Endocardite bacteriana por Listeria monocytogenes em prótese valvar: relato de caso Autores: Jacqueline Marise Olszewski, Amaury Mielle, Siegmar Starke, Decio Cavalet Soares Abuchaim, Tiago Antônio Brehm Padilha. Afiliação: Hospital Santa Catarina de Blumenau, Santa Catarina (SC), Brasil. Infecções por Listeria monocytogenes são incomuns e afetam preferencialmente idosos, gestantes e imunocomprometidos. A endocardite é uma complicação rara e corresponde a 8% dos casos. Próteses valvares são mais acometidas, porém há registros de casos em válvulas nativas. Trata-se de homem de 61 anos, admitido em hospital secundário em janeiro de 2015 por surgimento de petéquias em membros inferiores associadas à astenia e emagrecimento. Negou febre, sangramentos ou outras alterações. Sua história mórbida pregressa inclui hipertensão arterial primária e insuficiência cardíaca. Em 2004, realizou troca valvar aórtica por bioprótese e, em 2012, nova cirurgia para troca de válvula aórtica, ambas por endocardite. Apresentavase estável hemodinamicamente, afebril e com contagem leucocitária normal. Ecocardiograma transtorácico evidenciou espessamento de bioprótese aórtica com regurgitação moderada. Empiricamente, iniciou-se ceftriaxone após coleta de hemocultura de sangue periférico. Ecocardiograma transesofágico realizado após transferência para nossa instituição revelou insuficiência aórtica perivalvar e imagem sugestiva de abscesso de anel aórtico. Optou-se por coleta de nova hemocultura, início de gentamicina e vancomicina empiricamente e tratamento cirúrgico. Listeria monocytogenes foi identificada e, baseado no antibiograma, associou-se ao esquema antimicrobiano vigente penicilina e ciprofloxacino, os quais foram mantidos por 6 semanas, com desfecho favorável. Endocardite por Listeria monocytogenes é uma doença subaguda e fenômenos vasculares e tromboembólicos como apresentados por nosso paciente são relatados em cerca da metade dos casos. A mortalidade é de aproximadamente 50% e o diagnóstico é feito por cultura e caracterização do microrganismo em amostras sanguíneas. Listeria monocytogenes apresenta capacidade de crescimento somente em ágar sangue e o aspecto da hemólise provocada no meio de cultura é idêntico a de Streptococcus beta hemolíticos, o que torna a bacterioscopia pela técnica de Gram e demais testes para caracterização fundamentais. Nenhum tratamento antimicrobiano é estatisticamente superior. Penicilina e ampicilina como monoterapia são as drogas mais frequentemente usadas e o tratamento cirúrgico deve ser reservado a casos de resistência antimicrobiana ou dano valvar.