Thiene Helena Recco Biologa de Pesquisa e Desenvolvimento BOMBRIL S.A. Marginal da Via Anchieta, Km 14 09696 000 São Bernardo do Campo SP T +55 11 4366-1274 F +55 11 4367-3263 www.bombril.com.br Ref. RESPOSTA DE QUESTIONÁRIO SOBRE CONTAMINAÇÃO DE ESPONJAS Caros Senhores Tendo em vista solicitação efetuada, apresentamos relatório visando respostas de questionamentos sobre contaminação de esponjas de poliuretano e de aço. ROBERTO MARTINS FIGUEIREDO • Cargos Atual: Diretor Técnico da Microbiotécnica Assessoria e Análises Laboratoriais • Cargos Atual: Diretor Técnico da RMF Assessoria e Serviços • Formação: Ciências Biológicas - Modalidade Médica (Biomédicas) - OSEC • Especialização em Saúde Pública – São Camilo • Marketing - Fundação Getúlio Vargas • Especialização em Engenharia da Qualidade - Controle de Processos (POLI-USP) • Especialização em Engenharia da Qualidade - Auditorias da Qualidade (POLI-USP) • Autor do Livro: PROGRAMA DE REDUÇÃO DE PATÓGENOS – PADRÕES E PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS DE SANITIZAÇÃO (SSOPs) – COLEÇÃO HIGIENE DOS ALIMENTOS – Vol. 1 – Ed. Manole • Autor do Livro: COMO NÃO COMER FUNGOS, BACTÉRIAS E OUTROS BICHOS QUE FAZEM MAL - COLEÇÃO HIGIENE DOS ALIMENTOS – Vol. 2 – Ed. Manole • Autor do Livro: AS ARMADILHAS DE UMA COZINHA - COLEÇÃO HIGIENE DOS ALIMENTOS – Vol. 3 – Ed. Manole • Autor do livro> Dr. Bactéria – Ed Globo • PARTICIPAÇÃO NA MÍDIA: • TV : • Atualmente contratado pele Rede TV Record, apresentado o Quadro Dr. Bactéria no programa Hoje em Dia • Apresentou o Quadro no Fantástico – Rede Globo – Dr. Bactéria • Apresentou o Quadro no Note e Anote – Rede Record de TV - BLITS DE HIGIENE – O Caçador de Bactérias • Outras Participações na Mídia • Programa Jô (Globo), Olga Bongiovani (Bandeirantes), Amaury Jr – Fino Trato e Flash (Bandeirantes), Globo Repórter (Globo), Goulart de Andrade (Gazeta), Jornal CBI (CBI), Nei Gonçalves Dias (SBT), Jornal das 10 (Globo News), Jornal do Meio Dia (TV Brasil), Jornal do SBT (SBT), Mulheres (Gazeta), Jornal Gospel (Gospel), Programa Sem Censura – Ledda Nagle (TVE Brasil), Dia a Dia (Bandeirantes), Visão Nacional (Rede Vida), Matéria Pública (Cultura), Cozinha Light (Rede Mulher), Mulher de Gravata – Ronie Von (Rede Mulher), Jornal da Mulher (RedeMulher), SP TV (Globo), Viver e Conviver (Rede Vida), Note e Anote (Record), Caminhos da Polícia Militar (Rede Vida), Programa Comentando a Notícia (TV Comunitária), Zuppo Entrevista (UNITV), Programa JB (Santa Cecília), Ser Tão Mulher (Rede Mulher de TV), Prá Você (Gazeta), TV Jornal do Comércio de Limeira • Rádio : Jovem Pan, CBN, Eldorado, São Francisco de Caxias do Sul, Rádio Globo, ABC, Rádio Mundial, Nova Difusora, Nova Regional, Imaculada Conceição, Metrópole Bahia, Câmara de Brasília, Jovem Pira, Nacional de Brasília, Brasil RJ, Programa Pânico – Jovem Pan • Internet - UOL- Bate Papo, AllTV (www.alltv.com.br), Chat do Fantástico Quais os microrganismos que podemos encontrar em uma esponja durante o uso? As esponjas fornecem um caminho ideal para espalhar microrganismos causadores de DVAs. As bactérias tendem a se concentrar na pia, em seu dreno e na esponja. Carlos Enriquez da Universidade do Arizona desenvolveram pesquisas em todos os materiais na cozinha, desde pias até apoios para abertura de geladeiras, descobrindo pesada contaminação. Esta pesquisa se repetiu por vários dias consecutivos nesses mesmos locais, até que no sexto dia, observou-se que a maioria dos locais pesquisados se apresentou virtualmente livre de microrganismos, coincidindo com o início do uso de uma nova esponja pela família. Em áreas em torno da pia, especialmente no dreno, as contagens alcançaram 10.000 bactérias por ml de água nestes locais. Detectaram 10 milhões de bactérias por ml de líquido de uma esponja de poliuretano torcida. Conclusões semelhantes foram mencionadas por Endres, E. da UNIMES, em trabalho desenvolvido visando a microbiota existente em esponjas de poliuretano. Ela menciona que a diversidade e número de microrganismos encontrados nas residências dependem de fatores relacionados ao ambiente, as condições sócio-econômicas e educacionais dos moradores. As casas podem albergar uma população expressiva de microrganismos, principalmente em ambientes úmidos, como cozinhas e banheiros. Endres quantificou a presença de alguns grupos importantes de bactérias como: Coliformes Totais (CT) Coliformes Fecais (CF) Staphylococcus aureus Bactérias Heterotróficas Totais (HT) Em pratos lavados com esponjas. Cinquenta esponjas de poliuretano utilizadas por 21 dias sucessivos por empregadas em residências foram analisadas. Os resultados foram expressos por Número Mais Provável (NMP) de microrganismos por esponja. A Tabela seguinte demonstra a % das 50 esponjas de poliuretano de cozinhas domésticas pesquisadas que apresentaram os diversos microrganismos estudados e seus graus de contaminação. Coliformes Totais - Coliformes fecais 42 S. aureus *Abaixo de 102 Heterotróficos Totais - 103 - - 4 2 104 - - 12 12 105 - - 26 6 106 2 - 2 2 NMP/esponja-1 66 * 107 2 20 4 8 108 34 44 8 - 109 52 30 - 4 1010 8 2 2 - 2 4 1011 não apresentaram crescimento nas concentrações indicadas ausência de colônias (não detectado) - Densidades de 108 a 109 NMP de Bactérias Heterotróficas Totais foram descobertas em 86% das amostras. Mais de 70% das amostras apresentaram as contagens entre 108 e 109 de NMP de Coliformes Totais. Em aproximadamente 40% das esponjas, não foram descobertos Coliformes Fecais, 38% das amostras apresentaram contagens entre 104 e 105 de Coliformes Fecais. Estes resultados indicam que os pratos lavados com esponjas podem agir como reservatório de microrganismos. Endres conclui que a esponja serve como um reservatório de microrganismos em uma quantidade enorme e incalculável, devido à constituição da espuma de poliuretano usada na fabricação da esponja. Essa espuma é formada por pequenos buracos e cada um destes é responsável por abrigar muitos destes microrganismos juntos. Desta forma estes microrganismos, multiplicados por milhões de cavidades existentes na esponja, aliados à presença de material orgânico (restos alimentares) e bastante umidade, fazem dessas esponjas um veículo de contaminações cruzadas (secundárias). Além das esponjas, as bactérias podem colonizar até aço inoxidável. O metal que parece liso a olho nu é, na perspectiva de uma bactéria, repleta de buracos, barrancos, colinas e gretas. Sempre que a bactéria encontrar um abrigo com alimento e umidade, se instala e cresce. Zottola da Universidade de Minnesota em St. Paul, mostrou que se estes microrganismos não forem rapidamente eliminados, produzirão uma cola orgânica que literalmente cimenta as células na superfície do material. Isto permite uma resistência a vários elementos como correntes de água, sprays, leves raspagens ou esfregações e soluções fracas de detergentes. Eventualmente outros grupos de bactérias podem agregar-se a essas células aderidas à superfície do material e penetrar. A comunidade microbiana resultante forma os chamados “biofilmes” que protege seus habitantes. Que riscos estes microorganismos podem causar a saúde? Vai depender qual o microorganismo estiver presente e em qual quantidade. Podendo haver uma contaminação chamada “cruzada” dos alimentos trazendo microorganismos patogênicos de alimentos, principalmente crus por ocasião das preparações e manipulações, para os alimentos prontos para o consumo, poderia mencionar como exemplo: Staphylococcus aureus = Intoxicações por Toxina estafilocóccica - 24 horas com náuseas, cefaléia e vômitos Escherichia coli O157:H7 – Toxinfecção – Diarréia muco pio sanguinolenta Listeria monocytogenes – Listeriose – diarréia e vômitos e abortos em mulheres grávidas Salmonelella = Salmonelose – diarréia, vômitos, náuseas, desidratação e febre Entre outras...... PS. Convém esclarecer que estes microrganismos mencionados podem estar presente e não necessariamente estarão presentes. Tudo vai depender do nível de contaminação do alimento origem e da possibilidade da transferência destes para a esponja. O tempo de uso de uma esponja é um fator importante para o crescimento das bactérias? Sem dúvida que sim! Os microrganismos tendem a dobrar sua quantidade, em média, a cada 20 minutos. Fica claro que, quanto maior o tempo que eles ficarem dentro de uma temperatura ambiente, aliado ao fator de presença de restos alimentares e água, maior o crescimento destes e a possibilidade de formar os chamados “biofilmes”, que dificulta sobremaneira a eliminação destes dentro dos processos indicados para desinfecção. Podemos encontrar algum microrganismo patogênico nas esponjas? Snyder,O.P., afirma que os perigos representados pelos panos de cozinha já são conhecidos. Vários trabalhos demonstraram a presença de Salmonella, Staphylococcus e outros patógenos em esponjas e panos de prato. Novas pesquisas realizadas em New Orleans, Enriquez reportou que em 75 panos de prato e em 325 esponjas de cozinha onde encontrou um grande número de bactérias virulentas, inclusive Escherichia coli, Salmonella, Pseudomonas e Staphylococcus. • • Snyder, O.P. - THE MICROBIOLOGY OF DISHCLOTHS IN THE HOME KITCHEN - Hospitality Institute of Technology and Management – 1997 Endres, E,, Alterthum, F. – Detection and quantification of bacteria in polyurethane dish washing o sponges – Trabalho apresentado e publicado nos anais n 101 General Meeting of the American Society for Microbiology – Ano 2001 – Pg. 611 – Florida – Estados Unidos. Após quanto tempo de uso, as esponjas começam a apresentar crescimento de bactérias? Estas esponjas se apresentam como um verdadeiro paraíso para bactérias, pois fornecem uma superfície fácil para elas se “agarrarem” e uma provisão farta de nutrientes – restos de alimentos – e umidade. Se uma esponja for mantida úmida, o número de microrganismos vivos não diminui por 2 semanas. As bactérias podem sobreviver por pelo menos 2 dias em uma esponja seca no ar. Em superfícies secas, em geral, as bactérias residentes sobrevivem não mais do que algumas horas, no entanto, é tempo suficientemente longo e bastante para infectar outras fontes de alimentos ou mãos de pessoas durante a preparação dos alimentos. As bactérias dentro das condições existentes, isto é, presença de restos de alimentos, umidade (água) e temperatura ambiente, podem dobrar a sua quantidade, em média, de 20 em 20 minutos. As bactérias podem ser transferidas para os utensílios? Os microrganismos existentes em alimentos, sobretudo os crus – carnes e vegetais – podem contaminar vários locais como pias, mãos, utensílios em geral e serem transportados para os alimentos prontos ou para utensílios, talheres, pratos, travessas, etc, que irão entrar em contato com estes alimentos prontos. Deste modo, através da chamada “contaminação cruzada”, podem vir a acarretar doenças. O fato de deixar as esponjas sobre um recipiente na pia após o uso contribui para o desenvolvimento das bactérias? Sabões não são desinfetantes, isto quer dizer que não possuem ação sobre microrganismos. A colocação de esponjas sobre sabões e utensílios que levem a uma manutenção do grau de umidade da esponja, ira agravar a situação, podendo haver um aumento da velocidade do crescimento de microrganismos presentes. Estes podem levar a contaminação do próprio utensílio como também dos sabões existentes. Existe alguma forma correta de guardar as esponjas após o uso para evitar o crescimento de bactérias? Após o uso, a esponja deverá ser muito bem lavada, enxaguada, desinfetada por algum método indicado, seca e mantida em local seco e protegido. De modo geral, e sendo utilizado este procedimento, a esponja não deverá ter tempo de uso maior do que 7 a 15 dias, na dependência da qualidade da esponja. Técnicas diárias indicadas para desinfecção da esponja de poliuretano: ESPONJA – ÁGUA SANITÁRIA Trocar toda semana. Após cada utilização, lavar com água e detergente, e secar. Uma vez ao dia, imergir em solução de água sanitária (2 colheres de sopa/L de água), guardar seca. Nunca sobre o sabão. ESPONJA - MICROONDAS Trocar toda semana. Após cada utilização, lavar com água e detergente, e secar. Uma vez ao dia, e ainda úmida, envolver em papel toalha, colocar sobre um prato, levar ao microondas por 30 a 60 segundos, retirar, guardar seca. Nunca sobre o sabão. Importante: nunca ultrapassar 60 segundos e nunca efetuar este tratamento com a esponja seca pois pode haver riscos da esponja pegar fogo. ESPONJA – ÁGUA FERVENTE Ferver a água, após iniciar a ebulição, desligar o fogo e mergulhar a esponja por 5 a 10 minutos As esponjas que estão em uso, mantidas em ambiente onde ocorre a manipulação de alimentos, como a pia da cozinha, podem contaminar estes alimentos? Como já mencionado, por meio da chamada “CONTAMINAÇÃO CRUZADA” e pelo fato de apresentarem uma grande concentração de microrganismos, podem vir a contaminar, sem dúvida. Existe algum estudo sobre a esponja de aço, com relação ao crescimento bacteriano? De meu conhecimento não, o aço não é um agente desinfetante, como acontece nos casos da Prata iônica e do Cobre que possuem ação oligodinâmica contra microrganismos mas, sem dúvida nenhuma, o tempo curto de vida da esponja de aço diminui os riscos de crescimento, presença e contaminação cruzada dos alimentos pelos microrganismos.