CONTEXTO, PRODUTO E CONSUMIDORES: como se caracteriza os hábitos alimentares dos idosos. Fabrício Simplício Maia Professor - [email protected] Universidade Federal de Mato Grosso do Sul(CPAR/UFMS) João Batista de Souza Santos Acadêmico - [email protected] Universidade Federal de Mato Grosso do Sul(CPAR/UFMS) Resumo: O presente artigo teve como objetivo identificar os hábitos alimentares dos idosos, com base no modelo proposto por Gains (1994). Para tanto, foi realizada uma pesquisa quantitativo-descritiva com 200 indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos de idade, por meio de questionário estruturado com perguntas fechadas. Os resultados revelaram que os entrevistados não estão aderindo às novas tendências de hábitos alimentares provenientes dos países desenvolvidos e incorporados na cultura alimentar dos brasileiros, que vivem nos grandes centros urbanos, fruto da globalização. Constatou-se um baixo consumo dos produtos considerados como industrializados e uma forte presença de alimentos que fazem parte da cultura alimentar brasileira, como arroz e feijão. Constatou-se que a maioria possui uma renda familiar considerada baixa, e que este é um fator preponderante nos hábitos alimentares dos idosos em questão. Palavras-chave: Idosos; Hábitos alimentares; Comportamento do consumidor Abstract: This article was to identify the dietary habits of the elderly, based on the model proposed by Gains (1994). So a search was carried out quantitative-descriptive 200 individuals aged 60 years of age, by means of structured questionnaire with closed questions. The results showed that the respondents are not adhering to new trends in eating habits from developed countries and incorporated into the Brazilian food culture, who live in major urban centres, the fruit of globalisation. A low consumption of products considered industrialized and a strong presence of foods that are part of Brazilian food culture, such as rice and beans. It was noted that the majority has a low family income, and considered that this is a predominant factor in dietary habits of the elderly in question. Keywords: Aged, Food habits, Behavior consumer VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração 1 Introdução O envelhecimento populacional não é mais uma característica única dos países desenvolvidos, pois o Brasil também passa por um processo de mudança demográfica. No último século, o homem conquistou um aumento na expectativa de vida de mais de 30 anos graças às melhorias nos serviços de saneamento, nutrição, descobertas de antibióticos e a construção de ambientes mais seguros e saudáveis que revolucionaram a condição humana na terra (FELIPE, 2006). Até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Daí o alerta ao governo brasileiro para a necessidade de serem criadas, o mais rápido possível, políticas sociais que preparem a sociedade para essa realidade (IBGE, 2004a; CAMARANO, 2002). A mudança no papel da mulher perante a sociedade e na estrutura familiar também é uma das variáveis que contribuiu para o aumento da expectativa de vida da população. O acesso mais fácil a métodos contraceptivos, os custos elevados necessários para a criação de uma criança e a inserção da mulher no mercado de trabalho provocaram a redução do número de filhos. Essa realidade se evidencia na queda da taxa de fecundidade, que declinou de 2,7 filhos em 1992 para 1,95 filhos em 2008 (IBGE, 2008b). O aumento na perspectiva de vida acarreta em profundas mudanças inclusive na própria maneira de ver o idoso. A velhice, que sempre foi vista como o período da vida de decadência física e mental, e como um problema, aos poucos está ganhando uma nova perspectiva e conceito sobre terceira idade (JUNIOR, 2008). O envelhecimento e a presença da população de idosos nos processos sociais estão alterando as relações de valores e condições de vida; as mudanças de estrutura da população vêm introduzindo novos objetivos políticos e sociais para os velhos que farão parte do futuro (FELIPE, 2006). A desnutrição pode ser causada pelo acesso limitado a alimentos, dificuldades sócioeconômicas, falta de informação e conhecimento sobre nutrição, escolhas erradas de alimentos (alimentos ricos em gordura, por exemplo), doenças e uso de medicamentos, perda de dentes, isolamento social, deficiências cognitivas ou físicas que inibem a capacidade de comprar comida e prepará-la, situações de emergência e falta de atividade física. Para Campos (1996, apud FELIPE, 2006), os problemas nutricionais na terceira idade como sobrepeso, desnutrição, são comuns, sendo a má alimentação a principal causa da inadequação nutricional. Quanto à inadequação alimentar do idoso o Ministério da Saúde (2005a) afirma que o consumo excessivo de calorias aumenta muito o risco de obesidade, doenças crônicas e deficiências durante o processo de envelhecimento. Para o Ministério da Saúde (2008b), dietas ricas em gordura (saturada) e sal, pobres em frutas, legumes/verduras e que não suprem uma quantidade suficiente de fibras e vitaminas, combinadas ao sedentarismo, são os maiores fatores de riscos de problemas crônicos, como diabete, doença cardiovascular, pressão alta, obesidade, artrite e alguns tipos de câncer. De acordo com Nogués (1995, apud FELIPE, 2006), na maioria das vezes, as deficiências alimentares dos idosos estão relacionadas com as condições fisiológicas própria do envelhecimento ou até mesmo por enfermidades ou questões relacionadas à sua situação socioeconômica e familiar. Entre os principais fatores que exercem influências na alimentação do idoso, Campos, Monteiro e Ornelas (2000) e Felipe (2006) destacam: Fatores socioeconômicos, alterações no funcionamento do aparelho digestivo, alterações na percepção sensorial, a visão, alterações na capacidade mastigatória, alterações na estrutura e função do estômago e intestino e diminuição da sensibilidade à sede. VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração Para Karsaklian (2004), a alimentação, as vestimentas, as músicas que se escuta, dependem em grande parte da cultura. Os valores influenciam o comportamento de compra, determinam os objetivos almejados, o nível de envolvimento, os atributos buscados e as atividades praticadas, assim como os produtos e os modos de consumo. Neste sentido o presente artigo teve como objetivo descrever os hábitos alimentares dos idosos, com base no modelo proposto por Gains (1994). Especificamente foram levantadas informações sobre o perfil socioeconômicos dos idosos, informações sobre as características dos alimentos consumidos e do contexto de consumo destes alimentos. O presente artigo esta dividido em três sessões, a primeira apresenta o problema de pesquisa e a justificativa para se trabalhar com to tema proposto. Na segunda sessão são apresentados o arcabouço teórico que embasa o tema e os métodos utilizados para a coleta dos dados a terceira e ultima sessão são apresentados e discutidos os resultados e as considerações finais, em seqüência são apresentadas as referencias bibliográficas. 2 Referencial Teórico Hábitos Alimentares A história da alimentação é antiga. Acredita-se que o homem teria começado a se alimentar de frutos e raízes após observar o comportamento de outros animais. Depois, teria passado a consumir carne crua e moluscos in natura. Mais tarde, aprendeu não se sabe como, a assar e cozinhar. Descobriu a cerâmica, terras e povos distintos, realizou inúmeras experiências com alimentação até chegar aos dias de hoje, onde conta-se com uma ciência especializada no assunto: a nutrição (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008b). De acordo com Carneiro (2003), a alimentação vai além de uma necessidade biológica, envolve um complexo sistema simbólico com significados sociais, sexuais, políticos, religiosos, éticos, estéticos, entre outros. A alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e proteção da saúde, possibilitando a afirmação plena do potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania. É essencial para o homem desde o nascimento; é da alimentação que o homem retira os nutrientes necessários ao funcionamento do organismo, ou seja, à vida. Esses nutrientes estão nas carnes, nos vegetais e a química orgânica se encarrega de transformá-los e distribuí-los de maneira que eles sejam úteis ao organismo humano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008c). De acordo com o Ministério da Saúde (2008b), a cozinha brasileira tem por base a cozinha portuguesa, com outras duas grandes influências: a indígena e a africana. Mas houve inúmeras variações, desde os ingredientes a nomes e combinações (Quadro 1). Quadro 1: Principais influências históricas na alimentação do brasileiro. Contribuições Principais hábitos alimentares O uso da mandioca na produção dos mais variados alimentos: tapioca, farinhas. O hábito de comer camarão, lagosta e caranguejo com molho seco Indígenas de pimenta. Moqueca, chimarrão, a paçoca, etc. Os portugueses introduziram produtos como; cereais, trigo, aves, couves, alfaces, pepinos, abóboras, lentilhas, alho, cebola, cominho, coentro, Portuguesas gengibre, cevada, centeio, aveia etc. Mas o que eles trouxeram, que revolucionou os hábitos alimentares na época, foi o sal e o açúcar. Alguns pratos brasileiros de origem africana são: abará ou abalá, aberém, bobó, cuscuz, mungunzá e o acarajé que é um dos mais conhecidos Africanas nacionalmente: massa de feijão fradinho com condimentos. Forma uma espécie de bolinho e é frito no azeite de dendê. Serve-se com camarão, VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração pimenta. Fonte: adaptado do Ministério da Saúde (2008b, p. 10). De acordo com Jomori; Proença e Calvo (2008), o homem como um ser onívoro, é capaz de consumir biologicamente de tudo. As escolhas alimentares se baseiam nos sistemas culturais dos grupos humanos, os quais só se permitem alimentar do que é aceito culturalmente. Para o Ministério da Saúde (2008b) a cultura, crenças, tabus, religião, entre outros fatores influenciam diretamente na escolha dos alimentos. A alimentação humana parece estar muito mais vinculada a fatores espirituais e exigências tradicionais do que às próprias necessidades fisiológicas. Na visão de Bleil (1998), são inúmeras as razões que envolvem a escolha dos alimentos; pode haver mais de uma variável na escolha final como: a cultura, o status, o prestígio, a pressão publicitária, o aspecto religioso. Nesse sentido, Jomori, Proença e Calvo (2008) afirmam que a escolha alimentar do homem está relacionada a fatores do meio ambiente, da história individual e da personalidade refletida em valores pessoais. Segundo Bleil (1998), o mundo todo tem passado por inúmeras transformações desde a década de 50. Entre as mais importantes: os fenômenos da urbanização e da globalização, mudanças que afetam a qualidade dos alimentos produzidos e industrializados. Entres os fatores que levaram a estas mudanças no comportamento alimentar do brasileiro, pode-se destacar uma maior participação da mulher no mercado de trabalho, o que obriga esta a dividir seu tempo entre a necessidade de geração de renda com os cuidados com os filhos e com a casa. Isso tem ocasionado em maiores gastos com alimentação, assim como, o aumento do consumo de alimentos prontos, a substituição do consumo de alimentos tradicionais e que demandam maior tempo de preparo por alimentos mais práticos, de fácil e rápido preparo (SCHLINDWEIN e KASSOUF, 2007). De acordo com site (www.correiogourmand.com.br, 2008), o homem conta com uma variedade imensa de produtos alimentícios. Crescem, cada vez mais, as alternativas nas indústrias de alimentos e nos serviços de alimentação. Alguns exemplos são os alimentos congelados e pré-cozidos, enlatados, conservas, drive-thru, fast-food, delivery e selfservice, que influencia o seu comportamento alimentar. Estas mudanças têm como principal influência o processo de urbanização ocorrido no Brasil nos últimos anos, leva os brasileiros principalmente os que moram nos grandes centros a adotarem estilos de vida característicos das grandes cidades. Para o Ministério da Saúde (2008c), essas mudanças podem ser percebidas: Na redução do consumo do arroz, feijão e farinha de trigo e maior consumo de carnes em geral, ovos, laticínios e açúcar; substituição da gordura animal por óleos vegetais, manteiga por margarina e aumento nos gastos com alimentos industrializados. Além do consumo crescente de alimentos industrializados, Bleil (1998) afirma que outros canais implementam a cultura alimentar globalizada no Brasil, tais como: o aumento da comercialização de alimentos feita através de rede de supermercados de grande superfície, à gama de produtos e serviços distribuídos em escala mundial e ao suporte publicitário envolvido. Na visão de Garcia (2003), a globalização atinge a indústria de alimentos, o setor agropecuário, a distribuição de alimentos em redes de mercados de grande superfície e cadeias de lanchonetes e restaurantes. Segundo Garcia (2003) as novas demandas geradas pelo modo de vida urbano, a necessidade de adequar a vida segundo as condições das quais dispõe, como tempo, recursos financeiros, locais disponíveis para se alimentar, levaram a indústria e comércio passaram a apresentar alternativas adaptadas às condições urbanas. Assim, oferecem novas modalidades no modo de comer, o que certamente contribui para mudanças no consumo alimentar. VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração De acordo com o Ministério da Saúde (2008c), o ritmo agitado imposto pelo mercado de trabalho deixa cada vez menos tempo livre para alimentação e lazer. Os intervalos precisam ser bem aproveitados e o horário das refeições, em especial o do almoço, acaba servindo para várias atividades. Para Garcia (2003) o meio urbano principalmente os grandes centros se caracterizam pela escassez de tempo para o preparo e o consumo de alimentos; pela presença de produtos produzidos com novas técnicas de conservação e de preparo, que agregam tempo e trabalho; pelo vasto leque de itens alimentares; pelos deslocamentos das refeições feitas em casa para estabelecimentos que comercializam alimentos como, restaurantes, lanchonetes, vendedores ambulantes, padarias etc. Para Schlindwein e Kassouf (2007), existem sérias implicações resultantes de mudanças nos padrões dietéticos e de atividades associadas com a urbanização. O maior consumo de gorduras e açúcar refinado combinado a um estilo de vida mais sedentário, por exemplo, aumenta os riscos de obesidade, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer e outras doenças crônicas. Na concepção de Bleil (1998) esses novos hábitos alimentares da população urbana, orientando para escolhas de alimentos mais condizentes com o novo estilo de vida, são menos satisfatórias ao paladar e são menos ricos em nutrientes. Para Schlindwein e Kassouf (2007), existem muitos problemas decorrentes tanto do de uma dieta alimentar insuficiente que acarreta em deficiências nutricionais, quanto do consumo alimentar excessivo que provoque a obesidade. Uma boa qualidade de vida e de saúde requer uma dieta adequada em quantidade e qualidade. Segundo Schlindwein e Kassouf (2007, 424), A urbanização está associada à mudança no estilo de vida das pessoas. Estas passam a ser mais sedentárias e a se defrontarem com uma gama de opções para o consumo de diferentes tipos de alimentos. A urbanização é acompanhada por um maior número de ocupações que demandam menos esforço físico devido, principalmente, às novas tecnologias. Maiores opções de transportes públicos e mudanças das atividades de lazer – para jogos de computador e televisor – também contribuem para a redução das atividades físicas. Enquanto as mudanças no trabalho afetam basicamente os adultos, a tecnologia, os transportes e o lazer afetam também as crianças e podem ser responsáveis, em grande parte, pelo crescimento da obesidade infantil observada mundialmente. Segundo o Ministério da Saúde (2008c), a alimentação se dá em função do consumo de alimentos e não de nutrientes; uma alimentação saudável deve estar baseada em práticas alimentares que tenham significado social e cultural. Uma alimentação saudável deve está baseada em três princípios (Quadro 2). Quadro 2: Princípios de alimentação saudável. É importante comer diferentes tipos de alimentos pertencentes aos diversos Variedade grupos; a qualidade dos alimentos tem que ser observada. Não se deve comer nem mais nem menos do que o organismo precisa; é Moderação importante estar atento à quantidade certa de alimentos. Quantidade e qualidade são importantes; o ideal é consumir alimentos variados, respeitando as quantidades de porções recomendadas para cada Equilíbrio: grupo de alimentos. Ou seja, “comer de tudo um pouco”. Fonte: adaptado do Ministério da Saúde (2008c, p. 16). VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração 4.2.1 Fatores que Influenciam no Comportamento Alimentar de Acordo com Gains. O comportamento alimentar de acordo com Gains (1994) está relacionado a três fatores: o alimento em si, o consumidor e o contexto ou situação o ato alimentar acontece (Figura 1). Consumidor Alimento Contexto Figura 1: Fatores que influenciam a escolha alimentar. Fonte: Adaptado de Gains (1994). Os alimentos apresentam características sensoriais tais como: aparência, Cheiro, nutrientes, textura e sabor (GAINS, 1994). Para o Ministério da Saúde (2008b) os alimentos são todas as substâncias sólidas e líquidas que, levadas ao tubo digestivo, são degradadas e depois usadas para formar e/ou manter os tecidos do corpo, regular os processos orgânicos e fornecer energia; têm gosto, cor, forma, aroma, textura e todos esses componentes precisam ser considerados na abordagem nutricional. Com relação aos consumidores, apresentam características pessoais, tais como personalidade, humores, status, cultura e hábitos que influenciam seus comportamentos em relação a diferentes alimentos (GAINS, 1994). A cultura tem forte influência nos hábitos alimentares. Como exemplo, pode-se citar os hindus, que não comem carne de gado porque acreditam que ela é sagrada; muitos deles morrem de fome, mas respeitam esses animais, que pastam e dormem no meio das ruas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008b). Já o contexto, envolve um conjunto de variáveis que abrange: onde, como, quando, circunstâncias e de que maneira o individuo se alimenta (GAINS, 1994). Segundo Bleil (1998) a vida nos grandes centros minimizou a importância do ato alimentar. Parece não ser importante o que se come, com quem se come e como se come. Segundo o autor, “o típico habitante da cidade grande come no intervalo de almoço um sanduíche, ou um pedaço de pizza, e bebe um refrigerante, sozinho e de pé, no balcão de alguma lanchonete.” Na visão de Bleil (1998), a relação de afeto que antes permeava a refeição nas trocas familiares e entre amigos, hoje cede lugar a uma alimentação onde o seu parceiro é o aparelho VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração de televisão e, nos países de primeiro mundo, os livros são convidados para o almoço em um restaurante. 3 Procedimentos Metodológicos Trata-se de pesquisa quantitativo-descritiva (Malhotra, 2001; CERVO & BERVIAN, 2002), abrangendo os atributos mostrados no Quadro 1 que foram identificados em estudos empíricos prévios em periódicos nacionais e internacionais. A população de estudo foi considerada como infinita por não ter dados concisos sobre tal objeto de estudo – idosos. A amostra final foi composta pelos parâmetros: 95% de confiabilidade e erro padrão de 10% o que resultou num número de 200 idosos, que foram abordados no seu momento de consumo de produtos alimentares. A coleta de dados foi feita em abril e maio de 2009, por meio de entrevista direta não disfarçada nos supermercados, usando questionário estruturado, como sugere Malhotra (2001). Os elementos da amostra foram escolhidos de forma aleatória com o intuito de abranger todas as regiões da cidade de Paranaíba (MS). Foram utilizadas duas técnicas de análise dos dados: distribuição de freqüência e cross tabs, com apoio do SPSS versão 12 (Ryan et al., 2004). Quadro 1: Variáveis estudadas. Características Variáveis Gênero. Faixa etária. Estado civil. Características Com quem mora. do consumidor Número de pessoas por domicílio. Renda- faixa. Prática de esporte físico. Participa de eventos sociais. Com quem tem o hábito de fazer refeições. Onde costuma almoçar durante os dias da semana, finais de semana e feriados. Como se dá o consumo de alimentos nos dias da semana, finais de semana e feriados. Características Quais alimentos consomem com mais freqüência no café da manhã. ContextoQuais alimentos consomem com mais freqüência nos lanches diários. Situacional Quais alimentos consomem com mais freqüência no almoço durante os dias da semana, finais de semana e feriados. Com que freqüência consome os alimentos: Carne vermelha, carne branca suína, frutas, Verduras e legumes. Tem hábito de comer “fora de casa”. Tem hábito de pedir comida em casa. Prepara a própria comida. O que considera mais importante na compra dos alimentos consumidos nos dias da semana, finais de semana e feriados. Características Consome produtos enlatados. do alimento Consome alimentos diet. e/ ou light. Consome comida pronta e/ ou congelada. Fonte: Adaptado de Relvas (2006, p. 31). VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração O modelo utilizado para embasar o estudo foi o proposto por Gains (1994) que descreve os habitos alimentares dos individuos com base em três variáveis: o alimento em si, o consumidor e o contexto ou situação o ato alimentar acontece. Os alimentos apresentam características sensoriais tais como: aparência, Cheiro, nutrientes, textura e sabor. Com relação aos consumidores, apresentam características pessoais, tais como personalidade, humores, status, cultura e hábitos que influenciam seus comportamentos em relação a diferentes alimentos. Já o contexto, envolve um conjunto de variáveis que abrange: onde, como, quando, circunstâncias e de que maneira o individuo se alimenta. 3 Análise dos resultados 3.1 Características dos consumidores as características do consumidor segundo Gains (1994), podem ser entendidas como um conjunto de características, aspectos culturais, pessoais, psicológicos que influenciam diretamente no comportamento alimentar do consumidor. Da amostra de entrevistados, 59,5% são homens; já as mulheres representaram 40,5%. Com relação à idade, o destaque maior fica por conta da faixa etária entre 60 a 64 anos representando 53% dos entrevistados, constatou-se ainda que 21,5% têm idade ente 65 a 69 e 25,5% têm idade acima de 69 anos. Quanto ao estado civil, 58% são casados, 21,5% viúvo e a demais se dividiam em: Solteiro, desquitado e divorciado (20,5%). No que se refere a composição familiar 30% moram com a cônjuge e filhos; 29% com o cônjuge os demais se dividem entre morar sozinho, com parentes, filhos e outros (39%). Os dados demonstram ainda: A maioria 70,9% moram com uma a duas pessoas; 92% possuem uma renda familiar entre um a quatro salários mínimos; 70,5% não praticam esporte e 50.5% não participam de eventos sociais. A maioria do idosos entrevistados se enquadram na faixa etária entre 60 a 64 anos de idade, sendo que o percentual de mulheres nesta faixa de idade representou 63%, enquanto o percentual de homens que disseram encontrar-se nesta idade foi de 46%. 3.2 Características do contexto O contexto envolve as variáveis que abrangem: com quem, onde, quando e como se dá a alimentação (gains, 1994). a) Com quem se alimenta Foi possível identificar com base na amostra que a maioria dos idosos 71,5% fazem suas refeições com a família, sendo apenas 23,5% fazem refeições sozinhos e 5% com amigos (Figura3). Pode-se constatar também que o percentual de mulheres que afirmaram fazer refeições sozinhas é maior em relação aos homens; 32% destas disseram que costumam fazer refeições sozinhas, enquanto os homens foram equivalente a 17,6%, informação que pode ser explicada pelo perfil das idosas entrevistadas, haja vista como exposto, 58% das mesmas se enquadram entre: solteiras, desquitadas, divorciadas e viúvas. Estatisticamente com base na amostra, é possível afirmar que o consumo alimentar dos idosos é influenciado pela família, haja vista que, 71,5% dos mesmos têm o hábito de fazer refeições com a família, já que esta é segundo, Dias (2006) o grupo de maior influência, porque transmite um conjunto de valores que moldam as preferências e cria hábitos de consumo. b) Onde se dá o consumo O presente estudo se propõe a identificar “onde” esta faixa etária se alimenta no almoço durante os dias da semana. Com base na amostra, constatou-se que 88,5% dizem fazer esta refeição em casa, 9% no trabalho, 2% em restaurantes e apenas 0,5% em lanchonetes. Nos finais de semana e feriados, este quadro não teve uma diferença estatística VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração significativa, apenas podendo-se notar um aumento de 5,5% no percentual de idosos que almoçam em restaurantes nos finais de semana. Este percentual é maior, quando considerado o nível de renda: 38,5% dos idosos que ganham entre 5 a 8 salários mínimos almoçam em restaurantes nos finais de semana e feriados, enquanto apenas 2,5% dos entrevistados que ganham o equivalente a um salário mínimo fazem esta refeição nos finais de semana, nestes estabelecimentos, o que leva a um pressuposto que onde os idosos entrevistados almoçam está estreitamente relacionado ao nível de renda. Isto fica mais evidente quando observa-se que 12,5% dos idosos com o nível de renda equivalente a um salário almoçam no trabalho durante os dias da semana, o mesmo acontecendo com 7,5% dos que ganham entre 2 a 4 salários, enquanto os que recebem acima destes valores não almoçam no local de trabalho. c) Quando se dá o consumo Os dados da pesquisa (Tabela 1) relatam que de 50% dos idosos entrevistados alegaram tomar café da manhã, almoçar e jantar. Nos finais de semana este percentual cai para 45%. Os demais entrevistados se dividiram nas demais alternativas (café da manhã, almoço, café da tarde e jantar; café da manhã, lanche, almoço, café da tarde, jantar e lanche; café da manhã, lanche, almoço e jantar; almoço, café da tarde e jantar). Diante disto, é possível afirmar que a alimentação, da maioria dos idosos, não se enquadra como adequada, haja vista, que o Ministério da Saúde (2008b) salienta que não é recomendável ficar longos períodos em jejum; o ideal é comer mais vezes por dia, mas em menores quantidades, aumentando assim a freqüência e diminuindo a quantidade. No idoso e comum ocorrer desidratação em decorrência de vários fatores relacionados à idade avançada. Contudo, ao diminuir a quantidade de refeições o idoso reduz parte de líquido absorvido pelo organismo no processo alimentar, aumentando o risco de desidratação e constipação intestinal (Felipe, 2006). Tabela 1: Quando se dá as refeições diárias. Dias Finais de Variáveis da semana semana e feriados Café da manhã, almoço, café da tarde e 24% 25,5% jantar Café da manhã, lanche, almoço, café da 8,5% 10% tarde, jantar e lanche Café da manhã, almoço e jantar 50% 45% Café da manhã, lanche, almoço e jantar 7% 8,5% Almoço, café da tarde e jantar 4% 4,5% Nenhuma das alternativas 6,5% 6,5% Fonte: Dados da pesquisa. No café da manhã, com os entrevistados podendo assinalar até cinco alimentos que consome com mais freqüência nesta refeição, 69,5% responderam consumir pão, 62,5% leite e 75% alegaram que consomem café freqüentemente. Ainda constatou-se que 26,5% consomem derivados do leite, assim como, verificou-se um baixo consumo dos seguintes alimentos: frutas, geléia, frios, ovos, chá, suco, com destaque maior para geléia e vitaminas, já que apenas 1% e 1,5% respectivamente dos entrevistados declararam consumir estes alimentos com freqüência, os que disseram não fazer esta refeição representaram 3% dos entrevistados (Tabela 2). VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração Não toma café na Outros Vitami Suco Chá Café Ovos Geléia Frios Furtas Deriva do do leite Leite Pão Tipos de alimentos Tabela 2: Alimentos que os idosos consomem com freqüência no café da manhã. R efrigerant C afé O utros N ão lancha S de uco S anduíche Fr utas B olachas S algados C há L eite e pos Ti de 9,5 2,5 6,5 7 ,5 5,5 0,5 ,5 ,5 ,5 Fonte: Dados da pesquisa. Com relação aos lanches diários, 51% dos entrevistados não fazer esta refeição, isto pode ser justificado pelo fato de que os idosos que participaram da pesquisa têm um baixo poder aquisitivo, uma vez que 92% dos entrevistados, como já foi mencionado têm renda familiar entre 1 a 4 salários mínimos. O que entra em consonância com o encontrado na literatura. Conforme afirmado pelo Ministério da Saúde (2005a), que o envelhecimento da população brasileira difere do fenômeno que ocorre nos países desenvolvidos caracterizado como um processo gradual acompanhado pelo crescimento socioeconômico de várias décadas, enquanto no Brasil este fenômeno é resultado de duas a três décadas. Podendo o entrevistado assinalar até cinco alimentos que consome com mais freqüência nos lanches diários. Verificou-se: 20% dos que fazem esta refeição consomem frutas, 28% bolachas, 25,5% leite e seus derivados, 22% consomem café e 17,5% suco de frutas. Outros alimentos foram mencionados: sanduíche, chá e outros que somados representaram 28% (Tabela 3). Tabela 3: Alimentos que os idosos consomem com freqüência nos lanches diários. faz Não esta Outros Ovos a 5,5 Farinh Carne 7,5 Pratos prontos Carne vermelha 5,5 branca Verdur a e legumes 5 ão Feijão 9 Macarr Arroz Tipos de alimentos 0 8 5,5 7,5 ,5 2 ,5 0,5 Fonte: Dados da pesquisa. A pesquisa constatou, que no almoço e o jantar durante os dias da semana, se caracterizam pelo consumo de alimentos tradicionais da culinária brasileira como: Arroz, feijão, verduras, legumes e carne vermelha, conforme é evidenciado na (Tabela 4). Tabela 4: Alimentos que consomem no almoço e jantar. Almoço (em%) ,5 --- Jantar (em %) 1 8 ,5 8 1 2,5 ,5 Fonte: Dados da pesquisa. Observa-se uma redução no consumo de alimentos na relação almoço e jantar, isso se justifica pelo percentual de idosos que afirmaram não jantar. Exceção de ovos, que apresentou um aumento mínimo de 0,5%, todos os demais alimentos apresentaram uma redução de VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração consumo no jantar. Neste contexto, é possível afirmar que o almoço é considerado a refeição mais importante para os idosos entrevistados, haja vista que 3% afirmaram não tomar café, 50,5% disseram não lanchar e 7% não jantam, enquanto, nenhum idoso alegou não almoçar. Tais informações diferem das tendências apontadas pelo Ministério de Saúde (2008b) e outros autores como Bleil (1998) e Garcia (2003) que evidenciam a redução do consumo de alimentos como arroz, feijão e massas e aumento de carne vermelha nos hábitos alimentares dos brasileiros. Contudo, em relação à carne vermelha é possível notar um expressivo consumo deste alimento (Tabela 4). Verificou-se que 39,5% dos idosos consomem carne vermelha todos os dias da semana, 27% afirmaram consumir de 2 a 3 vezes por semana, cerca de 25% ingerem este alimento de 4 a 5 vezes por semana, 3% disseram consumir em média uma vez na semana, 0,5% afirmaram consumir menos de uma vez por semana, 4,5% alegaram que não consomem carne vermelha (Tabela 5). Nota-se ainda que o consumo de carne branca, em sua maioria, se dá com mais freqüência de 2 a 3 vezes por semana, com 39,5% dos idosos; 22,5% alegaram consumir uma vez por semana, 13% de 4 a 5 vezes, 7% todos os dias, 12% consomem menos de uma vez por semana e 6% não consomem. Com relação ao consumo de frutas, 32,5% consomem este alimento todos os dias da semana, 11,5% de 4 a 5 vezes por semana, 26,5% consome entre 2 a 3 vezes por semana, 12,5% consomem em média uma vez, e menos de uma foi a afirmativa de 8% e 9% não comem frutas. Tabela 5: Freqüência do consumo de alimentos. Freqüência de C Carn F V L consumo arne e Branca rutas erduras egumes vermelha Todos os dias 3 7% 9,5% De 4 vezes/semana a De 2 vezes/semana a Uma semana Menos vez/semana 5 2,5% 2 13% 5% 3 2 por 3 % de uma 9 8 6% 7 ,5% 4 ,5% 9 % 2 3,5% % % 4, 2 1 12% 2 4% 0% 2,%5 5% 1 2 22,5 3 2,5% 9% 6,5% % 0, Não consome este alimento 5% 1 39,5 % 4 0,5% 1,5% 7% vez 3 5 % 7 ,5% 7 ,5% Fonte: Dados da pesquisa. Quanto ao consumo de verduras, 40% dos entrevistados consomem este alimento todos os dias, 19% consomem com a freqüência de 4 a 5 vezes por semana, 20% disseram que consomem entre 2 a 3 vezes, 9% menos de uma vez, 4,5% menos de uma vez e 7,5% não consomem este alimento. No que concerne ao consumo de legumes, 32,5% consome este alimento todos os dias, 24% de 4 a 5 vezes por semana, e 23,5% responderam consumir este alimento de 2 a 3 vezes, 7,5% consomem em média uma vez, 5% menos de uma vez semana, e 7,5% não consomem legumes. VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração c) Como se dá o consumo Quando indagados se preparam a própria comida 57% disseram que sim, 10,5% afirmaram que algumas vezes 7,5% que raramente e 25% alegaram não terem o hábito de preparar e própria comida. Com relação a gênero 36,1% dos homens disseram não ter o hábito, a maioria das mulheres 76,5% preparam a própria comida, destas apenas 8,6% não costumam preparar (Tabela 6). Tabela 6: Hábitos de preparar a própria comida/Gênero. O Senhor (a) costuma preparara a própria comida? otal Sim, Sim, Ra N freqüentemente algumas vezes ramente ão M 8,4 43,7% 11,8% asculino % 6,1% 00% Fe 6,2 76,5% 8,6% minino % ,6% 00% To 7,5 57% 10,5% tal % 5% 00% Fonte: Dados da pesquisa. O gênero é uma das variáveis que influenciam diretamente no consumo de alimentos, desde a quantidade consumida, da responsabilidade de preparação, como também, preocupação com a dieta alimentar da própria família. Neste contexto, a influência da mulher nos hábitos alimentares da família é historicamente maior, em função da habilidade de preparar e de servir os alimentos (furst et al., 1996 apud Relvas, 2006). Quanto ao hábito de comer fora de casa, 7,5% disseram comer com freqüência, 20,5% alegaram algumas vezes, 27,5% raramente comem fora de casa e 44,5% dos idosos destes disseram que não. Constatou-se também que a maioria dos idosos não tem o hábito de pedir comida em casa. 71,5% afirmaram que não, os que falaram solicitar este tipo de serviço com freqüência representaram apenas 4,5%, enquanto 8,5% disseram que algumas vezes e 15,5% salientaram que raramente fazem uso desse tipo de serviço. 3.3 Características do alimento Os alimentos apresentam características como: cor, aparência, sabor, textura, forma, nutrientes e preço, que influenciam o processo de decisão de compra dos alimentos (Gains, 1994). os dados da pesquisa possibilitam observar a importância dos atributos dos alimentos comprados pelos idosos para o almoço nos dias da semana e finais de semana e feriados tais como: Qualidade nutricional, sabor, conveniência, preço e aparência. É importante salientar que no momento da pesquisa de campo, os idosos poderiam indicar até dois atributos que consideram importantes no momento da compra dos alimentos. Estes atributos são muito importantes para uma alimentação adequada na terceira idade, haja vista, que os idosos apresentam necessidades alimentares especiais. O valor nutricional dos alimentos é importantíssimo, pois previne uma série de doenças crônicas que ocorrem com mais freqüência neste estágio da vida, quanto atributo sabor, na terceira idade é comum e a redução da sensibilidade por gostos primários: doce, amargo, ácido e salgado, esta perca de sensibilidade podem levar o idoso a reduzir o consumo alimentar (ministério da saúde, 2005a) Com relação atributo preço, sua importância se dá pelo o fato da população idosa no Brasil ter características marcantes de baixo poder aquisitivo, o que pode resultar na aquisição VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração de alimentos de custos mais acessíveis, e muitas vezes com baixo valor nutritivo, contribuindo também para a monotonia de sua alimentação. Já o atributo aparência, o idoso pode se apresentar com a visão prejudicada. È por meio da visão que são definidas as características gerais dos alimentos como: textura, tamanho, fresco, maturação, forma e impureza, fatores que levam os idosos a avaliarem positivamente ou negativamente o alimento e influenciam na aceitação dos alimentos pelo idoso (Campos; monteiro; Ornelas, 2000; Felipe, 2006). Quanto à conveniência, o idoso, pode apresentar também alguma deficiência física que inibe a capacidade de comprar comida e prepará-la (ministério da saúde, 2005a). Os dados da pesquisa mostram que para 49% dos idosos entrevistados a qualidade nutricional e o sabor são atributos importantes no momento da compra dos alimentos, portanto um empate técnico entre os dois atributos; 47% indicaram o preço; 30% disseram ser a aparência e apenas 6,5% alegaram ser a conveniência (Tabela 7). Tabela 7: Importância dos atributos na escolha e compra dos alimentos. Qualidade S Con Ap Atributos nutricional abor veniência reço arência 30, Dias da 4 49% 6,5% 9% 7% 5 semana Finais de 5 29, 52,5% 3% semana e feriados 1% 8% 5% Fonte: Dados da pesquisa. Os dados revelam que não houve uma diferença estatística significativa entre os atributos considerados importantes para os alimentos consumidos no almoço durante a semana, em relação com os alimentos comprados para mesma feição realizada nos finais de semana e feriados. Quando questionado se consomem alimentos diet e light, a grande maioria, 75% afirmaram que nunca usam este tipo de alimento; 18% disseram que raramente e 7% falaram que comem com freqüência. Quando estabelecido uma relação com a renda observou-se ou aumento do consumo destes alimentos entre os idosos que ganham entre 5 a 8 salários, 23,1% destes afirmaram que consomem alimentos diet e light com freqüência (Tabela 8). Tabela 8: Consumo de alimentos diet e/ou leght /Nível de renda. O senhor (a) consome alimentos diet e/ ou leght? otal Renda familiar N unca 1 SM ente 8 5% 2 a 4 SM 7 0,2% 5 a 8 SM 4 6,2% Mais de 8 SM 1 00% Total Raram 7 Freqüenteme nte 11,3% 3,8% 22,1% 7,7% 30,8% 23,1% 0% 0% 18% 7% VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração 00% 00% 00% 00% 5% 00% Fonte: Dados da pesquisa. No que tange o consumo de alimentos enlatados, percebe-se um baixo consumo por parte dos idosos entrevistados, sendo que apenas 8% consomem com freqüência, 22,5% algumas vezes, 23% raramente e a maioria, 46,5% disse não consumir. No que concerne ao consumo de alimentos prontos e congelados, constatou-se que a maioria dos idosos, 87% dos entrevistados não consomem este tipo de alimento; assim, somente 13% afirmaram consumir, dos que consomem, a maioria são os que ganham entre 5 e 8 salários mínimos, uma vez que 38,5% destes afirmaram que sim (Tabela 9). Tabela 9: Consumo de comida pronta e/ou congelada/Nível de renda. O senhor (a) consome comida pronta Tot Renda e/ ou congelada? al familiar Si m Não 1 SM 11, 3% 2 a 4 SM % 11, 5% 5 a 8 SM de 88,5 38, 8 SM Total 13 % 100 % 61,5 % 0% 100 % % 5% Mais 88,8 100 % 100 % 100 % 87% 100 % Fonte: Dados da pesquisa. Tais dados, que relatam um baixo consumo de alimentos enlatados e prontos ou congelados, contrariam o afirmado por Bleil (1998) e Garcia (2003). Segundo estes autores, a sociedade brasileira, principalmente as pessoas que vivem nos grandes centros estão incorporando novos hábitos alimentares, substituindo alimentos tradicionais como arroz e feijão por alimentos, que demandam menor tempo para o preparo das refeições, como alimentos congelados e industrializados. Entretanto, isto pode ser justificado quando observa-se dois aspectos: Paranaíba não se caracteriza como um grande centro urbano, assim como a afirmação de Mennel et al. (1992 apud RELVAS, 2006), que os hábitos alimentares são constituídos ainda quando criança. Alguns segmentos de idosos podem encontrar resistência em adquirir novos hábitos, em decorrência da cultura alimentar, e a consolidação de práticas estabelecidas e simbolicamente valorizadas por eles (GARCIA, 2003; HOFFMANN, 2002). 4. Considerações finais As mudanças que ocorreram nas últimas três décadas no Brasil, tais como, o processo de urbanização, globalização, industrialização, avanço da tecnologia e da medicina, acarretaram VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração em profundas transformações na sociedade brasileira, dentre as quais se destaca o envelhecimento da populacional e mudanças nos hábitos alimentares dos brasileiros. Ao analisar o perfil dos idosos entrevistados, os resultados revelam que em sua maioria se encontra: casados, na faixa etária entre 60 a 69 anos de idade, a maioria do sexo masculino, tendo como característica o baixo poder aquisitivo. Moram com uma a duas pessoas, quanto ao estilo de vida, não participam de eventos sociais e não praticam esporte. Tais informações são preocupantes, haja vista, que estas atividades são consideradas pelo Ministério da Saúde (2005a), como fundamentais para a qualidade de vida na terceira idade. A participação em atividades físicas pode retardar os declínios funcionais, assim como, diminuir o aparecimento de doenças crônicas que ocorrem com mais freqüência neste estágio da vida. Neste sentido, estes idosos com idade entre 60 a 69 anos podem chegar a idades mais avançadas com sérios problemas de saúde e conseqüentemente com baixa qualidade de vida e elevados índices de dependência. O presente estudo constatou ainda que as mulheres participam com mais freqüência de atividade física e eventos sociais, assim como, vivem mais sozinhas que os homens. Provavelmente grande parte das mulheres idosas não deseja se casar novamente quando ficam viúvas ou se separam, por diversas razões como: querer experimentar autonomia, liberdade, independência e etc., muitas vezes impedidas durante a vida em união conjugal. Já no caso dos homens um novo matrimônio ocorre com mais freqüência (ALVES, 2004). Quanto as características do contexto do consumo de alimentos, constatou-se que em sua maioria costumam fazer as refeições diárias com a família, geralmente em casa, e que ocorrem com mais freqüência três vezes por dia. Observou-se ainda que não houve mudança significativa na freqüência do consumo de alimentos consumidos nos dias da semana em relação aos consumidos nos finais de semana e feriados. No café da manhã verificou-se que a base da alimentação dos idosos é constituída de: pão, leite e seus derivados e café. A pesquisa constatou ainda que a maioria dos idosos não tem o hábito de lanchar, dos que afirmaram fazer esta refeição verificou-se que consomem com mais freqüência: bolachas, leite e derivados do leite e frutas. No almoço, assim como no jantar, verificou-se um maior consumo de arroz, feijão, carne vermelha, verduras e legumes. Os dados revelam ainda que os idosos entrevistados costumam preparar a própria comida, a maioria não tem o hábito de pedir comida em casa, verificou-se ainda que não se alimentam fora de casa habitualmente. No que se refere às características dos alimentos consumidos pelos idosos, observou-se um baixo consumo de alimentos, prontos e congelados e enlatados, produtos caracterizados pela conveniência, praticidade e comodidade, isto fica mais evidente quando analisa-se os dados quanto a importância dos atributos dos produtos: a conveniência foi o que teve o menor importância em relação à aparência, qualidade nutricional, preço e sabor. O estudo identificou também que os três últimos atributos são determinantes no momento da compra dos alimentos consumidos nos dias da semana, assim como nos finais de semana e feriados. A constatação de que a conveniência não é um fator considerado importante no momento da compra dos alimentos, contraria o afirmado por diversos estudos, que constataram um aumento do consumo destes alimentos de fácil preparo e redução do consumo de alimentos que fazem parte da cultura brasileira, como arroz e feijão. Os dados demonstram ainda a maioria dos idosos não consomem alimentos diet e light. Os dados possibilitaram auferir que os hábitos alimentares dos idosos em estudo estão diretamente relacionados à questão financeira: haja vista, que aqueles que apresentaram uma renda familiar igual ou maior que cinco salários mínimos fazem mais refeições durante o dia, consomem mais em restaurantes, principalmente nos finais de semana; consomem mais produtos industrializados como enlatados e diet/light. VI CONVIBRA – Congresso Virtual Brasileiro de Administração Os consumidores idosos constituem um segmento de consumidores com características e comportamento de consumo singular e que sem sombra de dúvidas representará, pelas estimativas de mais de 30 milhões até 2025, um nicho de mercado para os que souberem atender as necessidades específicas deste grupo de consumidores. Contudo, conforme observado as carências que este nicho apresenta representarão um desafio tanto sociedade, quanto para o governo que terá de desenvolver programas que atendam às demandas geradas pelo envelhecimento da população. 5. Referências ALVES, L. C. Determinantes da autopercepção de saúde dos idosos do município de São Paulo, 1999/2000. 2004. 75f. Dissertação (Mestrado) – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Faculdades de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004. 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