Sistemas Elétricos de Potência 3. Elementos de Sistemas Elétricos de Potência 3.1.5 Modelos de Linhas de Transmissão Professor: Dr. Raphael Augusto de Souza Benedito E-mail:[email protected] disponível em: http://paginapessoal.utfpr.edu.br/raphaelbenedito Conteúdo - Modelo da Linha Curta; - Modelo da Linha Média; - Modelo da Linha Longa (modelo mais preciso). Modelos de Linhas de Transmissão • O modelo da linha de transmissão a ser adotado em determinado estudo dependerá do comprimento da linha e da precisão que se deseja ter da modelagem matemática. • Veremos, a seguir, que o modelo de linhas longas é o mais preciso, e portanto, pode ser utilizado para linhas curtas e médias. Modelo da Linha Curta • Geralmente, as linhas curtas são aquelas com extensão de até 80 km ou 50 milhas. • A capacitância de linhas até 80 km é desprezada, já que é pequena, assim como a condutância (de dispersão) em derivação. • Desse modo, a linha é representada por seus parâmetros série e seus respectivos efeitos, ou seja, resistência e indutância (reatância indutiva). Veja a seguir: Fig.: Modelo de Linha Curta para uma das fases Modelo da Linha Curta escrevendo a impedância complexa série como Z = r + j⋅ XL então: I&S = I&R V&S = V&R + Z ⋅ I&R V&R = V&S − Z ⋅ I&S onde: IS é a corrente que sai da barra transmissora (ou emissora); IR é a corrente que chega na barra receptora; VS é a tensão fase-neutro da barra transmissora (ou emissora); VR é a tensão fase-neutro da barra receptora. Modelo da Linha Média • As linhas médias são aquelas com extensão de 80 km (ou 50 milhas) até 240 km (ou 150 milhas). • Neste caso considera-se o efeito capacitivo das linhas, incluindo a susceptância capacitiva em derivação ou shunt (parte imaginária da admitância shunt), e despreza-se ainda a condutância em derivação. • Representando a linha de transmissão através do modelo πnominal, a capacitância da linha é concentrada em ambas as extremidades e dividida por 2. Veja a figura abaixo: Fig.: Modelo π-nominal de Linha Média para uma das fases Modelo da Linha Média Aplicando as Leis de Kirchhoff para a rede do modelo acima, temos: LKT LKC V&S − Z ⋅ I&1 − V&R = 0 V&S = V&R + Z ⋅ I&1 Y I&1 = I& R + ⋅ V&R 2 Y Y Y I&S = I&1 + ⋅ V&S = I& R + ⋅ V&R + ⋅ V&S 2 2 2 (1) (2) (3) Substituindo (2) em (1), obtemos: Y ZY & V&S = V&R + Z ⋅ I& R + ⋅ V&R = 1 + ⋅ V R + Z ⋅ I& R 2 2 (4) Agora, substituindo (4) em (3), obtemos: Y Y ZY & I&S = I& R + ⋅ V&R + ⋅ 1 + ⋅ V R + Z ⋅ I& R 2 2 2 ZY ZY & I&S = 1 + ⋅ Y ⋅ V&R + 1 + ⋅ IR 4 2 (5) Modelo da Linha Média Matricialmente, podemos escrever o modelo de linha média como o seguinte quadripolo: V&S A B V&R ⋅ & = & C D I I S R onde: ZY B = Z A = 1 + , 2 ZY (Ω) , C = 1 + ⋅ Y ( Siemens ) , 4 ZY D = A = 1 + 2 As constantes A, B, C e D são denominadas constantes generalizadas do circuito da linha, ou parâmetros do quadripolo. - Para I&R = 0 => V&S = A ⋅ V&R (relação à vazio do receptor) - Para V&R = 0 => V&S = B ⋅ I& R (relação em curto do receptor) Modelo da Linha Longa • Tradicionalmente, as linhas longas são aquelas com extensão acima de 240 km (ou 150 milhas). • O modelo matemático adequado de linhas longas ou modelo mais preciso para qualquer linha de transmissão deve considerar: – os parâmetros uniformemente distribuídos ao longo da linha e não concentrados (como nos casos anteriores); – além disso, deve contemplar a teoria de ondas viajantes (progressivas e regressivas), resultando em equações diferenciais parciais. • Entretanto, é possível obter um circuito π-equivalente de uma linha longa e representá-la com precisão em parâmetros concentrados (desde que o interesse seja os valores de tensão e corrente nas extremidades desta linha). • Assim, nosso modelo para linhas longas pode ser tratado como uma “correção” sobre os parâmetros do modelo π-nominal, utilizando a constante de propagação da onda (e arcos hiperbólicos). Veja a seguir: Modelo da Linha Longa Fig.: Modelo π-equivalente de Linha Longa para uma das fases • Para este modelo, temos: senh(γ ⋅ l ) Z eq = Z ⋅ γ ⋅l tanh(γ ⋅ l / 2) Yeq = Y γ ⋅l / 2 (Ω ) ( Siemens ) sendo: γ = z '⋅ y ' a constante de propagação da onda (por metro da linha); z’ a impedância série por metro de linha; y’ a admitância shunt por metro de linha; l o comprimento total da linha; Modelo da Linha Longa Lembrando que: e x − e −x senh( x ) = 2 e x + e −x , cosh( x) = 2 e senh( x) e x − e − x tanh( x) = = cosh( x) e x + e − x Matricialmente, podemos escrever o modelo de linha longa como o seguinte quadripolo: V&S A B V&R ⋅ & = & C D I I S R onde: Z eq Yeq A = 1 + 2 , B = Z eq (Ω) , C = 1 + Z eq Yeq ⋅ Yeq 4 ( Siemens) , Z eq Yeq D = A = 1 + 2 Modelo da Linha Longa Impedância Característica • Nos estudos de linhas de transmissão, uma relação ou parâmetro de certa relevância é a chamada impedância característica da linha (ou Zc): Zc = z' y' • No caso particular de linha ideal, sem perdas, a impedância característica pode ser simplificada por Zo: Zc = Zo ≅ L' ωL ' = ωC ' C' também chamada como impedância de surto. Modelo da Linha Longa Potência Característica • Um bom “termômetro” da capacidade de transmissão de potência em linhas de extra alta tensão é a potência característica da linha. • Esta potência é o carregamento da linha pela impedância de surto (ou característica) considerando uma carga resistiva pura com valor igual a da impedância de surto. • Por simplicidade, a potência característica pode ser expressa da seguinte forma: Pc = VL Zc 2 ≅ VL Zo 2 = VL 2 L' C' Analisando a equação acima, podemos aumentar a capacidade de transmissão aumentando a capacitância, ou diminuindo a indutância. Obs.: esta potência também é chamada como “SIL” pelos engenheiros de potência. Associação de Quadripolos Quadripolos em Cascata (Série) V&S A1 & = I S C1 B1 A2 ⋅ D1 C 2 B 2 V&R ⋅ D 2 I&R Associação de Quadripolos Quadripolos em Paralelo • Nesta situação, basta fazermos o circuito equivalente para rede da figura acima (figura da direita). Referências Bibliográficas [1] MONTICELLI, A. J.; GARCIA, A. Introdução a Sistemas de Energia Elétrica. Editora UNICAMP, 1ª. Edição, Campinas, 2003. [2] STEVENSON, W. D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência. 2ª ed. Editora MacGraw-Hill do Brasil. São Paulo.1986. [3] FUCHS, RUBENS DARIO. Transmissão de Energia Elétrica: linhas aéreas; teoria das linhas em regime permanente. 2ª. Edição; Editora Livros Técnicos e Científicos, Rio de janeiro, 1979. [4] ZANETTA Jr., LUIZ CERA. Fundamentos de Sistemas Elétricos de Potência. 1ª. Edição; Editora Livraria da Física, São Paulo, 2005.