APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO 1. NOME DO MEDICAMENTO Airalam 20 mg + 120 mg comprimidos 2. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Um comprimido contém 20 mg de arteméter e 120 mg de lumefantrina. Cada comprimido contém 52,4 mg de lactose. Lista completa de excipientes, ver secção 6.1 3. FORMA FARMACÊUTICA Comprimido. Os comprimidos são de cor amarelada, circulares, sem revestimento, de faces planas, biselado, opacos, com ranhura de quebra num lado e liso no outro lado. A ranhura do comprimido destina-se unicamente a facilitar a sua divisão, de modo a ajudar a deglutição, e não a divisão em doses iguais. 4. INFORMAÇÕES CLÍNICAS 4.1 Indicações terapêuticas Airalam está indicado no tratamento de situações agudas de malária por Plasmodium falciparum sem complicações em adultos, crianças e lactentes com 5 kg ou mais. Deve ser dada consideração às orientações oficiais relativas à utilização apropriada dos agentes antimaláricos. 4.2 Posologia e modo de administração Comprimidos para administração oral. Para aumentar a absorção, Airalam deve ser tomado com alimentos ou uma bebida à base de leite (ver secção 5.2). Se os doentes não forem capazes de tolerar alimentos, Airalam deve ser administrado, mas a exposição sistémica pode estar reduzida. Os doentes que vomitarem dentro de 1 hora após tomarem o medicamento devem repetir a dose. APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED Os comprimidos podem ser esmagados para administração a crianças pequenas e lactentes. Adultos e crianças com 35 kg ou mais Nos doentes com 12 anos de idade ou mais e 35 kg ou mais de peso corporal, um ciclo de tratamento compreende seis doses de quatro comprimidos, ou seja, um total de 24 comprimidos, administrados ao longo de um período de 60 horas, do modo seguinte: a primeira dose de quatro comprimidos, administrada na altura do diagnóstico inicial, deve ser seguida pelas restantes cinco doses de quatro comprimidos nas 8, 24, 36, 48 e 60 horas subsequentes. Crianças e lactentes cujo peso se situa entre os 5 kg e menos de 35 kg Recomenda-se um regime de 6 doses com 1 a 3 comprimidos por dose, dependendo do peso corporal: Peso corporal de 5 kg a < 15 kg: A primeira dose de um comprimido, administrada na altura do diagnóstico inicial, deve ser seguida por cinco outras doses de um comprimido 8, 24, 36, 48 e 60 horas seguintes. Peso corporal de 15 a < 25 kg: A primeira dose de dois comprimidos, administrada na altura do diagnóstico inicial, deve ser seguida por cinco outras doses de dois comprimidos 8, 24, 36, 48 e 60 horas seguintes. Peso corporal de 25 a < 35 kg: A primeira dose de três comprimidos, administrada na altura do diagnóstico inicial, deve ser seguida por cinco outras doses de três comprimidos 8, 24, 36, 48 e 60 horas seguintes. Idosos Apesar de não terem sido realizados estudos em pessoas idosas, não se consideram necessárias precauções especiais ou ajustes da posologia para estes doentes. Insuficiência renal ou hepática É aconselhada precaução quando se administra Airalam a doentes com problemas renais ou hepáticos graves. Nestes doentes, é aconselhável a monitorização do ECG e da caliemia. Novas infecções Os dados para um número limitado de doentes numa área endémica para a malária mostram que as novas infecções podem ser tratadas com um segundo ciclo de tratamento com Airalam. Na ausência de dados sobre estudos de carcinogenicidade, e devido à falta APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED de experiência clínica, não podem ser recomendados mais de dois ciclos de tratamento com Airalam. 4.3 Contra-indicações Airalam está contra-indicado em: Doentes com hipersensibilidade conhecida às substâncias activas ou a qualquer um dos excipientes. Doentes com malária grave de acordo com a definição da OMS. Doentes a tomarem qualquer medicamento que seja metabolizado pela enzima do citocromo CYP2D6 (por ex. flecainida, metoprolol, imipramina, amitriptilina, clomipramina). Doentes com antecedentes familiares de morte súbita ou prolongamento congénito do intervalo QTc nos electrocardiogramas ou qualquer outra condição clínica que se saiba prolongarem o intervalo QTc. Doentes a tomar medicamentos que se sabe prolongarem o intervalo QTc. Estes medicamentos incluem: antiarrítmicos das classes IA e III agentes neurolépticos, antidepressivos certos antibióticos incluindo alguns agentes das seguintes classes: macrólidos, fluoroquinolonas, imidazol e agentes antifúngicos triazóis certos anti-histamínicos não sedantes (terfenadina, astemizol) cisaprida. Doentes com antecedentes de arritmias cardíacas sintomáticas ou com bradicardia clinicamente relevante ou com insuficiência cardíaca congestiva acompanhada por uma fracção de ejecção reduzida do ventrículo esquerdo. Doentes com perturbações do equilíbrio electrolítico, por exemplo, hipocaliemia ou hipomagnesemia. 4.4 Advertências e precauções especiais de utilização Airalam não deve ser usado durante o primeiro trimestre de gravidez em situações em que estejam disponíveis outros antimaláricos adequados e eficazes (ver secção 4.6). Airalam não foi avaliado para o tratamento da malária grave, incluindo casos de malária cerebral ou outras manifestações graves, tais como edema pulmonar ou insuficiência renal. APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED Devido aos dados limitados de segurança e eficácia, Airalam não deve ser administrado concomitantemente com qualquer outro agente antimalárico (ver secção 4.5) a não ser que não exista outra opção de tratamento. Se um doente piorar durante o tratamento com Airalam, deve ser iniciado de imediato um tratamento alternativo contra a malária. Nestes casos, recomenda-se monitorização do ECG e devem ser tomadas acções para corrigir quaisquer alterações electrolíticas. A longa semi-vida de eliminação da lumefantrina deve ser tida em conta quando se administra quinino a doentes anteriormente tratados com Airalam. Se for administrado quinino após Airalam, aconselha-se monitorização cuidadosa do ECG (ver secção 4.5). Se Airalam for administrado após mefloquina, recomenda-se monitorização cuidadosa da ingestão de alimentos (ver secção 4.5). Em doentes previamente tratados com halofantrina, Airalam não deve ser administrado antes de decorrer um mês após a última dose de halofantrina. Airalam não está indicado para, e não foi avaliado, no tratamento da malária devida a P. vivax, P. malarie ou P. ovale, embora alguns doentes em estudos clínicos tivessem uma co-infecção por P. falciparum e P. vivax no início. Airalam é activo contra os estádios sanguíneos do Plasmodium vivax, mas não é activo contra hipnozoítos. Airalam não está indicado e não foi avaliado para a profilaxia. Tal como outros anti-maláricos (por ex.: a halofantrina, a quinina e a quinidina) Airalam tem potencial para causar prolongamento do intervalo QT. Na população adulta/adolescente incluída em ensaios clínicos que tomou Airalam, 8 doentes (0,8%) apresentaram um valor QTcB >500 ms e 3 doentes (0,4%) um QTcF >500 ms. Foi observado prolongamento do intervalo QTcF >30 ms em 36% dos doentes. Na população lactentes/crianças incluída em ensaios clínicos, 3 doentes (0,2%) registaram um QTcB > 500 ms. Nenhum doente teve QTcF > 500 ms. Foi observado prolongamento do intervalo QTcF>30 ms em 34% das crianças pesando 5-10kg, em 31% das crianças pesando 10-15 kg, em 24% das crianças pesando 15-25 kg e em 32% das crianças pesando 25-35 kg. Recomenda-se precaução quando se associa Airalam com fármacos exibindo padrões variáveis de inibição, indução ou competição pela CYP3A4, uma vez que os efeitos terapêuticos de alguns fármacos podem ser alterados (ver secções 4.5 e 5.2). APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED Os doentes que permanecem com aversão aos alimentos durante o tratamento devem ser monitorizados, uma vez que risco de recrudescência pode ser maior. É aconselhada precaução quando se administra Airalam a doentes com problemas renais, hepáticos ou cardíacos graves (ver secção 4.2). Este medicamento contém lactose. Os doentes com problemas hereditários raros de intolerância à galactose, deficiência de lactase ou má absorção de glucose-galactose não deverão tomar esse medicamento. 4.5 Interacções medicamentosas e outras formas de interacção Interacções com outros anti-maláricos (ver secção 4.4) Um estudo de interacção medicamentosa com Airalam no Homem envolveu a administração de um regime posológico de 6 doses durante 60 horas em voluntários saudáveis, iniciado 12 horas após se ter completado um regime posológico de 3 doses de mefloquina ou placebo. As concentrações plasmáticas de mefloquina a partir do momento da adição do Airalam não foram afectadas, em comparação com um grupo que havia recebido mefloquina seguida de placebo. O tratamento prévio com mefloquina não teve qualquer efeito nas concentrações plasmáticas do arteméter ou na razão de arteméter/diidroartemisinina, mas verificou-se uma redução significativa dos níveis plasmáticos da lumefantrina, possivelmente devido à menor absorção secundária a uma redução na produção de bílis induzida pela mefloquina. Os doentes devem ser encorajados a comer na altura da toma da medicação para compensar a diminuição na biodisponibilidade. Um estudo de interacções medicamentosas em voluntários saudáveis do sexo masculino mostrou que as concentrações plasmáticas da lumefantrina e quinino não foram afectadas pela administração de quinino i.v. (10 mg/kg peso corporal durante 2 horas) sequencialmente 2 horas após a última (sexta) dose de Airalam (de forma a produzir níveis plasmáticos concomitantes de lumefantrina e quinino). As concentrações plasmáticas de arteméter e dihidroartemisinina (DHA) aparentaram ser inferiores. Neste estudo, a administração de Airalam a 14 indivíduos não teve efeito no intervalo QTc. A perfusão de quinino isoladamente em 14 outros indivíduos causou um prolongamento transitório do intervalo QTc, o que foi consistente com a cardiotoxicidade conhecida do quinino. Este efeito foi ligeiro, mas significativamente maior, quando o quinino foi perfundido após Airalam em 14 indivíduos adicionais. Parece, assim, que o risco inerente de prolongamento QTc associado com o quinino i.v. foi aumentado pela administração anterior de Airalam. Interacções com inibidores do CYP450 3A4 (cetoconazol) Tanto o arteméter como a lumefantrina são predominantemente metabolizados pela enzima do citocromo CYP3A4, e não inibem esta enzima nas concentrações terapêuticas. APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED A administração oral concomitante de cetoconazol com Airalam levou a um aumento modesto (≤ 2 vezes) na exposição do arteméter, DHA, e da lumefantrina em indivíduos saudáveis adultos. Este aumento da exposição à associação antimalárica não foi associada a aumento dos efeitos secundários ou a alterações dos parâmetros electrocardiográficos. Com base neste estudo, não são considerados necessários ajustes do dose de Airalam em doentes com malária falciparum quando administrado em associação com o cetoconazol ou outros inibidores potentes da CYP3A4. Interacções com enzimas do CYP450 Estudos em humanos demonstraram que as artemisininas possuem alguma capacidade para induzir a CYP3A4 e CYP2C19 e inibir a CYP2D6 e CYP1A2. Ainda que a magnitude destas alterações tenha sido geralmente baixa, é possível que estes efeitos possam alterar a resposta terapêutica dos compostos que são predominantemente metabolizados por estas enzimas (ver secção 4.4 e 5.2). Descobriu-se que a lumefantrina inibe o CYP2D6 in vitro. Isto pode ter relevância clínica particular para compostos com um baixo índice terapêutico. Está contra-indicada a administração concomitante de Airalam com fármacos que são metabolizados por esta isoenzima (ver secção 4.3 e 5.2). Estudos in vitro revelaram que o metabolismo da lumefantrina é inibido pela halofantrina e quinina. Interacção com fármacos anti-retrovirais inibidores da protease Devido aos padrões variáveis de inibição, indução ou competição para a CYP3A4 com fármacos anti-retrovirais inibidores da protease, a utilização destes fármacos, especialmente em associação entre eles, concomitantemente com Airalam, requer vigilância clínica e monitorização da resposta clínica/efeitos indesejáveis. Outras interacções A administração de Airalam está contra-indicada em doentes que tomam medicamentos que se sabe prolongarem o intervalo QTc (ver secção 4.3). Em doentes tratados previamente com halofantrina, Airalam deve ser administrado pelo menos um mês após a última dose de halofantrina. Devido aos dados limitados sobre segurança e eficácia, Airalam não deve ser administrado concomitantemente com qualquer outro agente antimalárico. Em adição, devido à propensão de alguns agentes antimaláricos para prolongar o intervalo QTc, é aconselhada precaução quando se administra Airalam a doentes nos quais ainda sejam detectáveis concentrações destes medicamentos no plasma após tratamentos anteriores. 4.6 Fertilidade, gravidez e aleitamento APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED Gravidez Não existem dados adequados a partir da utilização de arteméter e lumefantrina em mulheres grávidas. Com base em estudos em animais, suspeita-se que Airalam cause defeitos fetais graves quando administrado durante o primeiro trimestre de gravidez (ver secções 4.4 e 5.3). Os estudos reprodutores com arteméter em ratos e coelhos mostraram evidência de perdas pós-implantação e teratogenicidade. Outros derivados da artemisinina também demonstraram potencial teratogénico com um aumento do risco no início da gravidez (ver secção 5.3). Airalam não deve ser usado durante o primeiro trimestre de gravidez em situações em que estejam disponíveis outros antimaláricos adequados e eficazes (ver secção 4.4). No entanto, não deve ser evitado em situações de risco de vida, em que não estejam disponíveis outros antimaláricos eficazes. Durante o segundo e terceiro trimestres de gravidez, o tratamento apenas deve ser considerado se o benefício esperado para a mãe ultrapassar o risco para o feto. Aleitamento Os dados em animais sugerem a excreção para o leite materno mas não existem dados disponíveis em humanos. As mulheres não devem amamentar durante o tratamento com Airalam. Devido à semi-vida de eliminação longa da lumefantrina (4 a 6 dias), é recomendado que o aleitamento não seja reiniciado até, pelo menos, uma semana após a última dose de Airalam, excepto se os benefícios potenciais para a mãe e para a criança compensarem os riscos do tratamento com Airalam. Fertilidade Não existem dados de fertilidade. 4.7 Efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilizar máquinas Os doentes a tomar Airalam devem ser advertidos de que podem ocorrer tonturas ou fadiga/astenia em cujo caso não devem conduzir ou utilizar máquinas. 4.8 Efeitos indesejáveis A segurança de Airalam foi avaliada em 20 ensaios clínicos com mais de 3.500 doentes. As reacções adversas são apresentadas por estimativas de frequência, de acordo com a convenção MedDRA: Muito frequentes (≥1/10) Frequentes (≥1/100 a <1/10) Pouco frequentes (≥1/1.000 a <1/100) Raros (≥1/10.000 a <1/1.000) Muito raros (<1/10.000) Desconhecido (não pode ser calculado a partir dos dados disponíveis). APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED Tabela 1 Frequência de efeitos indesejáveis em 1.810 adultos e adolescentes com mais de 12 anos de idade tratados com Airalam em ensaios clínicos Cardiopatias Muito frequentes: Frequentes: Palpitações Prolongamento QT no electrocardiograma Doenças do sistema nervoso Muito frequentes: Frequentes: Pouco frequentes Cefaleias, tonturas Parestesias Ataxia, hipoestesia, clónus, sonolência Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino Frequentes: Tosse Doenças gastrointestinais Muito frequentes: Frequentes: Vómitos, dor abdominal, náuseas Diarreia Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos Frequentes: Prurido, exantema Afecções musculoesqueléticas e dos tecidos conjuntivos Muito frequentes: Artralgia, mialgia Doenças do metabolismo e da nutrição Muito frequentes: Anorexia Perturbações gerais e alterações no local de administração Muito frequentes: Frequentes Astenia, fadiga Perturbações da marcha Doenças do sistema imunitário Desconhecido: Hipersensibilidade Afecções hepatobiliares Pouco frequentes: Aumento dos testes da função hepática Perturbações do foro psiquiátrico Muito frequentes: Perturbações do sono APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED Frequentes: Insónia Tabela 2 Frequência de efeitos indesejáveis em 1.788 lactentes e crianças com 12 anos ou menos de idade tratados com Airalam em ensaios clínicos Cardiopatias Muito frequentes: Palpitações, prolongamento electrocardiograma QT Doenças do sistema nervoso Muito frequentes: Frequentes: Pouco frequentes Cefaleias Tonturas Clónus, sonolência Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino Muito frequentes: Tosse Doenças gastrointestinais Muito frequentes: Frequentes: Vómitos, dor abdominal Diarreia, náuseas Afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos Frequentes: Pouco frequentes: Exantema Prurido Afecções musculoesqueléticas e dos tecidos conjuntivos Frequentes: Artralgia, mialgia Doenças do metabolismo e da nutrição Muito frequentes: Anorexia Perturbações gerais e alterações no local de administração Frequentes: Astenia, fadiga Doenças do sistema imunitário Raros: Hipersensibilidade Afecções hepatobiliares Frequentes: Perturbações do foro psiquiátrico Aumento dos testes da função hepática no APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED Frequentes: Pouco frequentes: Perturbações do sono Insónia 4.9 Sobredosagem Em casos de suspeita de sobredosagem, deve ser feita terapêutica sintomática e de suporte, como apropriado, a qual inclui a monitorização do ECG e da caliemia. 5. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS 5.1 Propriedades farmacodinâmicas Grupo farmacoterapêutico: 1.4.2 – Medicamentos anti-infecciosos. Antiparasitários. Antimaláricos Código ATC: P01BE52 Efeitos farmacodinâmicos Airalam compreende uma razão fixa de 1:6 partes de arteméter e lumefantrina, respectivamente. O local de acção anti-parasitária de ambos os componentes é o vacúolo alimentar do parasita malárico, onde se pensa que eles interferem com a conversão do heme, um intermediário tóxico produzido durante a quebra da hemoglobina, em hemozoína não tóxica, um pigmento da malária. Pensa-se que a lumefantrina interfere com o processo de polimerização, enquanto o arteméter origina metabolitos reactivos como um resultado da interacção entre a sua ponte peróxido e o ferro do heme. Tanto o arteméter como a lumefantrina têm uma acção secundária envolvendo a inibição da síntese do ácido nucleico e proteica no interior do parasita malárico. A actividade antimalárica da combinação de lumefantrina e arteméter no Airalam é maior do que a de qualquer das substâncias isoladas. Num estudo comparativo em dupla ocultação, em adultos, na China (n=157), a taxa de cura aos 28 dias para Airalam, quando dado em 4 doses, foi de 94% comparativamente com 90% para a lumefantrina e 46% para o arteméter, com base na população pretendida tratar (ITT), quando administrados em monoterapia. Para a população avaliável, as taxas de cura aos 28 dias foram de 100% comparativamente com 92% para a lumefantrina e 55% para o arteméter quando administrados em monoterapia. Em áreas em que são comuns estirpes multi-resistentes a medicamentos de P. falciparum causador de malária e na população residente, as taxas de cura aos 28 dias com o regime de 6 doses (dadas ao longo de 60-96 horas) foram de 81% e 90% para Airalam versus 94% e 96% para a associação mefloquina/artesunato, com base na população pretendida tratar (ITT). Para a população avaliável, as taxas de cura aos 28 dias foram de 97% e 95% para Airalam e 100% para a associação mefloquina/artesunato. APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED Num ensaio clínico aberto, multicêntrico, efectuado em África em 310 crianças pesando de 5 kg a menos de 25 kg e recebendo um regime de 6 doses de Airalam de acordo com o respectivo intervalo de peso corporal, a taxa de cura parasitológica média aos 28 dias (PCR-corrigida) foi de 93,9% para a população ITT e 96,7% para a população avaliável. Em doentes não imunes que vivam em regiões isentas de malária, mas com malária contraída durante viagens a regiões onde esta é endémica, foi demonstrada eficácia e perfil de segurança idêntico. Num estudo aberto em adultos (n=165), a taxa de cura aos 28 dias para Airalam administrado num regime de 6 doses foi de 96% (119/124) para a população avaliável e 74,1% (120/162) para a população ITT. A principal diferença entre as taxas de cura nas populações avaliáveis e ITT foi devida a 38 doentes que foram excluídos da população avaliável pelas seguintes razões: 33 doentes perderam-se durante o seguimento (19 dos quais não foram avaliados ao dia 7 e 14 dos quais tinham tido depuração parasitária ao dia 7 mas o seu estádio de eficácia ao dia 28 não foi conhecido) e 5 doentes que tomaram medicações concomitantes não permitidas pelo protocolo do estudo. Todos estes doentes foram considerados como falhas de tratamento na análise ITT. Não foram incluídos nos ensaios clínicos crianças de origem europeia. Em ensaios clínicos comparativos, Airalam eliminou os gametócitos em menos de uma semana e mais rapidamente que os antimaláricos não artemisininos. Airalam é activo contra os estádios sanguíneos do Plasmodium vivax, mas não é activo contra hipnozoítos (ver secção 4.4). Prolongamento QT/QTc: Adultos e crianças com malária Para informação sobre os riscos de prolongamento QT/QTc em doentes ver secção 4.4 Adultos saudáveis Num estudo em voluntários saudáveis adultos, de grupos paralelos incluindo um grupo placebo e um grupo moxifloxacina como controlos (n=42 por grupo), a administração de um regime de seis doses de Airalam foi associado com prolongamento QTcF. As alterações médias a partir dos valores basais foram às 68, 72, 96 e 108 horas após a primeira dose de 7,45; 7,29; 6,12 e 6,84 ms, respectivamente. Às 156 e 168 horas após a primeira dose, as alterações face aos valores basais para QTcF não foram diferentes de zero. Nenhum indivíduo teve um aumento >30 ms desde o valor basal nem um aumento absoluto >500 ms. O grupo controlo com moxifloxacina foi associado a um aumento QTcF quando comparado com o placebo 12 horas após uma dose única com uma alteração máxima à 1 hora após a administração de 14,1 ms. 5.2 Propriedades farmacocinéticas APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED A caracterização farmacocinética de Airalam é limitada pela falta de uma formulação intravenosa, e pela variabilidade inter- e intra-individual muito elevada das concentrações plasmáticas de arteméter e lumefantrina e parâmetros farmacocinéticos derivados (AUC, Cmax). Absorção O arteméter é absorvido bastante rapidamente e a diidroartemisina, o metabolito activo do arteméter, aparece rapidamente na circulação sistémica com concentrações plasmáticas máximas de ambos os compostos atingidas cerca de 2 horas após a administração. Os valores médios de Cmax e AUC do arteméter variaram entre 60,0-104 ng h/ml e 146-338 ng h/ml, respectivamente, em adultos saudáveis após alimentos após uma dose única de Airalam, 80 mg arteméter/480 mg lumefantrina. Os valores médios de Cmax e AUC da diidroartemisinina variaram entre 49,7-104 ng/ml e 169-308 ng h/ml, respectivamente. A absorção de lumefantrina, um composto altamente lipofílico, começa após um intervalo de tempo até 2 horas, com concentrações plasmáticas máximas cerca de 6-8 horas (média entre 5,10-9,80 µg/l) após a administração. Os valores médios de AUC variaram entre 108 e 243 µg h/ml. Os alimentos potenciam a absorção tanto do arteméter como da lumefantrina: em voluntários saudáveis, a biodisponibilidade relativa do arteméter foi aumentada em mais de duas vezes, e a da lumefantrina dezasseis vezes comparada com condições de jejum quando Airalam foi tomado após uma refeição rica em gorduras. Também foi demonstrado que os alimentos aumentam a absorção da lumefantrina em doentes com malária, embora numa menor extensão (aproximadamente duas vezes), mais provavelmente devido ao baixo teor em gorduras dos alimentos ingeridos por doentes com doença aguda. Os dados de interacção com alimentos indicam que a absorção de lumefantrina sob condições de jejum é muito fraca (assumindo uma absorção de 100% após uma refeição rica em gorduras, a quantidade absorvida sob condições de jejum seria < 10% da dose). Os doentes devem, por isso, ser encorajados a tomar a medicação com uma dieta normal assim que os alimentos possam ser tolerados. Distribuição O arteméter e a lumefantrina estão ambos altamente ligados às proteínas séricas humanas in vitro (95,4% e 99,7%, respectivamente). A diidroartemisinina também está ligada às proteínas séricas humanas (47-76%). Metabolismo O arteméter é rápida e extensivamente metabolizado (metabolismo de primeira passagem substancial) tanto in vitro como em humanos. Os microssomas hepáticos humanos metabolizam o arteméter no principal metabolito biologicamente activo, a diidroartemisinina (desmetilação), predominantemente através da enzima CYP3A4/5. Este metabolito também foi detectado em humanos in vivo. APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED A diidroartemisinina é ainda convertida em metabolitos inactivos. A farmacocinética do arteméter em adultos é dependente do tempo. Durante a administração repetida de Airalam, os níveis plasmáticos de arteméter diminuíram significativamente, enquanto os níveis do metabolito activo (diidroartemisinina) aumentaram, ainda que não num grau estatisticamente significativo. O rácio de AUC ao dia 3 / AUC ao dia 1 para o arteméter variou entre 0,19 e 0,44, e entre 1,06 e 2,50 para a diidroartemisinina. Isto sugere que existiu indução da enzima responsável pelo metabolismo do arteméter. O arteméter e a diidroartemisinina foram considerados como tendo um efeito indutor ligeiro da actividade da CYP3A4. A evidência clínica da indução é consistente com os dados in vitro descritos na secção 4.5 A lumefantrina é N-desbutilada, principalmente pelo CYP3A4, nos microssomas hepáticos humanos. In vivo, em animais (cães e ratos), a glucuronidação da lumefantrina tem lugar directamente e após a biotransformação oxidativa. Em humanos, a exposição à lumefantrina aumenta com a administração repetida de Airalam durante o período de 3 dias de tratamento, sendo consistente com a lenta eliminação do composto (ver secção 5.2 Eliminação). A exposição sistémica ao metabolito desbutil-lumefantrina, cujo efeito antiparasitário in vitro é 5 a 8 vezes superior ao da lumefantrina, foi inferior a 1 % da exposição ao fármaco parental. Não estão disponíveis dados sobre a desbutillumefantrina especificamente para a população Africana. In vitro, a lumefantrina inibe significativamente a actividade da CYP2D6 em concentrações plasmáticas terapêuticas (ver secções 4.3 e 4.5). Eliminação O arteméter e a diidroartemisinina são rapidamente eliminados do plasma com uma semivida terminal de cerca de 2 horas. A lumefantrina é eliminada muito lentamente com uma semi-vida terminal de 2-3 dias em voluntários saudáveis e 4-6 dias em doentes com malária “falciparum”. As características demográficas tais como o sexo e peso parecem não ter efeitos clinicamente relevantes sobre a farmacocinética de Airalam. Não estão disponíveis dados de excreção urinária em humanos. Em ratos e cães não foi detectado arteméter inalterado nas fezes e urina devido ao seu rápido e elevado metabolismo de primeira passagem, mas numerosos metabolitos (parcialmente identificados) foram detectados nas fezes, bílis e urina. A lumefantrina é eliminada através da bílis em ratos e cães, com excreção primariamente nas fezes. Após administração oral a ratos e cães, os metabolitos (glucoronidos da lumefantrina e do metabolito desbutilado) foram excretados com a bílis. A maior parte do fármaco foi recuperada nas fezes, na forma de fármaco parental (incluindo fármaco não-absorvido e fármaco libertado do glucoronido). Farmacocinética em populações especiais de doentes Em doentes pediátricos com malária, as Cmax médias (CV%) do arteméter (observadas após a primeira dose de Airalam) foram 223 (139%), 198 (90%) e 174 ng/ml (83%) por APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED grupo de peso corporal: 5-<15, 15-<25 e 25-<35 kg, respectivamente, comparados com 186 ng/ml (67%) em doentes adultos com malária. Os valores associados de C max média de DHA foram 54,7 (108%); 79,8 (101%) e 65,3 ng/ml (36%), respectivamente, comparados com 101 ng/ml (57%) em doentes adultos com malária. O valor de AUC da lumefantrina (média da população, abrangendo seis doses de Airalam) foram 577, 699 e 1150 µg h/ml para doentes pediátricos com malária nos grupos de peso corporal 5-<15, 15-<25 e25-<35 kg, respectivamente, comparados com a AUC média de 758 µg h/ml (87%) em doentes adultos com malária. As semi-vidas de eliminação do arteméter e lumefantrina em crianças não são conhecidos. Não foram efectuados estudos específicos de farmacocinética quer em doentes com insuficiência hepática ou renal, quer em idosos. 5.3 Dados de segurança pré-clínica Toxicidade geral As principais alterações observadas em estudos de toxicidade com dose repetida estiveram associadas com a acção farmacológica esperada sobre os eritrócitos, acompanhada por uma hematopoiese secundária em resposta. Mutagenicidade Não foi detectada evidência da mutagenicidade com uma associação arteméter e lumefantrina (consistindo em 1 parte de arteméter: 6 partes de lumefantrina) nos testes in vitro e in vivo. No teste do micronúcleo, foi observada mielotoxicidade em todos os níveis de dose (500, 1.000 e 2.000 mg/kg), mas a recuperação foi quase completa 48 horas após a administração. Carcinogenicidade Não foram conduzidos arteméter:lumefantrina. estudos de carcinogenicidade com a associação Estudos de toxicidade reprodutiva Os estudos de toxicidade reprodutiva efectuados com a associação arteméter:lumefantrina mostraram toxicidade materna e aumento das perdas pós-implantação em ratos e coelhos em doses ≥ 50 mg/kg/dia (correspondendo a aproximadamente 7 mg/kg/dia de arteméter) e 175 mg/kg/dia (correspondendo a 25 mg/kg/dia de arteméter), respectivamente. Estes efeitos não foram observados com doses mais baixas. A lumefantrina isoladamente não mostrou sinais de toxicidade reprodutiva ou do desenvolvimento em doses até 1.000 mg/kg/dia, em ratos e coelhos. Foi observada embriotoxicidade em estudos de toxicidade reprodutiva conduzidos com arteméter, um derivado da artemisinina. Sabe-se que as artemisininas (por ex.: o APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED artesunato) são embriotóxicas. O arteméter causou aumento das perdas pós-implantação e teratogenicidade (caracterizadas como baixa incidência de malformações cardiovasculares e ósseas) em ratos com 19,4 mg/kg e em coelhos com 30 mg/kg. Foi também observada toxicidade materna em coelhos com 30 mg/kg/dia. Não foram observados outros efeitos adversos com doses mais baixas, em coelhos. A dose para a qual não se observou efeito foi de 3 mg/kg/dia em ratos e 25 mg/kg/dia em coelhos. A dose embriotóxica do arteméter, 20 mg/kg/dia no rato, apresenta exposições de arteméter e diidroartemisina similares às atingidas em humanos. O artesunato, um composto estruturalmente relacionado, também causou aumentos nas perdas pós-implantação e teratogenicidade (baixa incidência de malformações cardiovasculares e ósseas) em ratos com 6 mg/kg e na dose mais baixa testada em coelhos, 5 mg/kg/dia. Farmacologia cardiovascular Em estudos de toxicidade em cães apenas em doses ≥ 600 mg/kg/dia, houve alguma evidência de prolongamento do intervalo QTc, em doses mais elevadas do que as destinadas a utilização em seres humanos. Num doseamento in vitro dos canais HERG expressos estavelmente em células HEK293, a lumefantrina e o principal metabolito desbutil-lumefantrina mostraram algum potencial inibitório numa das correntes responsáveis pela repolarização cardíaca. A potência foi inferior à de outros medicamentos antimaláricos testados. A partir dos valores estimados de IC 50, a ordem da potência do bloqueio da corrente de HERG foi halofantrina (IC50 = 0,04 µM) > cloroquina (2,5 µM) > mefloquina (2,6 µM) > desbutil-lumefantrina (5,5 µM) > lumefantrina (8,1 µM). Os ensaios clínicos mostram que o prolongamento do intervalo QTcF pode ocorrer com a posologia padrão de Airalam (ver secções 4.3, 4.4 e 5.1). 6. INFORMAÇÕES FARMACÊUTICAS 6.1 Lista dos excipientes Polisorbato 80 Hipromelose Talco Sílica coloidal anidra Croscarmelose sódica Estearato de magnésio Lactose anidra. 6.2 Incompatibilidades Não aplicável. APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED 6.3 Prazo de validade 3 anos. 6.4 Precauções especiais de conservação Não conservar acima de 30ºC. Conservar na embalagem de origem. 6.5 Natureza e conteúdo do recipiente Blisters de PVDC/PVC/Alumínio Dimensão das embalagens: 6, 12, 18 e 24 comprimidos. É possível que não sejam comercializadas todas as apresentações 6.6 Precauções especiais de eliminação e manuseamento Para o tratamento de crianças e lactentes deve ser prescrita a embalagem de 24 comprimidos. O prescritor e o farmacêutico deve instruir os pais ou prestadores de cuidados sobre a posologia para a criança e de que um número variável de comprimidos (dependendo do peso corporal da criança) será necessário para o tratamento completo. Assim, poderá não ser usada a totalidade da embalagem. Após um tratamento com sucesso, os comprimidos remanescentes deverão ser eliminados ou devolvidos ao farmacêutico. 7. TITULAR DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO Laboratórios Azevedos – Indústria Farmacêutica, S.A. Estrada Nacional 117 Alfragide, 2614-503 Amadora Portugal 8. NÚMERO (S) DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO N.º de registo: xxxxxxx – 6 comprimidos, 20 mg + 120 mg, blister de PVDC/PVC/Alu N.º de registo: xxxxxxx – 12 comprimidos, 20 mg + 120 mg, blister de PVDC/PVC/Alu N.º de registo: xxxxxxx – 18 comprimidos, 20 mg + 120 mg, blister de PVDC/PVC/Alu N.º de registo: xxxxxxx – 24 comprimidos, 20 mg + 120 mg, blister de PVDC/PVC/Alu 9. DATA DA PRIMEIRA AUTORIZAÇÃO / RENOVAÇÃO DA AUTORIZAÇÃO DE INTRODUÇÃO NO MERCADO APROVADO EM 29-12-2010 INFARMED 10. DATA DA REVISÃO DO TEXTO