FACULDADES INTEGRADAS CAMPOS SALLES CURSO DE GRADUAÇÃO DISCIPLINA: SUSTENTABILIDADE, RESPONSABILIDADE SOCIA E ÉTICA Professor: Paulo S. Ribeiro Aula 01 Antes de tudo, por que é importante se pensar na ética? Nossas vontades e nossos desejos devem ser vistos como um barco à deriva. Flutuam, são inconstantes. Essa inconstância tornaria a vida social impossível se nós não tivéssemos alguns valores que permitissem nossa vida em comum, pois teríamos um verdadeiro caos. Logo, é necessário educar nossa vontade, recebendo uma educação (formação) racional, para que dessa forma possamos escolher de forma acertada entre o justo e o injusto. Assim, a priori, podemos dizer que a ética se dá pela educação da vontade. Senso moral: é a maneira como avaliamos nossa situação e a dos outros segundo idéias como as de justiça e injustiça, bom e mau. Trata-se dos sentimentos morais. Consciência moral: esta por sua vez não se trata apenas dos sentimentos morais, mas se refere também a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas perante os outros. SER RESPONSÁVEL PELAS CONSEQUENCIAS DE NOSSOS ATOS. Algumas situações mostram isso: Sim ou não à Eutanásia? Sim ou não ao aborto? Sim ou não para a desonestidade quando se têm muitos filhos para criar? Todas as situações descritas acima colocam à prova nossa consciência moral, pois exigem que, sem sermos obrigados por outros, decidamos o que fazer, que justifiquemos para nós mesmos e para outros as razões de nossas decisões. Tanto o senso moral como a consciência moral vão ajudar no processo de educação de nossa vontade. A noção de bem e mal ou bom e mau é fundamental para que calculemos uma forma de fugir do sofrimento, da dor, alcançando a felicidade. O senso moral e a consciência moral tem como pressuposto fundamental a idéia de um agente moral. Também são importantes para a vida em grupo de vários agentes morais (pensemos no ambiente empresarial, escolar, etc.) Mas para colocar tanto o senso como a consciência moral em prática é preciso distinguir entre dois conceitos importantes: juízo de fato e juízo de valor. Juízo de fato : é aquele que diz que algo é ou existe, e que diz que as coisas são, como são e por que são. Juízo de valor: é pautado em opiniões subjetivas, preconceitos. Avalia as coisas, as pessoas e situações como boas ou más, desejáveis ou não. Os juízos de valor são normativos, pois enunciam normas que dizem como devem ser os bons sentimentos, as boas intenções. Vejamos as expressões abaixo: A CHUVA É UM FENÔMENO NATURAL. (Juízo de fato) A CHUVA É BOA E É BELA. (Juízo de valor) Como sabemos, os valores que norteiam o juízo de valor são construídos culturalmente e, por isso, muitas vezes são “naturalizados”. Essa naturalização da cultura é o que dificulta conseguirmos distinguir entre juízo de fato e de valor. Ou seja,o código moral é construído culturalmente e socialmente, dado pela vida em sociedade, difundido de geração em geração. Uma preocupação constante no debate sobre ética se dá no sentido de evitar a violência em todas as suas possíveis expressões (física ou psíquica). Porém, considerando - se que o código moral é constituído pela cultura, logo a violência não é vista da mesma forma por todas as culturas. Numa cultura ao definir o que é mau ou violento, automaticamente defini-se o que é bom. Logo a noção de violação, profanação e discriminação variam de uma cultura para outra. Contudo, EM TODAS, tem-se noção do que é a violência. A violência está em transformar PESSOAS (agentes morais) em OBJETOS. Assim, quando somos tomados por objetos (sem vida, sem voz ativa) nossa capacidade de ação enquanto sujeito crítico e racional é DESCONSIDERADA. Os valores éticos se oferecem, portanto, como expressão e garantia de nossa condição de seres humanos ou de sujeitos racionais e agentes livres, proibindo moralmente a violência. As normas contidas nos valores éticos apontam o que é ou não permitido. Contudo, como já dissemos, consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética. Assim, a vontade humana tem de ser LIVRE e deter o CONTROLE SOBRE QUAISQUER POSSÍVEIS INFLUÊNCIAS. O Agente moral deve ser: 1. 2. 3. 4. Consciente de si e dos outros (noção de igualdade) Ser dotado de vontade (controle sobre seus impulsos) Ser responsável, reconhecer-se como autor da ação Ser livre, sendo ele mesmo a causa (motivador) de seus sentimentos, atitudes e ações Logo, o agente moral deve colocar em prática sua autonomia enquanto indivíduo, pois aquele que possui uma postura de passividade apenas aceita influências de qualquer natureza. E Sobre os meios morais?????? Na ética, a frase “todos os fins justificam os meios” não é válida. Se em nosso código moral consideramos a mentira como algo imoral, mentir seria assim um meio INJUSTIFICÁVEL para se alcançar qualquer coisa, ou para se assegurar algum valor moral. MAS POR QUÊ ????? Porque esse meio (contar uma mentira) desrespeita a consciência e a liberdade da pessoa moral, que agiria por coação externa (pela mentira) e não por reconhecimento interior e verdadeiro do fim ético. Assim, FINS ÉTICOS EXIGEM MEIOS ÉTICOS. A pessoal moral é criada pela vida intersubjetiva e social, precisando ser educada para os valores morais e para as virtudes. MAS UMA PERGUNTA VEM A TONA: A PRÓPRIA EDUCAÇÃO ÉTICA E O RESPEITO À MORAL NÃO SERIAM FORMAS DE VIOLÊNCIA???? A simples existência da moral não significa a presença explicita de uma ética, entendida como filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais. Ao contrário disso, as sociedades tendem a naturalizar seus valores morais ao longo das gerações, isto é, ocorre uma aceitação generalizada. A filosofia moral ou a disciplina denominada ÉTICA nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm, e o que valem os costumes. Isto é, nasce quando também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e consciência moral individuais. ASSIM, NO DESENVOLVIMENTO DA FILOSOFIA NASCIA TAMBÉM A PREOCUPAÇÃO COM A ÉTICA. Na verdade a preocupação com a ética é uma parte da filosofia. Podemos dizer, que a filosofia moral inicia-se com SÓCRATES. LEITURAS SUGERIDAS 1°. CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2008.p. 305-312.; p. 38-44 (não ler o trecho “ Os campos do conhecimento filosófico). 2°. ARANHA, Maria Lúcia de arruda. Filosofando: Introdução à filosofia. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.p. 120 e 124 (Não leia o item “A filosofia Aristotélica”). 3°. Caso queiram compreender um pouco mais sobre o conceito de mito e o pensamento lógico, leiam: CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2008. Ver trecho: Pensamento mítico e pensamento lógico p. 163 e 166 (não ler o item “Como funciona o pensamento ocidental). 4°. COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo Ed. Saraiva, 1995, p. 100-117 ( Questões para debate: 1. Caracterize os conceitos de senso moral e consciência moral. 2. Além disso, estabeleça uma relação entre a idéia de ética e violência.