1 ESTUDO COMPARATIVO DO EFEITO ANSIOLÍTICO DA Erythrina verna (MULUNGU) E O CLONAZEPAM (RIVOTRIL) EM MODELO ANIMAL DE ANSIEDADE WILSON FELIPE PEREIRA1 MARCELO QUIRINO DE MOURA MACHADO2 RESUMO Foi investigado o efeito da administração intraperitoneal (i.p) aguda do extrato hidroalcoólico de Erythrina verna (EV, leguminosae, Papilionaceae) e de Clonazepam em camundongos swiss machos submetidos aos testes open field e caixa claro-escuro, comparados de acordo com os percentis 5, 10, 20 e 50 em relação às respectivas doses letais dos dois grupos. Nestes modelos foram analisados comportamentos como atividade de locomoção horizontal, atividade vertical, grooming, transições claro-escuro, tempo de latência para entrar na área escura e tempo despendido na área clara. A dose letal da Erythrina verna (DL50e) foi de 1000mg/Kg e a do Clonazepam (DL50c) foi de 50 mg/Kg. Assim, para o grupo Clonazepam i.p, dosagens mais próximas da dose letal, produziram diversos efeitos colaterais, entre eles a exacerbação da ansiedade, enquanto que, para o grupo Erythrina verna , doses mais próximas da dose letal, produziram efeito ansiolítico. Nesse contexto, verifica-se que as dosagens terapêuticas para o Clonazepam i.p são extremamente inferiores à sua dose letal e às dosagens que produziriam efeitos colaterais, comprovando uma segurança terapêutica para diversos Transtornos Mentais que cursam com ansiedade. Já em relação à Erythrina verna i.p, as doses terapêuticas se aproximaram, em termos percentuais, à dose letal da mesma, porém não foram observados efeitos colaterais, os quais foram observados no grupo Clonazepam, de acordo com os mesmos percentis das doses letais. Portanto, comprova-se uma segurança terapêutica para os dois medicamentos, produzindo efeitos terapêuticos que se equivalem, principalmente no controle dos Transtornos Mentais que cursam com ansiedade. Palavras chaves: Erythrina verna, efeito sedativo, Clonazepam, ansiedade, modelos animais. _________________________ 1 Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia – [email protected] 2 Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia – [email protected] 2 COMPARATIVE STUDY OF THE ANXIOLYTIC EFFECT Erythrina verna (MULUNGU) AND CLONAZEPAM (RIVOTRIL) IN ANIMAL ANXIETY MODEL WILSON FELIPE PEREIRA1 MARCELO QUIRINO DE MOURA MACHADO2 ABSTRACT The intense intra-peritoneal administration effect (i.p) of the Erythrina verna (EV, leguminosae, Papilionaceae) and Clonazepam hydro-alcoholic extract in male swiss mice submitted to open field and bright-dark box tests, compared according to percentages of 5, 10, 20 and 50 in relation to their respective lethal doses. In these models behavior such as horizontal locomotion activity, vertical activity, grooming, clear-dark transitions, delay time to enter into dark area and time spent in the bright area were analyzed. The lethal dose of Erythrina verna (DL50e) was 1000mg/Kg and that of Clonazepam (DL50c) was 50 mg/Kg. So, for the Clonazepam group, dosages nearer to the lethal dose, produced several collateral effects, among them anxiety exacerbation, while, for the Erythrina verna group, doses nearer to the lethal dose produced an anxiolytic effect. In this context, it was verified that the therapeutic dosages for Clonazepam i.p are extremely inferior to their lethal dose and to those dosages which would produce collateral effects and so proving a therapeutic safety for several Mental Upsets which accompany anxiety. Already in relation to Erythrina verna i.p, the therapeutic doses approached, in percentage terms to the lethal dose of same, however no collateral effects were observed like those which were observed in the Clonazepam group, according to the same percentages in relation to the respective lethal doses. Therefore, a therapeutic safety is proven for the two medicines, producing therapeutic effects which are equivalent, mainly in the control of Mental Upset which accompanies anxiety. Key words: Erythrina verna, sedative effect, Clonazepam, anxiety, animal models. _________________________ 1 Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia – [email protected] 2 Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia – [email protected] 3 síndrome da boca ardente (Valenca et al, 1 – INTRODUÇÃO 2000). Os benzodiazepínicos constituem um Já a Erythrina verna, pertence à grupo de medicamentos que são amplamente família das Fabaceae, sendo uma espécie prescritos no tratamento de transtornos arbórea nativa do litoral sudeste, medindo psiquiátricos que cursam com ansiedade, cerca de 15 metros, com flores vermelho sendo uma opção segura e de baixa vivo em cacho, folhas compostas, trifoliadas toxicidade. e grandes em média atingindo 12cm Estima-se que 50 milhões de pessoas (ÁRVORES BRASIL, 2005). Conhecida façam uso diário de benzodiazepínicos, popularmente por mulungu e suiná-suinã, sendo a maior prevalência entre mulheres sua acima de 50 anos de idade, correspondendo brasileiros como sedativo natural para a diminuir agitação, ansiedade, tosse de fundo 50% do total de prescrição de psicotrópicos. Neste casca é utilizada por indígenas nervoso e insônia. Além disso, é também contexto, o Clonazepam pertence à classe dos benzodiazepínicos, que indicada como anticonvulsivante e em caso de dores reumáticas (MATOS, 2002). são medicamentos que atuam no Sistema Onusic et al. (2002), analisando o Nervoso Central, sendo seus principais efeito agudo do tratamento com extrato efeitos sedação, hipnose, diminuição da hidroalcoólico ansiedade, relaxamento muscular, amnésia sugeriram a partir dos seus achados, efeito anterógrada e atividade anticonvulsivante ansiolítico comparável ao apresentado pelos (Goodman & Gilman, 2003). benzodiazepínicos. de Erythrina mulungu, Segundo o Bulário Eletrônico da Assim, serão comparados os efeitos Agência Nacional de Vigilância Sanitária do ansiolíticos do Clonazepam em relação ao Brasil (ANVISA), as principais indicações Mulungu através de testes utilizando um do Clonazepam são: distúrbios epiléticos, modelo animal de ansiedade. transtornos de ansiedade, com grande eficácia no tratamento do transtorno do pânico e humor, síndromes psicóticas e das pernas inquietas, além de vertigens e a 4 linhagem Swiss com idade de 4 semanas, 2 – MATERIAIS E MÉTODOS pesando entre 20 e 30g, provenientes do Plantas - Foram utilizadas cascas de Erythrina verna (espécie Instituto Valle, foram mantidos no Biotério previamente da Universidade Federal de Uberlândia, em reconhecida pelo Herbário da Universidade gaiolas coletivas até a realização dos ensaios Federal de Uberlândia) provenientes da farmacológicos. A temperatura da sala foi Fazenda Estrela Dalva, nordeste de Minas a mantida em cerca de 22 º C, com luz entre 47 KM da Comarca de Santa Maria do 7:00 e 19:00h. Água e alimento foram Suaçuí-MG. oferecidos ad libitum. O estudo está em concordância com o Guia de Princípios de Preparação do extrato hidroalcoólico - As cascas do mulungu Pesquisas Biomédicas Envolvendo Animais (GUIDING, 2007). foram lavadas e em seqüência submetidas à secagem na estufa de ventilação forçada e Ensaios farmacológicos - Para secagem – Fanen - numa temperatura de realização dos bioensaios, o resíduo sólido 40ºC por 48 horas. Subseqüentemente as de Erythrina verna foi suspenso em solução cascas foram submetidas à trituração no salina a 0,9% e dimetilsulfóxido DMSO a moinho de faca. 2% (ALVES, 2007). Todas as soluções A partir da casca triturada, foi obtido foram preparadas no dia do experimento e extrato hidroalcoólico, utilizando-se 70% de administradas via intraperitoneal (i.p.) em álcool PA e 30% de água destilada para cada volume de 0.5 ml. 200g da casca triturada. A solução foi agitada diariamente durante um minuto, por 15 dias e em seguida filtrada. Dose Letal da Erytrina verna (DL50e) - A dose letal foi pesquisada A solução filtrada foi submetida à empiricamente. A princípio, foi escolhida secagem em um evaporador rotatório sob uma pressão reduzida e à temperatura inferior a 10000mg/Kg 50º C. O líquido obtido foi congelado e intraperitonealmente em 6 camundongos. A posteriormente taxa de letalidade foi observada por um liofilizado, obtendo-se resíduo sólido. Animais - Camundongos machos da dose de a extrato qual da foi ordem de administrada período de 24 horas. A partir do resultado da aplicação da dose de 10000mg/kg, foram 5 administradas doses maiores ou menores e compartimentos ocupou 2/3 da caixa e foi por tentativa e erro estimada a Dose Letal pintado iluminado com lâmpada de 100 W. (DL50) da Erythrina verna, definida como O outro compartimento ocupou 1/3 da caixa aquela em que 50% dos camundongos e estarão mortos (FARMACOPÉIA, 1959). compartimentos havia uma parede divisória não foi iluminado. Entre os e uma pequena abertura de tamanho 7,5 x Dose letal do Clonazepam (DL50c) 7,5. A lâmpada foi colocada a 40 cm de - Inicialmente, foi escolhida uma dose da altura da caixa. Este modelo de aparato é ordem de 0,4ml/g, tendo como referência a semelhante ao idealizado por Costall et dose inicial para recém-nascidos e crianças al.(1989). de até 10 anos de idade ou 30 Kg de peso corpóreo, devido dos Teste “Open field” - O aparato camundongos, devendo estar entre 0,01 e circular de madeira medindo 60 cm de 0,03 0,05 diâmetro e 30 cm de altura foi divido em 4 mg/Kg/dia (ANVISA, 2007). Estas doses circunscrições, divididas em 8 quadrantes. O foram administradas intraperitonealmente aparato foi iluminado por uma lâmpada de em 6 camundongos. Foi observada a 100 W, colocada a uma altura de 40 cm. mg/Kg/dia ao não baixo peso excedendo letalidade em um período de 24 horas. A partir do resultado da aplicação de 0,4ml/g Teste “Caixa claro-escuro” - baseado no índice de letalidade, foram Grupos de camundongos Swiss (n=6) foram escolhidas doses maiores ou menores que tratados intraperitonealmente com doses de 0,4ml e por tentativa e erro foi estimada a 50 mg/Kg, 100 mg/Kg, 200 mg/Kg e 500 Dose Clonazepam mg/Kg de Erythrina verna. Em relação ao (Rivotril), em que 50% dos camundongos Clonazepam, foram utilizadas as doses 2,5 provavelmente estarão mortos, (Meyer et mg/Kg, 5 mg/Kg, 10 mg/Kg e 25 mg/Kg. As al.1982). doses Letal (DL50) do utilizadas para os dois grupos Aparatos - Teste “Caixa claro- corresponderam aos percentis 5, 10, 20 e 50 escuro”- O aparato foi feito de madeira em em relação às suas respectivas doses letais. caixa retangular de tamanho exterior de 46 x Após 30 minutos da administração da dose, 27 x 30 cm (c x l x h), dividida internamente o animal foi colocado individualmente no em interior da caixa no compartimento claro e dois compartimentos. Um dos 6 seu comportamento observado e registrado animal muda totalmente de quadrante), por dois pesquisadores durante 5 minutos. freqüência de atividade vertical e freqüência Foram utilizados como parâmetro de análise, de atividade de grooming (atividade de conforme citado pela literatura o tempo de limpeza). Foram administrados 0.5 ml de latência para a primeira passagem do solução salina a 0,9% e DSMO 2% nos camundongo do compartimento claro para o grupos controles. Os camundongos deste escuro, o tempo despendido na área clara e o grupo foram submetidos aos testes citados número acima. de compartimentos transições entre (HASCOËT; os BOURIN, Análise 2002). estatística - As ferramentas estatísticas utilizadas para a Teste no Open field - Grupos de camundongos Swiss (n=6) foram tratados intraperitonealmente (i.p) com doses de 50 mg/Kg, 100 mg/Kg, 200 mg/Kg e 500 mg/Kg de Erythrina verna. Em relação ao Clonazepam, foram utilizadas as doses 2,5 mg/Kg, 5 mg/Kg, 10 mg/Kg e 25 mg/Kg. Após 30 minutos camundongos do foram tratamento, os colocados individualmente no centro do open field. O comportamento do camundongo foi observado e registrado durante 10 minutos por dois pesquisadores, sendo analisados os seguintes parâmetros: freqüência de locomoção horizontal (considerada quando o obtenção dos resultados foram os testes de Pearson e ANOVA, um critério, seguida do teste post-hoc de Turkey. A partir dos resultados obtidos através dos testes Open field e “Caixa caixa claro-escuro”, foram aplicados os testes de Pearson e ANOVA, um critério, realizando a comparação do comportamento dos animais em relação aos percentuais 5%, 10%, 20% e 50% das doses letais da Erythrina verna e do Clonazepam, com posterior aplicação do teste post-hoc de Turkey. Os dados foram considerados estatisticamente significantes quando p<0.05. O software Bioestat 3.0 foi utilizado para a realização das análises. 7 Em relação à atividade horizontal, 3. RESULTADOS para os percentuais comparativos de 10%, 20% e 50% das doses letais i.p do Dose Letal da Erythrina verna Clonazepam, em relação à Erythrina verna, A dose letal foi estimada em 1000 houve diferença estatisticamente significante mg/Kg. Foram testadas as doses de 10000 entre os respectivos comportamentos dos mg/Kg, 7.500 mg/Kg, 5000 mg/Kg, 3000 camundongos (p<0,05) (tabela 1). Nesses mg/Kg, 1500mg/Kg de Erythrina verna i.p percentuais observou-se exacerbação dos obtendo-se taxa de letalidade de 100%. A movimentos horizontais para o grupo tratado administração da dose de 500 mg/Kg de EV, com resultou em taxa de letalidade de 16%. A deslocamento superiores ao grupo tratado administração de 1000 mg/Kg de i.p resultou com a Erythrina verna e aos respectivos numa taxa de letalidade de 50%. Mediante grupos controles (figura1). estes resultados, concluiu-se que a dose letal Clonazepam, com médias de O percentil 50, das doses letais comparativas de deslocamento horizontal, da Erythrina verna é de 1000 mg/Kg. foi o que obteve a maior diferença estatisticamente Dose Letal do Clonazepam significativa (p=0,0056), portanto, com exacerbação do deslocamento A dose letal foi estimada em horizontal do grupo tratado com 50mg/Kg. Foram testadas as doses de 100 Clonazepam em relação ao da Erythrina mg/Kg, 50 mg/Kg, 30 mg/Kg e 10mg/Kg de verna (tabela 1). de Já na atividade vertical, não houve para a dose de diferenças estatisticamente significantes em 100mg/Kg, de 50% para a dose de 50 mg/Kg relação aos percentuais das doses letais e, nas demais doses, não houve taxa de testadas, com uma diminuição semelhante letalidade. resultados, desta atividade nos grupos da Erythrina concluiu-se que a dose letal do Clonazepam verna e do Clonazepam comparados aos sus é de 50 mg/Kg. respectivos grupos controles (fig 2). Clonazepam i.p letalidade de Open field obtendo-se 100% Mediante estes taxa 200 50 5% % le ro nt Co 5% % 10 % 20 % 50 ro Co nt % 0 0 10 50 400 % 100 600 20 Locomoção Horizontal (n) 150 le Locomoção Horizontal (n) 8 Percentuais em relação à dose letal ( Erythrina Verna ) Pe rce ntuais e m re lação à dose le tal (Clonaze pam) Fig1. Gráficos comparativos dos efeitos da administração intraperitoneal de Erythrina verna (i.p) e Clonazepam (i.p), em relação à locomoção horizontal dos camundongos submetidos ao teste open field, de acordo com os percentuais das respectivas doses letais (1000mg/Kg e 50mg/Kg), comparadas aos grupos controle. Dados são expressos como média ± DP. Doses, n= 6; controle n=24. 80 Locomoção Vertical (n) 40 30 20 10 0 60 40 20 Percentuais em relação à dose letal ( Erythrina Verna) 5% % 10 % 20 % 50 on tro le 5% % 10 % 20 % 50 C on tr o le 0 C Locomoção Vertical (n) 50 Percentuais em relação à dose letal (Clonazepam) Fig2. Gráficos comparativos dos efeitos da administração intraperitoneal de Erythrina verna (i.p) e Clonazepam (i.p), em relação à locomoção vertical dos camundongos submetidos ao teste open field, de acordo com os percentuais das respectivas doses letais (1000mg/Kg e 50mg/Kg), comparadas aos grupos controle. Dados são expressos como média ± DP. Doses, n= 6; controle n=24. 9 Análises Locomoção horizontal Atividade vertical Atividade de grooming Tempo na área clara Tempo de latência Transições claro-escuro Doses de EV 1 2 3 4 1• P F GL 0.0056* 0.0212* 0.0074* 0.0792 __ 12.4653 7.3208 11.2063 3.7453 __ 1 1 1 1 _ 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 0,5484 0.9106 0.2853 0.0320* 0.1146 0.2360 0.0362* 0.0077* 0.0969 0.5747 0.6750 0.0725 0,5293 0.2314 0.9769 0,0046* 0,6284 0.0122 1.2743 6.0701 2.9385 1.5810 5.7288 11.0538 3.2961 0.7048 0.1893 3.9498 0,5766 1.6135 0.0008 13.4264 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 3 4 0.2593 0.0150* 0.1654 1.4257 8.4721 2.2124 1 1 1 Tabela 1. Efeitos do tratamento com doses 1. 50%, 2. 20% 3. 10% 4. 5% da dose letal de extrato hidroalcoolico de Erythrina verna (i.p.) comparadas com grupo tratado com Clonazepam tendo os mesmos percentuais em relação à dose letal deste último medicamento, analisando os seguintes critérios: atividade horizontal, atividade vertical, grooming, tempo na área clara, tempo de latência, transições claro-escuro. *p<0.05 (ANOVA, seguido de teste de Turkey). •A dose 1 da atividade vertical não houve nível de significância estatístico para aplicação dos testes, dada a semelhança do comportamento ente os camundongos tratados com Erythrina verna e com Clonazepam. 10 Na avaliação da atividade de diferenças médias de deslocamento grooming, houve diferenças estatisticamente estatisticamente significantes nos percentis significantes na comparação entre os grupos 10 e 50 em relação à dose letal, com Clonazepam e o Erythrina verna, nos superioridade percentis 5 e 50 em relação à dose letal, Clonazepam em relação ao da Eryhtrina sendo que no primeiro grupo houve médias Verna, porém, somente no percentil 10 de atividade de grooming superiores ao houve aumento da média de transições para segundo grupo (tabela 1) (figura 3). o grupo Clonazepam em relação ao seu das médias do grupo grupo controle, enquanto que para o percentil 50 os dois grupos obtiveram Caixa claro-escuro médias de deslocamento inferiores ao de Em relação ao tempo despendido na área clara houve diferença estatisticamente significante (p=0,0077) no percentil 50 da dose letal nos seus respectivos grupos controles (fig 6). grupo Coeficiente de Pearson Clonazepam comparados ao grupo Erythrina verna Após a análise do Coeficiente de (tabela 1). O primeiro grupo possui médias Pearson, obtido através dos valores médios de permanência na área clara superiores ao dos diversos parâmetros observados nos segundo grupo (figura 4). testes caixa claro-escuro e open field e seu Na investigação do tempo de latência comportamento com aumento das doses i.p na área clara para primeira passagem para a nos grupos Clonazepam e Erythrina Verna, câmara diferença não se observou correlação estatisticamente no significante entre esses grupos e seus dois respectivos grupos controles (tabelas 2 e 3). grupos, porém, quando analisados o grupo Houve ainda, uma tendência de aumento na Clonazepam e o da Erythrina verna com atividade de grooming com o aumento das seus respectivos grupos controles, ambos doses i.p de Clonazepam (p=0,077)(tab 3). escura, estatisticamente comportamento não houve significante comparativo dos obtiveram médias de tempo de latência superiores aos seus controles (figura 5). Em relação ao número de transições entre os compartimentos claro-escuro, houve 11 15 20 Groom ing Groom ing 15 10 5 10 5 0 5% % 10 % 20 % Co 50 nt ro le 5% % 10 % 20 % 50 co nt ro le 0 Percentuais em relação à dose letal ( Erythrina Verna ) Percentuais em relação à dose letal (Clonazepam) Fig3. Gráficos comparativos dos efeitos da administração intraperitoneal de Erythrina verna (i.p) e Clonazepam (i.p), em relação ao grooming dos camundongos submetidos ao teste open field, de acordo com os percentuais das respectivas doses letais (1000mg/Kg e 50mg/Kg), comparadas aos grupos controle. Dados são expressos como média ± DP. Doses, n= 6; controle n=24. 250 Tempo na área clara (s) 200 100 200 150 100 50 Percentuais em relação à dose letal ( Erythrina Verna ) 5% % 10 % 20 % 50 nt ro 5% % 10 % 20 % 50 le ro Co nt le 0 0 Co Tempo na área clara (s) 300 Percentuais em relação à dose letal (Clonazepam) Fig4. Gráficos comparativos dos efeitos da administração intraperitoneal de Erythrina verna (i.p) e Clonazepam (i.p), em relação ao tempo na área clara, em segundos, despendido pelos camundongos submetidos ao teste caixa claro-escuro, de acordo com os percentuais das respectivas doses letais (1000mg/Kg e 50mg/Kg), comparadas aos grupos controle. Dados são expressos como média ± DP. Doses, n= 6; controle n=24. Percentuais em relação à dose letal ( Erythrina Verna) 5% % 10 % 20 50 % 0 le 5% % 10 % 20 % 50 nt ro le 0 50 ro 50 100 nt 100 150 Co 150 Latência para entrar na área escura (s) 200 Co Latência para entrar na área escura (s) 12 Percentuais em relação à dose letal (Clonazepam) Fig5. Gráficos comparativos dos efeitos da administração intraperitoneal de Erythrina verna (i.p) e Clonazepam (i.p), em relação à latência para entrar na área clara, em segundos, despendido pelos camundongos submetidos ao teste caixa claro-escuro, de acordo com os percentuais das respectivas doses letais (1000mg/Kg e 50mg/Kg), comparadas aos grupos controle. Dados são expressos como média ± DP. Doses, n= 6; controle n=24. Transições (n) 40 10 5 20 10 Percentuais em relação à dose letal ( Erythrina Verna ) 5% % 10 % 20 % 50 le nt ro 5% % 10 % 20 50 ro Co nt % 0 le 0 30 Co Transições (n) 15 Percentuais em relação à dose letal (Clonazepam) Fig6. Gráficos comparativos dos efeitos da administração intraperitoneal de Erythrina verna (i.p) e Clonazepam (i.p), em relação ao número de transições dos camundongos submetidos ao teste caixa claro-escuro, de acordo com os percentuais das respectivas doses letais (1000mg/Kg e 50mg/Kg), comparadas aos grupos controle. Dados são expressos como média ± DP. Doses, n= 6; controle n=24. 13 Análise Atividade horizontal Atividade vertical Atividade de grooming Tempo na área clara Tempo de latência Transições claro-escuro R -0.314 -0.1558 0.3123 -0.205 -0.0603 -0.3173 P 0.135 0.4673 0.1373 0.3366 0.7796 0.1307 N 24 24 24 24 24 24 Tabela 2. Análises de correlação (teste de Pearson) entre as doses 500, 200, 100, 50 mg/Kg de Erythrina Verna i.p, correspondendo à respectivamente 50%, 20%, 10% e 5% da dose letal e atividade horizontal, atividade vertical, grooming, tempo na área clara, tempo de latência, transições claro-escuro. Análise Atividade horizontal Atividade vertical Atividade de grooming Tempo na área clara Tempo de latência Transições claro-escuro R 0.2307 -0.4147 0.9230 0.7872 -0.7652 -0.5306 P 0.7693 0.5853 0.0770 0.2127 0.2347 0.4694 N 24 24 24 24 24 24 Tabela 3. Análises de correlação (teste de Pearson) entre as doses 25, 10, 5, 2,5 mg/Kg de Clonazepam i.p, corespondendo à respectivamente 50%, 20%, 10% e 5% da dose letal) e atividade horizontal, atividade vertical, grooming, tempo na área clara, tempo de latência, transições claro-escuro. 14 grupo tratado com Erythrina verna (figura 4. DISCUSSÃO 1). O open field é um teste utilizado, No grupo tratado com Clonazepam para testar comportamento exploratório de i.p houve a presença de movimentos animais submetidos a tratamentos ansiolítico circulares caóticos em relação ao próprio e sedativo. Em uma situação habitual, eixo corporal do animal, com a presença de camundongos se tentativas de auto-agressão e aumento da locomovendo próximo à parede do aparato. irritabilidade. Vários estudos demonstram Em camundongos tratados, um aumento do que altas doses de benzodiazepínicos podem tempo de atividade na área central sem cursar com vários efeitos colaterais, dentre alteração na atividade de locomoção total, eles destacando o aumento da ansiedade, assim como, maior tempo de latência para irritabilidade, entrar na periferia, são indicativos de efeito inquietação, alucinações e comportamento ansiolítico. No efeito sedativo é observado hipomaníaco. Em outros trabalhos, contatou- diminuição das locomoções horizontais, se assim como da atividade de grooming e da desinibido bizarro, enquanto em outros atividade vertical de exploração do ambiente podem ocorrer hostilidade e raiva, sendo que (BELZUNG et al., 2003). em conjunto, essas reações são denominadas preferem a periferia Nesse estudo, a atividade total de locomoção horizontal no open field para o e a taquicardia, presença de euforia, comportamento de desinibição ou descontrole (Goodman & Gilman, 2003). grupo tratado com Clonazepam i.p foi A dose terapêutica preconizada para superior ao tratado com Erythrina verna i.p o Clonazepam, para crianças de até 10 anos nos percentis 10, 20 e 50 em relação às ou 30 Kg de peso está em torno de 0,01 respectivas doses letais (p<0,05) (tabela 1). mg/Kg a 0,03 mg/Kg como dose inicial e em Em comparação com os respectivos grupos torno controles, também houve um aumento das manutenção (ANVISA, 2007). As doses de médias de locomoção horizontal no primeiro Clonazepam, grupo e uma diminuição no segundo grupo, foram de 2,5 mg/Kg (5% da DL50c), 5 indicando uma exacerbação da ansiedade, mg/Kg (10% da DL50c), 10 mg/Kg (20% da nesses percentis, para o grupo tratado com DL50c) e 25 mg/Kg (50% da DL50c). Isso Clonazepam e um efeito ansiolítico para o demonstra, que principalmente para os de 0,1 mg/Kg utilizadas para nesse dose de trabalho, 15 percentis 10, 20 e 50, onde houve as atividade quando comparados aos seus diferenças estatisticamente significantes em respectivos grupos controles (tabela 1) relação ao grupo da Erythrina verna , (figura ocorreu a exacerbação da ansiedade no miorrelaxante nos percentis de dose letal grupo Clonazepam, juntamente com efeitos analisados nos dois grupos, pelo fato da colaterais, sido atividade vertical estar relacionada com a utilizadas doses extremamente superiores ao exigência de maior esforço muscular e nível medicamento equilíbrio para a realização desta atividade oscilando em torno de 50 a 250 vezes em do que o necessário para a realização da relação atividade de locomoção horizontal. justamente terapêutico à dose por deste de terem manutenção para tratamento de crianças de 10 anos ou 30 Kg de peso. 2). Isso demonsta efeito Na análise do grooming, houve diferenças estatisticamente significantes Já no grupo tratado com Erythrina entre os grupos Clonazepam e Erythrina verna i.p, nos mesmos percentis da dose letal verna para os percentis 5 e 50 (p<0,05), utilizadas para o Clonazepam, porém com porém somente no percentil 50 houve dosagens diferentes pelo fato das doses letais superioridade de valores Clonazepam em relação ao seu grupo diferenciados, como citado anteriormente, controle, sendo que para o grupo Erythina houve efeitos ansiolíticos e hipnóticos, verna houve diminuição da atividade para os sendo portanto, terapêutico em dosagens percentis 5 e 50 em relação aos seus grupos mais próximas da dose letal ao contrário da controles terapêutica que exacerbação de efeitos colaterais, como o dosagens mais próximas da dose letal aumento da ansiedade, para dosagens mais produziram diversos efeitos colaterais com próximas da letal, em relação ao grupo exacerbação da ansiedade e irritabilidade, Clonazepam e atividade ansiolítica para os sendo sua dose terapêutica extremamente mesmos percentis em relação ao grupo inferior à dose letal Erythrina verna. Na aplicação do coeficiente cada grupo com possuírem Clonazepam, em Em relação à atividade vertical, não houve diferenças do (figura grooming 3). Isso no grupo ratifica, a de Pearson, para o grooming, esta foi a única estatisticamente atividade que representou uma tendência de significantes entre o comportamento dos aumento com a elevação da dose de dois grupos, com diminuição global dessa Clonazepam (p=0,0770) (tabela 3). 16 No teste caixa claro-escuro, uma comportamento entre os dois grupos, com tendência à permanência na área clara, (tida aumento desse período quando comparados como ambiente aversivo para camundongos aos seus respectivos grupos controles, normais) sem alteração da atividade de ratificando locomoção total, indica padrão ansiolítico e ansiolítico miorrelaxante , assim como maior tempo de horizontal no teste open fiel para o grupo latência para entrar na área escura e a Clonazepam e um efeito ansiolítico para o diminuição do número de transições entre os grupo Erythrina verna, independente dos ambientes claro e escuro. testes realizados (figura 5). um após efeito miorrelaxante excessiva e atividade Quando se analisa o tempo de O número de transições caixa claro- permanência na área clara, houve diferença escuro foi exacerbado para o percentil 10 no no grupos grupo Clonazepam em comparação com o Clonazepam e Erythrina verna somente para grupo Erythrina verna e os respectivos o percentil 50, com aumento deste tempo no grupos controles, sendo, portanto, mais uma primeiro grupo em relação ao seu grupo evidência do aumento da ansiedade para o controle e diminuição do segundo grupo em grupo Clonazepam em dosagens próximas à relação ao seu grupo controle. Porém, no dose letal (p<0,05) (figura 6). comportamento entre os percentil 20, para a Erythrina verna, houve aumento desta atividade em relação ao seu grupo controle. Isso demonstra, que, no percentil 50 para o grupo Clonazepam, apesar de haver exacerbação de efeitos colaterais com o aumento da ansiedade, há um efeito miorrelaxante, que aumenta, após excessiva atividade de locomoção horizontal, uma vez que o teste caixa claroescuro foi realizado após o teste open field, em que houve excessiva atividade horizontal nesse percentil (figura 4). Em relação ao tempo de latência na área clara não houve diferença de 17 equivalem, principalmente no controle dos 5. CONCLUSÃO A partir desses dados, constatou-se uma diferença comportamental nos diferentes percentis em relação às doses letais dos grupos Clonazepam e Erythrina verna. Assim, para o primeiro grupo, dosagens mais próximas da dose letal, produziram diversos efeitos colaterais, entre eles a exacerbação da ansiedade, enquanto que, para o segundo grupo, doses mais próximas da dose letal produziram efeito ansiolítico. Nesse contexto, verifica-se que as dosagens terapêuticas para o Clonazepam i.p são extremamente inferiores à sua dose letal e às dosagens que produziriam efeitos colaterais, comprovando uma segurança terapêutica para diversos Transtornos Mentais que cursam com ansiedade. Já em relação à Erythrina verna i.p, as doses terapêuticas se aproximaram, em termos percentuais à dose letal da mesma, porém não foram observados efeitos colaterais, os quais foram observados no grupo Clonazepam, de acordo com os mesmos percentis em relação às respectivas doses letais. Portanto, comprova-se uma segurança terapêutica para os dois medicamentos, desde que respeitados os limites de dosagens em relação às suas respectivas doses letais, produzindo efeitos terapêuticos que se Transtornos ansiedade. Mentais que cursam com 18 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Mices Submitted to Animal Models of Anxiety. Biol. Pharm. Bull., v. 30, n.2, p. AGÊNCIA VIGILÂNCIA Bulário NACIONAL SANITÁRIA Eletrônico . DE 375-378, 2003. (ANVISA). Disponível em: FLAUSINO, O.A.; SANTOS, L.A.; VERLI, <www.anvisa.br>. Acessado em: 03/04/2007 H.; PEREIRA A.M.; BOLZANI, V.S.; NUNES-DE-SOUZA, ALVES, G.E.S.- Dimetilsulfóxido (DSMO). Disponível em: <http:/www.vet.ufmg.br/departamentos/clini effects of Erythrinian R.L. Anxiolytic alkaloids from Erythrina Mulungu.. Jounal of Natural Products, n. 70, p. 48-53, 2007. ca/cirurgia/documentos/Dimetilsulfoxido%2 0(DMSO).pdf : Acesso em: 14 de setembro GOVERNO FEDERAL. Farmacopéia dos Estados Unidos do Brasil. São Paulo: 2ª de 2006. 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