Observatorium_07_2015

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CIRCULAR INFORMATIVA
Data de Publicação: 28/07/2015
Ref. Nº 07 /ARFA-DRF/2015
Para: Profissionais de Saúde
Como reconhecer reações adversa a medicamentos?
As reações adversas a medicamentos (RAMs) constituem um problema importante na prática do
profissional de saúde. Sabe-se que as reações adversas são causas significativas de hospitalização, de
aumento do tempo de permanência hospitalar e, até mesmo, de óbito. A incidência geral de RAMs é
desconhecida. Contudo, estudos têm demonstrado que cerca de 8% dos pacientes que chegam às
urgências são devidos a RAMs e que 3-8% dos que se encontram hospitalizados sofrem RAMs.
Determinar se um paciente está a sofrer uma RAM não é uma tarefa fácil, e muito menos que tipo de
RAM está a ocorrer. Essa dificuldade pode em parte explicar porque muitas RAMs nunca são
reconhecidas como eventos adversos. Assim, cientes dessa dificuldade, resultando muita das vezes
na hesitação por parte dos profissionais de saúde em notificar, a edição deste mês procura esclarecer
os profissionais de saúde alguns aspetos importantes que podem ajudar a reconhecer RAMs.
Grande parte das RAMs não reconhecidas são diagnosticadas erroneamente como exacerbação de
uma condição médica existente ou como uma nova condição médica, levando os profissionais a
A notificação de qualquer suspeita de reação adversa é um contributo essencial para a
monitorização contínua da segurança dos medicamentos.
Contamos com a sua colaboração!
CIRCULAR INFORMATIVA
aumentar a dose do medicamento atual ou a adicionar novos medicamentos para tratar problemas
que não existem. Por outro lado, os pacientes que estejam a sofrer uma reação adversa raramente
consideram que o problema tenha sido causado pelo medicamento que estão a utilizar. Em vez disso,
suspeitam de alimentos que tenham ingerido recentemente ou novos produtos que utilizaram, como
cosméticos ou produtos de limpeza.
Infelizmente, as dificuldades em avaliar a causalidade da RAM são infindas. As RAMs são problemas
clínicos complexos que envolvem 3 variáveis chaves: a pessoa, o medicamento e o evento. Cada um
desses fatores tem múltiplos aspetos que podem estar envolvidos.
Para a pessoa: Há múltiplas variáveis a considerar, por exemplo, fatores de risco como a idade, sexo,
tipo e gravidade da doença, as características comórbidas, o funcionamento renal ou hepático.
Para o medicamento: dosagem, duração de utilização, toxicidade conhecida, tempo de administração
e outras variáveis a serem consideradas.
Para a reação: relatos prévios, tempo de início, exacerbação da doença e novos problemas médicos
que podem muitas vezes dificultar o reconhecimento.
Além disso, existem muitos fatores que podem confundir o diagnóstico. Na verdade, o quadro clínico
num idoso ou em pacientes nas unidades de cuidado intensivo é muitas vezes tão complexa, com a
presença de várias doenças e medicamentos, que os possíveis efeitos adversos relacionados com o
medicamento não são facilmente detetados.
Quando um medicamento é suspeito de causar um problema, o profissional deve determinar se o
medicamento já foi previamente associado à reação, descartar explicações possíveis e, finalmente,
estabelecer a relação temporal entre o início da reação e a administração do medicamento. Também
é aconselhável rever o desenvolvimento clínico do paciente, avaliar as características relevantes do
paciente, o medicamento suspeito e o evento adverso. Em particular, os medicamentos administrados
mais recentemente, problemas médicos significativos e os fatores de risco devem ser avaliados para
detetar sinais de uma possível RAM. O paciente deve ser questionado sobre a utilização de outros
agentes, como suplementos alimentares ou medicamentos à base de plantas. A RAM também deve
ser avaliada tendo o estado clínico do paciente em mente: será que o evento pode ser explicado pelas
características conhecidas das doenças do paciente?
A notificação de qualquer suspeita de reação adversa é um contributo essencial para a
monitorização contínua da segurança dos medicamentos.
Contamos com a sua colaboração!
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Lembre-se se a morbidade foi causada por um agente, se a substância foi ingerida, inalada ou tocada.
O tempo é um fator-chave na medida em que a maioria das RAMs ocorrem dentro de 12 horas após
a exposição e, muitas vezes, dentro de um período ainda mais curto. Portanto, devemos nos
perguntar: o que a pessoa ingeriu, inalou, ou tocou durante esse período de tempo?
Não existem abordagens empíricas para a identificação de RAM devido a um conjunto complexo de
variáveis discutidas aqui. O aspeto chave no reconhecimento de uma RAM é: sempre que o paciente
pareça estar a sofrer de uma exacerbação da doença existente ou o desenvolvimento do que parece
ser uma nova condição médica, enquanto está a ser tratado para outra doença, a possibilidade de
uma RAM deve ser adicionada ao diagnóstico diferencial. Talvez possa ser o medicamento!
Contato para Notificação
As reações adversas devem ser notificadas à ARFA, através da ficha de notificação ou dos seguintes
contatos: telefone 2626457, fax 262 49 70 ou correio eletrónico [email protected]
Poderá ainda notificar no site da ARFA http://www.arfa.cv/index.php/centro-nacional-defarmacovigilancia/notifique-aqui
Sabia que...
Cerca de 7 em cada 100 pacientes hospitalizados irão sofrer uma reação adversa grave durante a sua
estadia e cerca de 3 em cada 1000 pacientes hospitalizados morrem devido a RAMs.
Referências:
Jones JK. Adverse drug reactions in the community health setting: approaches to recognizing, counseling, and reporting.
Fam Community Health. 1982;5:1982.
Lazarou J, Pomeranz BH, Corey PN. Incidence of adverse drug reactions in hospitalized patients: a meta-analysis of
prospective studies. JAMA.1998;279:1200-1205.
Miller CA. Identify adverse medication effects when assessing function. Geriatr Nurs. 1996;17:295-296.
Lucas LM, Colley CA. Recognizing and reporting adverse drug reactions. West J Med. 1991;156:172-175.
A notificação de qualquer suspeita de reação adversa é um contributo essencial para a
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