entorno de 30% dos
casos.
Diversos trabalhos científicos mostram a freqüência relativa das urticárias:
79% urticária idiopática, 8,5% urticária factícia, 5% urticária colinérgica, 3,5%
outras urticárias físicas (urticária ao frio, urticária aquagênica, urticária solar,
urticária ao calor, urticária por pressão, angioedema vibratório), 3% urticária
alérgica, 0,5% angioedema hereditário e 0,4% urticária da gravidez.
URTICÁRIA CRÔNICA
ETIOLOGIA (CAUSA)
PORCENTAGEM
Idiopática
Dermografismo (urticária factícia)
Colinérgica
Físicas
Alérgicas
Angioedema hereditário
Urticária da gravidez
79,0
8,5
5,0
3,5
3,0
0,5
0,4
Infecções ocultas podem ser causa de urticária. A Urticária pode
aparecer nos casos de hepatite aguda viral, mononucleose infecciosa e nas
infestações parasitárias (Anisakis, Ascaris, Ancylostoma, Strongyloides, Filaria,
Echinococcus, Schistosoma, Trichinela e Toxocara).
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Tem sido descritos casos de resolução de urticárias ao curar infecções
como, abscesso dentário, sinusite, amidalite ou infecção urinária. Também tem
se relacionado com a presença de dermatofitoses (micoses superficiais) ou
candidiase vaginal.
O uso recorrente de medicamentos pode ser causa de urticária, por
mecanismo alérgico (derivados da penicilina) e não-alérgico (analgésicos e
antiinflamatórios não-hormonais). Nestes casos pode ser tanto urticária aguda
como crônica.
Doenças sistêmicas podem apresentar urticária como, colagenoses
(lupus, artrite reumatóide), doenças malignas (cânceres e linfomas) e alterações
endócrinas (hipertiroidismo, gravidez, menstruação).
Os cientistas médicos consideram que os fatores psicogênicos podem
causar urticárias crônicas, porém é um diagnóstico de exceção.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A urticária crônica idiopática (70-90% das urticárias crônicas) é mais
freqüente em mulheres entre a 30-50 anos de vida. Uma vez que aparece,
persistem, manifestando-se com episódios de grandes placas, intercalando com
curtos períodos assintomáticos ou picos de placas constantes.
A remissão pode ocorrer de forma espontânea em 50% dos casos no
primeiro ano e em 87% no final de 5 anos, contudo alguns casos as urticárias
podem persistir por mais de 20 anos. As placas são pruriginosas (coçam) e com
características evanescentes. Em geral as placas de urticária duram algumas
horas, porém reaparecem em outras áreas da pele. Vários picos podem ocorrer
simultaneamente em diferentes estágios de evolução.
A história clinica deve valorizar a relação dos picos (placas de
urticária) com a exposição de medicamentos, alimentos, picadas de
insetos, fatores físicos, infecções de repetição e fatores psíquicos. As
urticárias podem vir associadas à falta de ar (dispnéia), dor abdominal
(angioedema hereditário) ou dores nas articulações (artragias).
Os antecedentes familiares não ajudam muito, exceto no raro
caso de angioedema hereditário, angioedema vibratório, urticária a
frio, urticária ao calor, anafilaxia por exercícios e urticária solar
(protoporfiria).
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Na avaliação física se observa pápulas que podem ser pequenas
1-2 mm (urticária colinérgica) até 8 cm, de cor rosada com área
central branca e halo eritematoso. Pode ser de forma oval, arciforme,
anular, policíclica ou serpingiosas e com disposição anular, arciforme
ou linear (urticária fácticia). A distribuição pode ser localizada, regional
ou generalizada. Frequentemente acompanhada de angioedema
(edema localizado, assimétrico de coloração cutânea normal pode
afeta a face (pálpebras, lábios, língua), genitais ou extremidades
(mão, pé). Ocasionalmente pode afetar a laringe cursando com
ronqueira, estridor e falta de ar (dispnéia). Em geral na forma de
urticária aparece em 40% dos casos, em 10% angioedema e nos 50%
restantes aparecem associados os dois (urticária e angioedema).
DIAGNÓSTICO
ASSOCIAÇÃO
Urticária e angioedema
Urticária sem angioedema
Angioedema sem urticária
PERCENTUAL
40 - 50 %
40 %
10 – 20 %
O diagnóstico é feito pela clínica, às formas agudas são mais
auto-limitadas não precisam de maiores avaliações exceto nos casos
de alergia a himenópteros, medicamentos ou alimentos básicos
(especialmente em lactentes).
Nas formas crônicas pode ser realizadas de rotina: hemograma,
VHS, bioquímica sérica, urina tipo I, opcionalmente radiografia de
seios da face, arcada dentária e teste de Helicobacter pylori.
No restante da avaliação segue as explorações complementares
feita de forma seletiva dependendo da suspeita. Um VHS elevado ou
presença de células ou proteínas no exame de urina deve descartar
uma doença do colágeno (FAN, FR, CH50, C3, C4, crioglobulinas,
criofibrinogenio, biopsia cutânea com imunofluorescencia). Uma
eosinofilia deve descartar uma parasitose ou processo alérgico
(alimentos, anisakis).
Os pacientes com mononucleose ou hepatite têm outros
sintomas (faringite, adenopatias, exantema febril, artritis), estando
indicado os exames de sorologia específicos.
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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Apesar de suscitar dúvidas, o diagnóstico diferencial da urticária
deve ser feito com eritema multiforme e mais raramente com prurigo,
eczema, psoriase, dermatite herpertiforme, penfigoide, eritema anular
e toxicodermias. O angioedema pode confundir com linfedema,
infecções (erisipela, celulite), dermatite de contato, edema idiopático
de escroto e síndrome de Melkersson Rosenthal (edema persistente
dos lábios e língua com paralisia facial.
TRATAMENTO DA URTICÁRIA AGUDA
Numa urticária aguda pode ser necessário iniciar o tratamento
com adrenalina 1/1000 por via subcutânea e um anti-histamínico. Na
persistência ou recidiva é útil acrescentar corticosteróides. Se a
urticária foi induzida por um fármaco, manter a medicação antialérgica
até sua eliminação. As pessoas próximas ao paciente devem levar
imediatamente ao hospital (avisar o medico assistente) se tiver
dificuldade respiratória ou sinais de colapsos.
TRATAMENTO DE URTICÁRIA CRÔNICA IDIOPÁTICA
O paciente com história de urticária crônica apresenta um
problema terapêutico mais complicado. Obviamente o melhor
tratamento é evitar a causa, mas na maioria dos casos é
desconhecida, deve-se fazer o tratamento sintomático.
AS DÚVIDAS E PERGUNTAS DEVERÃO SER LEVADAS AO SEU ALERGISTA PARA ESCLARECIMENTO.
IMPORTANTE
As informações disponíveis no site www.alergiarespiratoria.com.br possui
caráter informativo e educativo. No caso de consulta procurar seu médico de
confiança para diagnóstico e tratamento.
Dr. Luiz Carlos Bertoni
Alergista - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI)
Membro - World Allergy Organization (WAO)
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