12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354 PERCEPÇÃO DOS CONSUMIDORES EM RELAÇÃO A PRÁTICA DE PREÇOS DA CARNE BOVINA IN NATURA Haroldo de Sá Medeiros (Universidade Federal de Rondônia) Mariluce Paes de Souza (Universidade Federal de Rondônia) Andressa Samara Masiero Zamberlan (Universidade Federal de Rondônia) Flávio Lecir Barbosa (Universidade Federal de Rondônia) Resumo A concepção moderna dos negócios agrícolas remete a diversas mudanças nas atividades de comercialização. A integração entre os diversos elos de uma cadeia, considerando o conceito de agribusiness, se faz necessária para que o consumidor sejja o principal orientador da produção. O preço, componente do mix de marketing, também é condicionado por diversos aspectos inerentes aos consumidores: restrição orçamentária, percepção ao valor, entre outros, que influenciam a demanda e como as empresas lidam com esses aspectos através de seu comportamento em relação ao atendimento das necessidades do consumidor. O varejo de carne bovina, por meio de ferramentas mercadológicas, procura trazer satisfação para os consumidores e benefícios para as empresas, pois, mediante os preços praticados neste elo da cadeia da bovinocultura de corte, todas as atividades que participam da cadeia produtiva, desde os insumos até a distribuição são influenciadas em seus custos e no modo que se comportam para comercializar. Desta forma, têm-se como questões de pesquisas: Quais as abordagens utilizadas pelos supermercados para efetuar a precificação da carne bovina in natura? Qual a percepção dos consumidores em relação a prática de preços? Justifica-se a pesquisa considerando que historicamente os preços da carne bovina in natura praticados nos supermercados são provenientes dos custos de aquisição do produto e do resultado que as empresas esperam, influenciadas pela maximização dos lucros. Como principal, busca-se conhecer as diferentes abordagens utilizadas pelos supermercados de Porto Velho-RO para efetuar a precificação da carne bovina in natura, analisando a percepção dos consumidores em relação a prática de preços. Foram utilizados a observação direta para verificação dos preços praticados, questionários para coleta de dados, sendo aplicados 1 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 por meio da internet a 46 consumidores de carne bovina in natura com o intuito de analisar a percepção dos consumidores em relação a prática de preços. Em relação aos supermercados, foi realizada entrevista estruturada com dois gerentes de dois supermercados para analisar as abordagens de precificação. Para análise dos dados coletados foram utilizados os softwares SPSS e Excel. Os resultados demonstram que os preços não são prioridade para os consumidores durante a compra, no entanto, a qualidade da carne bovina in natura se mostra como o principal ponto a ser levado em consideração pelos consumidores. Outros aspectos, como: atendimento, localização do supermercado e embalagem também foram abordados em relação aos preços e qualidade. Os supermercados pesquisados utilizam diferentes Palavras-chaves: Precificação, marketing, carne bovina. 2 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 1 Introdução A modernização dos negócios agrícolas vem mudando diversas concepções. As atividades que eram predominantemente de subsistência, hoje são voltadas para o mercado. O consumidor assume um papel importante nesse contexto, passando a ser o grande influenciador, estabelecendo um fluxo com o produtor, indústrias e distribuidores através da comercialização. A comercialização, por meio da integração atividades econômicas, coordena a produção e a demanda do consumidor. Essa coordenação passa por diversos âmbitos e implica no fato do produtor estabelecer suas decisões sobre o que será produzido, quando ocorrerá a produção e para quem produzir. Assim, a comercialização assume a função de orientar a produção para facilitar a aquisição dos produtos pelos clientes e consumidores ao longo das cadeias produtivas. Os estágios econômicos de um sistema de comercialização são: insumos, produção, aquisição da produção, processamento, atacado, varejo e por último, o consumo. A função de coordenação da comercialização influencia as condições econômicas através de mecanismos de preço, onde os consumidores ditam os preços que estão dispostos a pagar e orientam produtores, distribuidores, atacadistas e varejistas em suas atividades produtivas. No entanto, existem outros fatores que influenciam nos preços dos produtos agrícolas, como sugere Batalha (2001), em termos de agronegócio, a variável preço, além de sofrer influências da demanda de mercado e dos custos de produção da empresa, é também influenciada por questões de safra e alterações do clima. Segundo Perosa (1999), a crescente interdependência entre as diversas etapas pelas quais passa um produto, da produção ao consumo final, se coloca como uma característica fundamental. De forma que, a interdependência força a idéia do estudo de diversos segmentos, não apenas no âmbito da produção, mas nas interligações entre a produção e a distribuição. No caso específico da bovinocultura de corte, os principais entes que compõem o processo de comercialização são: produtores, frigoríficos, distribuidores. O distribuidor pode assumir caráter atacadista ou varejista, sendo que, estes compreendem a parte a jusante da cadeia em conjunto com frigoríficos. O produtor possui um papel diferente, pois faz parte do setor a montante da cadeia e segundo Neumann (2006) é apenas um tomador de preços. O modo de compreender se dá através do fato de que para produzir o animal para abate o 3 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 produtor tem um custo de produção que, no ato da venda, precisa ser transferido em seus preços para o frigorífico ou indústria que, por sua vez, transfere seus custos para os distribuidores até o varejista. Considerando as estruturas dessa cadeia, o varejo, através do contato estreito com os consumidores, ao aferir seus preços pode desencadear efeitos ao longo de toda a cadeia, pois o consumidor, possui o papel de regulador de preços, conforme Schewe (1982). Além disso, segundo dados do IBGE (2008-2009), as despesas alimentares de uma família no estado de Rondônia correspondem a 15,14% do rendimento total médio mensal familiar. De forma que, a carne, por possuir tendência a inelasticidade, possui grande representatividade nas despesas alimentícias familiares. Desta forma busca-se responder as seguintes questões de pesquisa: Quais as abordagens utilizadas pelos supermercados de Porto Velho-RO para precificar o produto carne bovina in natura? Qual a percepção dos consumidores em relação a prática de preços? O preço, como componente mercadológico e suas influências sobre demanda e oferta, serão discutidos ao longo deste trabalho. A importância do seu estudo se dá pelo fato dele afetar rapidamente a competitividade das empresas e o seu efeito no varejo pode influenciar todos os entes que transferiram seus preços para esta ponta da cadeia da bovinocultura de corte. Sendo assim, o objetivo deste estudo é conhecer as diferentes abordagens utilizadas pelos supermercados de Porto Velho-RO para efetuar a precificação da carne bovina in natura, analisando a percepção dos consumidores em relação a prática de preços. 2 Referencial Teórico O marketing está intimamente relacionado com o conceito econômico de satisfação. Segundo, Schewe (1982), os economistas falam de bens e serviços que proporcionam um pacote de utilidade. Quando utilizam essa terminologia, basicamente querem dizer satisfação. Ou ainda, segundo Pindyck (2006), as pessoas obtêm utilidade apropriando-se de coisas que lhes dão prazer e evitando coisas que lhes trazem insatisfação. Dessa forma, a ciência mercadológica se dirige a compreensão dos processos de troca que proporcionam, ou não, a satisfação das pessoas na sociedade. Apesar destes conceitos serem relativamente antigos, a ligação entre marketing e utilidade nos remetem a grandes temas, como comportamento do consumidor, processo decisório de compra e percepção de valor para o cliente. 2.1Varejo 4 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 O varejo, com seu contato direto com o consumidor, sofre modificações em sua forma de se relacionar com seus clientes e também, nos modos de oferecer produtos ou serviços, Las Casas (2007). O acirramento da concorrência no mercado tem levado as empresas a buscar diferenciações, visando a eficiência operacional, a preservação dos lucros e posicionamento. Da mesma forma, o varejo tem sido pressionado a utilizar estratégias cada vez mais focadas no consumidor final para garantir sua sobrevivência e, desta forma, se faz necessário caracterizar esse segmento. Segundo Angelo e Giangrande (2004), o varejo é essencialmente um operador logístico, ou seja, a ligação entre o consumidor final e o fornecedor. Através desse conceito, relacionando com o objetivo deste artigo, o elo entre o segmento varejista e os consumidores finais é de extrema importância para as cadeias produtivas em geral, pois os produtos, em diversos casos, serão consumidos somente em decorrência dessa aproximação. Segundo Las Casas (2007), o varejo possui as seguintes funções: Funções Descrição Vendas Promover o produto junto a clientes potenciais Compras Comprar uma variedade de produtos de vários vendedores, usualmente para revenda Seleção Fazer sortimento de produtos, geralmente inter- relacionados, para os clientes potenciais Financiamento Oferecer crédito a clientes potenciais para facilitar transações e financiar seus negócios Armazenamento Proteger o produto e manter estoques para oferecer melhores serviços ao consumidor Distribuição Comprar em grande quantidade e dividi-la em quantidades desejadas pelos clientes Controle de qualidade Avaliar a qualidade dos produtos e ajudar em seus melhoramentos Transporte Movimentação física do produtor ao consumidor Informações de marketing Prestam informações aos fabricantes sobre condições de mercado, incluindo volume de vendas, tendências de moda e condições de preços Riscos Absorver riscos dos negócios, especialmente riscos de manutenção de estoques, obsolescência de produtos, entre outros. Figura 1 - Funções do varejo 5 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 Fonte: Adaptado de Las Casas (2007) O varejo, mesmo com funções específicas, ainda possui classificações que levam em consideração sua disposição física, mix de produtos, reconhecimento de marca, política de preços, entre diversos outros fatores. Os supermercados possuem classificação única e se caracterizam por serem divididos em departamentos e possuírem estoques em grande quantidade. O marketing na ponta do consumo ganha viabilização através de melhorias na estrutura do negócio, logística e aproximação entre os agentes ao longo da cadeia do agronegócio, representada neste estudo pela bovinocultura de corte. O empreendedor ou gestor que participa do varejo no segmento da bovinocultura de corte, deve conhecer os valores, atitudes e estilos de vida de diversos segmentos da população e nesse contexto o mix de marketing se estabelece como um conjunto de ações que visam a atração e retenção de clientes, levando em consideração, para a organização, o conhecimento mencionado anteriormente. Nesse contexto, o preço é uma variável importante, como já mencionado anteriormente. No entanto, é importante ressaltar que, para o varejo, a remuneração obtida pelos seus serviços será dada através da diferença entre o preço praticado pelo varejo e o praticado pelo atacado, sendo este cobrado do consumidor, Mendes (2007). 2.2 Preço O preço pode ser considerado sobre dois pontos de vista: mercadológico e econômico. O mercadológico, de acordo com Batalha (2001), define o preço como o montante de dinheiro exigido pelo vendedor para a transferência de posse de um produto ou serviço ao consumidor ou ainda, conforme Kotler e Armstrong (1993), é a soma dos valores que os consumidores trocam pelo benefício de possuir ou fazer uso de um produto ou serviço. De modo complementar ao aspecto mercadológico, o preço constitui um dos elementos do mix de marketing (preço, ponto de venda, distribuição e produto) e segundo Kotler (2009), o preço difere dos outros três elementos do mix de marketing, já que produz receita, enquanto os outros três geram custos. Em conseqüência disso, as empresas trabalham arduamente para elevar seus preços ao máximo que o nível de diferenciação permitir. Ao mesmo tempo, a empresa reconhece que deve considerar o impacto do preço sobre o volume de vendas. Uma característica importante desse elemento do mix de marketing é que após a definição da política de preços, a empresa também decide ou influencia diretamente seus 6 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 lucros, retorno desejado sobre investimentos e o posicionamento de seus produtos em relação a concorrência. No entanto, segundo Garcia e Las Casas (2007), em tese, os preços de produtos franqueados tendem a ser os mesmos em todas as lojas de uma rede franqueada, mas há dificuldade em manter essa igualdade devido não só a variação de renda dos consumidores de um mercado para outro, como das distâncias que os produtos devem percorrer entre o local em que são produzidos e o varejo, ou entre custo dos serviços prestados. Nesse sentido, segundo Batalha (2001), em termos de agronegócio, a variável preço, além de sofrer influências da demanda de mercado e dos custos de produção da empresa, é também influenciada por questões de safra e alterações do clima. Segundo Kotler (2009), na definição de seus preços, as empresas podem levar em consideração uma orientação para custos ou valor. A orientação para custos leva em consideração os custos provenientes da aquisição dos produtos, custos operacionais, entre outros. A orientação para custos com base no valor, tem como estimativa o valor que os compradores estariam dispostos para aquisição dos produtos,e as empresas dessa forma, esperam que seus custos sejam menores do que o preço e margem de contribuição estipulados. Dessa forma, o aspecto mercadológico atua de maneira complementar ao econômico, que leva em consideração o impacto do preço sobre a demanda. O aspecto econômico do preço leva em consideração sua influência sobre a oferta e demanda, sendo estes derivados dos conceitos microeconômicos. A curva da oferta, como mostra a figura 2 abaixo, é uma relação entre a quantidade ofertada e o preço, segundo Pindyck (2006) a curva da oferta é ascendente porque, quanto mais alto o preço, maior será a capacidade e o desejo das empresas de produzir ou vender, levando em consideração uma das premissas neoclássicas, que é a de maximização dos lucros. O preço mais alto pode atrair para o mercado novas empresas, que se defrontam com custos mais altos, em virtude de sua inexperiência. No entanto, se o custo de produção ou aquisição diminuem, as empresas podem transferir isto para seus clientes diminuindo seus preços. A curva da demanda, conforme a figura 2, demonstra a quantidade que os consumidores desejam comprar de acordo com as mudanças do preço dos produtos Pindyck (2006). 7 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 Figura 2 - Gráfico Curva da oferta e Gráfico Curva da demanda Fonte: Adaptado de Pindyck (2006) A curva da demanda é descendente, pois os consumidores desejarão comprar maiores quantidades de um produto conforme os preços diminuem. Sendo que, diversas outras variáveis podem influenciar na demanda de um produto e também podem estar relacionadas com o preço, como perecibilidade dos produtos, grau de essencialidade, substituição, entre outros. A elasticidade-preço da demanda, conforme Mendes (2007), é uma maneira valiosa de determinar a resposta dos consumidores, em termos de quantidade demandada de um produto, devido às variações nos preços dele. De um modo simplificado, é possível dizer que a elasticidade-preço leva em consideração o impacto na demanda a partir da variação nos preços. Esse valor, dado a partir da razão entre a variação da demanda sobre a variação dos preços, é expresso através de um número negativo, pois quando o preço de um produto aumenta, quantidade demandada em geral cai Pindyck (2006). Quando a elasticidade-preço é dada por um valor superior a 1, a demanda é considerada elástica, pois o percentual de diminuição na quantidade demandada é superior a variação de aumento do preço. No entanto, se a valor for menor do que 1, considera-se a demanda inelástica, de forma que a influência da variação nos preços de um produto influenciará pouco na demanda do mesmo. Dessa forma, produtos que possuem baixo valor e seus preços tem pouca representatividade em relação a restrição orçamentária da maioria das pessoas, como sal, fósforo e alguns condimentos, não deixam de ser adquiridos em função de variação nos seus preços. Assim, a elasticidade-preço se faz extremamente importante para empresas, pois alguns produtos, que possuem elasticidade-preço menor que um podem ter seus preços elevados, o que poderá resultar em um aumento de sua receita total, já que esta relação é dada pela multiplicação entre 8 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 quantidade e preço. Ou ainda, caso a elasticidade-preço do produto seja elástica, aumentar preços poderá resultar em diminuição da demanda e perda de competitividade. 2.3 Fatores a serem considerados na definição de preços O preço é extremamente importante para os entes que promovem a distribuição dos produtos, tanto pela influência nos lucros como por causa dos aspectos simbólicos do preço de um produto. A formação de preços pode afetar todo o programa de marketing de uma empresa, o que, por sua vez, determina sucesso desta, bem como a satisfação total proporcionada aos consumidores e a sociedade em geral Schewe (1982). O estabelecimento dos preços pode ser dado através de uma política de preços únicos ou preços flexíveis. A política de preço único consiste na atribuição de um preço que não se modifica em relação a quantidade, de forma que, os clientes são expostos as mesmas condições de compra, sem distinções. Caso os clientes não estejam dispostos a pagar o preço exibido, não haverá troca. Na política de preços flexíveis são oferecidos os mesmos produtos e quantidades a diferentes clientes a preços diferentes. Esse tipo de política é bastante útil para ir de encontro aos preços dos concorrentes. Conforme Kotler e Armstrong (1993), os fatores que afetam as decisões sobre o apreçamento podem ser classificados em internos e externos. Esses fatores são mencionados na figura 3, a seguir: Fatores Internos Fatores Externos Objetivos de marketing Natureza do mercado e da demanda Estratégia de mix de marketing Concorrência Custos Outros fatores (economia, revendedores, governo, entre outros) Organização para definição de preços Figura 3: Fatores a serem considerados na definição dos preços Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (1993) Entre os fatores internos, os objetivos de marketing consistem em alinhar a definição de preços com aspectos mercadológicos de posicionamento, sendo divididos em: objetivos de sobrevivência, maximização dos lucros atuais, liderança na participação de mercado e liderança na qualidade de produto. A sobrevivência consiste em praticar preços reduzidos em relação aos concorrentes ou abaixo do custo com o intuito de cobrir alguns custos fixos e custos variáveis para continuar operando até que as condições mudem ou problemas sejam 9 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 corrigidos. Assim, ao diminuir seus preços, a empresa espera aumentar sua demanda. A maximização dos lucros consiste em estimar a demanda e os custos de acordo com diferentes preços e escolhem o preço que produzirá o lucro máximo atual, fluxo de caixa ou taxa de retorno sobre o investimento, de modo que deseja resultados financeiros em curto prazo. A liderança na participação de mercado é definida pela concepção que o preço deve ser praticado de forma a aumentar a participação de mercado da empresa. A liderança na qualidade do produto é definida pela precificação em relação ao retorno que a empresa espera ter por oferecer um produto que ela considera de alta qualidade. Este preço é definido também em relação aos custos de produção e desenvolvimento e pode ser acompanhado por uma estratégia de preço por desnatação, conforme Pinto (2007), no qual as empresas estabelecem altos preços para produtos novos no mercado através da idéia de diferenciação e de maior benefício, de forma que, a empresa compensa a adoção do novo produto e desnata ao máximo uma camada do mercado. Além desses objetivos mencionados, as empresas podem adotar preços que estejam ao nível de seus concorrentes para estabilizar o mercado ou ainda para estimular a comercialização de um produto complementar. De fato, os objetivos de marketing podem ser vários, mas estes devem estar alinhados com os objetivos globais da empresa. As estratégias de mix de marketing consistem na coordenação entre o preço e os outros elementos do mix de marketing (produto, promoção e distribuição). Os custos definem o piso para o preço que a empresa pode cobrar pelo seu produto. Os custos podem ser classificados como fixos ou variáveis. Segundo Schewe (1982), embora os custos nem sempre possam ser determinados com exatidão, quase sempre as estimativas são bastantes exatas para sugerir os limites razoáveis para apreçamento rentável. Relacionados aos custos, podem ser destacados dois pontos de extrema importância, como a curva de experiência e os custos em diferentes níveis de produção. A curva de experiência expressa a queda do custo médio em decorrência da experiência, aprendizado e ciclo de vida de um produto. Além disso, de acordo com esses fatores, a demanda dos produtos aumenta em decorrência da diminuição dos custos transferidos aos preços exibidos para os consumidores. Os custos podem variar de acordo com o nível de produção em relação a quantidade produzida, pois os custos fixos podem ser melhor distribuídos em quantidades maiores de produtos, assim, reduzindo o custo unitário. 10 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 As considerações organizacionais levam em conta qual setor, pessoa ou grupo que definirá os preços e se existe alguma relação destes com outras partes da organização no ato do apreçamento. Os fatores externos que influenciam na decisão de apreçamento são os relativos a mercado, concorrência, entre outros. A liberdade na definição de preços varia de acordo com os tipos de mercado. O mercado sob concorrência pura é composto por diversos compradores e vendedores comercializando um produto uniforme, de forma que deles pode influenciar drasticamente o preço do produto. O mercado de concorrência monopolista é composto por diversos compradores e vendedores que influenciam uns aos outros de acordo com as ofertas. Nesse mercado, técnicas de diferenciação de marcas, propaganda e vendas ajudam a distinguir ofertas. O mercado sob concorrência oligopolista é composto por um pequeno número de vendedores, no qual, estes são sensíveis as variações de preços uns dos outros e os preços praticados evitam a entrada de novos vendedores. Ainda deve ser considerado o mercado sob monopólio puro, onde apenas um vendedor dita as tendências de preço. Enquanto os custos estabelecem o piso para o preço, sendo amplamente usado para o apreçamento da grande parte dos produtos, é necessário considerar os preços de produtos dos concorrentes, especialmente quando a oferta possui pouca diferenciação. Outro ponto a ser considerado é a percepção do cliente ao valor do produto. 2.4 Métodos para definição de preços As empresas definem seus preços selecionando fatores como: custos, método baseado no consumidor ou concorrência (ARMSTRONG e KOTLER, 1993; HONORATO, 2004). No entanto, mesmo sendo métodos diferenciados, é importante ressaltar que não são excludentes entre si e podem ser considerados de maneira integrada. Os preços baseados em custos são divididos em markup e ponto de equilibro. Segundo Honorato (2004), a empresa que se baseia nesse método visa basicamente o lucro sem vislumbrar outras perspectivas relativas à preferências ou percepção de valor do consumidor. Os custos podem ser classificados como descrito no figura 3 abaixo: Custos Descrição Fixos São os custos que permanecem constantes ao longo do processo de produção. Variáveis Custos que variam de acordo com a quantidade produzida. 11 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 Totais Soma dos custos fixos e variáveis. Médio Constitui-se na divisão do custo total pelo número de quantidades produzidas ou ofertadas. Figura 4: Classificação de custos Fonte: Adaptado de Honorato (2004) Os preços por markup são constituídos pela adição de um valor padrão ao custo do produto, sendo utilizada por médios e pequenos empresários e permite determinar o preço de um ou mais produtos, de modo que o custo unitário variável atinja um percentual capaz de aferir lucro e a cobertura de outros custos. No entanto, uma expectativa de demanda deve ser considerada, mesmo que outros aspectos mercadológicos não sejam. Logo, o custo unitário pode ser dado através da razão entre os custos fixos e a estimativa de vendas adicionada ao custo variável, demonstrado por Kotler e Armstrong (1993) na figura 5 abaixo: Figura 5 – Custo unitário Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (1993) Dessa forma, o markup se constituirá pela margem aplicada ao custo unitário, como demonstra a figura 6: Figura 6 - Markup Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (1993) Os markups variam muito de um bem para o outro e possuem alguns aspectos negativos, além da falta de atribuição ao valor percebido pelo consumidor, muitos aspectos estimativos são considerados, como vendas e custos, podendo não refletir a realidade. O método orientado em custos baseado no ponto de equilíbrio, ou break even point, é dado através da determinação de metas para as vendas e ocorre no momento em que o volume total de ganhos iguala-se aos custos totais, não havendo assim, lucro ou prejuízo. Segundo Honorato (2004), é uma ferramenta muito eficaz para determinar o volume de vendas necessário para cobrir os custos e atingir um dado nível de lucro. A abordagem baseada no consumidor utiliza a percepção do consumidor em relação ao preço, diferente da baseada em custos que elucidava somente os custos do distribuidor. As empresas utilizam os outros componentes do mix de marketing para criar o valor percebido na 12 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 mente dos consumidores e o preço é definido em relação a essa percepção. Não obstante a isso, características dos produtos como perecibilidade, ciclo de vida e diferenciação dos produtos. A diferenciação atua como fator preponderante, pois em casos de produtos com características semelhantes, como a carne in natura, a influência da embalagem, marca e qualidade do produto podem ser aspectos positivos em relação ao aumento do preço cobrado e também ao valor percebido pelo consumidor, de forma que estes estariam dispostos a pagar mais por um produto diferenciado e que gere satisfação. Conforme Kotler e Armstrong (1993), se o vendedor cobrar mais caro do que o valor percebido pelo consumidor, as vendas da empresa serão prejudicadas. No entanto, se cobrar um valor menor do que o percebido pelo cliente, as vendas serão boas, mas as receitas serão menores do que a empresa poderia obter se o preço fosse elevado até o nível do valor percebido. Os preços definidos por influência da concorrência, conforme Kotler e Armstrong (1993), podem ter abordagens proveniente de preços de oferta ou preços de proposta. No caso dos preços de oferta, a empresa baseia seus preços em relação aos seus concorrentes prestando menos atenção a seus custos ou demanda, cobrando mais ou menos do que seus principais concorrentes. Os preços de proposta são mais relacionados a prestação de serviços, em contrapartida aos de oferta que são voltados a produtos físicos. Os preços de proposta são determinados de acordo com o julgamento da empresa em relação aos preços praticados por seus concorrentes, e da mesma forma que os preços de oferta, os custos e a demanda são pouco considerados. A concepção de posicionamento de valor está intimamente relacionada com a percepção de valor e preço. Esse posicionamento é dado através de um meio híbrido entre os três métodos de definição de preços já expostos anteriormente. Os produtos são posicionados e classificados no mercado em relação ao seu preço, como descrito na figura 7: Posicionamento Descrição Mais por mais Produtos com preços elevados, considerados de melhor qualidade em relação ao seu segmento, no qual, seu público-alvo apóia a aquisição de produtos com estilo diferenciado. Mais pelo mesmo Produtos comparáveis aos de alta qualidade, no entanto, são oferecidos por preços mais baixos em relação aos da categoria “mais por mais”. Mesmo por menos Produtos já reconhecidos com boa reputação, ou de marcas com boa reputação, que são ofertados a 13 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 preços baixos. Menos por muito menos Produtos ou serviços que são ofertados a preços muito baixos por oferecerem satisfação a partir do comprometimento com necessidades e desejos mais comuns. Esses produtos ou serviços disponibilizam apenas o “básico”, sem supérfluos ou adicionais voltados à diferenciação. Mais por menos Aplicado geralmente ao comércio de massa, no qual um conjunto de produtos com marcas conhecidas são expostos de modo atraente, ofertados a preços baixos e boa política de devolução, quando necessário. Figura 7: Posicionamento de produtos por preço Fonte: adaptado de Kotler (2009) A decisão de compra, por parte do cliente, não se limita a segurança, durabilidade ou preço de um produto ou serviço. O conjunto de diversos fatores, como os expostos, serão determinantes para que haja a aquisição do produto ou serviço ofertado, pois, para o cliente o preço de aquisição é apenas um custo, os outros são de armazenamento, descarte, deslocamento para a compra, entre muitos outros. Dessa forma, segundo Kotler (2009), o cliente potencial analisa a diferença da oferta total em relação ao custo total para cada proposta que lhe for ofertada, de modo a aceitar a que lhe for mais atraente. 3 Metodologia A pesquisa foi realizada em Porto Velho – RO durante o mês de março de 2011, junto a 2 supermercados, caracterizados como A e B, com tamanho de loja superior a 300m² e inferior a 2.500m², como sugere a classificação de estabelecimentos comerciais de Las Casas (2007). O supermercado A possui 9 unidades e atua somente como varejista, enquanto o supermercado B possui uma única unidade, atuando como atacadista para vendas institucionais e varejista para atendimento a consumidores finais, no entanto, neste estudo foi pesquisado somente a perspectiva varejista. Para a pesquisa de campo foram utilizadas a observação direta, com o intuito de verificar os preços praticados que são expostos para os clientes, entrevista estruturada com os gerentes dos estabelecimentos A e B para obter informações sobre as abordagens utilizadas na precificação da carne bovina in natura. Para a mensuração da percepção dos clientes em relação aos preços praticados foram enviados questionários para uma lista de relacionamento, 14 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 através da internet, com duzentas pessoas, todas com idade superior a dezoito anos, composta por profissionais liberais, funcionários públicos, estudantes de nível superior e empresários. Dentre os questionários enviados, foram respondidos 46 e as variáveis utilizadas para mensuração da percepção são: preço e suas variações, embalagem da carne, localização do supermercado, atendimento, qualidade, conhecimento nutricional e frequência de compra. Os softwares utilizados no tratamento dos dados foram o Excel e o SPSS, tanto para tabulação, como para a geração dos meios de visualização dos dados, sendo utilizada a estatística descritiva para demonstração dos resultados. 4 Resultados e Discussões Dos resultados obtidos verificou-se que a maioria dos consumidores pesquisados não faz compras nos supermercados pesquisados, no entanto, o supermercado A obteve um grande percentual na participação das compras, conforme a figura 8: Supermercados Frequência Percentual de participação Supermercado A 19 41,3 Supermercado B 3 6,5 Outros 24 52,2 Total 46 100,0 Figura 8 – Participação nas compras de carne bovina Fonte: Dados da pesquisa Observando os resultados descritos, na figura 8, a grande participação percentual do supermercado A pode ser dada pelo fato deste possuir diversas unidades na cidade com localização muito diferenciada. A relação entre a renda, mostrando as respectivas restrições orçamentárias, e a busca por informações sobre preço relativas a carne bovina é mostrada na figura 9. Os resultados sugerem que, quantitativamente, as pessoas com rendimento médio entre 5 e 10 salários mínimos são aquelas que buscam mais informações sobre preços. Você procura informações sobre o preço da carne bovina antes de Renda familiar comprar? Não Sim Total Até 2 salários mínimos 0 4 4 De 10 a 20 salários mínimos 1 4 5 15 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 De 2 a 5 salários mínimos 5 6 11 De 5 a 10 salários mínimos 4 14 18 Mais de 20 salários mínimos 5 3 8 15 31 46 Total Figura 9 – Participação nas compras de carne bovina Fonte: Dados da pesquisa O resultado, demonstrado através da figura 9, corrobora com o encontrado através da relação entre busca por informações sobre preço e o comportamento do consumidor quando há aumento dos preços da carne bovina, no qual, as pessoas que mais fazem substituição da carne bovina por outras carnes são aquelas que possuem mais informações relativas a preço, ou ainda, os consumidores que possuem menos informações sobre preços, não compram outros tipos de carne quando há aumento dos preços da carne bovina. O aspecto informacional relativo a carne bovina subjaz a concepção econômica, pois leva em consideração outros aspectos como as informações nutricionais. O resultado dessa relação entre os consumidores possuírem informações nutricionais sobre carne bovina e freqüência de compra pode ser vista na figura 10. Qual a freqüência por mês que você realiza compras de carne bovina? Possui conhecimento sobre Cinco informações nutricionais relativas à carne bovina? Total Uma vez Duas vezes Três vezes Quatro vezes ou Vezes mais Total Não 8 8 4 3 4 27 Sim 2 9 2 2 4 19 10 17 6 5 8 46 Figura 10 – Relação entre freqüência de compras e conhecimento nutricional da carne bovina Fonte: Dados da pesquisa O resultado demonstrado pela figura 10 remete ao fato de existir pouca disparidade entre o conhecimento sobre informações nutricionais da carne bovina e todas as freqüências de compras, de forma que, a alta freqüência de compras ou a baixa não são condições determinantes para haver conhecimento por parte dos consumidores. Uma das perguntas presentes no questionário tratava da relação de importância entre cinco aspectos: atendimento, localização do supermercado, preço da carne, qualidade e 16 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 embalagem. Foram dados, a esses aspectos, atribuições em escala de 1 a 5, onde 1 representava menor importância e 5 maior importância. A tabela 1 demonstra as respostas dadas pelos consumidores que serão depois comparadas as dadas pelos gerentes dos supermercados. Tabela 1 – Grau de importância dado pelos consumidores Grau de Atendimento Importância Localização do Preço da carne Qualidade da Embalagem carne da carne supermercado 1 8,7% 15,2% 0% 0% 8,7% 2 6,5% 6,5% 10,9% 0% 15,2% 3 32,6% 17,4% 19,6% 8,7% 26,1% 4 21,7% 26,1% 26,1% 15,2% 15,2% 5 30,4% 34,8% 43,5% 76,1% 34,8% Fonte: Dados da pesquisa A tabela 1 mostra que a qualidade da carne teve o maior percentual atribuído de maior importância e o atendimento obteve um percentual menor atribuído de maior grau de importância. Esses resultados remetem ao fato de que o item, qualidade da carne, prevalece até mesmo sobre o preço que os consumidores estão dispostos a pagar ou ao atendimento que eles podem ter. No entanto, o maior percentual dado ao atendimento, grau 3, nos leva a considerar que apesar de não prevalecer sobre a qualidade da carne, este item é importante para o consumidor de carne bovina in natura. O aumento ou diminuição dos preços são fatores importantes para o comportamento do consumidor, mas também para o próprio varejista, pois este poderá estabelecer melhor suas políticas mercadológicas se puder prever alguns comportamentos. Tabela 2 – Comportamento do consumidor em relação ao aumento dos preços da carne bovina Comportamento do Frequência Percentual consumidor Continuo comprando a mesma 20 43,5 22 47,8 3 6,5 1 2,2 quantidade de carne bovina Substituo a carne bovina por carne de aves Substituo a carne bovina por carne de peixes Substituo a carne bovina por carne suína Fonte: Dados da pesquisa 17 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 A tabela 2 demonstra co comportamento do consumidor em relação ao aumento da carne bovina. A tabela 3 demonstra o comportamento do consumidor em relação à diminuição dos preços da carne bovina. As duas tabelas, 2 e 3, também fornecem informações referentes aos produtos que podem ser substitutos a carne bovina, como: aves, peixes e carne suína. Tabela 3 – Comportamento do consumidor em relação a diminuição dos preços da carne bovina Comportamento Frequência Compro uma quantidade Percentual 13 28,3 32 69,6 1 2,2 46 100,0 maior de carne bovina Continuo comprando a mesma quantidade de carne bovina Substituo a carne bovina por carne de aves Total Fonte: Dados da pesquisa As duas tabelas (2 e 3) complementam os dados mostrados anteriormente, nos quais o item preço não é o que possui maior importância. As duas últimas figuras demonstram a maioria dos consumidores não varia a quantidade de carne bovina comprada quando há variação de preços. No entanto, é importante ressaltar que o principal substituto da carne, quando aumento dos preços, é a carne de frango, pois obteve um percentual elevado em relação a alta dos preços, como demonstra a tabela 2. O resultado proveniente da aplicação dos questionários com os gerentes dos supermercados A e B possuem pequenas disparidades em relação as respostas dos consumidores. O supermercado A, a partir das respostas do gerente, afirma que o mais importante para o consumidor no momento de efetuar as compras de carne bovina é a qualidade da carne, nesse caso, as perspectivas da empresa é semelhante a dos consumidores, que atribuíram alto grau de importância à qualidade da carne bovina. No entanto, o supermercado B, através da entrevista feita com seu gerente, afirma que o atendimento seria o aspecto preponderante para as compras na perspectiva do cliente e dessa forma, não considerando a qualidade da carne como item de maio grau de importância. Embora, o atendimento tenha um grau de importância médio e de percentual elevado em relação aos outros aspectos pesquisados e mostrados anteriormente no tabela 1. No que diz respeito as abordagens de precificação, o gestor do supermercado A firma conhecer as técnicas de percepção do consumidor e preço de oferta, nas quais, se referem ao método baseado no consumidor e baseado na concorrência, respectivamente. De forma a 18 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 complementar o conhecimento dessa empresa, o método de precificação mais utilizado é o baseado na concorrência, no entanto, os métodos baseados em custos seriam, para esta empresa, mais importantes do que o método baseado na percepção do consumidor. No supermercado B, através da entrevista com o gerente, as técnicas de precificação conhecidas são: ponto de equilíbrio, percepção do consumidor, preço de oferta e preço de proposta. No supermercado B, o método mais utilizado é o baseado em custos, sendo que, neste caso fica mais clara a utilização da técnica markup, pois o ponto de equilíbrio foi considerado o item de menor importância para a precificação. O posicionamento do produto, carne bovina in natura, é diferenciado nas duas empresas. No supermercado A, a carne bovina com baixa diferenciação de qualidade é oferecida com política de preços mais baixos e relação a concorrência, caracterizando o posicionamento como mais por menos. Enquanto o supermercado B não pratica política de preços mais baixos em relação a concorrência para carne bovina em geral, independente da qualidade, caracterizando o posicionamento como mais pelo mesmo. Em contrapartida, o supermercado A pratica, somente para produtos com maior diferenciação e qualidade, o posicionamento mais pelo mesmo, de forma a agregar valor ao produto considerado de maior qualidade. 5 Considerações Finais O estudo teve como objetivos verificar a percepção do consumidor considerando os preços praticados nos supermercados em Porto Velho-RO relacionados a carne bovina in natura e também, identificar os métodos de precificação da carne bovina in natura utilizados nestas empresas. A intenção foi adicionar resultados a uma temática pouco estudada em Porto Velho-RO, não somente sob a perspectiva da carne bovina, mas principalmente a do varejo. Verificou-se, em relação a percepção do consumidor, uma menor preocupação aos preços praticados quando comparados a qualidade do produto, porém, maior do que a percepção ao atendimento. Quando questionados sobre aumento ou diminuição dos preços, a quantidade comprada de carne, na maioria dos casos, não variou. No entanto, a carne de frango é o principal substituto quando há um aumento nos preços. Sendo a busca pela informação de preços, um agente na substituição da carne bovina pela carne de frango. O caráter informacional relativo a nutrição possui pouca interferência da freqüência de compras, ou seja, não necessariamente as pessoas que compram mais possuem informação 19 VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011 sobre os valores nutricionais da carne bovina, mesmo que à qualidade da carne tenha sido atribuída grau elevado de importância no momento da compra. As empresas pesquisadas, através de entrevista com seus gerentes e de observação direta, possuem diferenças na perspectiva de atribuir preços. O supermercado A segmenta o produto de acordo com a qualidade percebida e atribui preços diferenciados neles, enquanto o supermercado B não faz essa segmentação, de forma que a carne bovina é tratada como um produto único e pouco diferenciado, refletindo em suas práticas de preço, mais voltadas ao custo de aquisição dos produtos do que as percepções do consumidor ou qualidade do produto. Em ambos, os casos, os supermercados possuem êxito em suas atividades, pois possuem boa reputação. Referências ANGELO, Cláudio F. de.; GIANGRANDE, Vera. Marketing de relacionamento no varejo. São Paulo: Saint Paul, 2004. BATALHA, Otávio Mário. (coord.). Gestão agroindustrial: GEPAI: Grupo de estudos e pesquisas agroindustriais. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2001. IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 - Despesas e Rendimentos. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/estadosat>. Acesso em 1 de abril de 2011. KOTLER, Phillip. 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