Encontro Regional de Modelagem Matemática e Computacional - ERMAC R6 - 2012 Universidade Federal Fluminense - UFF Um Exemplo de Modelagem Matemática no Tratamento de Tumores José Sérgio Domingues Instituto Federal Norte de Minas Gerais, IFNMG 39270-000, Pirapora, MG E-mail: [email protected] RESUMO Para que um tumor possa crescer além de um volume aproximado de 3 mm3 é necessário que ele já tenha adquirido a capacidade de induzir o crescimento de novos vasos sanguı́neos, na sua direção, a partir de vasos pré-existentes, para que as suas necessidades de nutrição e oxigenação sejam sanadas constantemente [1, 2, 3], esse processo de crescimento de novos vasos é denominado angiogênese. Além disso, os novos vasos advindos pela angiogênese, servem de via de acesso para que células tumorais que se desprendem do tumor inicial possam migrar para outras partes do corpo, fazendo com que outros focos do tumor possam ocorrer em partes distintas do organismo do hospedeiro, ocasionando o que chamamos de metástase. Com o objetivo principal de estudar o crescimento de tumores sólidos onde a angiogênese já se desenvolveu, propomos neste trabalho o modelo matemático descrito pela referência [3], fazendo uma alteração na forma de determinação do parâmetro r, referente à taxa de crescimento da população celular tumoral e que também faz parte do fator de tratamento. Já os outros valores de parâmetros são os mesmos usados no referido trabalho. O modelo que adotamos foi ( dN K = rN ln dt N ) − γc(t)N (1) onde a concentração, c(t), do medicamento a cada instante t (consideramos os valores descritos com um tratamento utilizando endostatina, conforme [3]), é dada pela equação c(t) = c0 Ste−rt (2) e os parâmetros c0 = 0, 04 e S representam, respectivamente, a concentração inicial do medicamento e a função degrau definida como { S= 1, considerando o tratamento 0, desconsiderando o tratamento onde consideramos que a inibição do crescimento das células tumorais depende da “força” de atuação γ = 0, 014 da droga, da sua concentração no organismo no instante t, dada por c(t), e da quantidade de células tumorais a cada instante, N = N (t). Porém, diferentemente do que foi utilizado em [3], ou seja, um valor obtido de uma referência bibliográfica, preferimos utilizar o tempo médio de duplicação, td = 10 meses, de um tumor de mama, quando esse se encontra em fase exponencial de crescimento. Fazendo isso, e utilizando a equação (1), sem o fator de tratamento, conseguimos provar que [ r=− ] 1 ln(2n0 /K) ln , td ln(n0 /K) (3) sendo n0 = 109 a população tumoral inicial e K = 1012 o volume máximo que um tumor pode atingir [4, 5]. Desta forma, determinamos o valor do parâmetro r, como sendo igual a aproximadamente 10−2 . Os resultados obtidos em nossa simulação computacional demonstraram que sob a ação desse tratamento o tumor tem sua taxa de variação de crescimento reduzida por um considerável perı́odo da sua evolução celular. Sendo assim, concluı́mos que esse tratamento permite uma melhor qualidade de vida ao paciente, pois o volume tumoral demora muito mais a alcançar seu valor máximo do que se o tratamento não estivesse sendo administrado. Figura 1: Comparação entre as curvas que representam a evolução da população de células tumorais ao longo do tempo, t × N , com e sem a consideração do tratamento. Note que no caso em que se considera a inclusão do tratamento, S = 1, a população de células tumorais, N (t), cresce mais lentamente do que o caso em que este tratamento não é considerado, S = 0, até o ciclo de evolução temporal de aproximadamente t = 400. Palavras-chave: Modelagem Matemática, Desenvolvimento de Tumores, Angiogênese. Referências [1] J. Folkman, What is the evidence that tumors are angiogenesis dependent?, J. Natl Cancer Inst., 82 (1990), 4–6. [2] J.S. Domingues, ”Modelo Matemático e Computacional do Surgimento da Angiogênese em Tumores e sua Conexão com as Células-Tronco”, Dissertação de Mestrado, DPPG, CEFETMG, Belo Horizonte, MG, 2010. [3] J.S. Domingues, Análise do Modelo de Gompertz no crescimento de tumores sólidos e inserção de um fator de tratamento, Biomatemática, 21 (2011) 103–112. [4] D.S. Rodrigues, ”Modelagem matemática em câncer: dinâmica angiogênica e quimioterapia anti-neoplásica”, Dissertação de Mestrado, UNESP, 2011. [5] R.A. Weinberg, “A biologia do câncer”, Porto Alegre: Tradução Bruna Selbach et al, Artmed, 2008.