Página 15 Aumento de renda afeta diretamente o consumo de carne De acordo com um estudo da assessoria econômica do Sistema Farsul, o aumento da renda per capita gera a elevação no consumo de carne vermelha. Isso significa, com uma correlação de 86%, que à medida que a renda per capita varia – seja para cima ou para baixo – o consumo de carnes também varia. “Sendo assim, uma vez que a renda per capita é o PIB do país dividido pelo número de habitantes, então concluímos que o consumo de carne bovina cresce à medida que o PIB cresce, logo, crescimento econômico é fundamental para o negócio pecuária de corte”, explicou o economista do Sistema, Antônio da Luz. A maior parte da produção de carne brasileira é absorvida pelo consumo interno do país. Para cada 1% da renda per capita que aumenta no Brasil, temos uma expansão na demanda por carne bovina em 0,51%. Mais forte ainda é a relação entre o Salário Médio com o consumo de carne bovina, onde para cada variação de 1% temos uma variação na demanda em 0,84%. “O salário médio, é bom se registre, não é o salário mínimo e não se aumenta por decreto, mas é aquele salário determinado pelo mercado e que reflete, sem dúvidas, as condições de nossa economia”, destacou da Luz. No sentido inverso foi verificada a relação entre o consumo de carne bovina e a inflação, levando-se em conta o índice IPCA, do IBGE. Para cada 1% de aumento na inflação, há uma redução de 0,10% no consumo de carne bovina, concluiu o estudo da Farsul. Esses três fundamentos do mercado de carne bovina demonstram que a economia Estudo mostra que o consumo de carne está diretamente ligado à renda do brasileiro é importante para o negócio pecuária, pois o mercado e demanda se expandem à medida que a economia cresce e que a inflação é baixa, afirma da Luz. “Dessa forma, o pecuarista deve olhar com um olho para o desenvolvimento do gado, para as doenças do rebanho, para a genética, para os custos de produção, etc., mas, com o outro olho, deve olhar para a economia, pois é a partir dos parâmetros dela que a demanda aumentará ou será reduzida no mercado interno e, consequentemente, os preços recebidos pelos produtores”, ressaltou o economista. O Brasil deverá consumir em 2014 um total de 7,93 milhões de toneladas, um crescimento muito pequeno, de apenas 0,5%, semelhante ao do ano passado. Este baixo crescimento no último biênio é resultado do baixo crescimento econômico e da alta inflação em que a economia brasileira esteve submetida no período, resultado esperado quando entendidos os fatores que determinam o nível de consumo. Picos tarifários na União Europeia afetam exportações do agro Estudo da CNA mostra que tarifas de importação muito altas, denominadas tecnicamente de “picos tarifários”, representam forte barreira à entrada de alguns produtos agrícolas brasileiros junto aos países que integram a União Europeia (UE). As tarifas de importação representam a forma mais direta de proteção dos mercados internos em relação à entrada de produtos de outros países, avalia o estudo. E, em alguns casos de taxas muito elevadas, o instrumento acaba transformando-se em verdadeira barreira, capaz de prejudicar o fluxo normal do comércio internacional. Após análise detalhada do desempenho das exportações brasileiras da carne de frango em pedaços, carne bovina desossada e carne bovina em pedaços, dentre outros, a conclusão da CNA é que a aplicação dos “picos tarifários” representa barreira significativa ao fortalecimento do comércio entre o Brasil e a UE. O fato ocorre porque determinados produtos agrícolas, que poderiam ser exportados pelo Brasil para o mercado da UE, acabam tendo vendas externas irrisórias ou até mesmo inexistentes. A UE é um dos principais mercados para o agronegócio brasileiro, com participação de 22% no total das exportações agrícolas, em 2013, garantindo receita de US$ 21,09 bilhões. Tal comportamento, segundo a CNA, foi mantido nos primeiros dez meses de 2014 com as vendas alcançando US$ 18,3 bilhões. Mesmo assim, o setor agrícola poderia ter obtido melhor desempenho caso a UE não atribuísse tarifas de importação excessivamente elevadas. Peso das tarifas - O documento da CNA revela a existência de 2.180 linhas tarifárias (a seis dígitos) correspondentes aos produtos do setor agrícola. Um terço apresenta tarifa de importação superior a 20%, e menos de um décimo deste universo contempla tarifa superior a 75%. Ocorre que vários produtos brasileiros são enquadrados justamente nesta última classificação, mais elevada. Esse cenário dificulta as vendas externas de produtos agrícolas oriundos do Brasil para a União Europeia. Um bom exemplo é o da carne de frango em pedaços. O estudo da CNA analisou cinco linhas tarifárias referentes a este agrupamento de produtos que, juntas, totalizaram vendas ao mercado externo de até 2,09 milhões de toneladas em 2013. Em duas destas linhas tarifárias, apesar do bom desempenho geral de suas exportações – 95,5% do volume total de carne de frango analisado –, verificou-se que as vendas específicas para o mercado europeu foram modestas, apenas 113,2 mil toneladas, ou 5,6% do total. O fato pode ser atribuído às tarifas elevadas que afetam as exportações brasileiras deste produto para o bloco.