HEPATITES VIRAIS O que é a Hepatite?

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HEPATITES VIRAIS
O que é a Hepatite?
A hepatite é uma inflamação no fígado. Pode ter várias causas, mas as mais
frequentes são as infecções causadas por certos vírus, pelo consumo excessivo de
bebidas alcoólicas e por alguns medicamentos.
Habitualmente quando falamos em hepatites virais referimo-nos às hepatites causadas
por seis tipos diferentes de vírus, (vírus da hepatite A, vírus da hepatite B, vírus da
hepatite C, vírus da hepatite D, vírus da hepatite E e vírus da hepatite G); contudo,
existem alguns outros vírus susceptíveis de lesarem o fígado.
Quais os sintomas da Hepatite?
Na maior parte dos casos as hepatites virais não dão sintomas. Ocasionalmente dão
queixas semelhantes às da gripe, mas podem manifestar-se por icterícia (cor amarela
dos olhos e da pele), urina cor de vinho do Porto, falta de apetite, náuseas e cansaço.
Excepto em casos excepcionais, o diagnóstico na fase aguda das hepatites virais só é
possível nas pessoas que apresentam sintomas.
Nas hepatites virais crónicas o diagnóstico dos casos sem sintomas é feito na
sequência de se estabelecer, através da história clínica, uma relação directa da
pessoa com determinados factores/comportamentos de risco.
Como se faz o diagnóstico da Hepatite?
O diagnóstico do tipo de hepatite viral é feito mediante a pesquisa no sangue de
marcadores virais, que são obviamente diferentes para cada um dos seis tipos de
vírus acima referidos. Estes marcadores indicam se a infecção é recente ou antiga e,
neste caso, se curou ou se evoluiu para uma doença crónica.
Embora o vírus da Hepatite A seja a causa de hepatite viral mais frequente em todo o
mundo, são as infecções pelos vírus das Hepatites B e C que, pelo facto de poderem
evoluir para a cronicidade, constituem problemas prioritários em termos de saúde
mundial. Estima-se que existam cerca de 350 milhões de pessoas cronicamente
infectadas pelo vírus da hepatite B e 170 milhões pelo vírus da hepatite C.
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Como se pode erradicar a Hepatite?
Para erradicar a Hepatite A e a Hepatite B existem vacinas que demonstraram ser
eficazes; para a Hepatite C existe actualmente um tratamento com uma associação de
dois medicamentos que elimina o vírus em mais de 90% dos casos.
A Hepatite A
Como se transmite?
A transmissão do vírus da hepatite A (VHA) faz-se quase exclusivamente por via fecaloral. As condições de saneamento e de higiene são determinantes da prevalência da
infecção numa comunidade. A transmissão fecal oral faz-se, quer por contacto pessoaa-pessoa, quer pela ingestão de água ou de alimentos contaminados por fezes que
contêm o vírus (frutas, vegetais, saladas cruas e marisco).
De salientar que o vírus é extremamente resistente ao frio, o que significa que o gelo
ou alimentos congelados consumidos crus podem ser veículos de transmissão da
doença.
A Hepatite A pode igualmente ser transmitida durante as relações sexuais envolvendo
o ânus e, em casos raros, através da partilha de agulhas e seringas entre
toxicodependentes.
Em África, América do Sul e certas regiões da Ásia e da Europa de Leste a maioria da
população é infectada nos primeiros anos de vida, atingindo a idade adulta com
anticorpos protectores.
Nas últimas quatro décadas, Portugal tem-se aproximado dos países mais
desenvolvidos, assistindo-se a uma redução progressiva do número de infecções na
infância e, por conseguinte, a um aumento gradual da população adulta susceptível à
doença.
Na grande maioria dos casos a hepatite A evolui para a cura. Os casos de hepatite
fulminante são raros e a infecção nunca evolui para a cronicidade.
Na criança o vírus não dá sintomas (na maior parte dos casos), sendo que a gravidade
e a mortalidade associadas à doença aumentam com a idade.
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Como se trata?
Quanto ao tratamento não há medicamentos específicos. Está indicado fazer repouso
e abster-se de ingerir bebidas alcoólicas ou de tomar medicamentos que sejam tóxicos
para o fígado. Nas situações de hepatite fulminante o recurso é o transplante hepático.
Como se evita?
Em termos de prevenção não devem descurar-se as medidas gerais que estão
directamente relacionadas com as vias de transmissão.
Existem no mercado vacinas comprovadamente eficazes, sendo que a erradicação da
Hepatite
A
só
será
possível
com
a
vacinação
universal
das
crianças
concomitantemente com melhoria das condições sanitárias sempre que estas sejam
deficientes.
Para já, em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Pediatria recomenda a vacinação de
crianças (a partir dos 12 meses de vida), adolescentes e adultos que:

Viagem para países de endemicidade intermédia ou alta

Tenham doença crónica do fígado

Pertençam a uma comunidade onde seja detectado um surto
A Hepatite B
Como se transmite?
A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) transmite-se pelo sangue, sémen e
secreções vaginais, mas não pela saliva, nem pelo suor. O VHB pode sobreviver
vários dias à temperatura ambiente em quaisquer objectos contaminados com material
infectado.
Nos países desenvolvidos a Hepatite B é, na maioria dos casos, uma consequência de
relações sexuais não protegidas. Pode igualmente ocorrer na sequência da partilha de
objectos cortantes, como lâminas de barbear, escovas de dentes e outros objectos
cortantes. No caso dos toxicodependentes, o risco de infecção decorre da partilha de
agulhas e seringas. Os grandes veículos de transmissão da doença são os portadores
crónicos do VHB.
Nos países em desenvolvimento a transmissão faz-se sobretudo da mãe para o filho
na altura do parto ou durante os primeiros anos de vida em que há entre ambos um
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contacto muito próximo. O contágio entre pares nos primeiros anos de vida é também
muito frequente.
Uma vez ocorrida a infecção pelo VHB, a pessoa infectada pode nunca apresentar
quaisquer sintomas ou pode ter uma hepatite aguda. São raras as situações graves de
evolução fulminante. A infecção aguda pelo VHB, independentemente da presença ou
ausência de sintomas, pode evoluir para a cura, mas pode tornar-se crónica. A
evolução para a cronicidade ocorre maioritariamente nos casos em que a infecção é
assintomática.
A hepatite crónica pode evoluir para cirrose hepática e cancro do fígado.
Nos adultos a Hepatite B evolui espontaneamente para a cura em cerca 95% dos
casos. Pelo contrário, as crianças infectadas no primeiro ano de vida têm cerca de
80% a 90% de probabilidades de se tornarem portadoras crónicas e até aos 6 anos
essa percentagem varia entre 30 a 50%.
Como se trata?
O tratamento da Hepatite B aguda visa apenas controlar os sintomas. Poderá ser
necessário recorrer internamento hospitalar ou mesmo ao transplante hepático nas
situações graves.
Os doentes com Hepatite B crónica requerem tratamento com antivirais quando há
inflamação significativa ou fibrose/cirrose do fígado concomitantemente com a
presença de vírus no sangue. Os antivirais podem controlar a infecção diminuindo
significativamente a quantidade de vírus circulante e com potencial para reduzir ou até
mesmo reverter a lesão do fígado e prevenir complicações a longo prazo.
Como se evita?
A única forma de combater a Hepatite B é através da prevenção. Devem adoptar-se as
medidas gerais que visam interromper a cadeia de transmissão, mas a única forma de
erradicar a Hepatite B é a vacinação universal do recém-nascido. Existem no mercado
vacinas que demonstraram ser altamente eficazes nesta faixa etária.
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A Hepatite C
Como se transmite?
A infecção pelo vírus da Hepatite C (VHC) transmite-se, sobretudo, por via sanguínea.
O contágio através de relações sexuais não protegidas existe, mas é menos frequente
que na Hepatite B.
Embora seja raro, uma mãe infectada pelo VHC pode transmitir a infecção ao filho
durante a gravidez ou no período peri-parto.
Também as pessoas que fazem abortos, tatuagens, piercings, acupunctura,
perfuração das orelhas ou recorrem a serviços de manicure com material não
esterilizado correm o risco de se infectarem com o VHC, tal como sucede com as
pessoas que partilham objectos de uso pessoal, como lâminas de barbear, escovas de
dentes, etc.
No mundo ocidental, os toxicodependentes de drogas injectáveis e inaláveis e as
pessoas que foram sujeitas a transfusões de sangue e a cirurgias, antes de 1992, são
os principais atingidos.
A hepatite C aguda é em regra uma doença assintomática ou com sintomas ligeiros. A
forma de apresentação como hepatite fulminante é excepcional.
Após a infecção
pelo VHC só cerca
de 20%
dos infectados
recupera
espontaneamente; mais de 80% evoluem para portadores crónicos, com hepatite
crónica e a possibilidade de desenvolverem cirrose e cancro do fígado. A infecção
pode manter-se silenciosa durante 10, 20, 30 ou 40 anos e a primeira manifestação
surgir já num estádio em que haja uma cirrose estabelecida ou mesmo um cancro do
fígado.
Em Portugal, estima-se que existam 150 mil portadores crónicos do VHC, embora
grande parte não esteja diagnosticada.
Em termos de medidas gerais de prevenção há que ter em consideração as vias de
transmissão. Não existe nenhuma vacina disponível.
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Como se trata?
Para tratamento da Hepatite C crónica existem antivirais, sendo que o planeamento e
avaliação do início de tratamento constam de uma norma da Direcção Geral de Saúde.
No decurso do último ano a possibilidade de se instituir terapêutica com uma
associação de medicamentos susceptível de eliminar o vírus em circulação nos
portadores crónicos em mais de 90% dos casos abre uma janela de esperança para a
erradicação da doença.
Falta, contudo, dar um passo considerado essencial: o rastreio universal dos
portadores, para que todos aqueles que necessitam possam ser tratados.
A Hepatite D
Como se transmite?
O vírus da hepatite D (VHD), também designado por vírus Delta, é um vírus que só
consegue multiplicar-se na presença do VHB, pelo que a infecção pelo VHD só ocorre
em pessoas infectadas pelo VHB.
Pode haver co-infecção, quando o indivíduo se infecta simultaneamente pelos dois
vírus ou superinfecção quando a infecção pelo VHD ocorre num indivíduo já infectado
com o VHB.
As vias de transmissão da infecção pelo VHD são sobreponíveis às das vias de
transmissão do VHB, pelo que as recomendações gerais de prevenção são também
idênticas.
A erradicação da Hepatite D ocorrerá obviamente no momento em que a Hepatite B
estiver erradicada.
A Hepatite E
Como se transmite?
Tal como a hepatite A, o vírus da hepatite E (VHE) propaga-se através da ingestão de
água e de alimentos contaminados por matérias fecais. Contudo, é mais rara a
transmissão de pessoa-a -pessoa e não há registos de transmissão por via sexual ou
através do sangue.
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A infecção por VHE já foi responsável por grandes epidemias no centro e sudeste da
Ásia, no norte e oeste de África e na América Central, regiões do globo onde não há
condições mínimas de higiene e de saneamento.
Em Portugal a maioria dos casos tem ocorrido em viajantes para países onde a
doença é prevalente, mas coloca-se a hipótese de haver casos autóctones.
A doença pode ser fulminante e os casos ocorridos durante a gravidez são
potencialmente muito graves, podendo atingir taxas de mortalidade na ordem dos 20
por cento se a infecção ccpor VHE for contraída durante o terceiro trimestre. Existem
também registos de partos prematuros.
Como se trata?
A Hepatite E não requer nenhum tratamento especial, à excepção dos casos em que é
necessária a hospitalização.
Como se evita?
Uma vez que não existe nenhuma vacina disponível, quando se viaja para zonas onde
a doença é frequente deve dar-se particular atenção à higiene e só consumir água
engarrafada e gelo fabricado com água engarrafada. As frutas e os vegetais, assim
como os mariscos, não devem ser consumidos crus.
A Hepatite G
Foram descobertos dois isolados de um mesmo vírus: o vírus da hepatite G (VHG) e o
vírus GB –tipo C (VGB-C) , em que GB corresponde ao nome do cirurgião em que o
vírus foi isolado pela primeira vez. Existem grandes semelhanças entre o s VHG/VGBC e o vírus da hepatite C.
Como se transmite?
Embora a infecção por VHG/ VGB-C seja frequente e persistente no homem, ainda
não se demonstrou que a infecção esteja associada a qualquer forma de hepatite. A
transmissão faz-se seguramente através do sangue contaminado.
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