ASAV II- MÓDULO CINEMA/CONCEITO DE IMAGEM-MOVIMENTO/ tendência dialética da escola soviética: Serguei M. Eisenstein (1848-1948) sempre reconheceu a importância de Griffith, mas colocou algumas objeções. >>>Para Griffith há pobres e ricos, bons e maus, negros e brancos...etc. As suas trajetórias são paralelas (montagem paralela) e em algum momento uma secante atinge as duas linhas paralelas e faz com que o ponto de uma defronte-se com o ponto de outra (montagem convergente). Griffith achava que estes contrates eram dados como fenômenos independentes e que não dependiam de uma mesma causa social, a exploração social. >>>Para Eisenstein isto revelava a concepção de Griffith em relação à História em geral, à forma de ele contar uma história (melodrama) e como ele refletia estas concepções através da montagem paralela e da montagem convergente, que num sentido macro também remetia à sociedade burguesa tal como ela se vê. >>>Eisenstein não identificava em Griffith uma unidade de produção; dizia que ele compreendia as oposições de forma acidental (empírica) e não com uma força motriz interna, através da qual a unidade dividida refaz uma nova unidade num outro nível. Ou seja, Griffith não via a natureza dialética da composição das imagens. >>>Eisenstein é científico e no " Encouraçado Potemkin" (1925) considera ter chegado ao domínio do seu método e de uma nova concepção da "montagem orgânica". >>>Confere à Dialética um sentido Cinematográfico (Pudovkin e Dovchenko também, mas Eisenstein podia-se ver como chefe da escola, porque estava imbuído da terceira lei da dialética: o um, que se torna dois e que restitui uma nova unidade, reunindo o todo orgânico e o intervalo patético — aqui o termo patético está sendo usado no sentido de comover a alma, criar forte emoção, tocante, trágico). 1 -A imagem-tempo é indireta, mas orgânica: O “Encouraçado” dura 48 horas, Outubro dura 10 dias, e, nem por isso prolongam-se demais na tela. - Eisenstein substitui a montagem paralela de Griffith por uma montagem de oposições: Oposições múltiplas: quantitativas (um homem/vários homens; um tiro/uma salva; um navio/uma frota); qualitativas (água/terra); intensiva (travas/luz); dinâmicas (movimento ascendente e descendente, da direita à esquerda e inversamente); a montagem convergente ou concorrente pela montagem de "saltos qualitativos" ("montagem por saltos"): da tristeza à cólera; da dúvida à certeza, da resignação à revolta. -nova concepção do primeiro plano (KRUPNII PLAN): -“big close”; elevação da imagem ao quadrado, série de primeiros planos crescentes. -1º plano eisensteniano tem caráter fragmentário, intelectual, lingüístico. O Primeiro Plano no sistema americano é emotivo. Faz com que o espectador se prenda à cena. Nos cinemas soviético e europeu (gros plan) o Primeiro Plano é cerebral. -nova concepção da montagem acelerada: caracterizada por uma série de 1ºs planos crescentes e marcadamente intelectuais. -montagem vertical: idéia de superpor, de acumular imagens dentro do quadro e ao mesmo tempo utilizar textos e gama de trilhas sonoras mixadas; isto materializa a idéia de Eisenstein (anos 40) que propôs a possibilidade de se fazer uma montagem dentro do próprio quadro. A montagem dentro do cinema clássico sempre foi pensada como um plano depois do outro plano, um plano que é emendado a outro (chamava de horizontal), mas ele apontava a possibilidade de se fazer uma montagem vertical, ou polifônica, a possibilidade de dentro de cada plano fazer-se uma edição, conceber-se uma combinação de planos diferenciados, sendo que um filme teria duas montagens: uma no plano horizontal e outra no vertical, uma superposição, um hibridismo, que só seria possível décadas depois. -montagem de atrações: consiste ora em representações teatrais ou circenses (a festa vermelha de Ivã), ora em representações plásticas (estátuas e esculturas em Potemkin e em Outubro) que vem prolongar ou substituir a imagem. A atração deve ser tomada no sentido espetacular, mas também num sentido associativo: associação de 2 imagens. O "cálculo atracional": aspiração dialética da imagem em ganhar novas dimensões -montagem intelectual ou de consciência: para Eisenstein, o plano é a célula da montagem e não simplesmente elemento da montagem. Em suma: a montagem de oposição se substitui à montagem paralela, sob a lei da dialética do Um que se divide para formar a nova unidade mais elevada. -Em Eisenstein não há apenas unidade orgânica dos opostos, mas passagem patética do oposto ao seu contrário. Não há apenas unidade orgânica dos opostos, mas passagem patética do oposto ao seu contrário. Da tristeza à cólera, da dúvida à certeza, da resignação à revolta...Passagem de um termo ao outro, de uma qualidade à outra, e o surgimento de uma nova qualidade. Lembremo-nos que dialética é uma maneira de olhar para a história humana e para a sua experiência como um campo de conflitos no qual uma força (tese) colide com uma contra-força (antítese) para produzir da sua colisão um novo fenômeno (síntese), que não é a soma das duas forças, mas algo maior e diferente das duas. Assim, no Encouraçado Potemkin (1925), os soldados avançam para o topo da escada (tese), imediatamente uma mulher grita chocada (antítese), produzindo uma síntese baseada no reconhecimento da opressão; síntese essa que se transformará numa tese, que irá colidir com as imagens da massa atingida que rola pela escadaria (antítese), gerando outra síntese: a supressão da revolta das massas. A supressão da revolta das massa agora já é outra tese, que colide com os soldados cerrando fogo (antítese), gerando uma terceira síntese: a desintegração da unidade. E assim por diante. –É importante destacar a grande influência que Eisenstein recebeu do movimento construtivista. CONSTRUTIVISMO (1913-1920): -EXPRESSÃO DA IDEOLOGIA MARXISTA: o artista podia contribuir para suprir as necessidade físicas e intelectuais da sociedade através do uso de máquinas, engenharia arquitetônica, comunicação gráfica e fotográfica. -Socialização da arte: satisfazer necessidades materiais, expressar aspirações, sistematizar sentimentos do proletariado revolucionário. 3 -movimento utilitário, mas ironicamente influenciado por correntes não utilitárias e avessas à instrumentalização da arte, tais como o suprematismo/abstracionismo (Malevitch) e o cubismo/assemblages (Picasso) -Formas elementares (sem ornamentos)/primitivismo -Utilitarismo: contra a “arte pela arte”.-Unificação da arte e da sociedade (fim da supremacia das “belas artes”). Expoentes importantes: DZIGA VERTOV (no cinema); ALEXANDRE RODCHENKO (fotografia, artes gráficas). OUTRAS MODALIDADES DE MONTAGEM IMPORTANTES NA HISTÓRIA DO CINEMA: -Tendência quantitativa da escola francesa do pré-guerra: René Clair; Abel Gance; Dreyer; Carné. -Tendência intensiva da escola expressionista alemã: Murneau; Lang; Pabst. 4